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quarta-feira, 17 de abril de 2013

O GABINETE DO DR. CALIGARI - 1920

Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920
Legendado, Robert Wiene

Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: inglês (intertítulos)
Duração: 71 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mega (2 partes)

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Parte 1

SINOPSE
Num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, um misterioso hipnotizador, Dr. Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit) que, supostamente, estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre, o Dr. Caligari. Um dos filmes mais importantes de todos os tempos.

Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.0


ANÁLISE

O impacto de O gabinete do dr. Caligari no começo da década de 1920 foi muito significativo. Conforme descreveria Peter Gay (1978, p. 119):
Próximo da Bauhaus, provavelmente o artefato mais celebrado da república Weimar foi um filme exibido em Berlim em fevereiro de 1920, O gabinete do dr. Caligari. Willy Haas escreveu mais tarde: "Aí estava a Alemanha gótica, sinistra, demoníaca, cruel". Com seu enredo de pesadelo, sua tendência expressionista, sua atmosfera obscura, Caligari continua personificando o espírito de Weimar para a posteridade (...) É um filme que merece integralmente sua imortalidade, uma experiência que gerou uma série de outras experiências.
 No pós-guerra prevalecia a convicção de que os mercados externos só poderiam ser conquistados por produções de alto nível artístico e, assim, a indústria de cinema alemã estava ansiosa para fazer experiências no campo do entretenimento esteticamente qualificado. Nesse contexto, a ligação entre O gabinete do dr. Caligari e a arte expressionista não parece ter sido motivada apenas pela sensibilidade artística de seus criadores. O filme trazia uma história de loucura e morte vivida por personagens desligados da realidade e cujos sentimentos apareciam traduzidos em um drama plástico repleto de simbologias macabras - com isso, ligava-se às experiências de vanguarda no teatro e na pintura. Mas Caligari se relacionava, igualmente, com os filmes fantásticos realizados no país antes da guerra e com o popularíssimo gênero de filmes de deteives, o que indica a preocupação comercial de seus realizadores. 
Robert Wiene

Como saliente Elsaesser (2000, p.73), Caligari é também uma história recorrente na cultura alemã, trata de rivalidades, figuras paternas muito poderosas, mulheres frágeis e objetos de desejo inalcançáveis. Seu enredo é bastante conhecido: o misterioso doutor Caligari (Werner Krauss) chega à pequena cidade de Holstenwall com um espetáculo em que seu assistente, o sonâmbulo Cesare (Conrad Veidt), adivinha o futuro das pessoas. Logo depois da chegada dupla sinistra, uma série de crimes praticados na cidade fazem com que as suspeitas se voltem para o sonâmbulo, flagrado sequestrando uma moça, Jane (Lil Dagover), namorada do jovem Francis (Friedrich Feher). Obcecado pelo assunto, Francis descobre que o mandante dos crimes é o próprio doutor Caligari, que controla os atos de Cesare por hipnose. A esse roteiro escrito pelos jovens Hans Janowitz e Carl Mayer, o diretor Robert Wiene adicionou uma história-moldura em que Francis é um louco internado em um sanatório pelo próprio Caligari, médico aparentemente benevolente que, ao ouvir sua história, descobre "como curá-lo".
Baseado nas experiências de Mayer com psiquiatras e no testemunho de Janowitz a respeito do assassinato de uma moça no parque Holstenwall, em Hamburgo, o roteiro pretendia ser uma crítica do absurdo e da violência de qualquer autoridade social (Robinson 2000, p. 38). Mas a criação da atmosfera de pesadelo que lhe daria fama duradoura só foi possível porque a cenografia produzida em painéis pintados ao estilo expressionista conseguiu evocar a fisionomia de um mundo tortuoso e imprevisível. Ao evitar as formas realistas, reforçando as curvas abruptas e pouca profundidade, esse cenário provocava sentimentos de inquietação e desconforto adequados à história que estava sendo contada. A isso se somavam a interpretação dos atores - repleta de exageros e de movimentos de grande impacto visual, reforçada pela maquiagem pesada e igualmente deformadora - e uma narrativa que envolvia personagens lidando com sentimentos destrutivos e de revolta contra a autoridade. Tratava-se, afinal, de uma obra que realizava a proposta expressionista de traduzir visualmente conflitos emocionais. 

