sexta-feira, 29 de novembro de 2013

THX 1138 - 1971

THX 1138, 1971
Legendado, George Lucas


Formato: AVI
Áudio: inglês
Legendas: português
Duração: 86 min.
Tamanho: 762 MB
Servidor: Mega (3 partes)

LINKS

SINOPSE
Século XXV. A humanidade vive abaixo da superfície da Terra, em uma sociedade onde os robôs são a força policial e as pessoas se divertem através da TV holográfica. Todas as pessoas tomam drogas diariamente, de forma a controlar as emoções e manter a paz. Além disto, o sexo é proibido por lei. Um dia o trabalhador THX 1138 (Robert Duvall) resolve parar de tomar suas drogas. Ele se apaixona por LUH 3417 (Maggie McOmie), sua colega de quarto, que engravida dele. Ao serem descobertos são enviados à prisão. Lá THX conhece o programador SEN 5241, que o ajuda a escapar. Ele parte então em busca de LUH, para que possam chegar à superfície do planeta.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 6.7



TODOS OS HOMENS DO PRESIDENTE - 1976

All the President's Men, Legendado, 1976, Alan J. Pakula

Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 138 min
Tamanho: 745 MB
Servidor: 4Shared
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: Carl Bernstein (Dustin Hoffman) e Bob Woodward (Robert Redford), jornalistas do Washington Post, investigam a invasão da sede do Partido Democrata, ocorrida durante a campanha presidencial dos EUA, em 1972. O trabalho acabou sendo um dos principais motivos da renúncia do presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, em 1974. Foi o famoso escândalo de Watergate.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.0

-Sobre o diretor:


O diretor, produtor e roteirista Alan J. Pakula nasceu em Nova York, Estados Unidos, em 7 de abril de 1928 e morreu aos 70 anos, em 19 de novembro de 1998, vítima de um acidente de carro. Freqüentou a Universidade de Yale em Connecticut, nos Estados Unidos, e formou-se em Arte Dramática. Começou sua carreira em Hollywood, em 1949, como assistente de departamento de animação, na Warner Brothers, e estreou como produtor com o drama “Vencendo o Medo” (Fears Strikes Out, 1957).
O primeiro trabalho como diretor ocorreu no fim da década de 1960, com o longa metragem “Anos Verdes” (The Sterile Cuckoo, 1969), segundo informações do site IMDb. O melodrama rendeu a sua protagonista, Liza Minneli, a indicação ao Oscar de melhor atriz. Além de Minneli, Pakula dirigiu outros oito atores em performances indicadas à premiação do Oscar, o que o tornou conhecido como “O Diretor de Atores”. Entre eles, Jane Fonda e Meryl Streep, vencedoras da categoria em 1971 e 1982, respectivamente. Fonda interpretou uma prostituta no suspense “Klute – O passado Condena” (Klute, 1971) e depois de 10 anos protagonizou também “Amantes e Finanças” (Rollover, 1981) em outro trabalho do diretor Pakula. Streep foi Sofia no drama “A Escolha de Sofia” (Sofia’s Choice, 1982), um dos maiores sucessos da carreira do cineasta, que atuou no longa como diretor, produtor e roteirista. O filme, que narra a história de uma sobrevivente de um campo de concentração nazista, também rendeu a Pakula a indicação ao Oscar de melhor roteiro adaptado e três premiações de melhor filme estrangeiro nos eventos Robert Festival (1982), Kinema Junpo Awards (1984) e Mainichi Film Concours (1984).
Ainda na década de 1970 Pakula dirigiu e produziu “A Trama” (The Parallax View, 1974), drama investigativo sobre um repórter que busca desvendar os mistérios de um assassinato. Em 1976, seguindo a linha de suspense investigativo, o cineasta dirigiu uma de suas mais importantes produções, “Todos os Homens do Presidente” (All the President’s Men, 1976), terceira maior bilheteria de sua carreira, segundo o site Box Office Mojo . O filme baseia-se na história real de dois repórteres do Washington Post, Carl Bernstein e Bob Woodward, responsáveis por revelar detalhes do escândalo do Watergate que levou o presidente estadunidense Richard Nixon à renúncia. A produção, protagonizada por Robert Redford e Dustin Hoffman, rendeu a Pakula três indicações ao prêmio de melhor diretor no ano de 1976; Oscar, Globo de Ouro e BAFTA; além de premiações como melhor da categoria no National Board of Review e também no New York Film Critics Circle Awards, também em 76.

