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domingo, 27 de janeiro de 2013

VULCÃO - 2011

Eldfjall, 2011
Rúnar Rúnarsson
Formato: AVI
Aúdio: Islandês
Legenda: Português
Duração: 98 minutos
Tamanho: 700 Mb
Servidor: Zippyshare

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Parte 4

SINOPSE
A história de amadurecimento de um homem de 67 anos de idade. Quando Hannes se aposenta de seu emprego como zelador, começa o vazio que é o resto de sua vida. Ele está afastado de sua família, quase não tem amigos e o relacionamento com sua esposa está desgastado. Por meio de eventos drásticos, Hannes percebe que ele tem que ajustar sua vida a fim de ajudar alguém que ama.
Fonte: 35.mostra.org


SOBRE O FILME


por Michel Simões (Toca do Cinéfilo)

Com a erupção do vulcão Eldfjall parte da população se viu obrigada a mudar-se para a capital Reykjavik, alguns nunca mais voltaram e ali construiram suas vidas. A abertura desse texto é para comprovar que pouco de relevante essa informação terá ao desenrolar da trama, com ou sem vulcão esse drama familiar transcorreria normalmente. Aliás, o filme escrito e dirigido por Rúnar Rúnarsson vive do convencional, de uma história contada milhões e milhões de vezes, a de uma pessoa tocada a mudar de comportamento após um acidente, uma doença, uma mudança brusca na vida. Do sujeito mais mal-humorado do planeta (Theódór Júlíusson) passa a um doce de pessoa quando a tragédia assola sua família.

É história para fazer o público chorar, o tom piegas é praticamente impossível de evitar, a diferença sempre está no peso da direção e no quanto sensacionalista se coloca um filme. E no caso, Rúnarsson vem com uma condução áustera, precisa, guardando momentos de realmente arrasar com o público (como na cena do choro no banheiro), um filme de pequenos momentos singelos, de silencio e atenção, de profundo amor e dedicação, de nos fazer sentir o pesar de cada um dos membros daquela família adiando um fim anunciado.







quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A CARA QUE MERECES - 2004

A Cara que Mereces, 2004
Miguel Gomes
Formato: AVI
Aúdio: Português (Portugal)
Legenda: Português
Duração: 103 minutos
Tamanho: 970 Mb
Servidor: Zippyshare

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SINOPSE
Francisco, comporta-te! Bem sei que hoje fazes 30 anos, que é carnaval e que vestes de cowboy na festa do colégio, cercado por miúdos que detestas. Controla-te, rapaz! Não vês que assim já não te aturam? E depois, como é que é? Partes a cabeça, vais para o hospital, ficas com sarampo e já não tens ninguém para tratar de ti... Como à Branca de Neve, davam-te jeito sete anões... Francisco, repete comigo: "Até aos trinta anos tens a cara que Deus te deu, depois tens a cara que mereces"
Fonte: Ípsilon


ANÁLISE

por  Luís Miguel Oliveira

Não é muito seguro que aquilo que mais se repete acerca de "A Cara que Mereces", inclusive pelo realizador, seja o que há de mais significativo nele. Uma crise existencial de um homem que faz trinta anos: parece uma sinopse de um drama psicológico, tudo o que o filme não é (nem "drama" nem "psicológico").

Vejamos isso como um "gag", porta de entrada, "gancho", de uso só justificável perante a dificuldade em lidar (ou em definir com rigor) com o que acontece em "A Cara que Mereces", filme que se instala num desnível entre a "efabulação" e o "efabulado". Não é metafórico, não é literal: está algures entre os dois, numa terra de ninguém que o filme procura, encontra, e alimenta até ao fim (até, de facto, não sobrar ninguém na terra). 

