Filme Demência, 1986
Carlos Reichenbach
Formato: AVI
Aúdio: Português
Legenda: -
Duração: 99 min.
Tamanho: 1,10 GB
Servidor: Mega
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SINOPSE
Um pequeno industrial de cigarros, falido economicamente e em crise doméstica, é praticamente exilado da casa pela mulher e passa a refugiar-se em visões e alucinações. Como na lenda de Fausto, terá de encontrar seu correspondente Mefisto, que durante a história lhe aparecerá de várias formas e personalidades.
Fonte: Cineplayers
ANÁLISE
Um cinema para ser inspirado.
Um cinema para ser inspirado.
por Mateus Moura
Carlos Reichenbach é um homem culto. No sentido mais culto do culto referido à figura humana - aquele que cultiva. Homem nascido após Oswald de Andrade, o cineasta gaúcho é o antropófago moderno por excelência - deglutiu o todo, sem preconceitos geográficos, morais ou estéticos. Carlão é um verdadeiro glutão. Quimera de mil olhos, reteve (quase) tudo: de Godard à Nouvelle Vague Japonesa, de Cinema Novo à Chanchada, de séries televisivas à óperas, de Platão à Jorge de Lima, de Proudhon ao Naziexploitaion... construiu o único olhar que pode valer algo: o seu. E é na emoção de acompanhar as escolhas que gozamos do sentimento próprio da liberdade em ação ao assistir um filme do Carlão. É um dos cineastas mais inspiradores dos que sonham fazer cinema porque sentimos na eleição de cada ideia audiovisual o “homem instituinte” – aquele que produz o efeito por uma “causa interior”, pelo puro “prazer interno”, jamais para agradar ao instituído (aristocrático ou comercial). Não obstante, não nega nenhuma instituição, antes joga com elas; o cinema, para ele mais que para Glauber, são todos os caminhos (de produção, de estética – os princípios éticos, inescapavelmente pessoais, resguardados). Vivenciou na pele todas as dificuldades de fazer cinema no nosso país, e sempre deu um jeitinho brasileiro; afirmar esteticamente sua condição e enfrentar em signo de invenção os problemas como questões foi o maior deles. Não confundindo a questão ética com a patética, vanguardeou, contrabandeou, sobreviveu, expressou-se (sob quaisquer contextos). Hoje, junto com Julio Bressane, Andrea Tonacci e Eduardo Coutinho forma a nata do cinema de invenção brasileiro.
Seu cinema não aspira tão-somente à arte de justapor imagens, movimentar encenações sob a lente, fazer grandes travellings, enquadrar grandes cenas, aspira também à História (através da colocação do Mito em ficções sombreadas por acontecimentos políticos), às Artes Visuais (com suas paisagens e cenários, reveladores externos dos dramas de seus personagens, sem esquecer das luzes e cores, sempre pontuações pictóricas impressionistas que nos abraçam nos sentimentos “atmosfeéricos”), à Música (nunca gratuita, sempre utilizada apenas como imprescindível, e muitas vezes engendrando a própria forma essencial de alguns de seus filmes), à Poesia (transitando livremente do diálogo típico para os típicos vôos líricos de seus personagens, buscando sempre a “palavra falada justa”, sem concessões à preocupações medíocres de “verossimilhança naturalista”) e à Filosofia (referenciando, parafraseando, sublinhando, sobrepondo metafísicas, morais, estéticas de grandes mestres e cafajestes). Carlão, pintando todo o seu grande mural com cores advindas de tintas tipicamente brasileiras, colhidas da vida que observou/vivenciou de perto/profundo, aspirou o cinema como panacéia da síntese, e a síntese como o álibi para a busca da pureza. Chegar na alma através dos “personagens familiares”, na política através dos “argumentos situantes”, na cultura através das “referências decantadas”, na arte através da “câmera~montagem & síntese-outras artes”.
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