quarta-feira, 30 de julho de 2014

OS ASSASSINOS - 1956

Убийцы - 1956
 M. Beiku, A. Gordon, A. Tarkovskiy, Legendado
Formato: MKV
Áudio: Russo
Legendas: PT 
Duração: 21 min.
Tamanho: 336 MB
Servidor: MEGA (Parte única)


SINOPSE
Adaptação do conto The Killers de Ernest Hemingway, primeiro filme que Tarkovski participa em direção, apesar de ser um filme de estudantes, é impressionante o teor artistico e técnico que é apresentado. O curta não tem trilha sonora, mesmo assim é realmente desnecessário quando nos deparamos com a qualidade do diálogo. Apesar de ser uma obra de grande valor, Marika não chegou a fazer um longa; já Aleksandr Gordon não teve tanto sucesso internacional em suas outras obras.

Fonte: Filmow 
Notação IMDB: 6,9

Ficha Técnica e Capturas de Ecrã

segunda-feira, 28 de julho de 2014

ZERO DE CONDUTA - 1933

Zéro de conduite: Jeunes diables au collège, 1933
Legendado, Jean Vigo
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: francês 
Legendas: Pt-Br
Duração: 41 min.
Tamanho: 356 MB
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Um grupo de quatro meninos se rebela contra o sistema repressivo e as rígidas regras de um colégio interno francês em um dia festivo. Um verdadeiro ato de rebelião é instaurado na escola, e ganha ares de surrealidade, resultado das leituras libertárias da infância. Os quatro diabinhos (subtítulo do filme: Diabinhos na Escola) acabam sendo bem sucedidos na rebelião e depois triunfam em um telhado, parecendo prontos a alçar voo.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5


ANÁLISE

O professor Huguet começa o filme dormindo em sono profundo e termina saudando a revolta dos alunos. Personagem axial onde se encontram características dos dois grupos antagonistas que compõem o filme: a ideologia libertária dos alunos e a posição de professor dentro da hierarquia da escola. Sua metodologia liberal contrasta drasticamente com a postura da escola, mas mesmo assim não escapa da subversão dos alunos como fica demonstrado na cena do passeio pela rua, em que o professor é mostrado como disperso e ingênuo. Huguet fica então situado à esquerda do colégio e à direita dos alunos de tendências revoltosas.
Jean Vigo
A revolta, que por sinal é adotada por todos os alunos, se consagra não só perante os administradores da escola, mas diante de autoridades políticas e de familiares. Logo todas as esferas de poder, que existem dentro do universo dos alunos, são combatidas. O filme termina antes dos alunos serem capturados ou punidos o que consagra o sentimento de insurreição seguido de vitória. Este elogio à revolta começa no slow-motion do dormitório em que a milícia juvenil marcha sobre uma chuva de penas.
Zero de Conduta é sobre experiências escolares de crianças que vivem em uma escola que tem o sistema repressivo, essas crianças “libertárias” (e por que não dizer “endiabradas”?) realizam verdadeiros atos de rebelião – e por vezes vandalismo – com o intuito de mudar o método repressivo que lhe impõem os professores e gestores em geral. Pouco tempo após voltarem de férias as crianças se sentem presas e proibidas de tudo começa por aí, uma série de “ataques” contra essa repressão de uma forma puramente infantil é contada uma estoria que pode ser vista como revolucionária. O simples fato de não querer dormir na hora estipulada ou de tumultuar uma aula e atormentar os professores pode ser tido como uma reação, ou melhor, é sim tido como uma reação a um sistema impositivo: os garotos podem ser vistos como uma parcela da população que não está disposta a aceitar imposições (leia-se: uma parcela da população que não foi alienada).
Vigo mostra também certa capacidade de organização dos alunos não somente na organização do protesto, mas, por exemplo, na cena da rua mesmo com total liberdade os alunos voltam à companhia do professor, ou no refeitório em que um sorteio, uma faca é girada sobre a mesa e decide quem deve se servir primeiro. O deboche das autoridades contrasta com essa capacidade dos alunos: a dispersão do professor, a figura do diretor da escola, um anão e o professor pedófilo.
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AS DUAS FACES DA FELICIDADE - 1965