Essa terra é, claro, uma "cosa mentale", narrativamente falando o produto do delírio febril de um protagonista que um feroz ataque de sarampo (entre outras vicissitudes) deixou em estado semi-comatoso. Mas é também uma "cosa cinematografica": um filme projectado na cabeça dum espectador adormecido. É curioso, mas o filme português que "A Cara que Mereces" mais faz lembrar é a "Branca de Neve" de João César Monteiro: um filme que suspende todos os vínculos "automáticos" ao real, que conduz o espectador (com suavidade, aliás) para um modelo de realidade e para um registo de representação (para um "mundo") com regras criadas (e definidas com precisão) pelo próprio filme. O espectador, como diria Straub, é "livre" de aceitar ou não, mas uma vez lá dentro não tem retorno: o "mundo" desbobina-se em fluidez e fidelidade às suas premissas, e nunca volta para trás. Se isto é um filme sobre um homem que vê "filmes", é relativamente natural que aja segundo uma mecânica de "protótipo" da relação entre um espectador (qualquer um) e um filme (qualquer um). 

Dissemos que o filme conduz o espectador com suavidade. Expliquemos, porque essa sequência, a da "transição", é o momento decisivo do filme. E é, seguramente, o momento decisivo na definição da relação que o espectador vai manter com ele: aí se decide se vai com ele ou se bate os pés e dá meia volta. O filme começa, em ambiente carnavalesco justificado pela narrativa (uma festa numa escola), com miúdos e graúdos disfarçados das mais diversas coisas. A atmosfera ainda é, no entanto, "real". Começa-se a desenvolver uma tragicomédia da regressão, com uma personagem (a de José Airosa) enfastiada, mal disposto com a perspectiva de fazer 30 anos, com problemas de relacionamento com os outros, de amuo fácil e capaz de ter sentimentos mesmo com as crianças que andam por ali à volta. Como uma fantasia musical à la Demy, de vez em quando entra música e as personagens cantam, em diálogo ou em monólogo. Há "gags", é fácil rir. 

Depois a coisa sobrecarrega-se, o protagonista fica cada vez mais doente, mais zangado. Refugia-se numa casa de campo, longe da cidade, e adormece, cheio de febre. É a partir desse momento que o espectador fica com a cara que merece, o que vem a seguir equivale ao "trigésimo aniversário" de quem está a ver o filme (isto é uma piada). A música começa a soar como se se preparasse uma sessão de hipnotismo, como um gongo em cadência certa. Alguma coisa se passa, entre um adormecimento e um despertar - o protagonista transformou-se em Bela Adormecida, e sete personagens (como na Branca de Neve, justamente), sete criaturas tão palpáveis como as criaturas oníricas, tomam conta do espaço. Doravante o filme será deles, sempre em nome do adormecido. Têm características distintivas, como personagens de conto infantil, e estão submetidos a regras, incessantemente enunciadas - é o bastante para fazer um "mundo". A sequência da transição leva tempo, permite que o espectador "transite" sem brusquidão (mais cruel, Hitchcock matou a protagonista de "Psico" duma penada, durante um duche). Por outro lado, um despertar pode ser demorado, e ainda mais se se trata da habituação a um mundo redesenhado por uma nova luz: chamem-lhe exagero ou disparate, mas esta sequência tem o ritmo e a duração da longa cena de pugilato entre os protagonistas do "They Live" de John Carpenter, onde se tratava de convencer alguém a pôr uns óculos e a olhar para as coisas de uma maneira diferente.

Apesar das premissas "fabulosas", e apesar da associação das personagens a um comportamento infantil, nada faz rir: é uma história de adultos, com traições, lealdades, desencantos, viagem duma harmonia comunitária e familiar à solidão magoada da maturidade. "Adeus, amigos", já não nos divertimos aqui. Não há nada de regressivo nisto, nem nas conclusões. 

Mas em toda esta segunda parte - é o que tem de mais notável - pontifica um permanente desejo, como um desejo de cinema e de histórias. "Histórias...", desabafa uma personagem, antes de um dos mais bonitos planos do filme (um lago e barquinhos de papel coloridos). Estamos na terra do cinema, onde a coisa mais sensual do filme pode ser a maneira como dois planos se colam um ao outro, onde uma palavra pode ter o poder de lançar uma história e - contra todas as expectativas - encontrar as imagens correspondentes (a uma história de piratas, por exemplo). Entre a metáfora e a literalidade, "A Cara que Mereces" (é o seu único lado jubilatório) deixa-nos com a única palpabilidade possível: a do cinema, simultaneamente ilusão e palpabilidade. E um pouco de aventura, com os diabos.  

