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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

CRASH - ESTRANHOS PRAZERES - 1996

Crash, 1996
Legendado, David Cronenberg 

Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: inglês
Duração: 90 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Zippyshare (4 partes)

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SINOPSE
Após se envolver em um acidente de carro com uma médica, publicitário começa a se relacionar com um grupo estranho de pessoas, que têm como fetiche a reprodução de acidentes de carro e a relação dos mesmos com o sexo. Aos poucos, ele e a mulher começam a ser introduzidos gradativamente em um mundo de estranhos prazeres carnais, sempre ligados ao sexo e aos carros.

Fonte: cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB

ANÁLISE
O mais aterrador dos filmes de Cronenberg é que você não pode desviar o olhar. Afinal de contas, você também é escravo dos seus desejos. Vivendo no mundo de agora, você também é escravo de uma máquina – na verdade, várias. Todos nós somos, na verdade, bombas-relógio prestes para detonar. Essa é a tônica de Cronenberg desde o seu primeiro filme lá no fim da década de sesseta até os dias atuais: os sete pecados capitais não são nada mais que manifestações do desejo humano.  Nós somos carne aprisionada dentro da máquina. Ele repetiu isso em Videodrome, A Mosca, Mórbida Semelhança e Mistérios e Paixões – e repete, novamente, em Crash – Estranhos Prazeres.
David Cronenberg
Talvez em seu filme mais vanguardista – não na acepção de “filme cabeça”, no real sentido da palavra, de pegar alguma coisa e tentar levá-la a um passo adiante – Cronenberg faz um filme sem início, meio ou fim. Sem julgamento de qualquer espécie. Um emaranhado de cenas sobre pessoas com um fetiche relacionado a carros, seja transar dentro deles, fazer rachas brutais, colidir e ter um orgasmo no meio das ferragens; bolinar as feridas, lamber as fraturas expostas e ter um orgasmo à simples visão de ossos com partes metálicas. O que foi recebido por grande parte do público como pouco mais que um filme “bizarro” e “estranho”.
Mas o que acontece é que o diretor ensaia tudo isso da forma mais natural do mundo. Por um simples motivo; por tudo isso ser, meramente, um desejo humano. Muitas das escolhas sexuais, hoje em dia, já foram consideradas parafilias. Muitos dos costumes sexuais dos mais bizarros, nós já ouvimos falar de sua repetição infinitas vezes ao longo da história da humanidade. Ou seja, a libido apenas existe; a perversão está nas nossas cabeças. Não cabe a Cronenberg tratar isso ou aquilo como estranho; a missão que o mesmo escolheu como diretor foi a de pegar cada um desses comportamentos extremos e de risco e abordar eles no único plano possível – o humano.  Demonizar isto ou aquilo daria origem a nada mais que um filme gratuito e barato.

E se essa forma maniqueísta de tratar sobre a natureza humana já era preterida desde suas primeiras e obscuras obras, em Crash, David alcança o auge do seu radicalismo estético. É aqui que ele alcança um de seus maiores tratados sobre coisas que não devem ser comentadas, mas ele comenta com a maior frieza e naturalidade do mundo. É esse o horror de Cronenberg; o horror profundamente humano, longe de fatos sobrenaturais ou improváveis – o horror que vem do próprio indivíduo. Em nome de suas pulsões de vida, sexo e morte, ele fará qualquer coisa, desde se deixar domar e subjugar por estado, lei, trabalho e mercado, até liberar suas neuroses em uma sucessão de taras cada vez mais psicóticas que, mais uma vez, não passam de manifestações.
É redundante afirmar isso, assim como este pesadelo erótico de Cronenberg é uma repetição interminável da mesma cena, com variações de parceiros, uma coleção de modelos do ano e um verdadeiro catálogo de como destroçar um corpo humano e revelar o seu interior – figurativamente e literalmente. A posição que o diretor nos coloca é terrível – como máquinas limitadas capazes de responder apenas a determinados contextos, pintando um retrato um tanto pessimista do ser humano: limitado em suas próprias potencialidades, agindo feito máquina, e só podendo encontrar o fator humano, novamente, em seu lado bestial. Que o une, o conecta e o faz dialogar com outras pessoas.