Mas a fama de Caligari não se deve apenas à sua ligação com a tradição romântica alemã ou a seus aspectos esteticamente revolucionários. Muitas das discussões em torno do filme, até hoje, envolvem as versões contraditórias acerca de sua concepção e execução. Durante quase 50 anos, a versão aceita da história da realização de Caligari foi a de Siegfried Kracauer, baseado no relato de Janowitz. Segundo ele, o crédito pela concepação do filme deveria ser dado aos seus dois escritores, que teriam entregado a Pommer (o produtor) e Wiene a obra pronta para ser executada. Na época desse relato, supunha-se que nenhuma cópia do roteiro havia sobrevivido. Mas quando, nos anos 1970, a Stiftung Deutsche Kinemathek conseguiu ter acesso a uma cópia do roteiro original, foi possível esclarecer algumas dúvidas quanto à participação do diretor. Em nenhuma parte, por exemplo, o roteiro prenuncia o visual singular que o eternizaria. Tal recurso, segundo se acredita hoje, teria sido ideia do diretor e de seus cenaristas, os pintores Hermann WarmWalter Reimann e Walter Röhrig, ligados ao grupo Der Sturm. Além disso, o roteiro de Janowitz-Mayer está ambientado no mundo moderno, com telefones, telegramas e luz elétrica. Wiene e seus assistentes podem ter previsto problemas na compatibilização desenha tecnologia com o desenho fantástico e acabaram por excluí-la, dando ao filme um aspecto de atemporalidade que só reforça sua relação com as propostas da arte expressionista (Robinson, p. 54).

A famosa polêmica entre os roteiristas e o diretor, porém, não foi causada pela eliminação desses itens do roteiro. O motivo da discórdia foi a história-moldura adicionada à narrativa. Para os roteiristas, a estratégia de apresentar Francis como um indivíduo mentalmente incapaz invertia a ideia central do roteiro, que era de questionar a obediência cega à autoridade. No seu famoso julgamento a respeita do do assunto, Kracauer afirmaria: "Enquanto a história original expunha a loucura inerente à autoridade, o Caligari de Wiene glorificava a autoridade e condenava o antagonista à loucura" (1988, p.84). 

Mas, na época, o assunto não foi tratado com grande importância pela crítica. Desde seu lançamento, Caligari teve uma aceitação quase unânime na Europa e nos Estados Unidos. E tanto a interpretação quanto a importância dada à história-moldura foram bastante variadas: alguns a acharam edificante, outros a consideraram simplesmente coerente com a ambientação expressionista. Mesmo Kracauer (ibid., p. 81) observa que o cenário deformado não se modifica com a elucidação da loucura de Francis, o que indica que o mundo fictício do filme não se propõe a simplificar demais o tema da loucura. 
Assim, como alega Elsaesser (2000, p. 95), parece limitante reduzir esse filme (e sua moldura) a um efeito alegórico específico. Trata-se, afinal, de uma metáfora que mantém sua ambivalência e a afirmação de uma dúvida radical.

A análise foi retirada do texto "Expressionismo alemão" de autoria de Laura Loguercio Cánepa. Esse texto pode ser encontrado no livro "História do cinema mundial" cuja organização é de Fernando Mascarello

O livro pode ser baixado gratuitamente aqui
















































































2 comentários:

  1. Em 1920 o filme for lançado e até hoje continua a ser uma produção que muitos recomendam. O fator de hipnose que está presente me lembra um pouco da série HBO O Hipnotizador, uma história brasileira que conseguiu ultrapassar as suas fronteiras com histiria cheias de mistério e enigmas para descobrir através de sonhos.

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