Texto retirado do site Ípsilon








domingo, 20 de janeiro de 2013

PRIMER - 2004

Primer, 2004
legendado, Shane Carruth

Formato: AVI
Aúdio: Inglês
Legenda: Português
Duração: 73 minutos
Tamanho: 716 Mb
Servidor: 1Fichier (Parte única)


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Parte única

SINOPSE
 Dois engenheiros criam, por acidente, um dispositivo que permite que um objeto ou pessoa possa viajar para trás no tempo. Os dois começam a testar o dispositivo para mudar situações de suas próprias vidas. Porém, por conta da ambição, criam problemas e situações que acabam por ameçar sua existência.
Fonte: Cineplayers


ANÁLISE

Ficção científica genial e intrincada de apenas US$ 7 mil deslancha carreira de diretor estreante.

por Rodrigo Carreiro

O ousado “Primer”, um dos filmes norte-americanos mais badalados em 2004, é uma prova definitiva de que o cinema pode ser barato e criativo. Por apenas US$ 7 mil e a ajuda de alguns amigos, o cineasta novato Shane Carruth inventou esse quebra-cabeças de ficção científica e surpreendeu o mundo. Sim, um filme feito por um matemático metido a roteirista, usando atores amadores e editado com o programa caseiro Adobe Première, podia ser bom o bastante para conquistar o Festival de Sundance, ganhar um contrato de distribuição internacional e conquistar um espaço nos corações e mentes de milhares de cinéfilos.

A trajetória de “Primer” é sedutora. O filme tomou três anos do tempo de Shane Carruth, um matemático desencantado com a profissão. Ele escreveu o roteiro, dirigiu, atuou, produziu, editou (em casa, num computador comum), sonorizou e compôs a trilha sonora. Usou a própria garagem como estúdio de filmagens. Carruth só pagou pelo aluguel da câmera e por alguns rolos de filme em 16mm. Para divulgar a obra, editou um trailer e montou um site. Depois, quando o filme foi aprovado na seleção para Sundance, pegou emprestada uma grana com um amigo e fez uma cópia em 35mm, formato-padrão de exibição nos cinemas. Foi o suficiente para provocar uma onda de elogios em torno do longa-metragem que o catapultou para uma carreira alternativa bem-sucedida. “Primer” já virou um filme cult.

O melhor é que todo o falatório se justifica. Sem usar os cacoetes e clichês tradicionais de Hollywood, Shane Carruth foi capaz de montar um thriller original, de enredo complicadíssimo, apesar de girar em torno de apenas duas pessoas. É uma trama de ficção científica, embora não possua um único plano que contenha efeitos especiais. “Primer” tem sido comparado com freqüência a dois filmes, “Amnésia” (a platéia tem grande dificuldade para entender o enredo) e “Pi”. Na verdade, “Primer” não tem a mínima relação com o primeiro, mas possui a mesma atmosfera conspiratória do thriller de Darren Aronofski, compartilhando com ele, ainda, uma incursão pelo reino da matemática. Fãs de “Donnie Darko” (o clima esquizofrênico, as múltiplas interpretações do final) também devem amar este filme.

O cenário principal de “Primer” é uma garagem. No cômodo, quatro amigos engenheiros montaram uma empresa caseira. Todos têm empregos em grandes corporações, mas trabalham lá nos horários de folga e finais de semana. Os quatro amigos estão desenvolvendo uma máquina com peças e equipamentos caseiros: o gás fréon de uma geladeira, pedaços de um escapamento de automóvel. Chegam mesmo a derreter um conversor para utilizar o metal. Eles discutem longamente, mas não conseguem saber exatamente o que estão construindo.

