domingo, 31 de março de 2013

UM MÉDICO RURAL - 2007

Ein Landarzt/Inaka Isha, 2007
Legendado, Koji Yamamura
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: japonês
Legendas: Pt-Br
Duração: 21 min.
Tamanho: 150 MB
Servidor: Firedrive (Parte única)

LINK

SINOPSE
De noite, um infeliz médico de uma província responde ao apelo urgente de um jovem. Entretanto, estranhos acontecimentos sucedem, quando cavalos levam-no para a cabeceira do paciente. Nesta atmosfera surreal e roído por ressentimentos contra aqueles que o empregaram, o médico não se apercebe de uma ferida fatal. Irá ser humilhado pelos aldeões, que dele esperam sempre o impossível, e acaba condenado a uma interminável viagem de regresso.

Fonte: Filmow
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5

Screenshots


sábado, 30 de março de 2013

O CASTELO - 1997

Das Schloß, 1997

Legendado, Michael Haneke
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: alemão
Legendas: Pt-Br
Duração: 123 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Hulkfile (Parte única)

LINK

SINOPSE
O Castelo (1997) é um filme que não foi visto. Pouco se encontra de comentários e críticas a respeito do título de Michael Haneke. A história é bastante simples: K. (Ulrich Mühe) é um agrimensor enviado a um vilarejo (de localização indefinida) a trabalho. Lá, descobre a existência de um castelo misterioso, ao qual apenas alguns privilegiados têm acesso. Ele decide conhecer o lugar a todo custo, mas logo percebe que a tarefa não será fácil. O que é o castelo? Por que K. quer tanto chegar até lá? Por que há quem tente impedir que ele consiga? Se não o querem lá, quem o mandou e por quê? Essas perguntas tornam-se inevitáveis e, em um determinado momento, perturbadoras. 

The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 6.7


ANÁLISE

O primo pobre da obra hanekiana


O Castelo (1997) é um filme que não foi visto. Pouco se encontra de comentários e críticas a respeito do título de Michael Haneke. Alguns sites especializados chegam a ignorá-lo ao elaborar filmografias do cineasta alemão. Duas explicações para isto podem ser facilmente identificadas: primeiro, foi lançado no mesmo ano de Violência Gratuita (1997), que acabou se tornando uma das principais referências de Haneke; segundo, trata-se de uma versão do livro homônimo de Franz Kafka, e a resistência em relação a adaptações de grandes escritores é plenamente natural. 

Quem conhece as produções de Haneke sabe de sua predileção por formatos ousados e de seu flerte com o surrealismo. Por isso, a escolha da obra de Kafka é atraente. Assim como seus grandes clássicos O Processo e A Metamorfose, esta é uma história sustentada por uma grande e complexa alegoria e dotada de uma subversão que foi transferida para o filme. 

A trama é simples: K. (Ulrich Mühe) é um agrimensor enviado a um vilarejo (de localização indefinida, como é de praxe) a trabalho. Lá, descobre a existência de um castelo misterioso, ao qual apenas alguns privilegiados têm acesso. Ele decide conhecer o lugar a todo custo, mas logo percebe que a tarefa não será fácil. 

O que é o castelo? Por que K. quer tanto chegar até lá? Por que há quem tente impedir que ele consiga? Se não o querem lá, quem o mandou e por quê? Essas perguntas tornam-se inevitáveis e, em um determinado momento, perturbadoras (como manda o bom cinema hanekiano). Ilude-se quem pensa que as respostas virão mastigadas em uma reviravolta final. Não, não se trata de um policial americano insosso. As dúvidas permanecem sem esclarecimento mesmo após o término do filme, inclusive porque acaba antes do fim da história (assim como o livro). 

O Castelo tem suas qualidades. Haneke é impecável na direção de atores. Encontramos atuações consistentes até nos papéis secundários. E é preciso registrar que o diretor faz algo raro: incluir um elemento que dê à narrativa uma dose de humor, ainda que bem leve. Essa função é cumprida pelos assistentes de K. (Frank Giering e Felix Eitner). 


Apenas quando o colocamos ao lado de outras obras de premissa semelhante, como por exemplo A Professora de Piano (2001), é que percebemos suas fragilidades. Apesar de estarmos próximos do personagem em seu conflito, sua personalidade não é suficientemente explorada, assim como as situações que se apresentam em sucessão. Por isso, falamos de um filme que aos poucos se torna tedioso, abstrato e vazio. Faltou-lhe choque, poder e agressão. Faltou-lhe, portanto, as especialidades de Michael Haneke.


