Scanners, 1981
Legendado, David Cronenberg
Classificação: Bom
Formatos: RMVB
Áudio: inglês
Duração: 103 min.
Tamanho: 335 MB
Servidores: Mediafire (2 partes)
LINKS
SINOPSE
Nascidos de uma experiência num laboratório, os Scanners são pessoas com extraordinários poderes telecinéticos e mentais, capazes até mesmo de matar com a força da mente. O filme conta a batalha que se estabelece quando algumas dessas pessoas passam a utilizar seus poderes de maneira destrutiva e eles só podem ser detidos por alguém que tenha os mesmos poderes. Não se pode falar nos filmes de David Cronenberg sem citar os efeitos especiais, que sempre são um destaque à parte. Em Scanners, Cronenberg conseguiu realizar uma produção com efeitos de maquiagem excepcionais. Muito antes dos atuais recursos digitais, Scanners apresentou técnicas inovadoras que acrescentaram um impressionante realismo às cenas de cabeças explodindo e às transformações das personagens. A partir deste trabalho David Cronenberg conseguiu abrir as portas de Hollywood para seu ousado e insólito estilo de direção.
Fonte: 2001video
The Internet Movie Database: IMDB
Análise
O trecho acima foi transcrito da edição nacional do DVD de Scanners – Sua Mente Pode Destruir, referenciando a épica cena da cabeça que explode, e que coloca a obra em um curioso paradoxo: longe de ser a contribuição máxima de David Cronenberg ao cinema, possui a cena que talvez seja a mais forte expressão do propósito do diretor enquanto cinematógrafo.
A trama aborda a existência dos Scanners, humanos dotados de terríveis poderes telepáticos (que mais tarde descobrimos serem frutos de uma experiência com drogas aplicadas em mulheres grávidas). Ao todo, são 237 Scanners espalhados pelos EUA, dentre os quais está Darryl Revok (Michael Ironside), conhecido como o mais poderoso de todos, e que planeja liderá-los em um megalômano plano de dominação mundial, mas vê-se confrontado por Kim Obrist (Jennifer O’Neill) e Cameron Vale (Stephen Lack), seu irmão mais novo e que compartilha dos mesmos poderes que ele. No meio dessa batalha, está a ConSec, uma poderosa corporação liderada pelo Dr. Ruth (Patrick McGoohan), cientista responsável pela criação dos Scanners.
Dessa fantástica premissa, após um breve início, somos levados à sede da ConSec, onde um experimento com Scanners está sendo feito e, após algo sair errado, um homem tem a cabeça implodida por Revok utilizando apenas os poderes da sua mente. A cena – fácil um dos momentos mais antológicos de toda a história do cinema -, retrata toda a crueza e poder destrutivo que o Cronenberg, que até então só tinha feito projetos quase independentes e de baixo orçamento, trazia consigo para o grande cinema de massas.
A sequência de menos de um minuto, onde alternam-se planos do algoz manifestando seu poder e da vítima sufocando e agonizando lentamente, é excruciante, sádica e, acima de tudo, uma genial metáfora visual ao conflito que pontua a trama e a filmografia do canadense: a bestialidade humana como uma força suprema que vê o corpo como uma prisão e que, ao se forçar a sair, destrói essa carcaça em que “habitamos” de modo devastador, tal qual um vulcão em erupção. O nosso corpo não nos basta. No cinema de Cronenberg, ele serve apenas para representar estados de espírito.
Claro, a força de Scanners não reside apenas na metáfora visual, também constituída por um embate final entre os dois irmãos telepatas (um espetáculo visual que impressiona até hoje por seu realismo gráfico) com um desfecho que reforça a tese de que o “corpo” é nocivo ao ser, sendo preciso abrir mão dele para sobreviver, mas também em seu argumento rico de contexto, que envolve uma evolução tecnológica que ainda impressionava (devemos considerar a época em que o filme foi feito, início dos 80′s e um embate de gigantes da tecnologia já entrando em voga: IBM versus Microsoft) e que jogava no lixo grandes abordagens anteriores da telecinesia no cinema que tinham em seu sustentáculo preceitos sobrenaturais (a exemplo de Carrie, A estranha – que se não usava o religioso declaradamente, também não se despia da áurea de ocultismo sob os poderes da personagem).
Se Scanners falha, é justamente na construção do ritmo, em vários momentos arrastado, e na condução da trama, com personagens que poderiam ser facilmente descartados, algumas reviravoltas mal explicadas ou mesmo desnecessárias, como o plano extremado do traidor da ConSec para destruir Cameron, além de muito tempo perdido com passagens quase “didáticas” acerca dos Scanners e suas motivações. Todavia, essas limitações se viam presentes em todas as obras do diretor até aquele período, colocando Scanners também como um marco divisor, tanto por abrir as portas aos grandes orçamentos, quanto por ser um ensaio de Cronenberg ao seu filme seguinte, que seria provavelmente a sua maior obra-prima: Videodrome – A Síndrome do Vídeo.
Análise retirada do site Cinecafe
Muito obrigado!
ResponderExcluir