The Magnificent Ambersons, Legendado, 1942, Orson Welles.
Classificação: Excelente
Formato: AVI (Xvid)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 88 Min.
Tamanho: 698 MB
Servidor: MEGA (2 Partes)
Links:
Parte 1
Parte 2
Sinopse: Na Indianápolis do final do século XIX, a família Amberson encontram dificuldades para lidar com as mudanças a seu redor. Recebeu 4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead), Direção de Arte (Preto e Branco) e Fotografia (Preto e Branco).
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.9
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Sinopse: Na Indianápolis do final do século XIX, a família Amberson encontram dificuldades para lidar com as mudanças a seu redor. Recebeu 4 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Agnes Moorehead), Direção de Arte (Preto e Branco) e Fotografia (Preto e Branco).
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.9
Crítica:
(5/5)
Quando Soberba
tem início, a narração em tom nostálgico e melancólico logo observa: “O
esplendor dos Ambersons começou em 1873”. Uma informação fundamental.
Aliada com a imagem inicial, um plano ao nível do olho da casa onde os
Ambersons vivem, logo somos avisados que estamos falando de uma família
importante, um fato que será confirmado e de suma importância. Estamos
falando de patrícios, pessoas que nós, os mortais da classe média,
almejamos ser. Vamos ser honestos, quem não quer viver uma vida de luxo,
comprando o que quer, indo a festas? A menos que você seja um comunista
que vive um modelo de vida espartano, ou um ermitão, você quer viver,
exatamente, a vida que acabei de descrever.
Lentamente, o
quadro onde os Ambersons vivem suas vidas é construído, numa longa e
elegante montagem habilmente construída pelo mágico (literalmente) Orson
Welles. Welles, durante esta obra-prima estuprada pela RKO, estúdio
cujo Welles tinha contrato quando produziu este retrato genial da antiga
nobreza norte-americana, utiliza alguns recursos visuais que
transformam essa seqüência na melhor parte do filme: Observe como o
diretor, inteligentemente, borra de branco as extremidades superiores e
inferiores dos enquadramentos, o que reforça a idéia de que – a
princípio – esta primeira parte da obra é um conto de fadas. Repare
também na cena em que George, ainda pequeno (Bobby Cooper o interpreta
nesta parte do filme), está levando uma bronca da sua família. Veja como
a casa dos Ambersons, ao fundo, parece erguer-se como um castelo saído
diretamente de um conto de fadas.
Mas antes de
ser um conto de fadas, a seqüência inicial de Soberba é um aviso
poderoso do que estar porvir. A presunção e arrogância de George, a vida
mundana que Isabel (Dolores Costello), mãe de George, parece levar (eu
disse parece), e as
festas e serenatas e bebedeiras constantes que ocorrem na mansão
Amberson são um anúncio da queda monumental daquilo que parece ser uma
monarquia.
Welles insiste
em frisar: Ser um Amberson é ser um ser que, por natureza, é (ou parece
ser) superior a tudo e a todos. Quando chegamos ao período em que o
filme realmente acontece, Lucy Morgan (a bela Anne Baxter) observa
enquanto dança com George (Tim Holt, que guarda grandes semelhanças
físicas com Orson Welles), agora adulto: “Finalmente percebi o que é ser
um Amberson”.
Essas pequenas
pérolas que citei são mostras do poder de fogo que Orson Welles tem. Em
qualquer um de seus filmes, Welles vai te provocar uma sensação de
imenso erro. Seja no monumental plano-seqüência (cena sem cortes)
inicial de A Marca da Maldade (Touch of Evil, 1958), seja na tentativa de suicídio de Susan Alexander em Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), o erro (ou a sensação disso) é presença constante.
Soberba é uma
fábula do que poderia ser o correto, mas não é. Soberba é o declínio do
império americano. É um conto sobre tempos que não voltam mais, o
passado sendo projetado numa tela de cinema. Soberba é – acima de tudo –
um soco no estômago de uma classe social inalcançável. É o troco que
todos queríamos dar em políticos, playboys, socialites. O tema de
Soberba – ganância, desonra e a própria soberba – será atual em qualquer
momento da história da humanidade. Soberba dos homens e mulheres que
comandam a vida na terra, aliás, fala das suas quedas.
A sensação de
nostalgia e perda neste filme é tão presente, é tão densa, que você
quase pode pegar e cortar com uma faca. Não poderia ser diferente. A
adaptação do premiado romance de Booth Tarkiginton pertence a este
universo, do que tínhamos, do que poderíamos ser. Principalmente em seu
último terço, The Magnificent Ambersons é uma reavaliação do que poderíamos ter feito. Por isso o seu final (o seu verdadeiro final) é tão doloroso. Uma revisão dos erros e acertos em nossas vidas. Você, independente da sua classe social, poderia estar no lugar de George.