Análise retirada do site cinerevista

Para uma análise mais aprofundada do filme e do cinema de Michael Haneke, acesse: Mostrahaneke



sexta-feira, 29 de março de 2013

ESPECIAL FRANZ KAFKA

Car@s, o Convergência Cinéfila realizará um (pequeno) especial sobre Franz Kafka.


 Os filmes a serem postados serão (não necessariamente nesta ordem): 

  • O castelo: Michael Haneke
  • A metamorfose: Valeri Fokin
  • A metamorfose: Jan Nemec
  • Um médico rural: Koji Yamamura
  • Um artista da fome: Tom Gibbons
  • Kafka: Steven Soderbergh 
  • O processo: Orson Welles
Todos esses filmes fazem parte do acervo do blog, mas atualmente estão com os links "quebrados". Espero que todos possam usufruir dessa pequena homenagem ao grande escritor Franz Kafka.

Saudações cinéfilas.

Hilarius

quarta-feira, 27 de março de 2013

SOB O DOMÍNIO DO MEDO - 1971


Straw dogs, 1971
Legendado, Sam Peckinpah

Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: inglês
Legendas: português
Duração: 118 minutos
Tamanho: 1,20 GB
Servidor: Mega (3 partes)

LINKS
SINOPSE
Casal procura paz em sítio no interior da Inglaterra mas acaba despertando o pior que existe nos habitantes locais. Mais um violento filme de Sam Peckinpah, e um dos mais influentes dos anos 70.

Fonte: Cineplayers
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.6




ANÁLISE


John Lennon decretou o fim do sonho em 1970. No ano seguinte, Hollywood deu a sua própria versão dessa sentença através de um punhado de filmes transgressores e polêmicos. “Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, e “Operação França”, de William Friedkin, mexeram com as platéias, mas ainda conseguiram manter uma certa postura mainstream, o que permitiu que ambos fossem candidatos ao Oscar de melhor filme (o segundo ganhou). Enquanto isso, o mais incendiário dos filmes de 1971 ganhou injustamente o ostracismo. “Sob o Domínio do Medo” (Straw Dogs, EUA), de Sam Peckinpah, é uma obra-prima de múltiplos e ricos significados que – pecado mortal – assume uma arrogante postura amoral.