Essa busca obsessiva de Cronenberg pelo humano no bizarro o leva a filmes cada vez mais anacrônicos e recortados do panorama geral do que é produzido no cinema – e é um mergulho e um complemento sem precedentes nos estudos sobre o inconsciente humano. Seus protagonistas, indivíduos atormentados – são nada mais, nada menos que representações – não apenas do próprio diretor, mas de qualquer um que respire. Com isso, o diretor questiona e combate cada doença e neurose dos grandes centros urbanos com tais comportamentos estigmatizados. Seus filmes se propõem como “a doença da doença”, dispostos a varrer a lógica de nossos dias para debaixo do tapete, instaurar o caos, aceitar o ser humano tal como ele é, e só então, livre da cadeia de associações, discutí-lo mais uma vez.
E é isso que é tão aterrador; por mais que queiramos desviar o olhar, nos também somos incitados a discutir sobre o que não queremos, sobre o que nos incomoda, angustia e perturba. E Cronenberg tem mais uma vez sucesso de fazer de cada filme seu uma arma contra o pré-estabelecido, um estopim para pensar tudo de novo. Cinema à flor da pele, na boca do estômago, arranhando as entranhas.

Análise retirada do site cinecafe


VALSA COM BASHIR - 2008

Waltz with Bashir, 2008
Dublado, Ari Folman

Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: português
Duração: 90 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mediafire (4 partes)

