Sedmikrásky, 1966
Legendado, Vera Chytilová
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: tcheco
Legendas: português
Duração: 74 min.
Tamanho: 712 MB
Servidor: Mega (Parte única)
Duas garotas, ambas chamadas Marie, reconhecem que o mundo está corrompido e decidem embarcar em uma série de brincadeiras destrutivas que consomem e destróem o que está ao redor delas.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.2
ANÁLISE
A marcha militar abre as cortinas. Ao lado de tiros e bombardeios, uma velha e emblemática engrenagem. Aquele que constrói a máquina útil ao seu cotidiano é o mesmo que cria as bombas que mutilam seus semelhantes e, também ele, agindo como uma máquina. A marcha toca e ele segue marchando como uma engrenagem mecânica, nunca parece parar, a música cessa, aviões passam, mas não foram embora, a marcha volta e tudo recomeça no que parece ser um ciclo interminável.
É assim que nos é apresentado Sedmikrasky, lançado no Brasil como “As Pequenas Margaridas”. Realizado pela genial Vera Chytilová em 1966, tal filme mostra o vigor e a inventividade que se tornou marca da Nouvelle Vague. Essa realização é de grande importância para o cinema político – embora a primeira vista não pareça – que se desenvolveu no leste europeu nos idos da década de 1960, como forma de dar voz a um povo há muito calado contra a própria vontade em seu país por vizinhos opressores, e Vera, uma ativista consciente de seu tempo, acredita piamente na força do conhecimento e protesto pela arte, ou pelo menos é o que ela realiza neste “As Pequenas Margaridas”.
Vera Chytilová
Vemos as Margaridas refletindo sobre o mundo, desanimadas, nada parece dar certo, tudo está cinzento e seus movimentos e membros enferrujados, parece que há muito não tem exercitado suas forças ou direitos. Ao perceberem como o mundo tem sido um mal lugar, decidem que serão mal também.
A morena então começa com seu primeiro ato de maldade, porém ainda envolto da inocência começa de forma suave, dá um tapa na Margarida loira, que caí num campo maravilhoso, e tudo fica colorido, elas estão alegres como crianças pulando e brincando, até que um certo fruto lhes chama atenção, simbolizando o fruto da árvore do conhecimento elas decidem comê-lo. Uma vez com este conhecimento não mais conseguem aceitar o marasmo e o tédio da vida medíocre cotidiana. Precisam extravasar. Agora sua imaginação, contaminada pelo saber, começa a fluir rapidamente, e elas voltam a exercitar suas vontades sobre o mundo, que lhes serve de palco para realizarem seu próprio espetáculo.
Temos presente, como alusão ao conhecimento, um objeto que torna a mulher intelectual e independente, de forma a já não precisar mais dos homens. A sátira ao mundo machista ocorre o tempo todo, onde todos os homens são vistos como grandes beberrões pelas Margaridas, tentando comprar seu amor com ternos caros e jantares em restaurantes luxuosos, poesias e declarações que só fazem as Margaridas, facetas da mulher moderna, se divertirem entre si, enrolando tantos homens que as duas preencheram todas as paredes e até o teto de um quarto com nomes e telefones, mostrando deboche por todos. Em uma cena em especial quase morrem de rir quando veem um homem de sunga no píer, tamanha a imbecilidade que veem na imagem. É assim que parecem ver todos esses homens vazios de uma burguesia que não mais existe como classe, e tudo o que podem lhes proporcionar é um pouco de diversão.
A critica a esse amor tem especial destaque nas cenas em que as Margaridas demonstram mais interesse em comer do que ouvir qualquer coisa que os homens tenham a dizer, aliás, apenas interesse em comer, em certa hora a loira diz “eu amo comer”, desviando o assunto que um dos velhos tenta puxar. Vera parece dizer a esses homens o que todas as mulheres devem pensar desses que creem ser cavalheiros, porém na verdade não passando de bufões e chorões. Mas são estes homens, que parecem tão inofensivos, que realizam a guerra e a destruição que vemos no início, eles são os que mantém aquela engrenagem curiosa e perigosa girando, e, uma vez que se descobre quem são eles através da verdade – do fruto – estes merecem ser zombados e denunciados pela película, mas Vera faz isso com total sutileza, que apontar isso é até arriscado nesta análise por ser de conteúdo tão subjetivo, porém decidi fazer esse apontamento, pois foram esses homens que no ano de lançamento do filme barraram a estréia na Tchecoslováquia, lá chegando apenas um anodepois. Então é sinal de que os homens que na época censuravam os filmes viram sua caricatura traçada e desdenhada no filme, logo parecem assinar sua confissão de culpa. Pois não se censura o que não incomoda, e nada que que não seja uma real ameaça pode incomodar. Pois o filme é como o fruto do conhecimento para seus espectadores, capaz de incitar profunda reflexão e revolta contra os homens que criaram a engrenagem. Lembrem-se que a marcha nunca para de tocar.
Somente agora (2016) consegui ver este filme (aliás tinha muita curiosidade). Fiquei fascinada pela fotografia, belíssima. Adorei o comentário, do filme dá para fazer várias leituras e a "desconstrução" é uma crítica A tudo : consumismo, machismo, moral, etc. O final é perfeito ;não lugar neste mundo para Marie e Julie. Me passou pela cabeça um pensamento tosco. às vezes me lembram Beavis e Butthead...
ResponderExcluiresse filme me parece ser muito legal!
ResponderExcluirpena que nao acho pra assistir </3
esse filme parece interessante mas nao acho para assitir em nenhum lugar
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