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terça-feira, 21 de maio de 2013

SUDOESTE - 2011

Sudoeste, 2011
Eduardo Nunes

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Formato: AVI 
Áudio: português
Duração: 128 min.
Tamanho: 940 MB
Servidores: Mega (Parte única)

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SINOPSE
Em uma cidade pacata e anônima, durante um dia apenas, Clarice (Simone Spoladore) vê sua vida se desenrolar de maneira circular, da morte ao nascimento, e depois à velhice mais um vez. Ela observa as pessoas ao seu redor, que não envelhecem, e que não entendem sua existência. Esta mulher deve compreender a importância de temas fundamentais como a vida, a morte, a maternidade e a violência.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.4


ANÁLISE

Sudoeste  é um filme horizontal. Seu formato de tela, 3,66:1, ainda mais espichado do que o Scope, causa tanto impacto quanto a fotografia em preto e branco. No plano inicial, acompanhamos uma carroça atravessar o comprido quadro, da esquerda para a direita. A câmera se posiciona pouco acima do solo, atrás de galhos secos. Na sobreposição de camadas (a carroça ao fundo e os galhos à frente), é como se a paisagem quebradiça provocasse a lentidão da ação.
Formado em cinema pela Universidade Federal Fluminense em 1995, Eduardo Nunes levou mais de dez anos para realizar este seu longa de estreia, e a principal influência do diretor, confessa em entrevistas, fica evidente em SudoesteAndrei Tarkovsky. O cineasta russo, que discutiu suas ideias e criações no livro Esculpir o Tempo, é a principal referência de diretores como Béla Tarr, que trabalham com a passagem do tempo impressa em imagens na tela. É um exercício que pontua Sudoeste até o fim.
O tempo, afinal, é o protagonista da trama, que transcorre durante um dia em uma vila do litoral. A carroça do início carrega, pela manhã, uma grávida para uma pousada. Só o bebê sobrevive - uma menina, a quem dão o nome de Clarice. Ao longo do filme, acompanhamos Clarice crescer, da adolescência à vida adulta, enquanto a realidade ao seu redor continua vivendo aquele único dia, em que uma grávida morreu durante o parto.
O vento dá o tom do realismo fantástico, como se o tempo estivesse mesmo passando mais depressa do que as coisas sólidas daquele mundo pudessem notar. Um momento em particular parece filmado em time lapse, quando um homem conduz Clarice pela mão lentamente, mas o vento balança tão forte as flores ao chão (de novo a câmera enquadra a paisagem à frente e a ação ao fundo) que soa como efeito visual.
De efeitos Sudoeste está cheio, ademais, embora tenha essa estética naturalista. Os efeitos de som são os mais ostensivos. O barulho do moinho (uma das muitas marcas visuais de passagem de tempo no filme, como as conchas e o trabalho dos rodos na salina) é tão saliente no começo que dá a impressão de ecoar ao longo do filme.
É o tipo de coisa que torna Sudoeste eficiente em matéria de impacto. Não por acaso Eduardo Nunes tem sido comparado com Luiz Fernando Carvalho, cuja estreia no cinema com Lavoura Arcaica  foi também um manifesto barroco, um filme que grita suas opções estéticas sem muitos meios termos. Dá pra notar, em comum nesses dois filmes, uma "assinatura" de autor - e aí sempre existe o risco de perder o foco em meio ao autorismo, a assinatura pode virar um autógrafo.
Em Sudoeste, a fotografia de Mauro Pinheiro Jr. (que no set em Pontal do Massambaba trabalha com uma exposição à luz comparável com a de Cinema, Aspirinas e Urubus) dá conta desse desejo de Nunes de "esculpir o tempo" como Tarkovsky, mas fazer travelings laterais constantes em paredes cruas - onde a passagem do tempo obviamente pode ser sentida - não basta para contar uma história. Sudoeste às vezes se perde nesse anseio de estetizar todo e qualquer instante.
Ao fim, fica a certeza de que Nunes tem um olhar a ser depurado. Isso fica claro no melhor plano de Sudoeste, que não tem paredes descascadas ou o vento descabelando pessoas. É um plano aparentemente banal mas que traz informações cruciais sobre os personagens, quando Clarice tem a principal revelação do filme e a câmera recua, fica atrás dela, para mostrar uma estante de garrafas no fundo do bar. Aquelas garrafas não estão ali por capricho, elas têm algo a dizer.
Sudoeste é um filme que tem muito a dizer, mas o maldito barulho do moinho nem sempre deixa a gente escutar.
Análise retirada do site Omelete
























































