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domingo, 27 de julho de 2014

O ESPELHO - 1975

Zerkalo, 1975
Legendado, Andrei Tarkovsky
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: russo/espanhol 
Legendas: Pt-Br
Duração: 108 minutos
Tamanho: 1,36 GB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Um homem na casa dos 40 anos de idade está prestes a morrer e começa a relembrar o passado, os tempo de calmaria e a guerra. Os pensamentos e emoções de Alexei (Ignat Daniltsev), e também suas memórias. Ele relembra sua mãe que sofreu depois de ser abandonada com um filho pelo marido, os horrores da guerra e a sua infância. Momentos pessoais, mas que contam a história de toda a nação russa.

Fonte: Adorocinema
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 8.1


ANÁLISE

“O poeta é convocado
para causar um choque
espiritual, não para
cultivar idólatras”

do pai de Aleksei
para a esposa

O Espelho (Zerkalo, 1975) é a história da velha casa onde Aleksei (o narrador) passou sua infância, da fazenda onde nasceu e onde viveram seu pai e sua mãe. É a história da dor de um homem por achar que não pode recompensar a família por tudo o que ela lhe deu. Ele sente que não a amou o suficiente, uma ideia que o atormenta e da qual não consegue se livrar. O filme mostra a capacidade da memória de se estender para além do tempo (1). Arseni Tarkovski, o pai do cineasta, recita seus poemas durante o filme. A mesma atriz é Maria (a mãe, também chamada Masha ou Marousia em algumas cenas de antes da guerra) e Natalia (a esposa de Aleksei quando ela era jovem).

O filme se passa em três períodos distintos: antes da guerra, durante a guerra, depois da guerra (2). Pós-guerra: O filme começa com Ignat ligando a televisão, vemos então o tratamento de uma criança com gagueira (embora não esteja explícito que se trate de um programa de tv). Antes da guerra: Maria, a mãe de Aleksei (Alyosha), sentada á beira do campo, conhece um médico que passa (imagem acima). Na cena seguinte, ela e as crianças saem da casa para ver o celeiro que está em chamas. Antes da guerra: Maria está lavando o cabelo com a ajuda de seu marido. A imagem de Maria jovem se transforma na Maria já senhora de cabelos brancos olhando para o espelho.

Andrei Tarkovsky

Antes da guerra: Acontece um incidente na tipografia. Em vez de escrever Stalin, ela escreveu Shralin (gíria para “excremento”). Ela sussurra para sua amiga Liza e elas riem. Liza diz que Maria lembra uma personagem de Os Demônios, de Dostoyevski. Em seguida, a amiga critica o comportamento de Maria, acha que o marido tinha mesmo que abandoná-la e que ela também vai acabar transformando a vida dos filhos num inferno. Maria chora e mostra indignação. Maria sai, Liza vai atrás, mas não a alcança. Enquanto deixa Maria, Liza recita linhas do Inferno, de Dante: “No meio do caminho de minha vida na terra, encontrei-me perdido nas sombras da floresta...”

Durante a guerra: Natalia e o marido estão brigando, o que é freqüente. Pós-guerra: Ignat folheia um livro sobre Leonardo Da Vinci. Natalia deixa cair sua bolsa. Enquanto ajuda sua mãe, Ignat sente como se já tivesse estado ali. Durante a guerra: Asafyev, um órfão de guerra, está no topo de um morro quando um pássaro pousa em sua cabeça e ele o toma em suas mãos. Maria com as crianças e o marido, que vai para a guerra (ou vai embora). Corte para o retrato de uma mulher, “Genevra de Benci” (Leonardo Da Vinci em 1470). (imagem ao lado, os espelhos estão por toda parte no filme. Com a exceção do pai de Aleksei, todos da família se refletem neles).


