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domingo, 19 de janeiro de 2014

ELA - 2013

Her, Legendado, 2013, Spike Jonze

INDICAÇÃO DA SEMANA!
Indicados nas seguintes categorias para Oscar 2014: Melhor Filme, Roteiro Original, Trilha Sonora Original, Canção Original ("The Moon Song", de "Ela" – Karen O - música e letra - e Spike Jonze -letra), Design de Produção.
Classificação: Excelente
Formato: AVI (Xvid exclusivo para exibição)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 126 Min
Tamanho: 686 Mb
Servidor: MEGA (2 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2


Sinopse: Em um futuro não muito distante, o escritor solitário Theodore compra um novo sistema operacional desenhado para atender todas as suas necessidades. Para surpresa de Theodore, começa a se desenvolver uma relação romântica entre ele e o sistema operacional.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.6


Crítica:
Tudo o que você precisa é do amor. Frase clássica em música dos The Beatles e mantra que é repetido geração após geração – conhecendo as pessoas ou não a tal música. O problema é que a afirmação de tão verdadeira, se torna muitas vezes fonte de sofrimento. Muito sofrimento. A condição humana de busca pelo amor e seus descaminhos rendeu e ainda vai render muitas histórias. E chega a assustar quando uma obra como Her aparece. Porque apesar de ser uma ficção, ela torna de forma muito exata muito do que acontece e do que vai acontecer na vida real. Mais uma obra-prima de uma das mentes mais criativas das últimas décadas, o diretor e roteirista Spike Jonze.
A HISTÓRIA: O rosto de Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) ocupa toda a tela. Ele lê um texto que parece fazer parte de uma carta dirigida à Chris. O texto fala sobre lembranças do relacionamento que, agora, está completando 50 anos. Ao lado da carta, que está sendo redigida com a letra de Loretta, fotos do casal com os nomes “Chris” e “Loretta” identificados no computador de Theodore. Acima das fotos, algumas “linhas gerais” da correspondência, como “amor da minha vida” e “parabéns pelo aniversário de 50 anos”. Após terminar de declamar o texto, Theodore pede para que a carta seja redigida. Em seguida, ele começa a criar outra carta. A câmera se afasta, e vemos vários cubículos com pessoas fazendo o mesmo que Theodore. Solitário, em breve ele terá uma oportunidade de viver uma relação que esboça os sentimentos que ele quis imprimir naquela correspondência.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso só recomendo que continue a ler quem já assistiu a Her): Quando terminei de assistir a este filme, fiquei em dúvida sobre como começar este texto e mesmo sobre a nota que deveria dar para a produção – um problema recorrente quando eu gosto muito do que assisto. Afinal, não queria ser injusta com uma obra tão madura, instigante e que segue a linha que eu gosto de cinema: de filmes que são, ao mesmo tempo, surpreendentes e humanos, filosóficos. Que falem da gente, de nossas inquietudes, possibilidades e limitações.
Sou fã de Spike Jonze desde que ele dirigiu Being John Malkovich, uma das viagens da mente criativa do roteirista Charlie Kaufman. Depois ainda viria Adaptation., outra parceria de Jonze com Kaufman. Perdi Where the Wild Things Are porque, admito, a ideia do filme não me atraiu muito. Mas agora, de olho nas produções cotadas para o Oscar, tive o prazer de “reencontrar” Jonze.
Tentei saber pouco sobre Her antes de assistir ao filme. Ouvi apenas que a história se passava em um futuro não muito distante. De fato, isso é verdade. E por este futuro estar tão próximo, é possível identificar vários elementos do presente no roteiro brilhante de Jonze. Para começar, Theodore utiliza um dispositivo que se assemelha muito às últimas gerações de smartphones – especialmente o iPhone da Apple, que já utiliza o reconhecimento de voz. Pois bem, o “leitor de e-mails e de notícias” ao qual Theodore sempre recorre é uma pequena evolução do que temos hoje.
Mas o essencial de Her surge na relação que o protagonista e várias pessoas como ele desenvolvem com a última novidade entre os conectados com as tecnologias mais modernas, o OS1, o primeiro “Sistema Operativo de Inteligência Artificial” do mercado. Várias experiências envolvendo inteligência artificial estão sendo desenvolvidas nas últimas décadas e o investimento nesta área só tende a aumentar. Então é assustadoramente viável o que vemos no roteiro de Jonze.
Só que antes de falarmos da relação entre Theodore e Samantha (com voz de Scarlett Johansson), vale voltar um pouco mais na história e fazer um perfil do protagonista desta produção. Theodore é um sujeito que vive da casa para o trabalho, quase não tem relações pessoais e luta para enfrentar a realidade de que o casamento com Catherine (Rooney Mara) terminou. Entre o trabalho e a casa, ele pega transporte público e utiliza a última geração de smartphone para se atualizar sobre as notícias. Chegando em casa, se distrai com uma versão um pouco mais moderna que as atuais de videogame. Quantas pessoas assim existem, atualmente, no mundo? E quantas vão existir dentro de algumas décadas?