segunda-feira, 20 de maio de 2013

O ANJO EXTERMINADOR - 1962

El ángel exterminador, 1962
Legendado, Luis Buñuel

Classificação: Excelente

Formatos: AVI 
Áudio: espanhol
Legenda: português
Duração: 95 min.
Tamanho: 700 MB
Servidores: Mega (Parte única)

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SINOPSE
Depois de uma festa, os convidados simplesmente não conseguem deixar o local, sem que haja uma explicação racional para isso. Conforme o tempo passa, as máscaras dos antes bem relacionados começam a cair e revelar suas verdadeiras e mais profundas facetas.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.0


ANÁLISE

Existem poucos filmes no mundo como O Anjo Exterminador (de Luis Buñuel, México, 1962): ele prova como um argumento tão simples pode ser tão absurdo quanto genial e complexo, suscitando as mais variadas interpretações. A história, que é apenas a "prisão" de burgueses que não conseguem ultrapassar a porta escancarada de um salão, pode dar mais pano para a manga do que a saga de uma dinastia imperial.

No entender do próprio Buñuel, em sua biografia, ele avalia que o filme é um estudo sobre a vontade: o que faz alguém caminhar para alguma direção ou mover um braço, por exemplo? Os personagens querem passar pela porta, mas parecem que simplesmente se esqueceram como se faz para isto. Parecem galinhas presas sobre um círculo riscado por giz em torno delas. Aliás, o filme é uma grande análise do animal-humano, todos isolados em um laboratório numa situação limite que os faz manifestar os mais obscuros e selvagens instintos.
No entanto, a tese proposta por Buñuel pode ser apenas uma vertente das interpretações. Não podemos nos esquecer que toda a criadagem foge, ficando apenas os burgueses e o mordomo pelego. É sabido que Buñuel tinha grande simpatia por idéias de esquerda, o que pode fatalmente colaborar para interpretações marxistas; mas reduzir O Anjo Exterminador a um filme político é tão simplista quanto ridículo. Dentro do laboratório ao qual me referi, as melhores cobaias seriam os "seres mais civilizados" para que estes resgatassem o seu instinto mais animalesco de sobrevivência. Se num primeiro momento eles se vêm presos às próprias regras de etiqueta, não saindo do salão em prol de uma aventura, ou por consideração àqueles que não saem, depois devoram com fome até os papéis e os remédios que estão em sua frente. O detalhe de serem personagens burgueses não pode ser desprezado, já que o próprio Buñuel lamentou não ter feito o filme na Europa para dar um ar ainda mais aristocrático.

