sábado, 28 de fevereiro de 2015

A TRISTEZA E A PIEDADE - 1969

Le chagrin et la pitié, 1969
Legendado, Marcel Ophüls

Formato: AVI
Aúdio: francês/alemão/inglês
Legenda: Pt-Br
Duração: 251 minutos
Tamanho: 1,94 Gb
Servidor: Mega (Parte única)



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SINOPSE
Realizado em 1969, ainda no calor dos acontecimentos que haviam abalado a França no ano anterior, A tristeza e a piedade foi uma reação ao mito cultivado por De Gaulle de que durante a ocupação nazista do país — entre maio de 1940 e dezembro de 1944 — toda a nação se unira sob a bandeira da resistência. Concentrando-se na cidade de Clermont-Ferrand, Ophuls colheu depoimentos sobre a época e, combinando-os com imagens de arquivo, expôs de um ângulo inédito as relações com o invasor. “Não foi uma bela página da história”, diz um personagem. Produzido originalmente para TVs da Alemanha e da Suíça, onde estreou em 1969, o filme foi considerado antipatriota por membros do governo francês e recusado pelas redes locais. Dois anos depois, entretanto, ao estrear numa sala em Paris, consagrou-se imediatamente como marco do cinema humanista. Na TV francesa, A tristeza e a piedade seria exibido somente em 1981.

The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.4

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

ESTAMIRA - 2004

Estamira, 2004
Marcos Prado

Formato: AVI
Aúdio: português 
Duração: 121 minutos
Tamanho: 700 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Trabalhando há cerca de duas décadas em um aterro sanitário, situado em Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, Estamira Gomes de Sousa é uma mulher de 63 anos, que sofre de distúrbios mentais. O local recebe mais de oito mil toneladas de lixo da cidade do Rio de Janeiro, diariamente, e é também sua moradia. Com seu discurso filosófico e poético, em meio a frases, muitas vezes, sem sentido, Estamira analisa questões de interesse global fala também com uma lucidez impressionante e permite que o espectador possa repensar a loucura de cada um, inclusive a dela, moradora e sobrevivente de um lixão.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB NOTA IMDB: 7.9

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

SEM SOL - 1983

Sans soleil, 1983
Legendado, Chris Marker 

Formato: AVI
Aúdio: francês/japonês/inglês
Legenda: Pt-Br
Duração: 100 minutos
Tamanho: 1,45 Gb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Através de cartas escritas por um amigo, Chris Marker compõe a memória, através de pensamentos e reflexões. A memória impossível e louca de São Francisco, a memória através de um click de uma foto em Guiné-Bissau. Homenageando Tarkovsky, Hitchcock, Marker traça sua própria memória.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB -  NOTA IMDB: 8.1


ANÁLISE

Apesar do longo espaço de tempo que os separa, La Jetée e Sem Sol são dois filmes que se complementam. Não são filmes que precisam, necessariamente, ser vistos juntos; porém, quando postos lado a lado, o mínimo que se pode dizer é que se potencializam. Se Sem Sol se impõe como um ensaio livre, inclassificável até, La Jetée é um dos poucos filmes de ficção de Marker. Justamente o cineasta que nunca conta histórias constrói, neste curta-metragem (29 minutos), uma das mais bonitas histórias já contadas - a história de um homem assombrado por uma imagem de infância. Na verdade, La Jetée pode ser considerado um foto-romance, uma seqüência de fotos inanimadas e que, no entanto, se movimentam, criam escalas dentro do quadro, através do ritmo da edição - o excepcional trabalho de Marker com o som e com a montagem, próximos, como quase todos os trabalhos do cineasta, da linguagem multimídia. Mas a opção do artista em fazer um filme com uma simples máquina fotográfica não se pode justificar apenas por questões econômicas. La Jetée é um filme sobre recordações, registros da memória em um mundo destruído, o que faz suas imagens paradas ganharem, por conseqüência, uma força assustadora. 

