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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

COMO VOCÊ SABE TUDO - 2009

Jal aljido mothamyeonseo, 2009
Legendado, Sang-soo Hong


Formato: AVI
Áudio: coreano
Legendas: português
Duração: 126 min.
Tamanho: 1,35 GB
Servidor: Mega (Três partes)

LINKS

SINOPSE
Cômica e encantadora exploração da vida social e emocional de um diretor de filmes de arte coreano.

The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 6.9


ANÁLISE

A inevitabilidade flutuante

Reconhecendo alguma ironia, é difícil falar sobre Hong Sang-soo sem retomar Turning Gate – filme que ele lançou em 2002 que, hoje, parece o mais fundamental de sua carreira. Ironia sim, pois Turning Gate fala sobre a incontornabilidade de um retorno. Próximo à metade do filme, uma das personagens coadjuvantes conta ao protagonista o mito do Turning Gate – um portal que, por conta da história, se tornou ponto turístico da cidade. Hong Sang-soo – que, desde seu filme anterior, já se dedicava às obras partidas ao meio – constrói a segunda metade de Turning Gatecomo uma reencenação desse mito dentro da vida da personagem principal, submetendo-lhe à mesma trajetória do herói da narrativa que seu amigo lhe contara. Ao adotar o mito como título do filme, o diretor já indica a construção em camadas que lhe será determinante. O filme é, por si só, também um mito, e revelar o caráter circular de sua construção é chamar a atenção para a inevitabilidade dos destinos das personagens. Ao diretor, não cabe puni-las ou salvá-las desse destino, pois, como personagens, elas existem para cumpri-lo. Cabe-lhe, apenas, fazer o que deve ser feito.

Like You Know It All parte de uma premissa semelhante a todos os filmes de Hong Sang-soo desde Turning Gate, levando adiante seu processo de depuração em busca da transparência. Pois se no filme de 2002 ainda tínhamos o mito – assim como em Conto de Cinema tínhamos um filme – Like You Know It All já não precisa de artefatos externos para produzir seu próprio espelhamento. Falas se repetem, situações reaparecem, sentimentos migram de uma personagem à outra ao decorrer do filme; tudo isso para construí-lo como uma espécie de ciclo vicioso, uma estrutura poderosa e arbitrária da qual as personagens nunca conseguirão fugir. Hong Sang-soo cada vez mais nos chama a atenção para o fato de que estamos vendo um filme, e que esse filme é absolutamente controlado por forças que lhes são externas. É preciso que sejamos seus cúmplices. Com essa opção demonstrativa, Hong Sang-soo parece fazer um comentário sobre o que teria se tornado o próprio cinema – e, nesse sentido, é providencial que a maior parte de seus protagonistas sejam diretores.

Seu sistema parte de um ruído forte e fundamental: ao mesmo tempo em que ele privilegia situações banais e personagens que frequentemente se aproximam do patético, a evidência de sua estrutura sublinha que não estamos olhando para a vida, mas sim para uma construção calculada e consciente de um universo. Não há, em sua abordagem cotidiana, nenhum interesse em simular realismo ou camuflar as amarras da dramaturgia; ao contrário, o cinema de Hong Sang-soo se torna francamente político justamente ao se assumir como uma construção. Todos os dramas das vanguardas e pós-vanguardas já estão completamente superados; o que cabe ao cinema, agora, é falar do que é realmente importante em seu momento: um homem que tenta levar uma mulher para a cama. Esse desejo é comum a todos os filmes de Hong Sang-soo, e o que muda é tratamento que ela ganha em cada um dos filmes.

Em Like You Know It All, o diretor parece levá-la a um curioso entroncamento: ao mesmo tempo em que o constrangimento do cortejo sexual perde toda a sua carga explícita (as cenas de sexo, presentes em todos os outros filmes do diretor), a câmera ganha uma mobilidade que só faz evidenciar sua capacidade de produzir sentidos, comparações e contrastes. Retração e expansão, simultaneamente. Isso fica especialmente claro nas associações feitas com elementos da natureza: uma panorâmica conduz uma conversa a uma lacraia que rasteja pelo chão, um sapo que nada na piscina, ou uma pequena ilha que parece – como as mulheres fazem com os homens – atrair toda a água ao seu redor. Essa escrita naturalista, embora já existente na cena do porco em Noite e Dia, ganha aqui um caráter reiterativo que é tanto inédito quanto misterioso. Há um retorno do espelhamento, mas dessa vez é a natureza quem explica o cinema, e o cinema que se faz ferramenta para que possamos acessar a natureza do mundo.