Parece que Buñuel poupou apenas três personagens da tragédia, justamente os matando: primeiro, o velho reclamão que não gosta de nada a sua volta (suas últimas palavras são: "contente... mas não pelo extermínio") e o casal, que se ama apesar de tudo (lembrando a obsessão dos surrealistas pelo famoso "amor louco" que eles criaram). No final, as palavras do velho soam proféticas: os convidados resolvem executar aquele que lhe chamou para tal "armadilha", ou seja, o anfitrião (logo este, coitado, é um dos melhores intencionados e, ainda por cima, corno). Assim, O Anjo Exterminador é tão apocalíptico quanto seu nome: Buñuel parece acreditar que a necessidade humana de culpar algo ou alguém por seus próprios defeitos (ou "burrices", seria melhor neste caso) é algo instintivo. Isto sem falar da última seqüência: burguesia e clero preso numa igreja, o povo apanhando da polícia por fora e o sino badalando chamando "as ovelhas de deus" para a sacristia.
O que é pouco lembrado por todos é o que se passa antes da "prisão" dos personagens. São seqüências extremamente ricas e que não servem necessariamente como explicação da psicologia de cada um. Há mulher que possui uma pata de galinha na bolsa; a dona da casa tem um urso de estimação; homens se comunicando por sinais secretos; a virgem jogando uma pedra na janela; etc. Em suma, nada aqui é óbvio e tudo é significativo. Há também toques quase rodriguianos para demonstrar que todos ali tem uma moral (no sentido da moral-instituída) duvidosa, como na cena em que a mulher beija na boca o médico que julgar ter curado seu câncer e, quando esta sai, ele revela aos amigos que sua paciente tem poucos meses de vida; ou quando todos riem (menos o velho) do mordomo que se estabaca no chão. A repetição é um dado presente várias vezes. Os convidados sobem duas vezes as escadas do casarão, por exemplo. Mas o melhor são os três encontros diferentes de dois homens de meia-idade: na primeira vez eles se cumprimentam de forma indiferente. Na segunda, os mesmo trocam abraços calorosos, como se não se vissem há muito tempo. Por último, eles quase se agridem. Ou seja, o cinema de Buñuel é tão rico que não vale nem aqui e em nenhum lugar interpretações à risca sobre todas as seqüências e até mesmo planos. E O Anjo Exterminador é uma de suas obras mais complexas, mas que também possui uma linha narrativa mais sólida e linear (diferente de O Discreto Charme da Burguesia, O Fantasma da Liberdade, e tantos outros baseados em seqüências independentes umas das outras).

E por que os personagens não passavam pela porta? Talvez, esta seja a pergunta menos importante de todas. Nisto, Buñuel se alia à tradição kafkiana de impor aos seus personagens situações limites dentro de destinos trágicos estabelecidos logo de início. Eles estão quase tão presos quanto Joseph K. por exemplo. No entanto, O Anjo Exterminador não é um filme "kafkiano": Buñuel continuou fiel ao seu estilo perturbador e ao mesmo tempo alegre. Mas ele consegue mexer com os nervos do espectador de tal maneira que não há quem não saia do cinema sem fazer a clássica piadinha na porta: "será que vou conseguir sair?". É possível que algumas pessoas tenham demorado horas na poltrona sem se levantar.

Análise retirada do site Contracampo






sábado, 18 de maio de 2013

O DESPREZO - 1963

Le mépris, 1963
Legendado, Jean-Luc Godard

Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: francês
Duração: 103 minutos
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
O Desprezo conta a história da crise de um casal em uma viagem à Itália que acaba mal. Camille (Brigitte Bardot) tem a impressão de que seu marido não lhe ama mais. Paul Javal, seu marido, é um roteirista que, para garantir o conforto da esposa e evitar o rompimento da relação, aceita escrever uma nova adaptação da obra grega "A Odisséia" para o cinema. Primeiro, nascem a dúvida e o desprezo em Camille e depois vem a incompreensão e a raiva de Paul. Diferente do livro de Homero, não é Ulisses que vai embora e abandona sua amada Penélope.

Fonte: Interfilmes
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.7


O desprezo de Godard


Um estúdio de cinema e um filme sendo rodado nos introduz ao universo do filme "O Desprezo". Uma narrativa dentro do estilo e do mundo do cineasta francês Jean-Luc Godard, realizada em 1963. ("Contempt"- "Le Mepris").