Pakula revela em suas produções uma visão moderna de mundo, repleta de personagens fortes, dinâmicos, ora perseguidos e ora perseguidores, que seguem pistas, desvendam segredos e realizam importantes descobertas ligadas, muitas vezes, ao jogo da política e do poder. São também personagens misteriosos, que guardam importantes segredos e escondem a própria estória, como Sofia em “A Escolha de Sofia” e o jovem militante do IRA, interpretado por Brad Pitt, que assume dupla identidade, em “Inimigo Íntimo”. São, portanto, filmes com temáticas fortes e atuais, com apelo psicológico e enredos surpreendentes, protagonizados por homens e mulheres, jornalistas, repórteres, policiais, professores, detetives, estudantes e até mesmo terroristas. Personagens da vida real envolvidos em uma rede de drama, ação e suspense. 

Resenha:O caso de Watergate é um marco obrigatório para qualquer jornalista ou estudante de Comunicação. No entanto, por envolver uma enorme quantidade de pessoas, eventos e detalhes, um caso desse gênero parece impossível de ser transformado em um filme coerente e fiel à realidade. O astro Robert Redford não pensava assim quando, antes mesmo que o livro dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein narrando as investigações promovidas pelos dois repórteres fosse publicado, comprou os direitos cinematográficos da obra. Surpresa: “Todos os Homens do Presidente” (All the President’s Men, EUA, 1976) é um thriller de suspense excelente, e uma aula completa para qualquer aspirante a jornalista.
Watergate faz parte dos mitos do século XX. Antes de acontecer, na primeira metade dos anos 1970, ninguém poderia acreditar em algo semelhante. Afinal, nenhum presidente de país democrático havia sofrido um impeachment, em nenhum momento da história. Quem poderia imaginar que o trabalho de dois jornalistas dedicados, investigando um prosaico caso de arrombamento, poderia tirar do poder um dos presidentes mais populares que os Estados Unidos já tiveram? Pois foi exatamente isso o que ocorreu. O Jornalismo justificava, em Watergate, o título simbólico de Quarto Poder.
Woodward e Bernstein eram dois iniciantes com garra e vontade de aprender. Os dois foram acordados, em uma manhã de sábado que parecia rotineira, para cobrir a prisão de cinco homens flagrados dentro da sede do Partido Democrático, em Washington. Aparentemente, os sujeitos estavam tentando instalar grampos nos telefones e escutas clandestinas no local. Durante as entrevistas preliminares do caso, Woodward descobriu por acaso que um dos acusados tinha sido funcionário da CIA. Começava, sem saber, a desvendar um dos mais complexos esquemas de sabotagem política já montados nos EUA.
O filme de Alan J. Pakula tinha tudo para dar errado. Há, ao todo, pelo menos 30 ou 40 pessoas que desempenham papéis de destaque na investigação promovida pelos dois repórteres. Montar todo esse painel sem confundir o espectador, ou sem tornar a narrativa complicada demais, prolixa demais, era um trabalho hercúleo de que o roteirista William Goldman se incumbiu magnificamente. O resultado é um filme ágil, com ritmo de thriller de suspense, fácil de acompanhar e fiel aos fatos. Goldman acabou premiado com um Oscar pela empreitada, e merecidamente.
Robert Redford cercou a produção de cuidados para garantir a verossimilhança do projeto. Uma cópia exata da redação do Washington Post foi construída em Los Angeles para servir de cenário. Móveis e máquinas de escrever foram comprados nos mesmos fabricantes. A direção de arte chegou ao requinte de transportar algumas toneladas de lixo do jornal para os sets, fazendo uma carreta cruzar o país para reproduzir a redação verdadeiro nos mínimos detalhes. Não à toa, o Oscar de direção de arte também foi para “Todos os Homens do Presidente”. O filme é um primor de reconstituição de época.
Atrás das câmeras, o gênio Gordon Willis (fotógrafo de “O Poderoso Chefão”) usou a reconhecida habilidade de filmar cenas escuras, com fortes contrastes, para bolar um visual que deixasse todos os ambientes, exceto a redação banhada de luz, imerso em sombras. A idéia era criar uma metáfora visual que sublinhasse o enredo do filme: os repórteres freqüentavam ambientes onde todos tinham algo a esconder, e tentavam deixar tudo às claras.
Com tantos detalhes, ficou fácil para que dois dos atores mais camaleônicos da geração dos anos 1970 interpretassem o par central com segurança. A química entre Redford e Dustin Hoffman é perfeita; os dois fazem jus ao apelido de “Woodstein”, dado aos verdadeiros jornalistas pelos editores do Washington Post (o nome é uma corruptela dos sobrenomes de ambos, e é ouvido no filme algumas vezes, e é preciso atenção para pescar esse detalhe).
A direção segura de Pakula dá o toque final, fazendo do filme um verdadeiro manual de procedimentos para a prática do Jornalismo investigativo. “Todos os Homens do Presidente” discute técnicas de reportagem, abordagem de testemunhas, ética e todos os aspectos do que significa ser um repórter. É um pacote completo; não esquece nem de mostrar o lado ruim da profissão – a complicada vida pessoal, os momentos de tédio e de espera quase infinita, o paciente e fascinante trabalho de conquistar a confiança de uma fonte.
Pode-se argumentar que “Todos os Homens do Presidente” é um filme datado e difícil de ser compreendido, em todas as suas sutilezas, hoje em dia. Não é mentira. Pouca gente, em pleno século XXI, está familiarizada com o caso Watergate, mesmo entre jornalistas e estudantes de Comunicação. Espectadores brasileiros podem ter ainda mais dificuldades com a profusão de nomes, sobrenomes, datas e cargos da complicada hierarquia pública federal de um país estrangeiro.
A verdade é que, a despeito de toda essa tralha complicadora, “Todos os Homens do Presidente” é um ótimo filme, eletrizante e bem conduzido, sobre a atividade jornalística. Quem tiver paciência para encarar a dificuldade inicial vai, assim que superá-la, se deparar com um tesouro de celulóide. O único defeito da película está no final sem clímax, já que a ação se encerra quando Nixon é reeleito para o segundo mandato; o resto do caso é narrado através de uma criativa, mas pouco emocionante, sucessão de matérias em telex chegando à redação do Post.