Análise retirada do site Cinetica





































































terça-feira, 24 de dezembro de 2013

DE ILUSÃO TAMBÉM SE VIVE - 1947

Miracle on 34th Stree, Legendado, 1947, George Seaton


Classificação: Ótimo
Formato: MP4 ( Blu-ray rip)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 96 Min
Tamanho: 1.46 GB
Servidor: Mega (4 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4

Sinopse: O verdadeiro Papai Noel acaba indo trabalhar na famosa loja Macy's, em Nova York. Porém, quando ele insiste em dizer quem ele realmente é, começa a ser tachado de louco, e o caso vai parar no tribunal. O objetivo maior do Papai Noel é apresentar a uma mulher e sua filha desacreditadas o espírito de Natal, de forma que ele mude a forma de pensar delas.
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.9


Análise:
Como alguém poderia provar objetivamente que Papai Noel existe e está sentado no banco dos réus da corte suprema de Nova York e, acima disso, encontrar o respaldo dessa afirmação na opinião de uma grande instituição pública norte-americana? Esta é a causa do advogado Fred Gailey, provar que o simpático e doce Kris Kringle é quem ele afirma veementemente ser, o autêntico bom velhinho, e não um iludido idoso acometido por transtorno de personalidade. Parece uma missão difícil, pautada no subjetivismo, mas que ganha contornos de alcance midiático, com enorme impacto na indústria de brinquedos, sobretudo, e na imagem que as crianças têm do Natal. Logo, o título em português, De Ilusão também se Vive, é bastante apropriado ao remeter às inúmeras criações e fantasias de nossa mente desenvolvidas não com fins alienatórios, mas para conferir uma aura mágica e a bondosa simplicidade a uma comemoração familiar anual.


Refilmado outras três vezes - especialmente na ótima versão de 1994, cujo título nacional é idêntico ao original, Milagre na Rua 34 -, este drama natalino de 1947 prova que esse período não precisa de cores, mas de sentimentos, para ser reconhecida como um período mágico, apesar do capitalismo natalino, do consumeirismo desenfreado e da corrida às lojas de brinquedos massacrarem as melhores e puras intenções do Natal. No período compreendendo o desfile de Ação de Graças e a ceia natalina, conhecemos Kris Kringle (Gwenn), um homem que caminha pelas ruas de Nova York orientando um lojista acerca da ordem e posição das renas em uma vitrine ou discutindo com o embriagado Papai Noel do desfile sobre o seu comprometimento com esse ofício. Rapidamente alçado a protagonista do desfile natalino por Doris Walker (O'Hara), Kringle aceita o emprego de Papai Noel na concorrida esquina da sétima avenida e a rua 34, na gigantesca Macy's.
Deturpando os conceitos do capitalismo predatório e ignorando as recomendações de Charlie (Frawley), Kringle não hesita em recomenda consumidores a outras lojas se estes não encontram os produtos desejados na Macy's. E o que parecia um suicídio nos negócios, ganha contornos completamente distintos, apresentando o inusitado e inédito conceito da benevolência natalina da Macy's (e que logo é copiado pelos seus concorrentes que estavam perdendo vendas). Assim, Kringle torna-se a figura mais importante do Natal, apesar da recusa de Doris em manter no quadro um funcionário aparentemente com problemas psiquiátricos. Particularmente, a descoberta da ficha de admissão de Kringle é um dos momentos mais inspirados do longa, onde ele afirma ser "tão velho quanto a sua língua e um pouco mais velho que os seus dentes", e acrescentar no rol de parentes próximos as renas clássicas (dançarina, cometa, rodolfo, etc).
Apesar de conquistar o coração dos pais e crianças que frequentam a Macy's, Kringle não consegue penetrar no coração da precoce e realista Susan (Natalie Wood aos 8 anos de idade), que terminantemente não acredita em Papai Noel, em função da criação dada por uma emocionalmente frustrada Doris. Sem desistir, Kringle seduz a pequena Susan com o mágico mundo da imaginação e, de maneira doce e tocante, revive no coração dela algo que nunca deveria ter morrido, o espírito da festividade e a alegria de acreditar em algo. Ao mesmo tempo, Kringle desenvolve uma amizade com Fred Gailey (Payne), que viria a ser seu companheiro de quarto, e é secretamente apaixonado por Doris e paternalmente próximo de Susan.