La Jetée funciona por zonas. Zonas de memória, zonas de tempo e de espaço, zonas de registro. A função de seu herói é justamente viajar por essas diferentes zonas, todas indefinidas, e trazer aos cientistas que lhe fazem de cobaia o seu registro. Sua obrigação é fazer de um registro pessoal, imagens particulares de uma afeição particular (e não há nada mais bonito do que essas imagens de natureza, de crepúsculo, visões ou instantes parados da vida do herói, que aparecem de repente, tão quentes, habitáveis, acolhedoras aos nossos olhos...) um guia para a humanidade. É juntar sua história íntima à História. Porém, à medida que a narração se desenvolve, e as imagens se sucedem, as zonas se confundem, e não sabemos mais se, na verdade, o herói não estaria viajando dentro de sua própria zona. Sua visão do passado, ou do que acreditamos ser passado, surge como um símbolo do cinema: essa capacidade de "objetivar" os elementos registrados – e, portanto, ser um instrumento de memória. Mas trata-se da memória sob um ponto de vista pessoal, relativo... A confusão parte do princípio de que não sabemos ao certo se os cientistas o projetam para um passado real, ou se ele próprio fabrica ou adapta suas próprias lembranças. Nesse caso, mais do que uma viagem no tempo, estaríamos diante de uma viagem na memória.

Viagem na memória que parece amplificada em Sem Sol, levada ao paroxismo (o filme possui, inclusive, algumas imagens tiradas do curta anterior), através de uma outra linguagem. Como já foi dito antes, Sem Sol é um filme-ensaio. Viajando entre os "dois pólos da sobrevivência", Japão e África, fica nítida a presença de Marker, sua visão da existência; embora mascarada, ela assombra cada plano, pronta para juntar mundo íntimo e coletivo. Aqui ela se esconde sob esse nome misterioso de Sandor Krasna, um cineasta que, como Marker, está "sempre muito longe", nos quatro cantos do planeta, e que manda fragmentos de seu trabalho a seus amigos, para que eles os juntem, como se junta um quebra-cabeças. E se a montagem desse quebra-cabeças se dá através dessas famosas "cartas de Sandor Krasna", lidas no filme pela narradora Florence Delay, não é apenas para criar um "clima misterioso", mas também para remeter à nostalgia e à ternura que existe no ato de enviar uma carta. Repetindo a metáfora de La Jetée, o cinema é mesmo uma arte da memória.

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domingo, 22 de fevereiro de 2015

FOXCATCHER - 2014

Foxcatcher, 2014
Legendado, Bennett Miller
Classificação: Regular - 7.5

Formato: mkv
Aúdio: inglês/francês
Legenda: Pt-Br
Duração: 129 minutos
Tamanho: 698 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz (Channing Tatum) sempre treinou com seu irmão mais velho, David (Mark Ruffalo), que é também uma lenda no esporte. Até que, um dia, recebe um convite para visitar o milionário John du Pont (Steve Carell) em sua mansão. Apaixonado pelo esporte, du Pont oferece a Mark que entre em sua própria equipe, a Foxcatcher, onde teria todas as condições necessárias para se aprimorar. Atraído pelo salário e as condições de vida oferecidas, Mark aceita a proposta e, assim, se muda para uma casa na propriedade do milionário. Aos poucos eles se tornam amigos, mas a difícil personalidade de du Pont faz com que Mark acabe seguindo uma trilha perigosa para um atleta.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB -  NOTA IMDB: 7.2

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sábado, 21 de fevereiro de 2015

A TEORIA DE TUDO - 2014

The theory of everything, 2014
Legendado, James Marsh
Classificação: Regular - 7.0
Formato: mp4
Aúdio: inglês/francês/latim
Legenda: Pt-Br
Duração: 123 minutos
Tamanho: 870 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
Baseado na biografia de Stephen Hawking, o filme mostra como o jovem astrofísico (Eddie Redmayne) fez descobertas importantes sobre o tempo, além de retratar o seu romance com a aluna de Cambridge Jane Wide (Felicity Jones) e a descoberta de uma doença motora degenerativa quando tinha apenas 21 anos.


Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB NOTA IMDB: 7.8

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

TANGERINES - 2013

Mandariinid, 2013
Legendado, Zaza Urushadze
Classificação: Excelente - 9.0

Formato: AVI
Aúdio: estoniano/russo/georgiano 
Legenda: Pt-Br
Duração: 87 minutos
Tamanho: 1,13 Gb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
A trama de Tangerines se passa em 1992, durante a guerra da Abcásia, território que então lutava para tornar-se independente da Geórgia. Num galpão, Ivo (Lembit Ulfsak) fabrica caixas de madeira que mais tarde servirão à colheita das tangerinas. Seu único vizinho é Margus (Elmo Nüganen), agricultor que teme não ter tempo suficiente para colher o que plantou, afinal de contas o conflito se aproxima. Todos os demais moradores, grande parte também estonianos, já debandaram à terra natal, ao contrário deles, que ficam por amar aquele solo, mesmo que no fundo esse sentimento seja ambivalente. Há um confronto por ali, dois soldados sobrevivem, um georgiano e um checheno. Ivo acolhe ambos, trata de seus ferimentos, não distinguindo partidos, lados e nem facções.