A metaliguagem está claramente presente no conteúdo deste filme: ao roteirista Paul (Michel Picoli)é encomendado escrever um outro desencadeamento da "Odisséia", um roteiro que está sendo filmado pelo estúdio ao qual já fomos introduzidos, uma outra "Odisséia", com outras características para os seus personagens. (O próprio "Desprezo" foi encomendado a Godard por Carlo Ponti).
Então entra a figura do produtor Prokosh, interpretado por Jack Palance, cuja maior característica do personagem é a arrogância e o cinismo; e o diretor, Fritz Lang, interpretando ele mesmo (!). Essa relação roteirista/produtor/diretor toma consistência na narrativa do filme quando eles assistem juntos à exibição dos planos já captados para a nova "Odisséia", daí a posição ideológica de cada personagem/profissão é evidenciada.
Paul prefere o teatro, mas como forma de garantir maior conforto burguês a sua esposa Camille (a exuberante Brigite Bardot, extremamente sensual no auge de sua carreira), aceita escrever uma nova visão da história de Homero.
Após essa introdução entramos no universo íntimo de Paul e Camille, uma relação em crise, a manifestação do desinteresse da mulher pelo homem, perda da atração física, de afinidade, a falta de identificação com o outro, narradas através de longas discussões profundas sobre ele, ela , eles. Ao longo da sequência, há analogias com planos mostrando os personagens da "Odisséia". A construção da dramaticidade é enriquecida através do cenário, o jogo de cores têm influência marcante como narrador dramático, o vermelho e o branco dos móveis e a brincadeiras com a peruca morena usada por Camille, como se tivesse uma outra identidade.
Ela não o ama mais. Paul se vê diante de uma outra situação, causada pela separação física e psicológica, uma ruptura que passa a abalar seus pensamentos e questões íntimas de seu ser. O sentimento de abandono, o desprezo da companheira a quem ainda sente-se muito ligado. Um homem diante da perda de um complemento de sua existência.
A paradisíaca ilha de Capri agora é o cenário da tentativa de reconciliação de Paul, mas Camille é inflexível. Nesta sequência, há inserts de imagens da intimidade perdida do casal através da exuberante forma física de BB e a relação com Paul, evidenciando a relação que um dia tiveram. E a cena na escadaria, analogia de seus degraus com o caminhar do homem na vida.
Paul agora reescreve a "Odisséia": "Talvez Ulysses não quisesse voltar", argumenta a Fritz Lang; por que ficara fora por tanto tempo? A relação entre Penelope e Ulysses é questionada no roteiro de Paul. Ulysses também fora desprezado pela amante(?!)... mas desta vez quem vai embora é ela, Camille, e com o produtor Prokosh.
"O Desprezo" faz uma crítica à estrutura da produção do cinema holywoodiano, e Godard está mais uma vez próximo da filosofia e do existencialismo, através da sua multiplicidade de referências, inclusive a trabalhos dele mesmo, passados (Acossado) e por vir ("A Chinesa", "Pra Sempre Mozart"). É de extrema riqueza narrativa a analogia com as paisagens do mar Mediterrâneo, evidenciando a fragilidade do homem diante da imensidão do oceano.

Crítica retirada de mnemocine




















































































































































sexta-feira, 17 de maio de 2013

VERMELHOS E BRANCOS - 1967

Csillagosok, katonák, 1967
Legendado, Miklós Janscó

Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: húngaro/russo
Legendas: português
Duração: 90 min.
Tamanho: 940 MB
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
Considerado por alguns como propaganda comunista, o filme é na verdade uma evocação minimalista da falta de sentido da guerra. A história segue o exército vermelho e o exército branco que se enfrentam em meio à Revolução Russa, liderada por Lênin, transformando o país em uma guerra civil pela formação da União Soviética.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - Nota IMDB 8.0


MIKLÓS JANCSÓ

Jancsó atingiu notoriedade durante os anos 60, com filmes como A rodada de reconhecimento (Szegénylegények, 1965), Os vermelhos e os alvos (Csillagosok, katonák, 1967) ou O salmo vermelho (Még kér a nép, 1971). Suas obras mais famosas caracterizam-se por sua estilización visual, a elegante coreografía, as tomadas longas, e a profundidade histórica e rural. Entre seus temas preferidos está o poder e seus abusos. Muitas de suas obras históricas podem ler-se de facto como alegorias da Hungria de sua época baixo o regime comunista, sem prejuízo de seu valor mais universal como críticas a toda a forma de opresión.
Durante a década seguinte, o cinema de Jancsó foi tendendo a cada vez mais para o simbolismo e a estilización visual. Nos 80, sua obra perdeu parte do favor da crítica, que considerou que se limitava a imitar seu estilo anterior. Depois da queda do comunismo, Jancsó conseguiu triunfar com uma série de filmes de baixo orçamento, ingeniosas e pouco autocomplacientes, que receberam bons resultados na bilheteira húngara.