Le Bonheur, 1965
Legendado, Agnès Varda
Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: francês 
Legendas: Pt-Br
Duração: 79 min.
Tamanho: 704 MB
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Um carpinteiro ama sua mulher, seus filhos e a natureza. Em seguida, ele encontra uma outra mulher, funcionária dos correios, que adiciona felicidade à sua felicidade. Sempre apaixonado por sua mulher, ele não quer se privar, nem se esconder, nem mentir.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.7


ANÁLISE

Para mim, Le Bonheur, que Agnès Varda realizou em 1965, é um dos mais belos filmes que já foram feitos. Belo, no sentido estrito do termo segundo o dicionário – “que tem forma perfeita e proporções harmônicas; formoso, lindo”.
É um fantástico espetáculo para os olhos.
O filme é cheio, repleto, lotado de tomadas que parecem quadros, pinturas, belas obras de arte. O uso das cores, o cuidadoso, extraordinário, sensacional uso das cores é uma coisa espantosa.

Antes, quero insistir na coisa da beleza. As paisagens são belas. Mostram-se muitas plantas, árvores, flores. Focalizam-se belas casas antigas, belas fachadas de prédios. Os atores são belos. As roupas são belas, cheias de cores. A trilha sonora todinha, todinha, é de Wolfgang Amadeus Mozart.


Agnès Varda

Tudo é belo.

O filme abre com um close de um girassol. Alternam-se tomadas em close do girassol com tomadas em plano geral de um grupo de girassóis em primeiro plano e, lá ao fundo, num gramado, fora de foco, um casal e duas pequenas crianças. François e Thèrese (na foto), jovem e belo casal, está passando um domingo de sol, de verão, num grande bosque, com seus dois filhinhos, Gisou e Pierrot. Os dois são jovens, belos e felizes, se amam e amam os filhos, e no domingo fazem piquenique no bosque.

Os primeiros 15, 20 minutos deste filme bem curtinho – são apenas 79 minutos, que passam depressa como um raio – mostram o dia-a-dia da família, os pequeninos detalhes de que é feita a vida. François é carpinteiro, trabalha com um tio e alguns amigos numa pequena carpintaria numa pequena cidade, Fontenay. Thèrese é costureira, uma boa costureira, trabalha em casa. Recebe em casa uma cliente que vai se casar, foi a Paris à procura de um vestido de noiva, não gostou de nada do que viu e agora quer que a figurinista do lugar crie o vestido para ela.

Há tomadas de roupa sendo passada a ferro, roupas passadas sendo dobradas, vaso de flor sendo aguado, os pais levando os filhos para a cama, os pais se deitando juntos, se abraçando. Os pequeninos detalhes de que é feita a vida. Uma família que tem o básico e é feliz.



Então, um dia François tem que ir fazer um trabalho em Vincennes, não muito longe de Fontenay. Em Vincennes, precisa telefonar para a carpintaria para falar sobre o andamento do serviço. No posto dos Correios, onde ficam também os telefones públicos, François é atendido por uma linda e simpática funcionária, Émilie. Ela conta para ele que em breve vai se mudar exatamente para Fontenay.

Numa outra vez em que François tem que ir a Vincennes e tem que telefonar, revê Émilie. Saem para tomar um café. Já sabem que querem estar um com o outro.
A seqüência é extraordinária. A montagem é ágil, rápida. Vemos François, vemos Émilie. A câmara pega então uma mesa ao lado, o foco está na bebida que as pessoas da mesa ao lado estão tomando. Pega outra mesa. De novo François, de novo Émilie. Ele pergunta se não podem passear no castelo da região – tomadas rapidíssimas, de pouquíssimos segundos, mostram o que cada um imagina de um passeio deles ao castelo, do lado de fora, do lado de dentro.