Fonte: Papodecinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.7

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sábado, 14 de fevereiro de 2015

O HOMEM DUPLICADO - 2013

Enemy, Legendado, 2013, Denis Villeneuve.

Indicação da Semana.
Classificação: Excelente.


Formato: AVI (Xvid)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 90 Min.
Tamanho: 784 MB.
Servidor: MEGA (3 Partes)
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Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: Adam é um professor que leva uma vida monótona até que descobre a existência de Anthony, um ator de pouco destaque que é fisicamente igual a ele. A partir de então passa a buscar obsessivamente seu sósia.
Fonte: Cineplayers

Crítica:

O Homem Duplicado é o tipo de filme que, temo, enviará a maior parte da plateia para fora das salas de cinema com uma impressão negativa. “Confuso”, “sem sentido”, “pretensioso” e “chato” possivelmente serão alguns dos termos usados pelos detratores – algo que sempre ocorre quando um longa tenta criar uma narrativa um pouquinho (não precisa ser muito) fora do convencional. Em vez de tentarem entender os motivos por trás das decisões do cineasta, estes espectadores preferem atacar a obra por receio, talvez, de serem considerados “estúpidos” por não terem compreendido exatamente o que esta queria dizer – e o recente Sob a Pele é outro trabalho que provoca o mesmo tipo de reação. O que este segmento do público parece não entender é que você não precisa conseguir decifrar os simbolismos da narrativa ou a natureza exata por trás de suas aranhas gigantes para apreciar e reconhecer o fato de que este trabalho de Denis Villeneuve é capaz de criar uma atmosfera carregada, tensa e sombria – mesmo que a plateia não consiga apontar precisamente por que está experimentando esta tensão. Apreciar um filme apenas como experiência narrativa ou pela força de suas atuações não é proibido – e explorar seus temas após a sessão é um esforço intelectual que pode ser imensamente divertido em vez de frustrante.
Não é à toa que a projeção abre com a epígrafe “Caos é a ordem ainda indecifrada”: inspirado no livro de Saramago, o roteiro de Javier Gullón nos apresenta ao professor universitário Adam (Gyllenhaal), que, vivendo num apartamento vazio em uma metrópole superpoluída, vive um cotidiano de repetições e esterilidade emocional. Certo dia, porém, ele percebe que o figurante visto de relance em um filme é sua cópia perfeita e decide procurar o sujeito: um aspirante a ator chamado Anthony, mas que usa o pseudônimo Daniel Saint Claire (Gylenhaal novamente, claro). Casado com uma jovem triste que se encontra no sexto mês de gravidez (Gadon), Anthony é o oposto de Adam, mostrando-se explosivo, seguro e ameaçador quando o outro consegue apenas se esconder do mundo e mal parece notar a própria namorada, a bela Mary (Laurent).
Construindo um tom inquietante desde o primeiro plano, que traz Adam em seu carro enquanto ouve um recado da mãe (Rossellini) sobre seu novo – e vazio – apartamento, o rapaz parece habitar um mundo poeirento e claustrofóbico, já que a cidade usada como pano de fundo para a trama surge como um ambiente hostil graças aos seus imensos prédios cinzas contrapostos a um céu permanentemente nublado. Ocupando um apartamento pequeno e pouco mobiliado e dando aulas para turmas semivazias (aplausos ao design de produção de Patrice Vermette), o protagonista parece alheio ao mundo que o cerca – e não é à toa que, para fazer uma pesquisa na Internet, ele surge puxando um cabo de rede para conectar seu notebook à web.
Vivido por Jake Gyllenhaal como um homem com expressão triste e uma postura encolhida, com a cabeça projetada à frente em uma pose que parece sugerir ao mesmo tempo a vontade de se esconder e o impulso de se defender, Adam se torna exponencialmente mais ansioso à medida que percebe a existência de Anthony – e é notável como Gyllenhaal evoca seu nervosismo ao respirar pesadamente enquanto liga para o apartamento do outro pela primeira vez. Por outro lado, Anthony surge arrogante, dominador e agressivo desde sua primeira aparição – e o contraponto entre os dois é tamanho que, confesso, ao ler os créditos finais senti que faltava um nome até me dar conta de que era o do próprio Gyllenhaal, que deveria ter sido listado duplamente. Por outro lado, Mélanie Laurent e Sarah Gadon criam composições que não se contrapõem como às de Gyllenhaal, mas se complementam, já que vivem duas mulheres cuja tristeza é fruto direto da relação que mantêm com os dois homens que dominam a narrativa e que são obviamente nocivos às parceiras, embora de maneiras diferentes (mais sobre isto em um instante).
Dirigido por Denis Villeneuve no mesmo ano em que comandou o excepcional Os Suspeitos, O Homem Duplicado não poderia ser uma obra mais diferente, comprovando a versatilidade do cineasta ao criar um mundo que sugere uma distorção constante da realidade até mesmo através de planos gerais como aquele que, movendo-se sobre um prédio em formato de “L”, cria uma ilusão de ótica momentânea que leva o espectador a embaralhar a própria visão. Sugerindo uma cidade futurista através de detalhes sutis como o céu poeirento e nublado e os vários prédios em construção que se projetam sobre o protagonista, o filme ainda usa a semelhança entre estes edifícios como retrato da falta de personalidade do próprio Adam – e quando o vemos em um quarto de hotel com teto baixíssimo, a impressão de claustrofobia criada ainda serve para ressaltar sua natureza reprimida e sufocada.