BIOGRAFIA:
Em sua juventude estudou Direito em Pécs, graduándose em Kolozsvár (Cluj) em 1944. Registou-se no colégio de advogados, mas nunca chegou a exercer. Em 1946 transladou-se a Budapeste; três anos mais tarde, casou com Katalin Wowesnyi, com a que teve dois filhos. Em 1950 obteve seu diploma em Direcção Cinematográfica pela Academia de Teatro e Cinema de Budapeste, dedicando desde esse momento ao cinema. Depois de divorciar-se de Katalin Wowesznyi, contraiu casal de novo com a directora Márta Mészáros em 1958. Ao ano seguinte conheceu ao escritor Gyula Hernádi, quem colaboraria em muitas de seus filmes até sua morte em 2005.
Em 1968, Jancsó conheceu à jornalista e roteirista italiana Giovanna Gagliardo em Budapeste. Transladaram-se a Roma, onde Jancsó trabalho durante toda a década, alternando com breves estadias em Budapeste. Em 1980 separou-se de Gagliardo e voltou a casar-se em um ano mais tarde, desta vez com a editora Zsuzsa Csákány, com quem teve um filho em 1982.
Miklos Jancsó tem sido membro honorario da Universidade de Teatro e Cinema de Budapeste desde 1988 e tem sido professor anexo em Harvard entre 1990 e 1992. Além de largometrajes, Jancsó fez uma série de curtos e documentales ao longo de sua carreira. Entre 1971 e 1980 dedicou-se assim mesmo ao teatro. 

OS FILMES:
Jancsó começou sua carreira fazendo documentales. Ainda que estes filmes oferecem pouco interesse à hora de compreender seu desenvolvimento posterior, deram-lhe a oportunidade de aprender os aspectos técnicos do cinema, ao mesmo tempo que lhe permitiram viajar pela Hungria estalinista, conhecendo de primeira mão a realidade que levaria à rebelião de 1956. 
Em 1958, completou seu primeiro largometraje, Os sinos foram-se a Roma. Jancsó recusa hoje em parte suas primeiras obras. 
A rodada de reconhecimento supôs o primeiro grande sucesso de Jancsó, tanto nacional como internacionalmente. Ambientada na frustrada rebelião de Lajos Kossuth contra o domínio Habsburgo em 1848, o filme centra-se na repressão das autoridades. Filmada em alvo e negro, com uma opresiva posta em cena, o filme tem sido vista como um alegato velado contra a repressão depois dos acontecimentos de 1956. Para poder apresentar no Festival de Cannes, Jancsó viu-se forçado a desmentir publicamente que esse fosse o sentido do filme. Anos mais tarde, com mais liberdade, se retractaría desta afirmação.

(Csillagosok, katonák, 1967)
Esta co-produção soviético-húngara se envereda dentro da celebração do 50º aniversário da Revolução Russa. Durante a guerra civil subsiguiente, um grupo de bolcheviques e voluntários húngaros são capturados pelas tropas zaristas. Entre os feridos, ingressados em um hospital, se fragua a resistência, enquanto espera-se a chegada de reforços.
O filme apresenta uma visão absurda e pouco heroica da guerra. Consequentemente, as autoridades soviéticas modificaram-na para tratar de resoltar os aspectos mais épicos, e finalmente optaram por proibí-la. Recebeu a aclamación da crítica ocidental.