quinta-feira, 28 de novembro de 2013

NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA - 1977

Annie Hall, Legendado, 1977, Woody Allen

Classificação: Excelente
Formato: MP4 (720p)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 93 min
Tamanho: 600 Mb
Servidor: 4Shared
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: Uma inteligente comédia sobre um humorista judeu cheio de problemas (Woody Allen), que se apaixona por uma cantora em início de carreira (Diane Keaton). Vencedor de 4 Oscar importantes, como Melhor Filme, Diretor, Atriz (Diane Keaton) e Roteiro Original.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.1

"E lembrei daquela velha piada, sabe? O cara vai ao psiquiatra e diz: "Doutor, acho que o meu irmão enlouqueceu, ele pensa que é uma galinha."
"Por que você não o interna?" perguntou o médico. E o cara responde "Eu internaria, mas acontece que eu preciso dos ovos."

-Sobre o diretor:
Allen Stewart Königsberg nasceu no Brooklyn em 1 de dezembro de 1935. Aos 19 anos, Woody Allen já escrevia roteiros para shows de variedades da TV americana. Sua chegada ao cinema foi escrevendo e atuando em Que é que há, gatinha?, de 1965. Com um estilo marcadamente autobiográfico, se consagrou como um dos cineastas mais prolíferos de sua geração, com sucessos como Manhattan (1979), Zelig (1983), A rosa púrpura do Cairo (1985), Hanna e suas irmãs (1986), Celebridades (1998) e Match Point (2005).
Diretor, roteirista e ator, Woody Allen exercitou seu humor e suas neuroses também em peças e livros de contos publicados com sucesso internacional (Que loucura!, Cuca fundida, Sem plumas, O nada e mais alguma coisa, Sonhos de um sedutor, Manhattan, A lâmpada flutuante. Com Que loucura!, o leitor que está acostumado aos seus filmes verá o mesmo talento e o humor requintado em textos saborosos e hilariantes.