Fotografada de maneira expressiva por Nicolas Bolduc, a paleta de O Homem Duplicado surge carregada num tom amarelado que não só ressalta a atmosfera árida, sufocante, da narrativa como ainda pode ser encarada como uma referência direta ao trabalho feito por Aldo Tonti em Os Pecados de Todos Nós, de John Huston – um filme que, não por coincidência, lidava com a profunda repressão sexual de seu protagonista, num reflexo do tema principal deste filme de Villeneuve. Aliás, já que menciono o tema desta obra, não é à toa que, logo no início da projeção, Adam cita a complementação que Marx fez (em “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”) ao pensamento de Hegel sobre a História repetir-se, quando emendou dizendo que “a primeira vez, (repete-se) como tragédia; a segunda, como farsa” – já que é justamente a insistência do protagonista em repetir seus erros que o enviará a uma jornada psicológica complexa que incluirá a imagem recorrente das aranhas que percorrem a projeção.
Pois o que temos aqui (e sugiro que só leiam o restante deste texto depois de assistirem ao filme) não é, de fato, uma trama envolvendo clones ou algo do gênero, já que basta uma observação atenta para perceber que Adam e Anthony são, de fato, a mesma pessoa, merecendo destaque a única cena de Isabella Rossellini, que não deixa este ponto em aberto, já que ela oferece amoras ao filho (o único que tem, como faz questão de frisar), menciona seus esforços para se tornar ator e suas dificuldades para manter-se com a mesma mulher – todos estes sendo elementos que dizem respeito a Anthony, não ao Adam com o qual ela conversa naquele momento. Aliás, os esforços do personagem para fugir de si mesmo também encontram eco no pseudônimo de Anthony, que, como ator, usa o nome “Daniel”. Da mesma maneira, a foto rasgada que Adam mantém no apartamento surge completa na casa de seu “sósia” e os seis meses que marcam a gravidez da esposa são os mesmos que o distanciam de seus esforços como ator.
Mas por que há esta ruptura de egos? Por que subitamente Adam enxerga um duplo? Pois trata-se de uma ruptura psicológica clara – e quando sua esposa encontra a versão “alternativa”, choca-se ao perceber que há algo de estranho ocorrendo com o marido, reconhecendo imediatamente tratar-se do homem com quem se casou e não de um estranho com rosto idêntico. E o que significam, afinal, as tais aranhas?
Explicar Arte é um exercício fútil, claro. Sim, é divertido – e já me entreguei a este prazer ao escrever sobre filmes como Magnólia, Cidade dos Sonhos, O Grande Truque, Sob a Pele, Cisne Negro, entre outros. No entanto, jamais me ocorreria dizer que minha interpretação acerca destas obras foi a “definitiva”, como um “gabarito” para suas perguntas e mistérios. Por outro lado, o exercício intelectual, psicológico e emocional contido na busca por uma interpretação satisfatória é parte integral do processo de absorver uma obra e, claro, faz parte da diversão também em O Homem Duplicado. Que, sim, oferece algumas pistas claras acerca de sua significação.
Tomemos, como exemplo, o instante no qual Adam vai a uma locadora e o cartaz de A Mulher de 15 Metros surge claramente ao fundo, trazendo uma figura feminina como uma espécie de Godzilla prestes a destruir uma cidade. Analisada isoladamente, aquela referência poderia ser apenas um detalhe cenográfico, mas quando a justapomos ao plano no qual uma aranha gigantesca caminha pela cidade, um padrão se forma: estaria Villeneuve comparando aranhas e mulheres? Mais: ele estaria se referindo à forma feminina, ao gênero como um todo ou a algo que poderiam representar para o protagonista?
A resposta novamente pode ser encontrada em dois planos significativos de O Homem Duplicado: aquele, logo no início, no qual uma bela mulher em um clube de voyeurs/strip-tease parece prestes a esmagar uma aranha e outro no qual o protagonista passa por uma mulher nua, de corpo escultural, cuja cabeça foi substituída pela de um aracnídeo. E então nos lembramos de que Anthony obviamente desperta a desconfiança de sua esposa, que o acusa de voltar a traí-la, e percebemos como, ao seguir Mary, o sujeito exibe uma expressão atormentada ao se surpreender devorando-a com os olhos.
E o retrato que surge é o de um homem com fortes impulsos sexuais que já viu seu casamento ser ameaçado por sua incapacidade de se controlar diante do corpo feminino. Um homem que agora vive em um mundo repleto de referências a aranhas, como as linhas dos bondes, os padrões do embaçamento no box do chuveiro e o vidro partido de um carro, todos remetendo a teias. Um homem que agora vive reprimido e só, mas que descobre um alterego impulsivo que não mostra pudor algum ao desejar uma bela mulher, chegando a se passar por outro para possui-la. Um homem que finalmente chora, exausto, no instante em que aquele alterego se destrói num acidente de carro ao lado da figura que representa a tentação, finalmente permitindo que abrace a esposa grávida e aceite seu conforto.
Um homem que, mesmo assim, volta a ceder ao desejo na primeira oportunidade que surge, ao descobrir uma chave que reabrirá as portas para outras mulheres, e que por esta razão é surpreendido pela criatura gigantesca e assustadora que passou a simbolizar sua necessidade de reprimir-se. Uma criatura que ele encara não com o pavor que toma conta do espectador, mas com uma calma e uma resignação reveladoras.
Pois ele sabe que está enxergando não uma aranha gigantesca e predadora, mas o símbolo agora acuado de sua necessidade de manter-se fiel.
Fonte: Cinema em Cena









sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO - 2014

Whiplash, 2014
Legendado, Damien Chazelle
Classificação: Bom - 8.0

Formato: mkv
Aúdio: inglês
Legenda: Pt-Br
Duração: 140 minutos
Tamanho: 622 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos com sua namorada e sua saúde física e mental.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.6

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

MANUSCRITOS NÃO QUEIMAM - 2013

Dast-Neveshtehaa Nemisoosand, 2013
Legendado, Mohammad Rasoulof

Formato: mkv
Aúdio: persa
Legenda: Pt-Br
Duração: 125 minutos
Tamanho: 664 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
Morteza e Khosrow são dois assassinos de aluguel. Eles recebem a tarefa de matar um poeta famoso, conhecido por escrever textos contra o governo. O crime é encomendado pelo Ministro da Cultural iraniano, um antigo defensor dos intelectuais, que passou a apoiar o regime autoritário e conversador. Aos poucos, outros crimes maiores e mais graves são descobertos, tendo sempre escritores, poetas e outras figuras artísticas como alvos de censura e repressão.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.1

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

BIRDMAN - 2014

Birdman, 2014
Legendado, Alejandro González Iñarritu
Classificação: Excelente

Formato: mkv
Aúdio: inglês
Legenda: Pt-Br
Duração: 119 minutos
Tamanho: 865 Mb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
No passado, Riggan Thomson (Michael Keaton) fez muito sucesso interpretando o Birdman, um super-herói que se tornou um ícone cultural. Entretanto, desde que se recusou a estrelar o quarto filme com o personagem sua carreira começou a decair. Em busca da fama perdida e também do reconhecimento como ator, ele decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Entretanto, em meio aos ensaios com o elenco formado por Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts) e Laura (Andrea Riseborough), Riggan precisa lidar com seu agente Brandon (Zach Galifianakis) e ainda uma estranha voz que insiste em permanecer em sua mente.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.2