Abraçando o milenar ensinamento de que, mesmo pelos caminhos errados, podemos fazer o bem, o diretor e roteirista George Seaton sustenta-se nos malefícios do capitalismo e nos duvidosos caminhos judiciais para apresentar uma mensagem de esperança e bondade para pais e filhos. Portanto, embora saibamos que as ações da Macy's são boas no limite de que importam em lucro e prestígio para a empresa, é inegável o bem feito àquelas crianças que receberão exatamente aquilo que sonharam no Natal. A própria estrutura natalina centrada na compra de presentes é sujeita a críticas mas, infelizmente, a mensagem dita por uma criançinha alemã acaba não sendo traduzida na versão original (ao ser questionada por Kringle, em alemão, o que ela desejaria ganhar de natal, ela responde: "nada, eu já ganhei o que eu pedi ao ser adotada").
Por sua vez, a subtrama judicial causada pelas acusações do psicólogo da Macy's Granville Sawyer (Hall), a respeito das tendências maníacas confirmadas no inofensivo ataque de bengala, expõe mazelas do sistema norte-americana cuja decisão a respeito da identidade de Kringle baliza-se não no bom senso, porém na necessidade de proteger algumas instituições que seriam prejudicadas do contrário (a indústria de doces e brinquedos, a Cruz Vermelha). Assumindo uma conotação imensamente política - a reeleição do juiz Harper (Lockhart) - misturaa à inocência infantil - o próprio filho do promotor ingenuamente depõe pro Kringle -, o trabalho de George Seaton não esconde o seu real objetivo: o de não desapontar as crianças de todas as idades, ganhando o coração com a simplicidade narrativa.

Contando com a excepcional atuação de Edmund Gween, que não obstante ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante daquele ano (apesar de no meu entendimento, ser ele o protagonista), apenas desgosto do psicólogo vivido por Porter Hall. Constantemente mexendo e puxando a sobrancelha como muleta de interpretação nos momentos de maior nervosismo, o psicólogo acaba personificando a faceta comum dos vilões do cinema naquele momento histórico, impedindo a compreensão do que levaram aquele sujeito a agir com tamanha amargura. Por sua vez, Maureen O'Hara e John Payne ilustram bem o porquê acreditam na identidade de Kringle, enquanto Natalie Wood brilha e encanta como a pequenina Susan.
De Ilusão também se Vive é um pequeno e adorável filme de natal, contando com uma narrativa inventiva e original e, geralmente, boas atuações. Uma preciosidade que com mais de 70 anos de idade continua a emocionar crianças e adultos.














domingo, 22 de dezembro de 2013

DUAS SEMANAS DE PRAZER - 1942

Holiday inn, Legendado, 1942, Mark Sandrich


Classificação: Ótimo
Formato: AVI (Xvid)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 100 Min
Tamanho: 701 Mb
Servidor: MEGA (3 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: Amigos decidem abrir uma pousada que só abre nos feriados. Sucesso inesperado, a dupla começa a ter desavenças quando uma linda mulher surge para confundir o coração de ambos.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.5

Resumo: (Contém spoilers !)
Jim Hardy (Bing Crosby), Ted Hanover (Fred Astaire) e Lila Dixon (Virginia Dale), formam um grupo musical. Na véspera de Natal, Hardy prepara-se para a sua última apresentação no palco, já que vai se aposentar e se casar com Lila , indo morar numa fazenda em Connecticut. Lila, no entanto, decide, na última hora, que ela não está disposta a parar de trabalhar, e como está apaixonada por Ted, ela opta por permanecer, tendo Ted como seu parceiro de dança. Jim, de coração partido, segue com seu plano.



Um Natal mais tarde, Jim está de volta a Nova York. A vida na fazenda tem sido difícil (como mostra em uma montagem de Jim tentando lidar com as demandas da vida que ele escolheu), obrigando-o a passar algum tempo em um sanatório para acalmar os nervos. Enquanto se recuperava, Jim sonhou um novo uso para sua fazenda. Ele pretende transformá-la em um local de entretenimento chamado "Holiday Inn", que só vai abrir nos feriados.




