Sib, 1998
Legendado, Samira Makhmalbaf
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: persa
Legendas: Pt-Br
Duração: 86 min.
Tamanho: 700 Mb
Servidor: Depositfiles E Firedrive (Parte única)
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Parte única (Depositfiles)
ou
Parte única (Firedrive)
SINOPSE
"A Maçã” narra a história verídica de duas irmãs gêmeas, Massoumeh e Zahra, trancafiadas em casa pelos pais – uma senhora cega e um senhor desempregado – durante 11 anos, o que as levou a um processo de atraso no desenvolvimento global. A prisão domiciliar era justificada por uma passagem de um texto religioso do Alcorão, segundo o qual as jovens são como pétalas, que fenecem ao contato do sol e não podem ser tocadas por homens. No filme, acompanhamos o drama dos pais (do pai, principalmente) para não ver as filhas ficarem sob a tutela do Estado. Ele tentará ensinar as meninas a desenvolver habilidades essenciais, como varrer o terreiro e fazer comida, para provar a uma assistente social que elas devem ficar com a família. O instigante é que não só a história das irmãs é verídica como os envolvidos no drama representam a si mesmos no filme. O pai, por exemplo, aceitou representar a si mesmo por acreditar que, assim, poderia defender seu nome, que fora, em sua opinião, caluniado.
Fonte: Cinedica
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.2
ANÁLISE
O
primeiro plano do filme não poderia ser mais revelador de todo contexto do
filme. Uma flor precisa ser regada, e uma mão do alto do plano tenta jogar água
de uma caneca, mas há algum impedimento (fora de campo) que faz com que apenas
um bocadinho de água consiga realmente chegar a seu objetivo. De fato, A
Maçã será a tentativa de fazer com que essa flor possa
ser regada livremente, que a mão que rega a planta possa ter toda a liberdade.
Um filme contra os entraves da liberdade? Também. O primeiro filme de Samira
Makhmalbaf surpreende menos pelo formato (mistura documentário-ficção comum nos
filmes do seu pai, Mohsen Makhmalbaf, mas originalmente criada por Abbas
Kiarostami a propósito do pouco conhecido Close-Up) do que pela sutileza com que ela mostra seus
personagens, com o intrincado e um tanto insólito desenrolar dos
acontecimentos.
Samira Makhmalbaf
A história da qual o filme parte nos é dita logo no
começo do filme: um pai prende suas duas filhas em casa porque a mãe é cega. A
partir de um abaixo-assinado organizado pelos vizinhos, o assunto passa a ser
conhecido pelos jornais e pelas autoridades. Uma assistente social é designada
para fazer com que os pais respeitem as definições da justiça: que às meninas
seja dada a liberdade. O que no começo parece pura idiossincrasia paterna vai
aos poucos se revelando como uma complicada teia de preconceitos, fanatismo e
jogos de poder. Primeiro vemos a justificação filosófica para mantê-las presas:
diz o Livro que as meninas são como pétalas de flor que se desmancham em
contato com o Sol. Depois, mais tarde, o verdadeiro motivo: o domínio da
mulher, cega, mas que aparece como a verdadeira força (do mal) oculta no filme,
uma força sem cara (ela aparece sempre encapuzada), para defender o antigo
modelo, em contraposição ao novo modelo, defendido pela assistente social.
Poderia-se dizer que A
Maçã é um filme feminista? Parece que não. O filme é,
isso podemos dizer, um assunto
de mulheres. De fato, elas são
tudo que move o filme, e os homens (o pai e o vendedor de sorvetes) estão na
história apenas como atualizadores de um sistema.
Mas há em A
Maçã uma beleza bruta, desconhecida. Beleza documental,
uma função-Freaks (o filme de Tod Browning): vemos as meninas
embrutecidas pelo tempo de clausura — elas não falam direito (quase uivam!), se
movimentam estranhamente, não sabem utilizar o dinheiro... Mas há algo que
humaniza-as em primeira instância (e aí a função parece se confirmar),
imediatamente. É o sorriso delas, o gosto de conseguir sair pela rua, de
brincar selvagemente com as meninas mais ricas, de comer as maçãs resultantes
de sua primeira compra...
Fala-se muito de uma suposta ingenuidade do cinema
iraniano, de uma suposta sinceridade documental que é comum a todos os filmes
iranianos. Não se poderia imaginar mais bobagem! Se certos filmes do Irã
realmente assumem a forma lógica e estética de certos filmes do neo-realismo (Ladrões
de Bicicleta,
por exemplo), como O Jarro e Gabbeh, o grosso dos cineastas
iranianos trabalha com o contrário da verdade, com a mentira. A reconstituição,
figura clichê do cinema americano, torna-se no cinema do Irã um escalonamento
de planos de interpretação possíveis (em A Maçã, os fatos realmente ocorreram e
os protagonistas são os mesmos na realidade e na ficção), o cinema iraniano
pode tornar-se um cinema da crueldade (Salve o
Cinema) ou
um cinema nitidamente voltado para a mentira como principal modelo para chegar
à verdade (Kiarostami). A Maçã é um digno representante desse
cinema, um primeiro momento de uma diretora que promete dar altos passos.
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Este filme é uma moca! Grande post, Hilarius; excelente filme; boa malha!
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