Fenyes Szelek, 1969
Um grupo de estudantes comunistas tomada um monasterio com o fim de convencer aos seminaristas da validade do marxismo. Cedo surgem divergências dentro do próprio grupo, e os mais moderados são superados pelos partidários de uma linha dura contra os seminaristas que se negam a colaborar. O filme está protagonizado por Lajos Balázsovits e Andrea Drahota.
Estava previsto que o filme fosse estreado no Festival de Cannes 1968, que finalmente nunca teve lugar pela solidariedade de alguns de seus directores com o movimento estudiantil parisino. 
- Salmo Vermelho(Még kér a nép, 1971) valeu-lhe o prêmio à melhor direcção no Festival de Cannes. 
- Elektreia (Szerelmem, Elektra, 1974), rodada em tão só 12 planos. 
- Vícios privados, virtudes públicas (Vizi privati, pubbliche virtù, 1975), o mais relevante dos filmes de seu período italiano. Está inspirada no "incidente Mayerling", o suicídio ou assassinato do herdeiro austrohúngaro Rodolfo da Áustria e seu amante a baronesa María Vetsera o 30 de janeiro de 1889. 
- Rapsodia húngara (Magyar Rapszódia, 1978), primeira parte de sua trilogía inconclusa Vitam et sanguinem 
- Allegro bárbaro (1978), segunda parte de sua trilogía inconclusa Vitam et sanguinem 
- O coração do tirano (A zsarnok szíve, avagy Boccaccio Magyarországon, 1981), situada em um castelo húngaro durante o século XV. O filme, no entanto, trata de jogar inovadoramente com o espectador, rompendo o esquema narrativo, e contradizendo-se em diversos momentos. 
- Estação de monstros (Szörnyek évadja , 1986), seu primeiro filme ambientado no Budapeste contemporânea. Persistem alguns de seus velhos iconos ( mulheres nuas).
Seus filmes desta época receberam com freqüência duras críticas, chegando a considerar-se "auto-parodias". No entanto, recentemente tem começado a valorizar-se mais este período do diretor. 

1990 e 2000
- Deus caminha para atrás (Isten hátrafelé megy, 1990) 
- Vals do Danubio Azul (Kék Duna keringő, 1991) 
Depois destes dois filmes, herdeiras de sua estética da década anterior, Jancsó renunciou durante alguns anos a dirigir novos largometrajes. 
- Nekem lámpást adott kezembe as Úr Pesten, 1999. Ajudado por um novo diretor de fotografia, Ferenc Grundwalsky -quem também dirige seus próprios filmes-, Jancsó conseguiu renovar seu estilo à hora de narrar a história de duas enterradores, Pepe e Kapa, na cambiante Budapeste pós-comunista. O filme conseguiu um surpreendente sucesso em sua carreira, especialmente entre os jovens húngaros, que se identificavam com os protagonistas. 
O sucesso deste filme conduziu a uma série de filmes protagonizadas por Pepe e Kapa (seis até a data, a última delas em 2006). Conquanto estão ambientadas em época contemporânea, Jancsó sempre encontra formas de mostrar seu amor pela História, revisitando temas como o Holocausto ou à brutal invasão otomana de 1526, em uma tentativa por criticar o descuido dos húngaros à hora de abordar seu passado. Estes filmes são muito aclamados entre os jovens cinéfilos húngaros devido a sua inovação, o humor negro de que fazem gala e o aparecimento de grupos alternativos ou underground. 
Jancsó também deve parte de sua reputação a seu aparecimento como ator, tanto em filmes próprios como de jovens talentos húngaros. 

POLÍTICA:
Durante a época comunista, Jancsó foi acusado em numerosas ocasiões de "formalista", "nacionalista" e "inimigo da ideologia socialista". 
Com a queda do comunismo, Jancsó destacou por seu apoio à Aliança dos Democratas Livres (SzDSz), um partido liberal membro da coalizão dirigente desde 2002. No entanto, seus pontos de vista sobre a identidade e a história húngaras e seu apoio à legalización do cannabis valeram-lhe uma controvertida reputação. 
Fonte:wikilingue 