Sam Peckinpah 
Peckinpah, considerado por muitos críticos um cineasta tão talentoso quanto irascível, já havia feito pelo menos um filme impecável, o faroeste “Meu Ódio Será Tua Herança”. Mas a película, vista como um canto de cisne do Velho Oeste, transportava a complexa filosofia de violência de Peckinpah para um tempo e um espaço que camuflavam a verdadeira reflexão pretendida por ela. O tema de Peckinpah, que ressoa em todos os filmes que dirigiu, é a inadaptação social. A violência mostrada de forma visualmente estilizada, que perpassa as obras e constitui a assinatura estética do diretor, surge como conseqüência do isolamento a que os marginais de Peckinpah são submetidos pelo meio social em que vivem.
“Sob o Domínio do Medo” escandalizou platéia e crítica, sofrendo todo o tipo de acusação, na época em que foi lançado. A renomada Pauline Kael, maior autoridade da crítica de cinema nos EUA, gostou do filme, mas chamou-o de fascista. Andrew Sarris, outro estudioso de prestígio, achou-o machista. Na Inglaterra, país que serve de cenário para a história, “Sob o Domínio do Medo” teve o lançamento em vídeo proibido até o ano de 2002. Essa foi a punição social dada a Peckinpah por ousar fazer um filme antisocial. Cru, violento, “Sob o Domínio do Medo” exibe cenas dantescas de estupro e morte sem suavizá-las, e ainda por cima se recusa a explicá-las. O lona-metragem é uma espécie de antepassado do francês “Irreversível”, só que com personagens muito mais ricos.
A chave para compreender o filme de Sam Peckinpah está justamente nos personagens. Eles são tão complexos e tridimensionais quanto seres de carne e osso. O roteiro, criado por David Zelag Goodman em parceria com Peckinpah, impede que o espectador simpatize com qualquer um deles. Todos, sem exceção, são párias sociais, só que de espécies diferentes. Eles tomam decisões erradas, e é a reunião desse conjunto de más escolhas que leva os habitantes da pequena aldeia rural da Inglaterra, onde o filme é ambientado, a viver uma explosão incandescente de violência transformada em tragédia coletiva.
O matemático David Sumner (Dustin Hoffman) é um pacato cidadão norte-americano, recém-casado, que se muda para o vilarejo em busca de paz para trabalhar. A aldeia é a cidade natal da mulher de Sumner, Amy (Susan George), uma garota jovem, sensual e atrevida. Os dois não vivem um bom momento conjugal, algo que a razoável distância intelectual entre os dois (as partidas de xadrez jogadas na cama deixam isso claro) apenas amplia.
Sumner está em ambiente hostil. No meio de homens rudes, beberrões e semi-letrados do local, é tratado a gargalhadas. Todos os vêem como covarde, especialmente o bando que contrata para consertar sua garagem, que inclui um ex-namorado de Amy. David percebe o problema, vive tenso, mas não consegue reagir. É um tímido incurável, um vulcão adormecido que, como o filme indica desde o começo, está prestes a explodir.
Quando os desordeiros começam a assediar a entediada Amy, David acha que a culpa é dela. “Eles só faltam me comer com os olhos”, reclama a garota, a certa altura. “Quem se veste desse jeito não devia esperar outra coisa”, retruca o matemático, sem sequer levantar os olhos para a esposa. Ele não percebe que as minissaias são uma maneira que a solitária Amy encontrou para implorar pela companhia do marido ausente. Mas os olhares que ela atrai vêm de outros.
A narrativa de “Sob o Domínio do Medo” cresce em tensão a cada seqüência. A fotografia suja de John Coquillon, repleta de tons de terra, contribui para isso. A ambientação decrépita, contudo, tem um contraponto forte, que é a edição sofisticada, com vários momentos antológicos. A assinatura visual do diretor – as cenas de violência extrema filmadas em câmera lenta – aparece várias vezes, mas com menos destaque do que em “Meu Ódio Será Tua Herança”. Há uma chocante cena de estupro em que a montagem paralela é utilizada com eficiência para contrapor as reações distintas de dois personagens.
O recurso é repetido poucos minutos depois, em uma variação ainda mais refinada: uma das ações mostradas (o mesmo estupro) ocorre horas antes da outra (uma quermesse), mas ambas ganham novos significados quando colocadas lado a lado. Peckinpah estava, em “Sob o Domínio do Medo”, no melhor de sua forma. O tratamento que ele reserva para a longa e sangrenta seqüência final, quando David finalmente perde as estribeiras e parte para a porrada, permite diversas leituras – uma característica das melhores obras de arte, que sempre permitem abordagens diversas sem perder a qualidade.
Alguns críticos propõem uma visão mais antropológica do longa-metragem, vendo David Sumner como uma metáfora dos Estados Unidos: reservado, excêntrico, mas explosivamente violento quando vê seu espaço ameaçado. Outros lêem a trajetória do protagonista como uma fábula sobre o animal adormecido que existe dentro de cada um de nós, e que repentinamente acorda quando nos libertamos das amarras sociais que definem nosso comportamento. “Sob o Domínio do Medo” funciona das duas formas (e outras mais), além de ser excelente cinema.

Análise retirada do site cinereporter





terça-feira, 26 de março de 2013

POCILGA - 1969

Porcile, 1969
Legendado, Pier Paolo Pasolini

Classificação: Bom

Formato: AVI 
Áudio: italiano
Legendas: português
Duração: 99 minutos
Tamanho: 1,20 GB
Servidor: Mega (3 partes)

LINKS
Parte 1
Parte 2
Parte 3

SINOPSE
A partir de duas histórias paralelas, uma no século XVI e outra na Alemanha pós-moderna, Pasolini faz um retrato metafórico nada alentador da degradação humana alastrada pela sociedades de consumo, as quais não prezam o sentido e a essência do ser humano, mas apenas sua capacidade de consumo.É uma reflexão sobre o lema da era captalista:"consumo,logo existo". Embora pareça um tanto estranho e complicado de se entender, Pocilga nada mais é que uma brincadeira do diretor, que utilizou temas incomuns como a antropofagia e a bestialidade, para criar uma obra puramente crítica e irônica sobre o assunto tão controvertido que é o consumismo.

Fonte: Interfilmes
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 6.7


ANÁLISE

Ao nível internacional, Pier Paolo Pasolini é recordado, sobretudo, como um dos cineastas mais importantes surgidos na nova vaga do cinema italiano do pós-guerra, mas, em Itália, o seu nome é associado a muito mais do que uma obra cinematográfica inovadora e singular.