Ted e seu agente Danny Reed (Walter Abel) zombam da idéia, mas ambos lhe desejam boa sorte. Reed, em seguida, parte para um vôo. Parando numa loja de flores, é abordado pela empregada Linda Mason (Marjorie Reynolds) que o reconhece como um agente de talentos e implora por uma chance no "show business". Ele, então, a recomenda para o Holiday Inn e dá-lhe um ingresso para o show de Ted para a noite. Ela se senta à mesa do artista, onde Jim já se encontra sentado. Os dois conversam sobre as possibilidades de um espetáculo na pousada.




Na manhã seguinte, dia de Natal, Linda chega no Holiday Inn. Ela encontra Jim, e este está preparando o local para a véspera de Ano Novo. Jim canta sua nova música, "White Christmas", uma canção que ele compôs na abertura da pousada. Na véspera de Ano Novo, o Holiday Inn abre com uma casa lotada.



Em Nova York, Ted descobre que Lila vai deixá-lo por um milionário do Texas. Ele bebe muito e se dirige para Holiday Inn para falar com o Jim. Extremamente bêbado, ele chega à pousada e começa a dançar com Linda. Eles dançam, " Bringing Down the House" apesar de seu estado de embriaguez.



Danny Reed chega quando a dança termina. Ted está entusiasmado porque acha que encontrou um nova parceira. No entanto, Ted, na manhã seguinte, lembra que não tem conhecimento nem da identidade de Linda. Jim não dá nenhuma informação e até esconde Linda, com medo de que Ted vá roubá-la da pousada.



No feriado do aniversário de Lincoln, Ted e Danny voltam a buscar Linda e ela dança com Jim. Jim pergunta se ela vai ficar com ele, uma vez que ela não é obrigada a trabalhar em feriados. Linda toma isso como uma proposta. E assim a dupla não desistindo, planeja estar de volta para Dia dos Namorados, e sucessivamente em cada feriado, como no Dia de São Valentim, na Páscoa, no dia de Ação de Graças.




O filme termina com a celebração da véspera de Ano Novo no Holiday Inn. Jim e Linda estão dispostos a ficar juntos e trabalharem na pousada. Ted está novamente com Lila, que está pronta e disposta a trabalhar com ele novamente.










sábado, 21 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL - 2005

Joyeux Noë, 2005, Legendado, Christian Carion

Classificação: Excelente

Formato: AVI (Xvid)
Áudio: Inglês, Francês, Alemão e Romeno (diálogos)
Legendas: Português
Duração: 116 Min
Tamanho: 698 MB
Servidor: MEGA (3 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: Durante a Primeira Grande Guerra Mundial, alemães, franceses e escoseses decidem enterrar os mortos e jogar futebol, tentando alcançar a paz entre eles. Indicado ao Oscar de filme estrangeiro.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.7

Análise:
O símbolo mais frequente apresentado durante Feliz Natal = indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2006 - é o de uma vela acesa, a acolhedora e quente luz sobre aqueles que na escuridão da primeira guerra mundial, entregavam-se à violência e à carnificina na égide de suas baionetas. Essa é uma escolha adequada, não apenas pois este é um autêntico filme natalino, mas sobretudo, porque a universalidade do autosacrifício da vela, plenamente consumida para gerar luz, é similar ao daqueles homens, que contrariando os seus superiores e arcando com as consequências, não hesitaram em promover ao menos por um dia a fraternidade máxima na comunhão de três povos - franceses, alemães e escoceses - no mais improvável dos lugares, as trincheiras. É a afirmação da esperança na humanidade, idealizada na confraternização e encerrada em uma mensagem bonita e otimista.