ANÁLISE

O desejo de sentir-se amado, mesmo adorado, é um elemento integral da profissão de ator – não só como motor do impulso artístico (ou, no mínimo, parte de seu combustível), mas também como quesito essencial para que se sustente na carreira. Afinal, ninguém corre para comprar ingressos para uma peça ou um filme estrelado por um intérprete detestado ou desprezado por todos. Não é à toa que a maior parte dos atores evita se envolver em assuntos polêmicos - não é que não tenham opiniões sobre determinados temas; expressá-las, porém, pode comprometer gravemente seu ganha-pão (e nomes como Sean Penn, Tim Robbins, José de Abreu e Gregório Duvivier certamente perderam legiões de fãs em função de seus posicionamentos políticos, por mais absurdo que isto possa soar).
Esta necessidade de adoração e admiração, aliás, é o que move Riggan Thomson (Keaton), um astro de Hollywood que, depois de fazer sucesso internacional ao interpretar o super-herói Birdman, abandonou o papel há 22 anos (coincidência ou não, exatamente quando Keaton viveu Batman pela última vez). Agora, o ator busca reconhecimento ao dirigir e estrelar uma peça que ele mesmo adaptou a partir de um conto de Raymond Carver e que,  a poucos dias da estreia, vem enfrentando diversos problemas: um integrante do elenco se acidentou e foi substituído pelo talentoso mas difícil Mike Shiner (o talentoso mas difícil Edward Norton); sua filha Sam (Stone), recém-saída de uma clínica de recuperação de dependentes químicos, parece infeliz e próxima de uma recaída; sua namorada e colega de elenco Laura (Riseborough) pode estar grávida; seu agente e amigo Jake (Galifianakis) encontra-se desesperado com o possível fracasso financeiro do espetáculo; e a crítica de teatro do New York Times (Duncan) mostra-se determinada a destruir a empreitada. Para piorar, Thomson é constantemente atormentado pela voz de Birdman, que insiste em provocá-lo com alfinetadas sobre sua inadequação e por ter abandonado uma franquia de sucesso.
Planejado pelo diretor Alejandro González Iñarritu e pelo fabuloso diretor de fotografia Emmanuel Lubezki (Filhos da EsperançaGravidadeA Árvore da Vida) para sugerir um único plano-sequência de quase duas horas de duração, Birdman mantém uma fluidez tão admirável que realmente se torna impossível notar onde ocorrem os cortes, ainda que, pela lógica espacial de cada cena, não seja difícil imaginar (de todo modo, compreendo a não-indicação do projeto na categoria Montagem do Oscar, já que certamente os responsáveis por esta não tiveram muita margem criativa considerando que os cortes foram pensados já na pré-produção). Mas o resultado obtido por Iñarritu e Lubezki fascina, vale apontar, não só pelo feito técnico, mas por não se limitar ao tempo “real” normalmente imposto por planos-sequência – e, assim como em outros trabalhos formidáveis como o brasileiro Ainda Orangotangos e o iraniano Fish & Cat, o filme traz elipses, momentos de alucinação e movimentos de câmera supostamente impossíveis mesmo sem jamais revelar suas transições. Neste sentido, a palavra “cinematografia” (“escrever com o movimento”) ganha peso ainda maior no trabalho realizado pela dupla.
Mas o que realmente torna esta decisão criativa digna de aplausos é o fato de não soar como recurso técnico gratuito para atrair a atenção, já que desempenha funções narrativas claras: além de ressaltar a pressão crescente sobre o protagonista, que não parece ter um único momento de descanso, o plano-sequência evoca uma certa continuidade temporal típica do teatro – e estamos, afinal, assistindo a um filme sobre a montagem de uma peça. Com isso, o longo plano assume um caráter quase metalinguístico, acabando por salientar os comentários que a obra faz sobre si mesma, sobre a indústria cinematográfica e sobre os contrastes percebidos por seus personagens entre Cinema e Teatro: se o primeiro é tomado pelo comércio, pela vulgarização de seus temas e intérpretes e por uma cultura de celebridades, o segundo é supostamente o verdadeiro reduto dos atores íntegros e comprometidos com sua Arte. Desta forma, ao conceder entrevistas para divulgar a peça, Thomson se vê obrigado a negar boatos absurdos (paradoxalmente validando-os simplesmente ao ter que discuti-los) e a responder questões insistentes sobre sua carreira no Cinema, como se sua dedicação ao palco fosse um mero capricho de um artista milionário e mimado. Como se não bastasse, o simples fato de trazer Batman, Hulk e Gwen Stacy em seu elenco já torna Birdman ambíguo por natureza ao utilizar a fama obtida por Keaton, Norton e Stone em projetos “superficiais” (visão do longa, não minha) para atrair interesse sobre si mesmo.
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PRIDE - 2014

