Chun gwong cha sit, 1997
Legendado, Wong Kar-wai
Formato: avi
Áudio: mandarim, cantonês e espanhol
Legendas: português
Tamanho: 635 MB
SINOPSE
A
dualidade entre paixão e perigo é um dos elementos constantes no tango:
ao mesmo tempo em que há um flerte sensual em jogo, existe também um
senso de tragédia e até melancolia, à medida que os corpos se aproximam,
se abraçam e se afastam um do outro na dança. Em Felizes Juntos (1997), do chinês Wong Kar-Wai,
o tango surge literal e metafórico: dois homens dançam agarrados numa
cozinha suja, em um breve momento que pode até parecer infinito, mas é
apenas uma trégua no meio de um relacionamento destrutivo, filmado com a
intensidade de um tango cinematográfico.
A ironia já começa pelo próprio título:
por mais amor que exista na relação, parece impossível para os
protagonistas Lai Yiu-Fai (Tony Leung Chiu-Wai, ótimo no papel) e Ho Po-Wing (Leslie Cheung)
encontrar a felicidade juntos. Os dois saem de sua terra natal, Hong
Kong, para morar em Buenos Aires, na Argentina, e lá tentar se
reconciliar. Porém, uma nova separação acontece assim que o casal chega
ao país e logo os dois se veem mergulhados novamente numa série de idas e
vindas sem fim, e se veem forçados a morar no país, sem dinheiro para
partir. Por mais que Po-Wing insista em sempre dizer “vamos recomeçar”,
cada um acaba colaborando a seu modo para uma relação cada vez mais
tóxica e sufocante.
Wong Kar-Wai, um dos principais expoentes do que seria considerada uma “segunda Nouvelle Vague” de Hong Kong, filma esse relacionamento com crueza e brutalidade,
expondo as ações que os homens infligem um ao outro de tal maneira que,
no início, é até difícil para o espectador criar alguma empatia por
qualquer um dos envolvidos. Po-Wing é a personalidade mais instável do
casal, que sai com diversos homens e os leva até o clube onde Yiu-Fai
passa a trabalhar. Yiu-Fai, quase sempre provocado pelo outro, no
momento em que tem a oportunidade, mantém Po-Wing praticamente como um
refém, roubando seu passaporte. É um relacionamento que nunca parece encontrar um fim,
assim como a porta do apartamento de Fai, que nunca fecha direito.
Assim, ao som dos tangos de Astor Piazzolla, reforçando a metáfora da
dança, traça-se um círculo vicioso do qual nenhum consegue se desprender
inteiramente.
Fonte: Cineset
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