Orson Welles, o
grande Orson Welles, faz questão, também, de utilizar metáforas visuais
absolutamente brilhantes, durante a sua obra. Vejamos a cena do baile,
por exemplo, logo no início do filme. Caminhamos junto com as
personagens Lucy e Eugene (é um plano-seqüência similar ao de Os Bons Companheiros e ao de A Época da Inocência,
inclusive com os personagens na mesma posição) saindo da uma nevasca
enorme que açoita a casa dos Ambersons. Enquanto isso, o narrador diz
que aquela é a última grande festa na casa da família. A nevasca é um
simbolismo, simboliza a enorme nuvem de tempestade que está se formando.
E não tenha dúvidas: Será naquela festa em que George flertará com
Lucy, para, somente depois ver o quão errado a tratou e a todos ao seu
redor. Será naquela festa que Eugene (Joseph Cotten, como sempre
competentíssimo), pai de Lucy, flertará com Isabel, vinte anos depois de
ele ter desistido do seu amor; um ato que levará George à loucura, num
acesso de ciúme que nos faz questionar se o que ele está fazendo é
defender a sua mãe de alguém como Eugene – um investidor no ramo de
automóveis (uma atividade que no início do século XX parecia não levar a
lugar algum –, ou se seus sentimentos nutrem uma aura incestuosa.
Acredito-me que George simplesmente tem uma birra ridícula contra
Eugene, visto que é da sua natureza agir dessa maneira. Ele se recusa,
mesmo quando os Ambersons já não são mais o que costumavam ser, que
Eugene é o futuro – ele esteve certo sobre os automóveis e agora é o substituto dos Ambersons.
Observe que nesta mesma cena, o tão querido deep focus
(quando a câmera deixa todo o quadro em foco definido) de Welles
funciona de maneira arrasadora. Veja que ele – com auxílio do
maravilhoso fotógrafo Stanley Cortez – fazem questão de enquadrar a
conversa da última geração dos gloriosos Ambersons, representada aqui
por George, e Lucy, para, ao fundo, mostrar a glória dos Ambersons que
se vai, representada pelo último baile na mansão.
De todas as
maneiras, talvez por culpa da montagem/estupro feita pela RKO, que tirou
56 dos 144 minutos originais de Soberba, o filme parece focar somente
em George. OK, ele é o personagem principal da trama, e talvez por conta
das suas ações burras – aliada ao egoísmo dos Ambersons (os Vangers do
romance “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” ficam no chinelo) –
acarretem na queda da família. Se não foi culpa dele, ele ajuda a
aumentar a profundidade do poço.
Por outro
lado, essa ultra-exposição que o filme confere a George ajuda a aumentar
a construção da sua personalidade (creio que se o corte de Welles fosse
o que conhecêssemos, a construção da personagem ficaria resumida ao flashback inicial, como acontece com Isabel e os outros).
Mas isso me
leva a uma questão importante: Já que George é tão cínico e parece ter
uma personalidade tão forte, por que Tim Holt parece ser tão duro,
estático e inexpressivo? Não sei. Talvez seja por que George seja o tipo
do cara retraído e introspectivo que... não, não. Não pode ser isso. É
uma má interpretação mesmo. E se não for, é por que Joseph Cotten,
magistral, lhe faz sombra.
Por essas e outras, Soberba pode até não ser tão bom quanto Cidadão Kane,
mas é um filme exemplar. Um filme para qualquer geração. É atemporal.
Tão único que é o único filme em que a cena final é desnecessária. Se
Ambersons terminasse uma cena antes da que se passa num hospital, seria
perfeito, mas não é culpa de Welles.
Mutilado
ou não, Soberba é um filme obrigatório. Uma referência, influenciando
cineastas como Martin Scorsese em diversos filmes. Repare que Scorsese
utiliza a técnica de dissolver um quadro em outro, mantendo a posição da
câmera, em, no mínimo, dois filmes (O Aviador e Época da Inocência, filmes que também falam da queda de famílias/pessoas poderosas), o que cria uma passagem de tempo elegante e ágil.
Para mim, isso só torna os filmes de Welles mais e mais interessantes, e indispensáveis.
Sou sedento por Orson Welles.
Por Victor Bruno
Fonte: Ornitorrinco Cinéfilo
Fonte: Ornitorrinco Cinéfilo
Baixando pra conferir mais esse filme, Obrigado pelo post.
ResponderExcluirMais um Welles para minha coleção, sua obra continua assombrosa como sempre. Estava a procura desse filme já faz um bom tempo. A imagem para ser de boa qualidade, pretendo assistir em breve. É por causa de obras como essa que eu continuo prestigiando o blog. Parabéns e obrigado!
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