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Parte 1

SINOPSE
O cinema contemporâneo do século XXI tem como uma de suas principais características o hibridismo. A mistura de gêneros era algo incomum até mais ou menos a década de 1960, quando o mundo sofreu mudanças radicais e o cinema, idem (nouvelle vague e geração New Hollywood). De lá para cá, pudemos assistir a comédias de suspense, musicais de guerra e todo tipo de fusão fílmica que um dia pareceu difícil de realizar. Há alguns gêneros, contudo, cuja união em um mesmo produto soa absolutamente incompatível. É o caso da animação e do documentário, que possuem duas naturezas opostas por trabalharem com diferentes tipos de percepção da realidade. Pois o maior mérito de “Valsa com Bashir” (Vals Im Bashir, Israel/Alemanha/França, 2008) é operar esse hibridismo impossível de maneira não apenas criativa e original, mas com forte ressonância emocional.
Ari Folman
O segundo longa-metragem do diretor israelense Ari Folman foi lançado durante o Festival de Cannes de 2008, sob olhares estupefatos de grande parte da crítica internacional. Ninguém esperava um trabalho tão refrescante e contundente, tão ousado e ao mesmo tempo discreto em sua condenação absoluta da violência institucionalizada. Os elogios foram praticamente unânimes. Daí para frente, o filme percorreu uma bela carreira em festivais ao redor do mundo, culminando com a vitória na categoria de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro de 2009 (onde bateu concorrentes fortíssimos, como o italiano “Gomorra”), justamente durante um período de violência bélica – o bombardeio de Israel à faixa de Gaza, com quase mil palestinos mortos – que fez a mensagem pacifista da película ressoar de maneira ainda mais forte e simbólica. Isso sem falar da coragem do diretor em comparar, dentro do próprio filme, as ações bélicas de Israel, seu próprio país, com o genocídio nazista.
Não há dúvida de que o elemento mais importante do trabalho de Ari Folman é a fusão do documentário com a animação. Historicamente, esta mescla parecia impossível. Afinal, são dois gêneros que operam com realidades distintas e não-intercambiáveis. A animação trabalha com o irreal, com o fantástico; filmes que optam por esta linguagem o fazem, normalmente, porque a narrativa exige um tratamento estilizado, propositalmente afastado da realidade. Já o documentário faz o caminho oposto; trabalha com material de carne e osso, tenta reconstruir dentro do espaço fílmico a realidade nua e crua, da maneira mais fiel possível. Se a animação busca o não-real e o documentário vai atrás do real, como alcançar um meio termo? “Valsa com Bashir” prova que no campo estético, com ousadia e inventividade, tudo é possível.
O longa-metragem é uma corajosa viagem pessoal do cineasta por dentro de traumas íntimos que sua mente humana preferiu apagar, numa atitude perfeitamente explicável pela Psicanálise. Folman, que serviu ao Exército de Israel e participou como soldado da invasão do país ao Líbano, em 1982, percebeu que não lembrava nada do período da guerra, com uma única exceção – a imagem de militares israelenses tomando banho de mar, nus, à noite, enquanto foguetes sinalizadores caíam sobre uma cidade parcialmente destruída. Será que aquela imagem teria acontecido de verdade? Ou era um sonho, uma alucinação? Por que ele não conseguia lembrar mais nada – nem um momento sequer – daquela guerra? Para responder a essas perguntas, Folman decidiu entrevistar ex-militares de Israel que participaram do conflito e confrontar as diversas versões do acontecimento.
O fato de trabalhar essencialmente com memórias pessoais foi uma das razões práticas fundamentais para a escolha do formato “documentário de animação”. O cineasta percebeu rapidamente que seu trabalho ficaria visualmente pobre, burocrático mesmo, se recorresse ao normal nesses casos – imagens de arquivo feitas por redes de TV ou reconstituições encenadas dos acontecimentos. Assim, inspirado pelas imagens melancólicas e levemente surreais da ficção “O Homem Duplo” (2006), Folman decidiu ousar e transformar seu filme numa animação em 2D, com artistas recriando tanto os depoimentos quanto as imagens saídas das memórias dos entrevistados.
O resultado é devastador. Graças à utilização desse recurso narrativo original, Folman pôde transformar em imagens relatos de enorme força poética, como o sonho recorrente que um amigo tem todas as noites com 26 cachorros (a impactante seqüência de abertura) e a fuga insólita, pelo mar, de um soldado israelense cuja patrulha foi atacada por libaneses em uma noite de luar. Isso sem falar da surreal seqüência que dá título ao filme, em que o ex-comandante de uma operação israelense no Líbano surta após vários dias de tensão e agonia e sai executando uma louca dança da morte, munido de apenas uma metralhadora, durante um tiroteio. Durante todo o filme, apenas a seqüência final deixa de lado a animação para nos apresentar, em uma curta série de imagens de violência brutal, as razões pelas quais a mente do cineasta preferiu apagar as lembranças da guerra.
O estilo de animação utilizado, em duas dimensões, opta por traços simples e largos, desprezando detalhes. O efeito de três dimensões é dado à moda antiga, destacando com o foco os personagens em primeiro plano do cenário ao fundo. Junto com a paleta de cores escolhida (repleta de laranjas, azuis e tonalidades básicas, levemente irreais), dá ao filme uma adequada qualidade impressionista, que valoriza de forma definitiva o tema subjacente aos relatos. Afinal de contas, mais até do que um documento anti-belicista, “Valsa com Bashir” é um filme sobre o caráter fugidio da memória humana, sempre pronta para distorcer lembranças e preencher lacunas com falsas verdades, por puro instinto de auto-proteção. Um filme tão raro quanto belo.
Análise retirada do site cinereporter
The Internet Movie Database: IMDB

O que foi o massacre de Sabra e Shatila: 
Dia 14 de Setembro de 1982, o então Presidente do Líbano Bashir Gemayel foi assassinado. A guerra civil que tinha começado em 75 e dividido o país entre Muçulmanos e Cristãos, Sunitas e Xiitas, Palestinos e Libaneses, continuava.
Ao meio dia do dia seguinte, forças Israelitas, que ocupavam então Beirute, rodearam os campos Palestinianos de Sabra e Shatila fechando todas as saídas.
Mas o pior estava para vir. As 6 da tarde do dia 16 de Setembro, 150 membros das milícias Falangistas, transportados e protegidos pelas forças militares de Israel entraram no campo. O som de tiros, então já habitual numa Beirute destruída pela guerra, intensificou-se. De dentro do campo ouviam-se ordens e berros de intimidação e de terror.
A medida que a noite descia, o exército Israelita começou a disparar artifícios de iluminação. O céu brilhou com fogo e com sangue.
Durante as 48 horas seguintes as milícias Falangistas perpetraram um massacre sobre a população Palestiniana sob o pretexto encontrar e prender terroristas, com o conhecimento do exército de Israel e do então Ministro da Defesa Israelita Ariel Sharon.
Estimam-se que cerca de 2000 a 3500 Palestinianos tenham morrido em Sabra e Shatila.

