SINOPSE
O grande tema de Sorte Cega é o destino. A liberdade, que incide sobre o homem como uma condenação inexorável, segundo o francês Jean-Paul Sartre, atemoriza e angustia. Poder escolher entre diversos caminhos, tendo cada instante o valor de uma escolha irreversível, nos humaniza, mas também pesa sobre nossos ombros. O grito do protagonista Witek (Boguslaw Linda) é de horror diante dessa consciência. O mais humano dos gritos, que é o grito daquele que se percebe livre. Kieslowski constrói três possíveis histórias para o seu personagem, todas iniciadas a partir de sua tentativa de pegar um trem em movimento. Essa cena, que inicia cada uma dessas possibilidades de vida, é magistral. A moeda que rola pelo chão é o acaso que se apresenta, oferecendo suas oportunidades. O close-up com que Kieslowski enquadra a mão de Witek tentando alcançar a maçaneta do trem é uma genial metáfora do destino fugidio, que ora se deixa alcançar, ora escapa, em uma fração de segundos.
As três possibilidades de vida de Witek são bastante distintas. Na primeira, o jovem é membro do partido comunista polonês e envolve-se no complexo contexto de acirramento político que fazia parte desse momento histórico na Polônia dos anos 80. O partido é apresentado como uma organização burocrática e ineficaz, o que certamente contribuiu para a censura do filme. Witek assiste a um discurso de um velho ex-militante político, que exalta a esperança em um mundo melhor, mas confessa a frustração da velhice ao ver malograda a tentativa de fazer política com imaginação. O clima de perseguição e antagonismo que encontrou, ao optar por esta primeira posição política, volta-se contra ele mesmo e Witek termina profundamente frustrado, perdendo o amor de sua namorada e jogando, com fúria, sua mala ao chão.
7.9 de 10 | 70% - 86% | 1 h 54 min | Trailer |
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