Pride, 2014
Legendado, Matthew Warchus
Classificação: Regular - 7.5

Formato: AVI
Aúdio: inglês
Legenda: Português
Duração: 119 minutos
Tamanho: 1,83 Gb
Servidor: Mega (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
No ano de 1984, Margaret Tatcher está no poder e os mineiros estão em greve. Depois do orgulho gay chegar em Londres, um grupo de ativistas gays e lésbicas decide arrecadar dinheiro para enviar às famílias dos mineiros. Mas a União Nacional dos Mineiros parece um pouco constrangida em receber esta ajuda. Os ativistas não perdem o ânimo, decidem entregar a doação pessoalmente e partem em direção ao País de Gales. Assim começa a história improvável de dois grupos que não tinham nenhuma relação, mas se uniram em prol de uma causa. 

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.8

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

ISTO NÃO É UM FILME - 2010

In Film Nist, 2010
Mojtaba Mirtahmasb e Jafar Panahi 
Formato: AVI
Aúdio: Iraniano
Legenda: Português
Duração: 74 minutos
Tamanho: 758 Mb
Servidor: Mega (Parte única)


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Parte única

SINOPSE
Um dia na vida do cineasta Jafar Panahi, que está preso em casa por meses a espera do resultado de sua sentença no tribunal de apelação.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5

TRAILER


ANÁLISE 

Cinema à parte. 

por Heitor Romero

O iraniano Jafar Panahi é um dos cineastas mais interessantes da nova geração, e com poucos filmes no currículo já conseguiu um destaque mundo afora que muitos autores mais experientes ainda não conquistaram. Isso porque a trajetória levada por cada trabalho seu para finalmente chegar aos circuitos de cinema é quase épica. O Irã é um dos países mais severos com relação à liberdade no cinema, e o resultado disso foi a condenação de Jafar a seis anos de prisão domiciliar, impedido de filmar. Seu mais recente trabalho, Isto Não é um Filme (In Film Nist, 2010), foi parar no Festival de Cannes graças a uma operação clandestina, em que um dos colaboradores do projeto, Mojtaba Mirtahmasb, conseguiu transportar em um pen drive o conteúdo sem levantar suspeitas. Agora o filme finalmente está disponível no circuito nacional, ainda que em poucas salas de exibição, trazendo consigo um manifesto de um artista oprimido por uma ditadura cega. 

O mais interessante nesse trabalho de Panahi não é apenas o tom experimental que o próprio título denuncia, mas sim a ironia presente em seu conteúdo. Em plena era digital, onde qualquer pessoa portadora de um celular com câmera é capaz de gravar um filme qualquer, Jafar se vê preso em seu apartamento, impedido não por questões técnicas ou financeiras, mas sim por um regime religioso que parece não ter acompanhado a evolução de nosso tempo. Em um mundo onde fazer cinema está ao alcance de qualquer um, acompanhamos um cineasta brilhante preso pelo mais lamentável dos obstáculos. É a partir dessa triste constatação que nasce a essência de Isto Não é um Filme, um dos documentários mais incisivos dos últimos anos. 

Trata-se de um trabalho de simples execução, que nos apresenta primeiramente a rotina do diretor, confinado em seu apartamento na cidade de Teerã. Depois de acompanharmos um pouco desse dia a dia, inclusive algumas conversas dele com sua advogada, Jafar finalmente propõe ao público uma atividade diferente. Se até o momento o que presenciamos foi um relato perturbador sobre um artista confinado em um lugar pequeno e cheio de ideais proibidos na cabeça, agora ele nos leva a acompanhar sua ideia de realizar um tipo de processo de “não filmar”. Delimitando espaços com fitas adesivas em seu pequeno ambiente, ele nos narra a história de uma moça iraniana que fica trancafiada em casa pelos pais e é impedida de frequentar a faculdade.

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