Children of heaven, 1997
Legendado, Majid Majidi
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: persa
Duração: 89 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Rapidshare (4 partes)
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Parte 1
Parte 1
SINOPSE
Ali (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos revezando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.
Fonte: Interfilmes
The Internet Movie Database: IMDB
ANÁLISE
O cinema iraniano já não precisa estar dando provas de sua relevância, pois é um cinema que já mostrou sua regularidade de produção (aqui no Brasil mais na Mostra de São Paulo que no resto do país) e a sua quantidade de autores. Há diretores profundos com Kiarostami, irrequietos como Mohsen Makhmalbaf, com uma história de belos filmes como Dariush Mehrjui, além de uma nova geração que permite a um Farhad Mehranfar ousar um lirismo sem fronteiras em seus dois filmes Aviões de Papel e A Árvore da Vida. No entanto, uma vertente deste cinema, talvez a primeira a ser revelada, ainda não dizia a que vinha, na minha modesta opinião. O pseudo-neo-realismo consagrado no Balão Branco de Jafar Panahi, mas repetido ad eternum (como em A Bota e A Chave, só exibidos na Mostra) trazia elementos de interesse mas sem resolver cinematograficamente ou tematicamente todas as expectativas criadas. Pois é Filhos do Paraíso que consegue este feito.
Majid Majidi
O início parece ser retirado do "Grande Manual Iraniano de Começar uma História": Menino perde um par de sapatos e daí começa uma busca que o levará a confrontar-se com sua família e o seu país. Mas Majid Majidi consegue elevar o filme do viés comum ao mesclar alguns expedientes do cinema americano clássico com o seu neo-realismo, e aumentando o alcance do seu painel de temas. Este aliás é o terceiro longa de Majidi, todos desta década, comprovando a frequência dos cineastas de lá, que não chega até nós no circuitão, mas que Leon Cakoff tem mostrado com insistência e paixão.
Partindo do seu fiapo de trama quase clichê dentro do cinema iraniano, o que o diretor consegue é dar um tratamento cinematográfico mais sofisticado ao que antes era só um arremedo sem profundidade de neo-realismo. Há os que digam que os cineastas iranianos usam as crianças e as tramas ingênuas e pouco posicionadas pela falta de liberdade para ir mais fundo e direto em críticas sociais. Quem já viu a obra de Makhmalbaf, Kiarostami e Mehrjui sabe que isso é mentira pois eles mergulham fundo e sutilmente, mas sem ingenuidade na crítica ao regime. Da mesma forma, Majidi consegue com este filme um mergulho no qual o enfoque quase documental das mazelas iranianas sai do simples mostrar e toma posições. Pela primeira vez, por exemplo, vemos a Teerã rica, as classes ricas. E ao mostrá-las fica ainda mais pungente a crítica social pois cria a noção das duas realidades no Irã. Este efeito supera muito em complexidade o simples retrato da miséria. Majidi mostra as relações inumanas entre classes com um recurso tão simples quanto genial: o interfone. Os ricos não se vêem face a face com os pobres, mas os dispensam de longe. Porém um verdadeiro humanista vê sempre uma saída, e a de Majidi está nas crianças, que forçam o contato entre classes. Além desta crítica social, ao mostrar as relações de autoridade na escola e na mesquita, ao mostrar a influência da propaganda danosa via TV no imaginário infantil criando uma divisão inter-classes por valores como um sapato mais limpo, resumindo ao mostrar um painel mais abrangente, Majidi faz um retrato mais completo do que é a vida no Irã. Por exemplo, quando o pai diz ao menino "Você já não é mais criança, tem nove anos!", o diretor passa toda a situação das crianças pobres prematuramente adultas (igual no Irã ou no Brasil).
Esteticamente seu filme também é mais rico. A montagem das cenas em que os meninos correm pelas ruas para não se atrasar para a escola, por exemplo, é genial pois cria um efeito de angústia e drama muito mais profundo. As cenas no bairro rico também são muito bem filmadas. Mas, destaco duas sequências: a final, com os pés machucados do menino triste mergulhados na pequena fonte, contratado com a (desconhecida para ele) solução que virá através do pai, e a melhor do filme, a comunicação dos irmãos através dos cadernos para fugir do controle da autoridade paterna, um primor de edição de som, montagem, e humanidade. Estética e conteúdo, uma junção poderosa, sempre. Compreender isso é o que faz de "Filhos do Paraíso" um filme especial.
Com uma ressalva: em dois fatores o diretor se equivoca um pouco na apreensão "hollywoodiana" da história. O excesso de choro dos personagens que tira a força dos momentos mais dramáticos; e a enganada cena da corrida encenada como uma verdadeira Carruagens de Fogo, cheia de câmeras lentas e redenções, clichês e tempos mortos. Mas, nada que retire a força do painel geral que ele pinta.
Análise retirada do site contracampo
Gostava do blog antes. Estou gostando ainda mais pelo fato de estar sendo atualizado com mior freqüência, rsrs.
ResponderExcluirEste filme parece ser excelente e tocante como todo filme Iraniano. Conferirei...
Casafitz, o blog ficou um bom tempo parado porque eu comecei a fazer mestrado em outro estado, ficando sem acesso contínuo a internet; e porque a minha amiga que ficou responsável pelo blog em minha ausência aparentemente sumiu da internet. Por esses dois motivos o blog ficou parado. Possivelmente terei que chamar mais alguém para me ajudar no blog.
ResponderExcluirHilarius