François, o carpinteiro criado por Agnès Varda, homem simples, bom, honesto, marido feliz que ama a mulher e os filhos, acredita que pode ter uma felicidade a mais, somar duas felicidades.

20, 30 leituras diferentes

Qualquer obra está aberta a várias diferentes interpretações. Deve haver 20, 30, sei lá quantos tipos de leituras diferentes para a história que Varda nos conta em Le Bonheur. Podem-se achar abordagens filosóficas, psicanalíticas, sociológicas, antropológicas. Será a monogamia uma invenção de parte da humanidade que contraria as leis naturais? Onde começa o moralismo? É possível evitar o sentimento de culpa? Mentir, omitir, é preferível, às vezes, à verdade? – ou qualquer outra coisa parecida, ou diferente. Eu, de minha parte, prefiro não entrar nessa. Prefiro simplesmente desfrutar da beleza do filme.


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domingo, 27 de julho de 2014

O ESPELHO - 1975

Zerkalo, 1975
Legendado, Andrei Tarkovsky
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: russo/espanhol 
Legendas: Pt-Br
Duração: 108 minutos
Tamanho: 1,36 GB
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Um homem na casa dos 40 anos de idade está prestes a morrer e começa a relembrar o passado, os tempo de calmaria e a guerra. Os pensamentos e emoções de Alexei (Ignat Daniltsev), e também suas memórias. Ele relembra sua mãe que sofreu depois de ser abandonada com um filho pelo marido, os horrores da guerra e a sua infância. Momentos pessoais, mas que contam a história de toda a nação russa.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.1


ANÁLISE

“O poeta é convocado
para causar um choque
espiritual, não para
cultivar idólatras”

do pai de Aleksei
para a esposa

O Espelho (Zerkalo, 1975) é a história da velha casa onde Aleksei (o narrador) passou sua infância, da fazenda onde nasceu e onde viveram seu pai e sua mãe. É a história da dor de um homem por achar que não pode recompensar a família por tudo o que ela lhe deu. Ele sente que não a amou o suficiente, uma ideia que o atormenta e da qual não consegue se livrar. O filme mostra a capacidade da memória de se estender para além do tempo (1). Arseni Tarkovski, o pai do cineasta, recita seus poemas durante o filme. A mesma atriz é Maria (a mãe, também chamada Masha ou Marousia em algumas cenas de antes da guerra) e Natalia (a esposa de Aleksei quando ela era jovem).

O filme se passa em três períodos distintos: antes da guerra, durante a guerra, depois da guerra (2). Pós-guerra: O filme começa com Ignat ligando a televisão, vemos então o tratamento de uma criança com gagueira (embora não esteja explícito que se trate de um programa de tv). Antes da guerra: Maria, a mãe de Aleksei (Alyosha), sentada á beira do campo, conhece um médico que passa (imagem acima). Na cena seguinte, ela e as crianças saem da casa para ver o celeiro que está em chamas. Antes da guerra: Maria está lavando o cabelo com a ajuda de seu marido. A imagem de Maria jovem se transforma na Maria já senhora de cabelos brancos olhando para o espelho.

Andrei Tarkovsky

Antes da guerra: Acontece um incidente na tipografia. Em vez de escrever Stalin, ela escreveu Shralin (gíria para “excremento”). Ela sussurra para sua amiga Liza e elas riem. Liza diz que Maria lembra uma personagem de Os Demônios, de Dostoyevski. Em seguida, a amiga critica o comportamento de Maria, acha que o marido tinha mesmo que abandoná-la e que ela também vai acabar transformando a vida dos filhos num inferno. Maria chora e mostra indignação. Maria sai, Liza vai atrás, mas não a alcança. Enquanto deixa Maria, Liza recita linhas do Inferno, de Dante: “No meio do caminho de minha vida na terra, encontrei-me perdido nas sombras da floresta...”

