The Wolf of Wall Street, 2013
Legendado, Martin Scorsese
Indicação da Semana!
Indicado nas seguintes categorias para o Oscar 2014: Melhor ator (Leonardo di Caprio); Melhor ator coadjuvante (Jonah Hill); Direção (Martin Scorsese); Roteiro Adaptado (Terence Winter) e Melhor Filme.
Classificação: Excelente
Legendado, Martin Scorsese
Indicação da Semana!
Indicado nas seguintes categorias para o Oscar 2014: Melhor ator (Leonardo di Caprio); Melhor ator coadjuvante (Jonah Hill); Direção (Martin Scorsese); Roteiro Adaptado (Terence Winter) e Melhor Filme.
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: Inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 180 Min.
Tamanho: 1.38 GB.
Servidor: MEGA (Parte única)
Link
Parte única
Sinopse
Um corretor da bolsa de valores de Nova Iorque se recusa a cooperar em um caso de grande fraude com valores mobiliários e alta corrupção envolvendo pessoas influentes em Wall Street. Baseado na autobiografia de Jordan Belfort.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.5
Áudio: Inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 180 Min.
Tamanho: 1.38 GB.
Servidor: MEGA (Parte única)
Link
Parte única
Sinopse
Um corretor da bolsa de valores de Nova Iorque se recusa a cooperar em um caso de grande fraude com valores mobiliários e alta corrupção envolvendo pessoas influentes em Wall Street. Baseado na autobiografia de Jordan Belfort.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.5
Crítica
Por: Pablo Villaça
O Lobo de Wall Street, novo trabalho do cineasta Martin Scorsese, é basicamente uma versão de três horas da sequência de Os Bons Companheiros
na qual o protagonista, paranoico em função das drogas, passa o dia
observando um helicóptero que o segue enquanto mantém conversas
histriônicas com vários conhecidos. Aqui, porém, em vez de acompanhar os
bastidores violentos de uma organização de mafiosos, o filme segue os
bastidores hedonistas de uma quadrilha de executivos de Wall Street – e,
no processo, expõe que, embora menos propensos à violência, estes
últimos revelam possuir muito menos maturidade, autocontrole e,
principalmente, respeito pela dignidade alheia do que seus colegas da Cosa Nostra.
Baseado no livro autobiográfico do
ex-corretor da bolsa de valores Jordan Belfort, o roteiro de Terence
Winter ancora sua história num universo povoado por personagens
celebremente batizados por Tom Wolfe como “Mestres do Universo”:
financistas, especuladores e corretores de Wall Street que,
principalmente a partir da década de 80, se dedicaram a manipular o
sistema financeiro em benefício próprio enquanto arruinavam as vidas e
economias de milhares de famílias, usando o dinheiro para financiar não
só seu próprio estilo de vida cheio de ostentação, mas também orgias
regadas a álcool e cobertas de pó. Foi nesta cultura particular que o
jovem Belfort (DiCaprio) iniciou sua carreira, não demorando até fundar
sua própria empresa de corretagem que, demonstrando verdadeiro desprezo
pelos próprios clientes, transformava-os em vítimas de esquemas cujo
objetivo final era transferir seus investimentos para o caixa da
companhia. Neste aspecto, Jordan Belfort pode até soar mais divertido
que o Tommy de Joe Pesci, mas, em última análise, mostra-se tão egoísta,
inconsequente e sociopata quanto este.
E é aí que entra a inteligência de
Scorsese: enquanto um diretor menos experiente provavelmente buscaria
retratar a história do protagonista de maneira direta e objetiva a fim
de estabelecer sua canalhice, o cineasta opta por, em vez de ressaltar o
óbvio, pintar as ações de Belfort com as cores do ridículo que estas
inspiram, salientando os absurdos do cotidiano do sujeito e levando o
espectador ao riso – mas com o cuidado de garantir que, de modo geral,
estejamos rindo dos personagens, não com estes.