Resenha:
Você já parou pra pensar quando foi que o Cinema começou a inovar nas formas de se fazer um filme? Você deve imaginar que o Cinema não foi o que ele é hoje desde sempre. Por exemplo, em 1977 não era comum criar histórias que não seguissem a lógica do tempo, tampouco, a linearidade era regra, mas também não era usada (ou ousada). Por isso, o clássico de Woody Allen se tornou tão atual e expressivo em qualquer época do século. Ele ousa, sem deixar o espectador perdido, ele inova, sem que o espectador perceba, ele filma, sem que o espectador se preocupe.



Annie Hall, título original do filme, começa com o personagem de Woody Allen, Alvy Singer, num momento de reflexão, em que tenta desvendar as causas do fim de seu namoro com Annie (Dianne Keaton, linda). “Annie e eu terminamos, e eu não consegui tirar isso da minha cabeça”, é dessa forma que a obra começa e, a partir daí, veremos do começo ao fim tudo o que acometeu o casal.

Alvy, um judeu e comediante meramente famoso, é um cara neurótico, obsessivo, apaixonado por mulheres e por Nova York (é o mesmo personagem de Manhattan numa situação diferente), a crítica especializada diz que é o próprio Allen montando sua cinebiografia. O cara é crítico com as maiores besteiras do dia a dia, tagarela ao extremo, porém, todo o seu charme habita na sua ansiedade mesclada com sua impulsividade hipócrita. Annie Hall é quase que o oposto de Singer, uma cantora de bar, meio amalucada, e que só faz sexo depois de fumar maconha. O que esses dois tinham em comum? O que poderia dar certo nesse meio? A resposta? Um filme. Um grande filme.




Como já disse, Woody Allen quebra com todas as regras supostamente ditadas para filmar seu clássico. O tempo vai e volta sem nenhuma obrigação com as personagens, que entram e saem do filme e logo são esquecidas. Numa das cenas mais hilárias da obra, Annie e Alvy estão na fila do cinema, enquanto um metido a intelectual logo atrás deles bombardeia a companheira com as teorias do filósofo da comunicação de massa, Marshall McLuhan. Irritado, Alvy, sai da fila e detrás de um cartaz, ele puxa o próprio McLuhan pra dizer ao tal sujeito que ele não entendeu nada do que ele escreveu. Quando que no cinema nós teríamos uma interferência tão grande da realidade? Como que seria possível dar credibilidade a esse tipo de roteiro? Simples. Tudo se encaixa perfeitamente. Allen ironiza o próprio relacionamento e a forma como ele deduz que tudo pode ter dado errado.

Outras inovações também são muito pertinentes, como os momentos em que o personagem de Allen fala diretamente com o espectador, tentando explicitar algum ponto que possa ser menosprezado, ou então, nos momentos em que Annie e Alvy voltam em cenas do passado e começam a analisar, de corpo presente, as atitudes de cada um. Allen interfere de forma sublime na força narrativa do Cinema. Não impõe nada, sugere, experimenta e ganha nada mais nada menos que 4 Oscar nas principais categorias. A academia surpreendeu e foi surpreendida. Uma obra de comédia que leva o Oscar de Melhor Filme, Diretor e Roteiro é uma “transgressão” e tanto.



Quanto ao relacionamento do casal e porque eu acho que este filme se tornou um exemplo fabuloso de obras que abordam os relacionamentos amorosos, fica difícil explicar. O casal formado por Keaton e Allen é único, mas ao mesmo tempo muito próximo. O ritmo acelerado que o diretor conseguiu imprimir aos personagens e a narrativa faz com que a gente delicie essa obra quase que sem outra opção. Quando me dei conta o filme tinha acabado, minha opinião formada e, infelizmente (ou felizmente), inexplicável.




Annie Hall parece ser a mulher que todo o homem quer do seu lado, créditos a Diane Keaton, que levou o Oscar de Melhor Atriz por encarnar essa subversiva dos relacionamentos e também da moda. O figurino da atriz, que é composto por gravatas e coletes, algo mais masculino, virou febre entre as americanas no fim da década de 70. Keaton está perfeita, consegue ser leve e real sem ultrapassar limite nenhum. Woody Allen compôs o mesmo cara de sempre, embora, esteja perfeito, não soma nada ao currículo dele como ator. É como ele é, e eu não consegui me desprender disso. Confesso que me cansei dele quando ele chegou em Los Angeles a procura de Annie.

