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domingo, 17 de agosto de 2014

O SACRIFÍCIO - 1986

Offret, 1986
Legendado, Andrei Tarkovsky

Formato: AVI 
Áudio: sueco/francês/inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 142 minutos
Tamanho: 1,45 GB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Alexander, um jornalista e ex-ator e filósofo, diz ao filho pequeno como ele está preocupado com a falta de espiritualidade da humanidade moderna. Na noite de seu aniversário, a terceira guerra mundial irrompe. Em seu desespero Alexander transforma-se em uma oração a Deus, oferecendo seu tudo para que a guerra não tenha realmente acontecido.

Fonte: Filmow
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 8.1


ANÁLISE

O Homem Moderno
“Aprender a amar a solidão. Ficar mais
sozinho consigo mesmo. O problema com
os jovens é a preocupação com as turbulentas e
agressivas ações para não se sentirem sozinhose isso é uma coisa triste. O indivíduo deve
aprender a ser como uma criança, o que não
significa estar sozinho. Significa não se
aborrecer consigo mesmo
. O que é um indício
muito perigoso, quase uma doença “ (1)

Por que esta necessidade de nos afastar absolutamente dos momentos de introspecção? Por que silêncio se tornou sinônimo de incomunicabilidade e sofrimento? Em O Sacrifício (Offret, 1985), Andrei Tarkovski, nos dá algumas pistas. O núcleo deveria ser a história de como o herói, Alexander, iria se curar de um câncer fatal graças a uma noite passada com uma feiticeira. Tarkovski estava preocupado com o tema da harmonia que nasce apenas do sacrifício, da dupla dependência do amor.


 Andrei Tarkovsky nas filmes de "O sacrifício"

Entretanto, sua concepção sobre o assunto é um pouco diferente da média. Não se trata de amor mútuo, segundo Tarkovski, o amor só pode ser unilateral! “Se não houver entrega total, não é amor” (2). Tarkovski está preocupado em saber se o indivíduo pode ultrapassar interesses egoístas e uma visão de mundo materialista. Seu filme mostra sua busca por um indivíduo capaz de sacrificar a si mesmo e seu modo de vida, sem se importar em nome de que esse sacrifício é realizado.

Alguém que, enfim, estivesse para além dos conceitos utilitários que passaram a dominar nossas vidas. Para além do consumismo cego, em direção a uma responsabilidade espiritual. Um caminho que, além da salvação pessoal, aponte para a salvação da sociedade. “Em outras palavras: voltar-se para Deus” (3). Somente numa vida espiritual equilibrada, sugere Tarkovski, o indivíduo poderá se aproximar do estado em que pode ser responsável pela sociedade. “Este é o passo que se transforma num sacrifício, no sentido cristão de auto-sacrifício”. O Sacrifício conta a história de alguém cuja dependência em relação aos outros o leva à independência e para quem o amor é simultaneamente a suprema servidão e a máxima liberdade.



Mas Tarkovski reconhece que, em sua maior parte, a humanidade não está preparada para negar a si mesma e seus interesses pelo em de outras pessoas ou em nome de algo Maior. “Reconheço que a idéia de sacrifício, o ideal cristão do amor ao próximo, não desfruta de popularidade – e que ninguém pede auto-sacrifício. Este é encarado como idealista e pouco prático”.
Tarkovski insiste em chamar atenção para o que ele chama de erosão da individualidade pelo egoísmo e dá um exemplo do excesso de importância que se dá aos interesses materiais. Quando sentimos ansiedade, depressão ou desespero procuramos um psiquiatra ou um sexólogo. Eles assumiram o lugar do confessor. Pagamos por seus serviços. Quando sentimos necessidade de sexo, pagamos por isso também. De acordo com Tarkovski, fazemos isso mesmo sabendo que o dinheiro poderá comprar aquilo que precisamos.
O filme não é apenas uma parábola sobre o sacrifício, mostra também a historia de alguém que foi salvo. De alguém que se curou num sentido mais amplo, não apenas de uma doença física fatal, mas que também alcançou uma regeneração espiritual. O filme, afirmou Tarkovski, se transformou numa parábola poética e sua estrutura se tornou mais complexa. Alexander, um ator que abandonou os palcos, está esmagado pela depressão. Tudo o cansa: as pressões da mudança, a discórdia na família, sua percepção da ameaça que representa o progresso da tecnologia. Alexander passou a odiar o vazio do discurso humano, adotando um voto de silêncio.

O Voto de Silêncio

“Quando o homem nasce ele é fraco e flexível, quando morre é
forte e rígido. (...) A fraqueza e a
flexibilidade exprimem o frescor
da existência. Aquele que

endureceu não vencerá”

Lao Tse

Não é possível saber se a ameaça de guerra nuclear não passa de uma alucinação de Alexander. Tarkovski força o público a procurar as conclusões dentro de si. Alexander volta-se para Deus em oração, rompe com sua vida passada, destruindo sua casa e separando-se do filho que tanto ama. Fecha-se em silêncio, constatando a desvalorização das palavras no mundo moderno. Para religiosos, a resposta de Deus à pergunta, “o que fazer para evitar um desastre nuclear?”, seria volta-se para Deus. Outros enxergariam Maria como o centro do filme. De acordo com Tarkovski, “nenhuma dessas reações tem qualquer relação com a realidade apresentada no filme” (4).


Em relação à religiosidade de Tarkovski, Michel Chion chama atenção para a surpreendente superposição (mas não uma fusão) entre cristianismo e o pensamento mágico. Uma superposição “perfeitamente ambígua” entre a concepção cristã e um fundo de feitiçaria pagã – em vários momentos de sua obra Tarkovski mostra corpos levitando, mas isso ocorre tanto no paganismo quanto no cristianismo. Por um lado, Alexander se dirige ao Deus Pai para afastar a guerra. Por outro, seguindo um conselho, ele passa a noite com uma feiticeira (duas precauções valem mais do que uma!). Entretanto, quando Tarkovski fala de seu filme, ele usa o discurso cristão, espiritualista, calando-se em relação à magia e as forças obscuras (5).

Mas a fé para Tarkovski é uma aventura, um risco. Em Tarkovski, ainda de acordo com Chion, a fé não leva ao pertencimento a nenhuma comunidade ou a participação em rituais (missas, comunhão, etc.). Ela não é uma segurança, mas um compromisso solitário, uma aposta “louca”. Mas “loucura” aqui tem um sentido muito específico. Alexander alcança a liberdade, mas demonstra isso através de um ato considerado “louco”: se calar e queimar sua casa (a cena foi filmada duas vezes devido a problemas técnicos). Segundo Chion, o final de O Sacrifício sugere também que a paternidade tornou-se impossível. Se a palavra do pai não conta mais, então que contém com seu silêncio.

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Screenshots















































































































2 comentários:

  1. Grande filme do Tarkovsky. Obrigado

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  2. Achei o blog esses dias, procurando por este filme. Fiquei maravilhada. Obrigada e parabéns, já virei visitante assídua.

    ResponderExcluir

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