Dois dos engenheiros percebem que a máquina é algo importante. Aaron (Shane Carruth) e Abe (David Sullivan) decidem continuar no projeto sozinhos, já que a idéia e a concepção da máquina é dos dois. Eles põem a máquina dentro de uma grande caixa de metal, como um pequeno container, a fazem algumas experiências com ela. Descobrem que a máquina pode gerar proteína a partir de um fungo. Mandam analisar o material em laboratório, e ficam sabendo que a quantidade de proteína gerada pelo equipamento, em cinco horas, levaria cinco anos para ser acumulada no meio ambiente. O que diabos isso significa?
É difícil explicar sem estragar as surpresas que o roteiro reserva ao espectador. Na verdade, um dos maiores méritos de “Primer” é que o filme não se baseia numa narrativa tradicional. Não há diálogos explicatórios, a não ser por uma intrigante narração em off (é Aaron, conforme reconhecemos a voz), que é aparentemente um recado deixado por telefone em alguma secretária eletrônica. Os diálogos são muitos, e extremamente velozes. Os personagens falam atropelando uns aos outros, interrompem frases, e utilizam um vocabulário típico de matemáticos e engenheiros, o que torna impossível compreender tudo o que eles estão discutindo. Com atenção, a platéia captura o quadro geral, mas não os detalhes específicos, o que deixa qualquer espectador curioso. É essa curiosidade que nos move até o fim do filme: o que fará aquela invenção?

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O PECADO DE HADEWIJCH - 2009

Hadewijch, 2009
Bruno Dumont
Formato: AVI
Aúdio: Francês
Legenda: Português
Duração: 101 minutos
Tamanho: 491 Mb
Servidor: Zippyshare

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SINOPSE
Céline (Julie Sokolowski), estudante de teologia, adota o nome de Hadewijch, místico do século XIII do Brabant, no norte da França. Chocada com a fé cega e estática da moça, a madre superiora (Brigitte Mayeux-Clerget) a envia para fora do convento, no intuito de que encontre sua vocação no mundo. Ela então volta a ser uma menina comum, filha de um ministro francês. Um dia conhece Yassine (Yassine Salime), africano do subúrbio, que a apresenta ao seu irmão Nassir (Karl Safaradis), muçulmano praticante e professor de religião. O amor de Céline por Deus, assim como sua raiva e seu desejo de entregar-se ao sacrifício, a lançam num caminho perigoso.
Fonte: Adorocinema


ANÁLISE

As formas do invisível.

por Juliano Gomes

A primeira seqüência de o Pecado de Hadewijch nos mostra a protagonista Celine sendo expulsa de um convento por não acatar as regras deste, por conta da sua irrestrita adoração a Deus. A fé de Celine não suporta doutrinas ou qualquer tipo de intermediários entre ela e o objeto de sua crença, daí a sua não adaptação à fé cristã. O cristianismo funda sua fé na imagem e exerce seu poder através da imagem de Jesus – é preciso adorar e venerar a imagem, esta presença visível do invisível. O problema aqui é justamente a não aceitação deste pacto e as conseqüências mais radicais disto. O filme estabelece um paralelo entre duas formas religiosas que protagonizaram e protagonizam o maior acontecimento político e imagético no nosso século: o cristianismo e o islamismo. Celine vai de um ao outro, na sua busca de uma forma de fé que possa ser mais direta, que lhe permita agir. A fé pela imagem, cristã, a qual ela não se adapta, se funda numa certa ausência, pois a imagem é isso: a presença de uma ausência. A ausência de imagem no exercício da fé no islã representa uma abertura para Celine da possibilidade da realização de um contato verdadeiro com Deus. 

Há na protagonista um desejo ardente que precisa ser sublimado de alguma maneira, essa sublimação não cabendo no regime católico, fundado na renúncia do desejo. O desespero desta menina é não poder dar vazão a esta atração, é que sua paixão se acumule nela mesma e não possa retornar ao mundo de alguma forma. Ela recebe a graça de Deus, mas ela precisa dar algo em troca, necessita responder. A personagem interpretada por Julie Sokolowski é talvez a primeira de Bruno Dumont que tem consciência plena de seus atos. Isso torna esse, talvez, O Pecado de Hadewijch o mais abertamente político de seus filmes – não só pela alegoria clara do estado das coisas atual na Europa, mas pela associação entre religião, imagem e responsabilidade individual. Celine deixa a imagem, a forma da fé católica, indireta, para mergulhar no mundo; para nele, através do contato direto, do toque, de seus atos materiais, poder experimentar Deus.