Allen é conhecido por ter uma língua afiadíssima, por conseguir trabalhar com a ironia e as críticas principalmente nas falas de seus personagens e não no visual, que sim, nessa época não era uma de suas grandes preocupações. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa está em ebulição de novas ideias, de ironias preparadas pra voar na cara do espectador, de bom humor escrachado e implícito, de dores, fracassos, amores e planos, mas, na verdade, não passa de um puta de um filme de um baixinho ácido e louco por jazz. Acima de tudo, Annie Hall é uma declaração de amor a Diane Keaton.


Fonte: Cinemateca BR




















quarta-feira, 27 de novembro de 2013

TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA - 1974

Bring Me the Head of Alfredo Garcia, 1974
Sam Peckinpah
Formato: AVI
Aúdio: Inglês
Legenda: Português
Duração: 107 min.
Tamanho: 806 Mb
Servidor: Mega

SINOPSE
Um magnata mexicano paga um milhão de dólares para quem matar Alfredo Garcia, o homem que engravidou sua filha. Investigadores vão atrás dele, mas quando se envolvem com o esperto Bennie (Warren Oates), a história toma um rumo inesperado.
Fonte: Cineplayers

TRAILER

ANÁLISE

O road movie lotado de western e tristeza de Peckinpah.

por Rodrigo Cunha

Uma jovem grávida banha seus pés em um tranquilo lago, rodeada por patos e sons relaxantes da natureza. Sua paz logo é cessada, quando dois homens de imponentes botas de couro a escoltam, quase que como uma prisioneira, até seu pai, figura importante e intimidadora. “Quem é o pai desta criança?”, ele pergunta. “Alfredo Garcia”, ela responde. A partir deste momento, a cabeça do misterioso homem já vale um milhão de dólares. As buscas chegam até Bennie (Warren Oates), um pianista beberrão que vai atrás de Alfredo pelo dinheiro, acompanhado da prostituta Elita (Isela Vega), sua paixão, em uma jornada de final já previamente imaginado, ainda que inesperado por aqueles que vivem a história.

eu mundo é selvagem, sem espaço para romantismos, onde um simples piquenique pode acabar em estupro e duas mortes. É também machista, grosseiro, tão violento quanto Meu Ódio Será Sua Herança (Wild Bunch, 1969) e demais filmes do diretor; em gráfico e em moralismo. Mulheres são socadas em público, constantemente expostas com os seios de fora, e as poucas palavras de amor ditas com alguma sinceridade perdem-se em um futuro obscuro, cruel, sem muita esperança. De lágrimas no chuveiro, de poucos abraços, de pequenas atitudes de um ogro que sabe que ama, mas não sabe corretamente como demonstrar. É um mundo onde a marchinha feliz de carnaval pontilha a passagem de um caixão de uma criança; onde a mentira se esconde na verdade e a verdade se despe da mentira; onde a cabeça de um defunto pode valer muitos dólares, a salvação para uma vida já perdida. É neste inferno que vivem os personagens de Tragam-Me a Cabeça de Alfredo Garcia, um filme típico de Sam Peckinpah.

Sua corajosa transformação de um road-movie amoroso lotado de esperança em um western movido a vingança é envolta por genialidade, com direito a caatingas desérticas e duelos onde só um pode viver. É o retorno do valente, do ‘homem sem nome’, do um contra todos, agora acompanhado de cavalos de metal, que bebem gasolina e cospem fumaça. Peckinpah está afiado, construindo um momento mais forte que o outro, como o desabafo de Bennie antes de cavar, ainda no quarto, ou então seu desesperado discurso comovente, minutos depois, em um cemitério. É um filme que, do começo ao fim, tem identidade e imortalidade própria, assinado para tal e com uma montagem arrojada e que sempre leva o filme à frente, bem a moda do cinema marginal, que contraria os estereótipos Hollywoodianos e nos mostra algo mais real do que alguns gostariam de ver, sem mocinhos ou finais felizes.

Continue lendo no Cineplayers