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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

FILHOS DO PARAÍSO - 1997

Children of heaven, 1997
Legendado, Majid Majidi

Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: persa
Duração: 89 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Rapidshare (4 partes)

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Parte 1


SINOPSE
Ali (Amir Farrokh Hashemian) é um menino de 9 anos proveniente de uma família humilde e que vive com seus pais e sua irmã, Zahra (Bahare Seddiqi). Um dia ele perde o único par de sapatos da irmã e, tentando evitar a bronca dos pais, passa a dividir seu próprio par de sapatos com ela, com ambos revezando-o. Enquanto isso, Ali treina para obter uma boa colocação em uma corrida que será realizada, pois precisa da quantia dada como prêmio para comprar um novo par de sapatos para a irmã.

Fonte: Interfilmes
The Internet Movie Database: IMDB

ANÁLISE
O cinema iraniano já não precisa estar dando provas de sua relevância, pois é um cinema que já mostrou sua regularidade de produção (aqui no Brasil mais na Mostra de São Paulo que no resto do país) e a sua quantidade de autores. Há diretores profundos com Kiarostami, irrequietos como Mohsen Makhmalbaf, com uma história de belos filmes como Dariush Mehrjui, além de uma nova geração que permite a um Farhad Mehranfar ousar um lirismo sem fronteiras em seus dois filmes Aviões de Papel e A Árvore da Vida. No entanto, uma vertente deste cinema, talvez a primeira a ser revelada, ainda não dizia a que vinha, na minha modesta opinião. O pseudo-neo-realismo consagrado no Balão Branco de Jafar Panahi, mas repetido ad eternum (como em A Bota e A Chave, só exibidos na Mostra) trazia elementos de interesse mas sem resolver cinematograficamente ou tematicamente todas as expectativas criadas. Pois é Filhos do Paraíso que consegue este feito.
Majid Majidi


O início parece ser retirado do "Grande Manual Iraniano de Começar uma História": Menino perde um par de sapatos e daí começa uma busca que o levará a confrontar-se com sua família e o seu país. Mas Majid Majidi consegue elevar o filme do viés comum ao mesclar alguns expedientes do cinema americano clássico com o seu neo-realismo, e aumentando o alcance do seu painel de temas. Este aliás é o terceiro longa de Majidi, todos desta década, comprovando a frequência dos cineastas de lá, que não chega até nós no circuitão, mas que Leon Cakoff tem mostrado com insistência e paixão.

Partindo do seu fiapo de trama quase clichê dentro do cinema iraniano, o que o diretor consegue é dar um tratamento cinematográfico mais sofisticado ao que antes era só um arremedo sem profundidade de neo-realismo. Há os que digam que os cineastas iranianos usam as crianças e as tramas ingênuas e pouco posicionadas pela falta de liberdade para ir mais fundo e direto em críticas sociais. Quem já viu a obra de Makhmalbaf, Kiarostami e Mehrjui sabe que isso é mentira pois eles mergulham fundo e sutilmente, mas sem ingenuidade na crítica ao regime. Da mesma forma, Majidi consegue com este filme um mergulho no qual o enfoque quase documental das mazelas iranianas sai do simples mostrar e toma posições. Pela primeira vez, por exemplo, vemos a Teerã rica, as classes ricas. E ao mostrá-las fica ainda mais pungente a crítica social pois cria a noção das duas realidades no Irã. Este efeito supera muito em complexidade o simples retrato da miséria. Majidi mostra as relações inumanas entre classes com um recurso tão simples quanto genial: o interfone. Os ricos não se vêem face a face com os pobres, mas os dispensam de longe. Porém um verdadeiro humanista vê sempre uma saída, e a de Majidi está nas crianças, que forçam o contato entre classes. Além desta crítica social, ao mostrar as relações de autoridade na escola e na mesquita, ao mostrar a influência da propaganda danosa via TV no imaginário infantil criando uma divisão inter-classes por valores como um sapato mais limpo, resumindo ao mostrar um painel mais abrangente, Majidi faz um retrato mais completo do que é a vida no Irã. Por exemplo, quando o pai diz ao menino "Você já não é mais criança, tem nove anos!", o diretor passa toda a situação das crianças pobres prematuramente adultas (igual no Irã ou no Brasil).

Esteticamente seu filme também é mais rico. A montagem das cenas em que os meninos correm pelas ruas para não se atrasar para a escola, por exemplo, é genial pois cria um efeito de angústia e drama muito mais profundo. As cenas no bairro rico também são muito bem filmadas. Mas, destaco duas sequências: a final, com os pés machucados do menino triste mergulhados na pequena fonte, contratado com a (desconhecida para ele) solução que virá através do pai, e a melhor do filme, a comunicação dos irmãos através dos cadernos para fugir do controle da autoridade paterna, um primor de edição de som, montagem, e humanidade. Estética e conteúdo, uma junção poderosa, sempre. Compreender isso é o que faz de "Filhos do Paraíso" um filme especial.

Com uma ressalva: em dois fatores o diretor se equivoca um pouco na apreensão "hollywoodiana" da história. O excesso de choro dos personagens que tira a força dos momentos mais dramáticos; e a enganada cena da corrida encenada como uma verdadeira Carruagens de Fogo, cheia de câmeras lentas e redenções, clichês e tempos mortos. Mas, nada que retire a força do painel geral que ele pinta.


Análise retirada do site contracampo



2 comentários:

  1. Gostava do blog antes. Estou gostando ainda mais pelo fato de estar sendo atualizado com mior freqüência, rsrs.

    Este filme parece ser excelente e tocante como todo filme Iraniano. Conferirei...

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  2. Casafitz, o blog ficou um bom tempo parado porque eu comecei a fazer mestrado em outro estado, ficando sem acesso contínuo a internet; e porque a minha amiga que ficou responsável pelo blog em minha ausência aparentemente sumiu da internet. Por esses dois motivos o blog ficou parado. Possivelmente terei que chamar mais alguém para me ajudar no blog.

    Hilarius

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