A jornada de Celine é a de perceber, principalmente através de Yassine, o personagem “terreno” na armação de Dumont, seu vínculo com o mundo, de observar que suas ações geram reações. A questão é aprender a olhar para as coisas e perceber a si mesma na sua relação intrínseca com elas. O maior exemplo disso talvez seja na bela cena na cozinha com Yassine, onde ela parece sentir a força quase incontrolável da atração entre dois corpos. Há neste breve momento o que ela tanto buscava, a possibilidade de reciprocidade, de resposta, de algo que acontece entre dois, e que tem conseqüências no mundo visível. Existe ali algo de invisível que é sentido e partilhado, assim como é a fé, que a une ao irmão de Yassine.

O laço entre os três personagens principais do filme é justamente esta possibilidade de partilha através de uma relação comum com o invisível (seja a fé, o desejo, a música), mas que passa pela experiência, imanente. O cinema, a imagem, é uma das possibilidades deste elo, que expressa esta tensão permanente entre o visível e o invisível. O que Celine faz é buscar estes invisíveis, estes personagens que vivem na margem, que muitas vezes não têm nome (como o homem que a “salva” de seu próprio suicídio), e perceber sua ligação com eles. Celine sai do convento em busca de união, em busca de estar perto do que gosta, de um amor que se consume. Ela não podia mais ficar isolada, ela precisava do mundo. A imagem não pode substituir o mundo. Assim, seu ato extremado, o atentado, é a consumação de algo planejado e consciente. O que frequentemente se chama terrorismo nas manchetes de jornal é aqui um ato profundamente racional: ela decide levar a cabo sua paixão, sob o risco de sucumbir e morrer. Terrorismo e suicídio, dois dos maiores tabus do Ocidente, são atos de tomada de responsabilidade aqui.

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domingo, 13 de janeiro de 2013

MARINA ABRAMOVIC: THE ARTIST IS PRESENT - 2012

Marina Abramovic: The Artist Is Present (2012)
Matthew Akers e Jeff Dupre

Formato: AVI
Aúdio: Inglês
Legenda: Português
Duração: 105 minutos
Tamanho: 700 Mb
Servidor: Zippyshare

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Parte 4

SINOPSE: Marina Abramovic é um dos nomes mais repeitados na arte da performance, testando os limites de sua resistência física e mental. Em 2010, o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) organizou uma grande retrospectiva da sua obra. A artista, não só relembrou obras passadas, como decidir realizar uma nova performance pela qual interagiu intensamente com o público durante três meses.
Fonte: AdoroCinema


ANÁLISE

por Lucas Salgado

São inúmeros os documentários sobre importantes nomes das artes. Existem filmes ruins, mas também são vários os que são bem sucedidos em contar a história por trás de um artista. No entanto, são raros os filmes como Marina Abramovic: Artista Presente. Não se trata de uma obra sobre Marina Abramovic, mas sim uma sobre a essência de Marina Abramovic e sua obra.
 
Se você deseja saber onde ela nasceu, cresceu e estudou, este não é um filme para você. Aqui, o que vemos é um retrato amplo sobre a personalidade da artista. Corajosa, como demonstra em sua obra, ela abre as portas de sua vida para uma equipe de filmagens e deixa ser retratada em momentos íntimos. Vemos ela cozinhando, recebendo visitas em casa e até mesmo tomando banho. A câmera, no entanto, em momento algum parece intrusiva. Ela foi convidada para estar ali e o espectador, ao final, recebe tudo com a maior naturalidade.

Abramovic é um dos nomes mais respeitados na arte da performance. No primeiro semestre de 2010, foi convidada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York, conhecido popularmente como MoMA, para realizar uma retrospectiva de sua obra. Ela aceitou o desafio e decidiu relembrar algumas de suas mais famosas peças. Para tanto, convida artistas jovens para realizarem performances marcantes em sua trajetória. O principal destaque da exposição não teve nada de retrospectiva, ela desenvolveu um novo conceito e por três meses, por várias horas do dia, simplesmente ficava sentada em uma cadeira enquanto várias pessoas passavam pela cadeira em sua frente. Por alguns momentos, os olhos se cruzavam. Daí nasce o título do filme e da exposição: Artista Presente.