Contando com uma estrutura narrativa bastante similar às de Os Bons Companheiros e Cassino
(deixando claro que, para ele, os “Mestres do Universo” são tão
desprezíveis quanto os mafiosos de seus trabalhos anteriores), Scorsese
emprega aqui narrações em off múltiplas que não apenas servem
para guiar o espectador através daquele mundo, mas também para comentar a
própria narrativa – como, por exemplo, ao corrigir a cor de um carro
logo no início da projeção. Porém, ao contrário do que ocorria naqueles
filmes, cujos personagens no mínimo respeitavam o espectador, aqui o
Belfort de Leonardo DiCaprio mal consegue ocultar o desprezo que sente
pela própria plateia, frequentemente comentando, de forma condescendente
e ofensiva, não acreditar em nossa capacidade de compreender os
esquemas financeiros que comandava. Já em outros momentos, o diretor usa
o off para revelar o que um personagem realmente está pensando
acerca de outro, completando suas brincadeiras de linguagem ao retratar
um evento de duas maneiras distintas, refletindo a percepção alterada
de determinado indivíduo e, mais tarde, revelando o que realmente
aconteceu.
Ambientado numa cultura de “machos” que,
como tal, inclui uma infinidade de xingamentos mútuos e a verdadeira
necessidade de encarar as mulheres como troféus por conquistas pessoais,
objetos de escárnio ou simplesmente como mecanismo de alívio sexual, O Lobo de Wall Street
já estabelece esta visão em um plano inacreditável no qual a bunda
voluptuosa de uma garota é transformada basicamente em um Everest que o
personagem de DiCaprio parece escalar antes de colher seu prêmio: uma
carreira de cocaína aspirada do cume (hum). Assim, não é surpresa
quando, mais tarde, o mesmo personagem caminha num estupor absoluto em
um quarto de hotel em Las Vegas e, sem nem parecer pensar direito,
estica o braço para apertar o seio de uma mulher desacordada – um gesto
destituído de qualquer prazer sexual e que expõe simplesmente sua
tendência a encarar o sexo oposto como algo que existe apenas para
atendê-lo. No entanto, é fundamental distinguir protagonista e narrativa
– e Scorsese deixa clara, em diversos momentos, sua reprovação diante
daquelas atitudes, escancarando-a, por exemplo, no instante em que vemos
uma das funcionárias de Belfort permitindo que sua cabeça seja raspada
em troca de dez mil dólares: ao fazer questão de enfocar a moça
recebendo o dinheiro e se afastando humilhada, o cineasta leva o
espectador a observar a desumanização da secretária e, consequentemente,
a constatar mais uma vez a sociopatia do personagem-título.
Não que no processo o filme não nos faça
rir, pois faz – e ver Belfort e o sócio Donnie (Hill) discutindo a
logística do arremesso de anões (com direito a citação de Freaks)
é ao mesmo tempo engraçado (por constatarmos como aqueles homens se
afastaram da realidade) e deprimente (pelo mesmo motivo). Neste sentido,
aliás, Scorsese foi mais uma vez sábio ao escalar um comediante como
Jonah Hill para formar dupla com DiCaprio – e é admirável como o ator
consegue ao mesmo tempo trazer seu timing cômico para o papel
enquanto retrata também as inseguranças, a ganância, o descontrole e a
arrogância de Donnie, numa composição surpreendentemente complexa.
Seguindo a mesma lógica, o diretor Rob Reiner, profundo conhecedor de
comédia (é filho de Carl, afinal, além de ter dirigido vários títulos do
gênero), aqui surge como o explosivo pai de Belfort, usando também seus
dotes cômicos para oscilar bem entre a preocupação que o sujeito nutre
em relação ao filho e tiradas hilárias originadas de seu espanto diante
da autoindulgência do rapaz. (Aliás, O Lobo de Wall Street traz outros dois cineastas conhecedores de humor em pequenas pontas: Jon Favreau e Spike Jonze.)
E se Matthew McConaughey quase rouba o
filme inteiro com sua única cena (e sua ausência é sentida por toda a
projeção), Leonardo DiCaprio exibe uma segurança invejável ao carregar a
narrativa, surgindo em praticamente todas as cenas das três horas de
projeção. Apresentando-se inicialmente como um jovem inseguro cuja
hesitação pode ser percebida na voz que insiste em falhar ao conversar
com o chefe e na maneira com que olha para os lados, constrangido,
Jordan Belfort eventualmente se torna uma figura desprezível, mas – e
isto é fundamental para o sucesso do filme – sempre fascinante e
divertida. Dono de uma natureza de sociopata (e não é à toa que uso a
palavra pela terceira vez para descrevê-lo), o sujeito é incapaz de
sentir remorso ou de perceber as consequências de seus atos – e quando
diz se “sentir horrível” em função do que ocorreu com um conhecido, o
sentimento dura apenas alguns segundos, como se tivesse sido verbalizado
apenas como estratégia para se humanizar diante do espectador.