SILÊNCIO E GRITO:
Tanto Vermelhos e Brancos / Csillagosok, Katonák (1967) quanto Silêncio e Grito (Csillagosok, katonák) foram filmados (1967) e se passam (1919) nos mesmos anos. Silêncio e Grito retorna a puszta- a grande planície Húngara que se estende ao infinito – a qual Miklós Jancsó filmou de forma indelével no filme Os Sem Esperança / Szegénylegények (1966). Embora não tenha a mesma estrutura que seus dois predecessores (só há uma locação primária e somente um punhado de personagens), Jancsó prossegue com sua fascinação pela paisagem, prolongando as tomadas a novos extremos. 
Ao contrário dos prólogos falados ou escritos de Os Sem Esperança e de Vermelhos e Brancos a única cena aqui consiste na montagem de fotografias acompanhadas de melodia tocada em piano, em uma tentativa (sarcasticamente?) de imitar o som triunfal das fanfarras. O homem exibido na maioria das fotografias é o Almirante Miklós Horthy, que tinha acabado de triunfar sobre as forças pro - bolcheviques lideradas por Béla Kun, iniciando um regime fascista que iria persistir por mais duas décadas. 
A cena de abertura, filmada nas dunas, mostra Kémeri – representado por Zoltán Latinovits, o ator principal de Cantata / Oldás és Kötés (1963)- descartanto um partidário de Kun de um jeito semelhante as execuções inesperadas presentes nos dois filmes anteriores de Jancsó, embora neste caso Kémeri tivesse ao menos a decência de cavar uma cova. Ele também teve a decência castigar Kanyasi, um dos seus subalternos, por passar dos limites no seu comportamento com as mulheres civis, algo que não aconteceria no muito mais imparcial Vermelhos e Brancos. 
De forma significativa, Kémeri deliberadamente faz vista grossa sobre outro protagonista homem do filme, o soldado Vermelho fugitivo István (András Kozak, outro rosto familiar do cinema de Jancsó) - Kémeri até mesmo impede que seja feita uma busca em um monte de feno presente em uma carroça, como se soubesse que isto denunciaria István. A razão para isto nunca foi explicada, mesmo que haja pistas de que os dois já haviam se conhecido antes, quando Kémeri oferece casualmente um drink. Por outro lado, pode ser porque Kémeri tenha uma necessidade psicológica de se afirmar frente ao jovem, um homem mais atraente - em uma conversa posterior com István, ele enfatiza o quão dependente ele é de sua benevolência, e que ele pode levar um tiro a qualquer hora. Ele também tem um prazer peverso em aplicar regularmente humilhações na fazenda de Károly (Jószef Madaras) sem razão aparente, frequentemente com ajuda de seus subalternos. 
A maior parte do filme se passa na fazenda de Károly, na puszta - que não é distinta de uma das cenas finais de Cantata. A esposa de Károly, Teréz é representada por Mari Törocsik, ícone do filme O Carrossel Da Vida E Do Amor / Körhinta (1956) do Zoltán Fábri e do filme Amor / Szerelem (1971)de Károly Makk. Seu calmo comportamento oculta um segredo: enquanto que abertamente compartilha os favores de István entre ela e sua cunhada (Andrea Drahota), ela lentamente vai envenenando Károly e a mãe dele. Quando István descobre, ele é posto em um dilema moral, já que seria impossível denunciá-los a polícia sem revelar sua identidade e local. 
Mas qualquer impressão transitória de que este filme é um melodrama de amor convencional é completamente arruinada pela abordagem de Jancsó. As tomadas são longas como nunca (há aparentemente menos que quarenta tomadas no filme inteiro), a câmera incessantemente circula em torno de seus personagens, constantemente enquadrando eles contra a paisagem com suas arvores esparsadas e palheiros cobrindo as construções brancas. O diálogo é puramente fictício, gestos somente ocasionalmente são mostrados - visto que estes frequentemente são executados distantes do observador, e não é sempre fácil interpretá-los no primeiro relance. 
Silêncio e Grito é, junto a seus predecessores imediatos, parte de um quadro de exploração das hierarquias de poder, seja nacionalmente e amplamente (Horthy), localmente e de maneira circunstancial (Kémeri) ou domestica e subversivamente (Teréz). Estas hierarquias são silenciosamente conhecidas mesmo por suas vítimas: Károly parece indiferente a seu destino, Teréz e Anna respeitam as ameaças István, e István aceita que com somente uma bala em sua arma e com muitas testemunhas armadas, atirar em Kémeri irá fornecer somente uma satisfação transitória.