Dramatização de eventos reais ocorridos na primeira guerra no ano de 1914, quando divisões na linha de frente do combate declararam, informalmente e sem autorização superiora, uma trégua por ocasião do Natal, o roteiro de Christian Carion apresenta a ficcionalização de uma daquelas seções e a união deles através da música e cânticos natalinos. Centrando-se especialmente nos líderes de cada fronte, o francês Audebert (Canet, o irmão gêmeo de Patrick Dempsey), o alemão Horstmayer (Bruhl) e o escocês Gordon (Ferns), e nos catalisadores daquela união, o casal de músicos Nikolaus (Furmann) e Anna (Kruger), bem como o conciliador padre Palmer (Lewis), Carion investe sensivelmente nas diferenças culturais daqueles povos e na transformação de adversários em irmãos de carne e osso, mais próximos do que aqueles que compartilham as mesmas cores da bandeira e clamam por sangue. Dessa forma, a doutrinação de três crianças nas salas de aulas segundo o pragmático zoom in inicial remonta a brutal alienação que nos conduz a odiar outros povos, fazendo com que aqueles homens isolados no frio invernal e nas pálidas cores da fotografia de Walther van den Ende, sacrifiquem além do âmbito militar, como adbicam das próprias cores das pátrias. Ironicamente, é isto o que os torna humanos.


Assim, Christian Carion fartamente abraça as semelhanças daqueles homens despindo-os do que os dinstingue na guerra (fardas, patentes, etc). Dessa forma, a celebração da missa natalina é antecedida por um belo momento no qual todos removem seus quepes e se unem em uma multidão não de pátrias, mas de seres humanos. Igualmente, o enterro dos mortos na guerra dissocia aquelas vítimas das armas e uniformes; todos eles serão sepultados debaixo da mesma terra, independentemente da nacionalidade ou do motivo que os levaram à guerra. O compartilhamento do ambiente e da paleta de cores sem vida, na qual nem mesmo o casaco vermelho de Anna destaca-se, e da iluminação fraca de velas e do reflexo do sol na alvura da neve une mais aqueles homens que não encontram distinção e questionam-se dos porquês daquela guerra descabida. Particularmente, me sensibilizou a conversa entre Audebert e Horstmayer sobre tomar um café, um desejo que pareceria banal, mas naquelas condições surge quase na forma de epifania.
Brincando com os símbolos introduzidos pela narrativa, a montagem de Judith Rivière Kawa e Andrea Sedlácková é pertinente no uso do raccord de velas - as apagadas, contraste com a ansiedade de ir para a guerra, e as acesas, no recital do Ave Maria e a anunciação da guerra - e nas elegantes elipses, especialmente a das chamas de uma lareira no reencontro de Nikolaus e Anna ou na leitura das cartas enviadas pelos soldados.
Mas, o apogeu de Feliz Natal é, sem sombra de dúvidas, o som das gaitas de fole acompanhada pelo tenor Nikolaus cantando Noite Feliz e Ó Vinde Adoremos com a entrega determinada de uma árvore de Natal a homens que naquele exato momento desconfiavam e sequer sabiam como proceder àquela gentileza e desapego. Reavivando a esperança a tristes soldados, o cessar fogo é um ápice emocional que o restante da narrativa não consegue superar. A destruição de uma gaita, a qual simboliza a rebeldia e comunhão daqueles soldados, seguida do murmuro de um cântico sibilante e forte, funciona justamente porque mantém uma coerência narrativa - é curioso também como aquele quem destrói a gaita seja quem se apresentou fascinado pelo recital promovido por Anna.
Diluindo o tom dramático e finalista da guerra, Carion permite-se a inclusão de alívios cômicos, como a disputa por um gato cujo nome pode ser Nestor ou Félix dependendo da pátria que o houver adotado, ou a destruição da trincheira francesa seguido da reclamação frustrada "teremos que reconstruir tudo isso". A narrativa não ignora o criticismo e cutuca a figura de um alemão judeu ou a nociva pregação de um membro da Igreja, convocando seus fiéis a empunhar armas e derramar o sangue alemão. A intolerância do sermão confirma a participação da instituição católica legitimizando a carnificina, contrastando com homens misericordiosos e fartos da matança, sem a influência decisiva e cega de políticos e religiosos, que conseguem promover o bem de uma maneira simples e despretensiosa.
 
Com um elenco refinado e carismático - exceção ao seco e rígido escocês Jonathan (Roberts), cuja frieza, apesar de compreensível, destoa de todo o restante -, a contagiante beleza de Diane Kruger e a presença de coadjuvantes que surpreendem ou por um pequeno detalhe (como aquele que mantinha um relógio para lembrá-lo da vida cotidiana antes da guerra) ou por uma revelação, Feliz Natal é uma ode belíssima de se ver e sentir.
Fonte: Cinema com crítica