Aspirante patético a Gordon Gekko
(que ao menos exibia alguma dignidade em seu comportamento, soando como
adulto), Belfort é um verdadeiro canalha – e, mais uma vez, a opinião
de Scorsese sobre seu protagonista fica claríssima ao retratar certas
ações no terceiro ato, quando inclui a reação apavorada de uma criança
diante da barbaridade que está testemunhando e que provavelmente a
traumatizará para o resto da vida.
Brilhante tanto nas sequências que
exigem humor físico (e quem poderia imaginar que DiCaprio fosse tão
competente neste quesito?) quanto nas cenas em que precisa descartar
qualquer sombra de dignidade, DiCaprio ainda confere nuance às ações de
Belfort – o que culmina naquela, que para mim, é a melhor cena do filme:
a conversa que mantém a bordo de um iate com o agente federal vivido
com talento por Kyle Chandler. Trata-se de uma interação complexa que
Scorsese e a montadora Thelma Schoonmaker conduzem com maestria,
partindo da tentativa por parte de Belfort de criar intimidade com o
agente Denham, quando exibe de forma sutil sua riqueza para estabelecer
seu poder, e sendo gradualmente substituída por esforços consecutivos de
soar humilde e condescendente até culminar numa sugestão de suborno que
dá lugar à frustração, à raiva e ao descontrole absoluto.
Um dos aspectos admiráveis de O Lobo de Wall Street,
aliás, é perceber como Scorsese consegue contrapor momentos intimistas,
de personagem, como este a outros nos quais sua câmera confere uma
energia quase maníaca às sequências – tudo sem abandonar suas marcas
autorais, como uma brilhante seleção de músicas incidentais, o uso
preciso de câmera lenta (como no instante em que vemos cocaína voando
dentro de um avião) e tomadas longas e impressionantes. Já em outros
instantes, o cineasta emprega manipulações claras de narrativa ao criar
situações de humor, como ao subitamente transformar uma pequena escada
em outra que parece ter dezenas de degraus enquanto um personagem
despenca por estes, ou ao encenar aquela que provavelmente é uma das
brigas mais lentas da história do Cinema, quando até mesmo uma pequena
vasilha é empregada por um dos envolvidos como obstáculo para impedir a
aproximação do outro e durante a qual a música-tema de “Popeye” é
empregada de maneira surpreendente.
Mas mesmo nos momentos de humor mais escrachado, O Lobo de Wall Street deixa claro estar enfocando personagens desprezíveis: “Não criamos nem construímos nada”,
diz o corretor de McConaughey, por exemplo, enquanto em outro instante
Belfort tenta provar sua boa natureza ao contar que deu dinheiro para
uma colega, entregando que seu sentimentalismo é mensurado em dólares. E
o pior (e sugiro que só leiam o restante do parágrafo aqueles que já
tiverem visto o filme): ao contrário dos bandidos enfocados em Os Bons Companheiros e Cassino,
que acabavam punidos em maior ou menor grau por suas ações, os
engravatados de Wall Street são poderosos demais para vivenciarem
derrotas similares – e, assim, quando vemos o agente Denham no metrô, a
caminho de casa, somos levados por Scorsese a avaliar o grau de sua
vitória. Sim, seria muito fácil, para o filme, trazer o sujeito sorrindo
no vagão, demonstrando estar satisfeito com o que conseguiu mesmo
diante da constatação de que Belfort sairá da cadeia para abraçar seus
milhões, mas isto soaria falso e maniqueísta, sendo apropriadamente
descartado pelo cineasta.
E é justamente este tipo de decisão que
demonstra o talento aparentemente inesgotável de um cineasta que, mesmo
aos 71 anos de idade, é capaz de criar uma narrativa repleta de uma
energia juvenil quase subversiva. E é admirável que, em vez de se
encarregar de condenar o personagem para o espectador, Scorsese permita
que constatemos sozinhos a natureza de Belfort. Sim, com isso, ele
inevitavelmente levará muitos a saírem do cinema repletos de admiração
pelo que o protagonista conquistou – mas não podemos responsabilizar o
diretor pela falha de caráter de certos membros de sua plateia, podemos?
Fonte: Portal Cinema em cena
Fonte: Portal Cinema em cena
Sensacional
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