Uma inteligente comédia sobre
um humorista judeu cheio de problemas (Woody Allen), que se apaixona por
uma cantora em início de carreira (Diane Keaton). Vencedor de 4 Oscar
importantes, como Melhor Filme, Diretor, Atriz (Diane Keaton) e Roteiro
Original.
"E lembrei daquela velha piada, sabe? O cara vai ao psiquiatra e diz:
"Doutor, acho que o meu irmão enlouqueceu, ele pensa que é uma galinha."
"Por que você não o interna?" perguntou o médico. E o cara responde "Eu internaria, mas acontece que eu preciso dos ovos."
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Sobre o diretor:
Allen Stewart Königsberg nasceu no Brooklyn em 1
de dezembro de 1935. Aos 19 anos, Woody Allen já escrevia roteiros para
shows de variedades da TV americana. Sua chegada ao cinema foi
escrevendo e atuando em Que é que há, gatinha?, de 1965. Com um estilo marcadamente autobiográfico, se consagrou como um dos cineastas mais prolíferos de sua geração, com sucessos como Manhattan (1979), Zelig (1983), A rosa púrpura do Cairo (1985), Hanna e suas irmãs (1986), Celebridades (1998) e Match Point (2005).
Diretor,
roteirista e ator, Woody Allen exercitou seu humor e suas neuroses
também em peças e livros de contos publicados com sucesso internacional (Que loucura!, Cuca fundida, Sem plumas, O nada e mais alguma coisa, Sonhos de um sedutor, Manhattan, A lâmpada flutuante. Com Que loucura!, o leitor que está acostumado aos seus filmes verá o mesmo talento e o humor requintado em textos saborosos e hilariantes.
Resenha:
Você já parou pra pensar quando foi que o Cinema começou a inovar nas
formas de se fazer um filme? Você deve imaginar que o Cinema não foi o
que ele é hoje desde sempre. Por exemplo, em 1977 não era comum criar
histórias que não seguissem a lógica do tempo, tampouco, a linearidade
era regra, mas também não era usada (ou ousada). Por isso, o clássico de
Woody Allen se tornou tão atual e expressivo em qualquer época do
século. Ele ousa, sem deixar o espectador perdido, ele inova, sem que o
espectador perceba, ele filma, sem que o espectador se preocupe.
Annie Hall, título original do filme, começa com o personagem de Woody
Allen, Alvy Singer, num momento de reflexão, em que tenta desvendar as
causas do fim de seu namoro com Annie (
Dianne Keaton,
linda). “Annie e eu terminamos, e eu não consegui tirar isso da minha
cabeça”, é dessa forma que a obra começa e, a partir daí, veremos do
começo ao fim tudo o que acometeu o casal.
Alvy, um judeu e comediante meramente famoso, é um cara neurótico,
obsessivo, apaixonado por mulheres e por Nova York (é o mesmo personagem
de Manhattan numa situação diferente), a crítica especializada diz que é
o próprio Allen montando sua cinebiografia. O cara é crítico com as
maiores besteiras do dia a dia, tagarela ao extremo, porém, todo o seu
charme habita na sua ansiedade mesclada com sua impulsividade hipócrita.
Annie Hall é quase que o oposto de Singer, uma cantora de bar, meio
amalucada, e que só faz sexo depois de fumar maconha. O que esses dois
tinham em comum? O que poderia dar certo nesse meio? A resposta? Um
filme. Um grande filme.
Como já disse, Woody Allen quebra com todas as regras supostamente
ditadas para filmar seu clássico. O tempo vai e volta sem nenhuma
obrigação com as personagens, que entram e saem do filme e logo são
esquecidas. Numa das cenas mais hilárias da obra, Annie e Alvy estão na
fila do cinema, enquanto um metido a intelectual logo atrás deles
bombardeia a companheira com as teorias do filósofo da comunicação de
massa, Marshall McLuhan. Irritado, Alvy, sai da fila e detrás de um
cartaz, ele puxa o próprio McLuhan pra dizer ao tal sujeito que ele não
entendeu nada do que ele escreveu. Quando que no cinema nós teríamos uma
interferência tão grande da realidade? Como que seria possível dar
credibilidade a esse tipo de roteiro? Simples. Tudo se encaixa
perfeitamente. Allen ironiza o próprio relacionamento e a forma como ele
deduz que tudo pode ter dado errado.
Outras inovações também são muito pertinentes, como os momentos em que o
personagem de Allen fala diretamente com o espectador, tentando
explicitar algum ponto que possa ser menosprezado, ou então, nos
momentos em que Annie e Alvy voltam em cenas do passado e começam a
analisar, de corpo presente, as atitudes de cada um. Allen interfere de
forma sublime na força narrativa do Cinema. Não impõe nada, sugere,
experimenta e ganha nada mais nada menos que 4
Oscar
nas principais categorias. A academia surpreendeu e foi surpreendida.
Uma obra de comédia que leva o Oscar de Melhor Filme, Diretor e Roteiro é
uma “transgressão” e tanto.
Quanto ao relacionamento do casal e porque eu acho que este filme se
tornou um exemplo fabuloso de obras que abordam os relacionamentos
amorosos, fica difícil explicar. O casal formado por Keaton e Allen é
único, mas ao mesmo tempo muito próximo. O ritmo acelerado que o diretor
conseguiu imprimir aos personagens e a narrativa faz com que a gente
delicie essa obra quase que sem outra opção. Quando me dei conta o filme
tinha acabado, minha opinião formada e, infelizmente (ou felizmente),
inexplicável.
Annie Hall parece ser a mulher que todo o homem quer do seu lado, créditos a Diane Keaton, que levou o
Oscar
de Melhor Atriz por encarnar essa subversiva dos relacionamentos e
também da moda. O figurino da atriz, que é composto por gravatas e
coletes, algo mais masculino, virou febre entre as americanas no fim da
década de 70. Keaton está perfeita, consegue ser leve e real sem
ultrapassar limite nenhum. Woody Allen compôs o mesmo cara de sempre,
embora, esteja perfeito, não soma nada ao currículo dele como ator. É
como ele é, e eu não consegui me desprender disso. Confesso que me
cansei dele quando ele chegou em Los Angeles a procura de Annie.
Allen é conhecido por ter uma língua afiadíssima, por conseguir
trabalhar com a ironia e as críticas principalmente nas falas de seus
personagens e não no visual, que sim, nessa época não era uma de suas
grandes preocupações. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa está em ebulição de
novas ideias, de ironias preparadas pra voar na cara do espectador, de
bom humor escrachado e implícito, de dores, fracassos, amores e planos,
mas, na verdade, não passa de um puta de um filme de um baixinho ácido e
louco por jazz. Acima de tudo, Annie Hall é uma declaração de amor a
Diane Keaton.