Parte do planejamento de Três Vezes Rio, o drama Rio, Zona Norte foi o capítulo do meio de uma trilogia que por conta de questões políticas e sociais, ficou apenas no segundo capítulo, sem Rio, Zona Sul, projeto que contemplaria o Rio de Janeiro numa ampla perspectiva cinematográfica. Sob a condução de Nelson Pereira dos Santos, a produção em questão é uma sofisticada metáfora do esfacelamento da dignidade de um individuo. Sobre o cineasta que estamos falando, creio que não seja necessário realizar grandes apresentações. Considerado como um dos mais importantes pensadores da história do cinema brasileiro, o cineasta também é um dos responsáveis pela germinação das ideias que culminaram no cinema novo. Fundador do curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense, em 2006, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, uma honra para o meio audiovisual, haja vista o realizador de Vidas Secas e Rio, 40 Graus ter sido primeiro cineasta a se tornar membro da elitista e seleta associação.
Em Rio, Zona Norte, o realizador faz uma análise da vida de um homem que tinha o samba e a cultura como paixões da sua vida. Ao passo que desenvolve o seu roteiro com tons pessimistas, Nelson Pereira dos Santos deflagra questões importantes para pensar a cultura brasileira da época e os nossos problemas atuais: o debate constante entre cultura erudita e popular, a relação entre o artista elitista (Jece Valadão) que suga as energias e o talento do artista popular (Grande Otelo). “Eu sou o samba” e “a voz do morro sou eu mesmo” são algumas das frases famosas que partiram do filme e inspiraram Caetano Veloso e Gilberto Gil na canção-tema do álbum Cinema Novo.
7.4 de 10 | - - - | 1h 30 min | Trailer |
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