Sabra e Shatila continuam a ser duas zonas extremamente pobres, contrastando com a baixa parisiense e amante da dolce vita de Beirute.

Shatila ainda e um dos maiores campos de refugiados do Líbano e um dos mais deteriorados. O apoio ao Hamas tem aumentado alimentado pela degradamento da situação dos Palestinianos a viver no Líbano. O sonho de uma terra própria mantém-se vivo.

 Texto retirado do site Jn

Para maiores informações sobre o massacre de Sabra e Shatila visite o site countercurrents



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

GIMME SHELTER - 1970

Gimme Shelter, 1970
Legendado, Albert Maysles, David Maysles e Charlotte Zwerin
Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 91 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mega (Parte única)

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SINOPSE
“Gimme Shelter” é considerado o anti-Woodstock, o fim da era Flower Power. Para quem não sabe, este documentário mostra o show de graça dos Rolling Stones em Altamont Speedway, no norte da Califórnia. Trezentas mil pessoas compareceram. O palco era baixo e absolutamente colado na platéia. A única barreira entre a banda e o público era a segurança contratada: um grupo de Hell’s Angels, bêbados e armados com facas e tacos de sinuca. Pelo menos uma morte foi registrada: Meredith Hunter, 18 anos, provavelmente um aspirante a Pantera Negra. Ele saca uma arma bem às vistas dos Hell’s Angels, a poucos metros de distância do palco. Na confusão, um dos Angels mata o garoto a facadas.
O filme começa como um documentário de rock normal. Para quem não é muito fã dos Stones, como eu, é até chato no início, pois a câmera registra as músicas do início ao fim, sem cortes. Nos intervalos entre uma canção e outra,flash forward para o dia seguinte, quando a banda se encontra na sala de edição dos diretores desse filme. Charlie Watts está particularmente abalado, especialmente quando um dos Hell’s Angels está ao telefone dizendo que não se arrepende do que aconteceu. Ele declara que, além de o cara ter puxado uma pistola, quem mexe com a moto de um Angel, tem que estar preparado para enfrentar as conseqüências. Watts, após alguns minutos em silêncio, com a voz embargada por um choro preso na garganta, só consegue dizer “what a shame...” É a cena mais tocante do filme. Talvez tivesse sido mais impactante se transportada para o final, depois de mostrada a cena fatídica. Mick Jagger está pálido, com o olhar ao longe. Não consegue dizer nada. Provavelmente, ele não entende como conseguiu continuar tocando apesar de toda a pancadaria e morte.

O documentário segue com a apresentação de umas três ou quatro músicas dos Stones, um trecho fantástico de Tina Turner cantando maravilhosamente, fazendo sexo com o microfone, intercalados com cenas dos empresários e advogados planejando o concerto em cima da hora em razão da repentina necessidade de mudança do local. A partir daí, o filme muda de direção e passa focar no público chegando em Altamont, durante o dia. Essa é certamente a parte mais interessante da película. As milhares de pessoas presentes estão literalmente doidaças. Parece que filmaram a vida em outro planeta. Estamos em 1969, o auge do movimento hippie. Ácido, maconha, heroína, pílulas de todo tipo são comumente utilizadas por todos. Inclusive, uma cena curtinha mostra um cara anunciando LSD aos quatro ventos. Nunca tinha visto tanta gente reunida com o mesmo objetivo: get high, listen to music and have fun. Literalmente, TODOS tinham esse objetivo. Salvo engano, não sei de outra época na História na qual uma grande porção da humanidade se comportou de maneira tão hedonista. Era uma maneira ingênua de lutar contra a guerra do Vietnã: ao invés do dever e do auto-sacrifício pela pátria, a busca pela paz confundia-se com a busca do prazer acima de tudo.
Infelizmente, ao mesmo tempo em que os hippies eram atraentes para os que se identificavam e queriam fazer parte do movimento, a sua postura provocava uma injustificada agressividade naqueles que não curtiam os ideais do grupo, com especial destaque para os temíveis Hell’s Angels. Estes passam a maior parte do dia metendo a porrada na galera. Sinceramente não percebi ninguém do público querendo invadir o palco para causar problemas. Era visível que todo mundo só queria se divertir. Claro, os mais pirados (peladões e fritando de ácido) eram um pouco mais inconvenientes, mas não representavam ameaça alguma à segurança das bandas. O próprio vocalista do Jefferson Airplane, Martin Balin, levou pancada porque tentou proteger um casal da violência de um dos Angels.