Durante a guerra: Natalia e o marido estão brigando, o que é freqüente. Pós-guerra: Ignat folheia um livro sobre Leonardo Da Vinci. Natalia deixa cair sua bolsa. Enquanto ajuda sua mãe, Ignat sente como se já tivesse estado ali. Durante a guerra: Asafyev, um órfão de guerra, está no topo de um morro quando um pássaro pousa em sua cabeça e ele o toma em suas mãos. Maria com as crianças e o marido, que vai para a guerra (ou vai embora). Corte para o retrato de uma mulher, “Genevra de Benci” (Leonardo Da Vinci em 1470). (imagem ao lado, os espelhos estão por toda parte no filme. Com a exceção do pai de Aleksei, todos da família se refletem neles).


Depois da guerra: Natalia e o marido brigando novamente. Durante a guerra/Pós-guerra: Maria e Alyosha visitam sua vizinha. Cena de levitação de Maria presenciada pelo marido (imagem no início do artigo). Maria já velha com as crianças (sonho). Pós-guerra: Aleksei no leito de morte. Aleksei segura um pássaro na mão. Antes da guerra: Maria velha, com o jovem Alyosha e sua irmã, e Maria jovem ao fundo. A câmera vai se afastando, até entrar por entre as sombras de uma floresta. (na época de seu lançamento, o filme recebeu muitas críticas e elogios. Alguns diziam que não passava de auto-promoção, outros que Tarkovski havia documentado a vida deles). 

A Passagem do Tempo Impregna a Ação


“Minha descoberta do primeiro filme de Tarkovski foi como um milagre. Repentinamente, me vi de pé na porta de um quarto cujas chaves, até agora, nunca tinham sido dadas a mim. Era um quarto que eu sempre desejei entrar e onde ele estava se movendo livremente e sem esforço”

Ingmar Bergman

O que Tarkovski chama de imagem artístichabita um mundo à parte. Não é palavra falada, não é literatura. O filme começa e podemos acompanhar o encontro entre Maria e o médico, no campo em frente da casa. Depois que ele parte e ouvimos um poema de Arseni Tarkovski, notamos que ela chora. Em seguida chove, e ela está vendo um celeiro em chamas. Das lágrimas de uma mulher, passamos à chuva da natureza, que, apesar de poder apagar, não impede o incêndio. Em poucos minutos de filme, temos um contraste entre voz e silêncio e água e fogo. (O cineasta sueco Ingmar Bergman tornou-se amigo de Tarkovski. O Sacrifício, seu último filme, foi rodado na Suécia).

Aleksei sonha com sua mãe lavando os longos cabelos com a ajuda de seu pai. O efeito de sua cabeça abaixada e seus cabelos para frente cria uma ilusão, é como se ela fosse um monstro alienígena. Uma distorção da figura humana como prelúdio para a decomposição da própria sala onde ela se encontra (imagem acima, à esquerda). Acompanhamos Maria jovem seguida, na seqüência, por Maria velha no reflexo de um espelho. A mão “real” da anciã toca o espelho. Saímos desse sonho de Aleksei com a imagem de uma mão contra o fogo e o som de um telefone. Aleksei, já adulto, atende. Ele fala com dificuldade devido a uma angina. A câmera passeia pela sala com suas paredes desgastadas até chegar a um cartaz de Andrei Rublev (Andrei Rubliov, 1966), filme de Tarkovski sobre um monge russo do século XV, conhecido por suas pinturas de ícones religiosos. Aleksei não fala com ninguém há três dias e admite estar gostando (imagem acima, à direita).


Segundo ele, “as palavras não têm capacidade de traduzir sentimentos. As palavras são moles”. Em seguida, ele pergunta a mãe porque eles brigam tanto e por que seu pai os abandonou. Ele pede desculpas se fez algo de errado, ela fica em silêncio por alguns segundos e desliga o telefone (lembramos aqui de sua amiga Liza, que havia reprovado veementemente a atitude egoísta de Maria/Natalia em relação ao marido e aos filhos). Enquanto Aleksei se cala por suas razões, Rublev faz voto de silêncio depois de conhecer o mundo fora do mosteiro. Durante todo o filme vemos cenas de arquivo dos acontecimentos na União Soviética e no mundo durante a vida dos personagens.

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