Pier Paolo Pasolini

Quando aparece o seu primeiro filme, Accattone (1961), Pasolini já tinha atrás de si um longo passado como argumentista de Fellini e Bolognini, entre outros, e um enorme prestígio como poeta (L’Usignolo della Chiesa Cattolica, 1943-49; La Meglio Gioventù, 1954; La Cenere di Gramsci, 1957; La Religione del mio Tempo, 1961) e romancista (Ragazzi di Vita, 1955; Una Vita Violenta, 1959).

Nos 15 anos que se seguiram, até à sua morte em 1975 (foi brutalmente assassinado num campo de Ostia), realizou cerca de vinte filmes, apresentando muitas vezes perspectivas controversas que lhe valeram inúmeros processos judiciais, traduziu e escreveu peças de teatro (OrgiaPorcileCalderónAffabulazionePilade,Bestia da Stile), publicou vários volumes de poesia e foi muito activo como crítico (de política, teatro, cinema, literatura…) em vários diários e revistas, actividade que deu vida a muitas publicações, parcialmente póstumas (Empirismo Eretico, 1972; Scritti Corsari, 1975; Descrizioni di Descrizioni, 1979), e o estabeleceu como uma das vozes mais importantes e polémicas do panorama político e intelectual italiano do séc. XX.


Porcile (1969) é um filme formado por dois episódios mostrados em alternância através da montagem paralela. Uma das histórias decorre nas encostas áridas de um vulcão, onde um jovem leva uma vida de crime e violência, que incluem o assassinato e o canibalismo. Aos poucos, o jovem junta à sua volta um pequeno número de proscritos que se dedicam a assaltar e a matar os viajantes, até ao dia em que os soldados de uma cidade próxima resolvem acabar com as suas atrocidades. O grupo é capturado e os seus membros são condenados à morte. Enquanto alguns elementos do grupo admitem, de imediato, a culpa, o jovem líder não mostra quaisquer sinais de arrependimento. A outra história tem lugar na Alemanha dos anos 60 e tem como protagonista Julian, filho de um grande industrial de Bona, chamado Klotz. Julian sofre de uma anomalia sexual invulgar: só obtém satisfação sexual através de relações com porcos. O amor inusitado pelos porcos impede Julian de participar com a namorada numa manifestação estudantil em Berlim e afasta-o dos negócios do pai. Mas este fetiche é descoberto por Herdhitze, um ex-criminoso nazi, que aproveita a situação para chantagear o pai de Julian, seu rival nos negócios. Para se defender, Klotz ameaça revelar o passado político de Herdhitze. No fim de tudo, Klotz e Herdhitze decidem, como bons capitalistas, unir esforços ao invés de se enredarem numa luta desastrosa para a reputação e os negócios de ambos. Enquanto celebram uma futura parceria económica, recebem a notícia de que Julian foi comido pelos porcos. Após se terem certificado de que não restam vestígios do corpo de Julian, os dois homens resolvem firmar um pacto de silêncio sobre o ocorrido e prosseguir com os seus planos económicos.

Porcile é uma obra pensada entre os anos 1965 e 1967, ao mesmo tempo que Teorema e outras tragédias em verso que Pasolini escreveu durante um período de convalescença. Trata-se, como referiu o autor, de uma obra surgida no período que precede o movimento estudantil que já tinha produzido formas revolucionárias e contestárias, mas ainda não conscientes de si, ainda não inseridas no pensamento marxista, mas puramente anárquicas e românticas. Porcile nasce, assim, num momento de total pessimismo, um momento da crise do marxismo, do estalinismo ainda não totalmente superado, da restauração neo-capitalista e da revolta cultural da vanguarda, profundamente académica e reaccionária.

O filme desenvolve, sobretudo, o tema do canibalismo moderno, justapondo duas narrativas cujo contraponto decorre da analogia das situações: o canibalismo de um bando de foras-da-lei, ritualista, devoradores de carne humana e a burguesia alemã atual que prolonga a grande barbárie nazi e destrói, através do símbolo dos porcos devoradores do filho ímpio, todos os que não obedecem ao sistema.
Segundo Pasolini, os dois episódios estão unidos pelo mesmo fio condutor, isto é, obedecer ou morrer. Em comum têm, ainda, um aspecto formal que é saber alternar um episódio mudo e meta-histórico com um episódio falado e histórico.

Análise retirada do site olugardosangue