Depois da guerra: Natalia e o marido brigando novamente. Durante a guerra/Pós-guerra: Maria e Alyosha visitam sua vizinha. Cena de levitação de Maria presenciada pelo marido (imagem no início do artigo). Maria já velha com as crianças (sonho). Pós-guerra: Aleksei no leito de morte. Aleksei segura um pássaro na mão. Antes da guerra: Maria velha, com o jovem Alyosha e sua irmã, e Maria jovem ao fundo. A câmera vai se afastando, até entrar por entre as sombras de uma floresta. (na época de seu lançamento, o filme recebeu muitas críticas e elogios. Alguns diziam que não passava de auto-promoção, outros que Tarkovski havia documentado a vida deles). 

A Passagem do Tempo Impregna a Ação


“Minha descoberta do primeiro filme de Tarkovski foi como um milagre. Repentinamente, me vi de pé na porta de um quarto cujas chaves, até agora, nunca tinham sido dadas a mim. Era um quarto que eu sempre desejei entrar e onde ele estava se movendo livremente e sem esforço”

Ingmar Bergman

O que Tarkovski chama de imagem artístichabita um mundo à parte. Não é palavra falada, não é literatura. O filme começa e podemos acompanhar o encontro entre Maria e o médico, no campo em frente da casa. Depois que ele parte e ouvimos um poema de Arseni Tarkovski, notamos que ela chora. Em seguida chove, e ela está vendo um celeiro em chamas. Das lágrimas de uma mulher, passamos à chuva da natureza, que, apesar de poder apagar, não impede o incêndio. Em poucos minutos de filme, temos um contraste entre voz e silêncio e água e fogo. (O cineasta sueco Ingmar Bergman tornou-se amigo de Tarkovski. O Sacrifício, seu último filme, foi rodado na Suécia).

Aleksei sonha com sua mãe lavando os longos cabelos com a ajuda de seu pai. O efeito de sua cabeça abaixada e seus cabelos para frente cria uma ilusão, é como se ela fosse um monstro alienígena. Uma distorção da figura humana como prelúdio para a decomposição da própria sala onde ela se encontra (imagem acima, à esquerda). Acompanhamos Maria jovem seguida, na seqüência, por Maria velha no reflexo de um espelho. A mão “real” da anciã toca o espelho. Saímos desse sonho de Aleksei com a imagem de uma mão contra o fogo e o som de um telefone. Aleksei, já adulto, atende. Ele fala com dificuldade devido a uma angina. A câmera passeia pela sala com suas paredes desgastadas até chegar a um cartaz de Andrei Rublev (Andrei Rubliov, 1966), filme de Tarkovski sobre um monge russo do século XV, conhecido por suas pinturas de ícones religiosos. Aleksei não fala com ninguém há três dias e admite estar gostando (imagem acima, à direita).


Segundo ele, “as palavras não têm capacidade de traduzir sentimentos. As palavras são moles”. Em seguida, ele pergunta a mãe porque eles brigam tanto e por que seu pai os abandonou. Ele pede desculpas se fez algo de errado, ela fica em silêncio por alguns segundos e desliga o telefone (lembramos aqui de sua amiga Liza, que havia reprovado veementemente a atitude egoísta de Maria/Natalia em relação ao marido e aos filhos). Enquanto Aleksei se cala por suas razões, Rublev faz voto de silêncio depois de conhecer o mundo fora do mosteiro. Durante todo o filme vemos cenas de arquivo dos acontecimentos na União Soviética e no mundo durante a vida dos personagens.

Continue lendo em cinemaeuropeu

Screenshots



































































































































































8 comentários:

  1. Obrigada! Estava procurando, mas as legendas não sincronizavam.

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  2. Muito bom o blog, parabéns pelo excelente trabalho!!!

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  3. acabei de ver esse filme...to impactada

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  4. Estimad@s, obrigado pelo lindo site com conteúdo fantástico. Mas, o Megaupload está cotando a taxa de tranferência mensal. Não consigo mais baixar nada com uma conta gratuita. Seria possível disponibilizar através de outra plataforma? Ou torrent? Abraços afetuosos

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  5. Um dos poucos filmes de Tarkovsky que assisti e achei muito bom, uma viagem. Preciso assistir outros dele. Solaris, ainda não vi.

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