A idéia por trás da contratação dos Hell’s Angels para fazer a segurança do show tinha inicialmente a finalidade de dispensar a polícia desse serviço, ou seja, realizar um concerto, uma grande festa na verdade, sem a figura da autoridade. A ambição dos Rolling Stones era recriar o mesmo clima de Woodstock, ocorrido seis meses antes. E, de fato, a câmera não pega um policial sequer. A força do Estado estava ausente. Teoricamente, é uma noção fantástica, perfeitamente adequada aos ideais pacifistas da contracultura. Inclusive, foi aplicada com sucesso na Inglaterra – os Stones usaram os Hell’s Angels ingleses como segurança em um show de graça em Londres e não houve maiores problemas. No entanto, na Califórnia, foi descoberto que os Angels contratados, em especial os protagonistas dos atos de violência contra o público, eram neófitos no grupo; nenhum dos líderes estava presente. Pergunto-me se teria feito alguma diferença. O que importa é que o tiro saiu pela culatra com força. Mick Jagger teve que interromper o show diversas vezes para pedir calma aos exaltados. Logo ele, o grande anarquista, bagunceiro, sempre em busca de satisfaction. Os Hell’s Angels não davam a mínima. Eu mesmo preferiria ter levado gás lacrimogêneo, cassetete e bala de borracha na cabeça a ser assassinado a facadas por um motoqueiro filho da puta.
1969 e 70 definem bem a frase “o sonho acabou”. Além da tragédia em Altamont, esse biênio terrível viu o fim dos Beatles; a morte de Janis Joplin, Jimi Hendrix e Brian Jones (membro fundador dos Stones); Nixon toma posse como presidente; a família Manson assassina Sharon Tate, mulher de Polanski; a Guerra do Vietnã ainda está a todo vapor, etc. Em suma, o hedonismo hiperbólico, lisérgico e inconseqüente dos hippies estava em sua fase terminal.

Voltando ao filme, trata-se de um documentário cujo formato incomum me deixou fascinado. Ao contrário dos documentários de hoje em dia, os quais são fortemente baseados em entrevistas e depoimentos, “Gimme Shelter” não apresenta nenhuma entrevista planejada para o filme. Há somente uma cena, curta, que mostra Mick Jagger dando uma entrevista coletiva, na qual apenas divulga o show em Altamont. As cenas de bastidores não revelam muita coisa, talvez pela própria reserva dos Stones em razão da câmera presente. Os diálogos são parcos. Não há grandes discussões a respeito do comportamento brutal dos Angels e da morte de Meredith Hunter. Há simplesmente o registro imparcial dos acontecimentos. Os diretores operavam a câmera, pronto. Faziam cinéma vérité exatamente como um verdadeiro reality show deveria ser, sem planos, sem pauta, apenas bem editado. É por isso que o filme fica tão interessante quando o foco está no público. Por conta da quantidade generosa de tempo dedicado a eles, é possível se transportar para além da tela e se imaginar lá, no meio da galera fumando um, tomando ácido e praticando amor livre. Claro, bem longe do palco e da segurança.

Notas finais: 1) George Lucas operou uma das câmeras durante as filmagens, mas, infelizmente, esta quebrou logo no início dos trabalhos. A edição final de “Gimme Shelter” não contém nada do pouco que Lucas filmou. 2) Meredith Hunter não foi esfaqueado enquanto Jagger cantava “Sympathy for the Devil”. A morte aconteceu logo no início da próxima, “Under my Thumb”. Mesmo assim, por conta de sua subseqüente aura negativa de azar, os Rolling Stones ficaram seis anos sem tocar “Sympathy”.

Análise retirada do site baixeiumfilme
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.9

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