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sábado, 12 de janeiro de 2013

A VIDA DE JESUS - 1997

La vie de Jésus, 1997
Bruno Dumont
Formato: AVI
Aúdio: Francês
Legenda: Português
Duração: 91 minutos
Tamanho: 716 Mb
Servidor: Zippyshare

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Parte 4

SINOPSE: Desajustado e sem emprego, Freddy (David Douce) vive com a mãe, dona de um café, em um cidadezinha rural francesa. Em tratamento de epilepsia em um hospital local, ele passa os dias à toa, na companhia de jovens desempregados, desinformados e sem perspectivas. A única diversão que os distrai do tédio e da falta de horizontes são as motocicletas e os insultos racistas à comunidade árabe local. Freddy também se diverte com a namorada Marie (Sébastien Delbaere), caixa de um supermercado, com quem se relaciona sexualmente de forma quase mecânica. Ele fica furioso quando Marie confessa estar apaixonada por outro homem, um jovem argelino.
Fonte: Zaz Cinema


ANÁLISE

por Eduardo Valente (Contracampo)

É inevitável ao ver um filme que o espectador se pergunte "Afinal, em última instância, o que queria este cara ao fazer este filme?". Esta talvez seja a principal questão que surge em torno de "A Vida de Jesus". Ao contar a história de Freddy, um jovem francês que mora no interior, Bruno Dumont fica num meio termo entre várias coisas, que ao mesmo tempo que pode ser considerado inovador por uns, inevitavelmente vai ser chamado de sem critério e enfadonho por vários outros. Não cabe a nós indicar qual dos dois é o enfoque correto ao se ver o filme, mas levantar as possíveis causas destas reações opostas (que puderam ser observadas já na exibição do filme para a imprensa).

O filme segue o cotidinano de Freddy, que praticamente se resume a fazer sexo com a namorada, cuidar do seu pássaro, andar de moto com os amigos e ver TV. O faz num estilo de encenação naturalista, escondendo a câmera da realidade pró-fílmica, filmando vários tempos mortos e ações vazias, não utilizando em nenhum momento a trilha sonora e montando o filme na ordem exata dos eventos. Poderia se enxergar aí uma reportagem quase neo-realista sobre como vivem os jovens no interior francês. No entanto, outras coisas perturbam esta análise simplista, como o uso do cinemascope (a tela larga sempre foi relacionada a estilos não-naturalistas de filmar), os fades que marcam o fim de certas sequências e a construção cuidadosamente estética de certas cenas.

Tematicamente o filme foge deste "retrato frio e distanciado" quando mexe com temas como o racismo, o abuso sexual e a violência juvenil, e ao fazer isso parece estar mais para a análise sociológica do que a simples "antropologia" do local. Mais preocupante ainda, aparecem a AIDS e a epilepsia como elementos dramáticos resolvidos de forma no mínimo questionável. Especialmente a última, que intencionalmente ou não acaba parecendo criar um "álibi" para o comportamento irracional de Freddy, quebrando a idéia de retratar tal personagem como produto de um tempo ou sociedade, adicionando um elemento de cirscunstancialidade.

Apesar de todas estas contradições (ou até por causa delas) o filme cria alguns bons momentos, especialmente as cenas que envolvem o personagem árabe. Mas acaba permitindo essa dualidade de interpretações entre a obra-prima e o filme sem porquê. Este que vos escreve não iria apoiar nenhuma destas posições, preferindo um olhar distanciado, que não chega a se revoltar contra (embora confesse que o enfado supera o entusiasmo), mas também não acha grandes motivos para euforia.





sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A CHAVE DE VIDRO - 1942

The Glass Key, 1942
 Stuart Heisler
Formato: AVI
Aúdio: Inglês
Legenda: Português
Duração: 82 minutos
Tamanho: 694 Mb
Servidor: Zippyshare

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Parte 4

SINOPSE
Ed Beaumont (Allan Ladd) é o leal braço direito de Paul Madvig, um político corrupto que está sendo acusado de assassinato. Caçando o real assassino, Beaumont passa por um brutal espancamento por gângsteres, a constante pertubação por parte da polícia, e ainda sofre o assédio da noiva de seu chefe, a socialite Janet Henry. Beaumont precisa, ao mesmo tempo, resistir à tentação de aproximar-se da belíssima e sensual mulher e ainda encontrar o assassino que inocentará Madvig.
Fonte: E-Pipoca

IMDB

ANÁLISE 
(sobre o filme e o livro no qual foi baseado)

Entre a literatura hardboiled e o cinema noir.

por Rodrigo Laurentino

Julgar uma adaptação cinematográfica por ela não corresponder as expectativas provenientes do envolvimento do leitor com a narrativa literária, que incluem aí a transposição fiel de uma obra, é um erro crasso que muitas pessoas comentem ao não perceber, ou entender, as divergências existente entre o cinema e a literatura. Pois, enquanto o cinema é uma arte visual que dispõe dos gestos e da fala para firmar um universo que dialogue com o seu público no finito tempo da sua exibição, a literatura se apoia nas palavras para descrever um mundo que toma diferentes formas na cabeça dos leitores na duração que os mesmos dão para atividade de leitura.

Assim, para que a narrativa cinematográfica seja concisa e fluente no seu tempo limite de duração, torna-se necessário fazer algumas alterações que podem omitir desde um ou vários personagens a capítulos e tramas inteiras da obra original, o que pode adulterar a fidelidade, mas não a sua essência. Já que, por mais que o autor da adaptação imponha o seu olhar sobre a obra do outro, é necessário que a essência, a áurea, do original se faça presente, pois, caso contrário, estaremos em contato com uma nova obra, uma nova ideia. Algo que, apesar das distinções, a versão cinematográfica de A Chave de Vidro não é.

Lançado em 1931, o livro está inserido dentro do subgênero do romance policial conhecido como Hardboiled, onde o seu autor – Dashiell Hammett, de outras célebres obras como O Falcão Maltês e O Homem Magro – foi um dos fundadores e uma das principais influências estilísticas, que tinha como características fundamentais o retrato sujo dos Estados Unidos do tempo da Lei-Seca (1920-1933) e da Grande Depressão (1929), onde mafiosos e políticos frequentavam decadentes bares de bebida ilegal, e um protagonista analítico e dedutivo que investiga casos por conta própria e utiliza-se da violência e métodos ilegais para conseguir o quer. Já o filme, produzido onze anos depois, em 1942, se enquadra no subgênero cinematográfico policial denominado Noir que, entre várias combinações de estilos e gêneros, tem o Hard-boiled como principal influência narrativa.

Na trama, acompanhamos Ned Beaumont, jogador e capanga de políticos – segundo ele próprio -, e o seu relacionamento de amigo e conselheiro de Paul Madvig, chefe de um dos dois grupos de mafiosos que controlam uma cidade não identificada, mas localizada nos arredores de Nova York, que almeja o poder político e se relacionar com senador Ralph Henry, candidato a reeleição de um pleito que se aproxima. Mas o seu interesse é mais do que político, pois também anseia pela filha do senador, algo que ele “deseja mais do que qualquer outra coisa na vida”. Entretanto, todos os seus planos são arruinados quando o irmão da sua pretendente é encontrado morto, aparentemente assassinado, e Madvig é o principal acusado, até por sua filha, que mantinha um relacionamento com o filho do senador.

E é a partir do misterioso assassinato que adentramos no cenário corrupto e violento dos Estados Unidos de 1930, onde o crime organizado dita a lei e a ordem. A investigação do caso fica por conta de Ned Beaumont, um autêntico personagem Hard-boiled, de passado incerto e morando há um ano e pouco na cidade, que age de forma indisciplinada e áspera, seguindo uma ética própria que prioriza os seus interesses acima dos outros e age de acordo com as suas deduções que, no decorrer da averiguação, o colocará entre as duas máfias rivais e o poder público local.

Dashiell Hammett – que trabalhou na agência de detetives Pinkerton e que, provavelmente, tal fato o inspirou a escrever as suas obras – coloca o leitor no cerne da investigação de Beaumont, sempre descobrimos os fatos a partir das suas observações e análises, com descrições minuciosamente detalhadas de gestos, ações e posturas dos personagens, além dos vestuários usados, dos objetos e lugares frequentados por eles. O filme guarda a essência do livro, a trama principal e os seus principais personagens, mas perde todo detalhismo presente na obra original, onde o suspense e a intensidade dos acontecimentos residiam, prejudicando inclusive um dos trechos emblemáticos do livro, em que Ned Beaumont (Ed Beaumont, no filme) é espancado e torturado pela quadrilha do mafioso inimigo de Paul Madvig.

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