Na fase atual, Theodore pode ser considerado um sujeito solitário. As únicas interações com humanos que ele tem, cara-a-cara, são com o chefe direto dele na agência que produz cartas pessoais, Paul (Chris Pratt), e com a amiga do tempo da faculdade, Amy (Amy Adams) e o marido, Charles (Matt Letscher), que vivem no mesmo prédio que ele. Mas ainda que ele tenha estas relações, nenhuma delas parece profunda. E Theodore não parecer ser uma exceção. Neste contexto em que os indivíduos tem relações superficiais, apesar de seguirem carentes de afeto, de carinho e de amor, é que surge a inovação do OS1.
Como se você escolhesse um avatar em um jogo qualquer, Theodore prefere que o sistema que ele comprou tenha uma voz feminina. E é assim que surge na vida dele Samantha. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Pouco a pouco a inteligência artificial vai evoluindo e aprendendo, não apenas com e sobre Theodore, mas muito além dele ao conectar-se com outras personalidades como ela na rede. Daí que se desenvolve a genialidade de Her. Theodore encontra em Samantha a “solução” para quase todos os seus problemas. Afinal, ela nunca vai lhe dizer não, ou desaparecer… estará, virtualmente, sempre disponível e amorosa, compreensiva, uma voz “amiga” para aconselhar aquele homem cheio de dúvidas, aspirações e talento.
Pouco a pouco, além de amiga, Samantha se torna “amante” e desenvolve uma ligação que chega a ser considerada uma relação amorosa por Theodore. Achei interessante como a sociedade de Her está “desenvolvida” ao ponto de que Theodore não fica com medo de assumir que está se relacionando com um “sistema operativo”, ou seja, com uma máquina em última instância. Quando ele diz para os outros que Samantha é um OS1, pessoas como Paul reagem bem à novidade. Apenas Catherine, conhecendo bem o quase-ex-marido, reage de forma negativa, jogando na cara de Theodore que ele não sabe lidar com emoções reais. E bingo!
Este é um dos pontos mais fortes do filme. Como uma espécie de crítica para o nosso futuro imediato, mas que guarda grande relação com o presente, Her questiona o tipo de relações que queremos, que necessitamos para evoluir. Theodore viver tendo Samantha como sua “alma-gêmea” é algo possível, mas que o torna muito limitado. Afinal, amar quem só concorda com a gente, ou que nos “serve”, é fácil. Mas as relações humanas existem justamente para aprendermos com o que é diferente, com o que nem sempre nos agrada e com o que se volta difícil.
Há cenas verdadeiramente “chocantes” em Her. Como aquela em que Theodore fica descontrolado com o “sumiço” de Samantha. Jonze aproveita a ocasião para mostrar com muito mais força algo que já tinha revelado de forma rápida anteriormente: todas as pessoas caminhando para os seus compromissos ou para casa conectadas em seus aparelhos e, aparentemente, à sua própria OS.
Como agora, quando vemos várias pessoas em uma mesa de bar com os seus smartphones e sem conversar entre si, na sociedade de Her os indivíduos de carne e osso não interagem, muitas vezes se quer se olham. Todos estão muito ocupados com a tecnologia e com os seus “parceiros perfeitos” criados através de inteligência artificial. Mas a pergunta que Her levanta e que deixa para espectador responder é: estas relações são reais?
Quero voltar um pouco mais na análise, outra vez, para destacar algo que achei brilhante na escolha de Jonze: fazer de Theodore um escritor de cartas pessoais que reproduzem, entre outros elementos, inclusive a caligrafia do remetente. Desta forma, o diretor e roteirista conseguiu algo genial: uniu uma das práticas mais antigas, possível desde a invenção do alfabeto e do papiro, com o que há de mais moderno na tecnologia. Mas Theodore não é um “escrevinhador de cartas” (para usar uma lembrança do genial Central do Brasil) porque as pessoas do futuro visto em Her não sabem escrever.
Não. Ele é um escrevinhador porque ninguém mais tem tempo de parar e mandar uma carta para quem se ama. Isto aconteceu como efeito imediato do surgimento do e-mail, e parece estar a cada ano pior. Ao mesmo tempo, vemos a alguns movimentos “retrôs”, que gostam de resgatar hábitos, objetos e produtos do passado. Theodore consegue, sozinho, fazer tudo isso. Achei brilhante.
Como um romancista, o protagonista de Her cria breves peças de ficção utilizando poucos elementos que lhe são passados pelas pessoas que contratam o serviço do envio de cartas personalizadas. Dito isso, acho propício voltar para aquela pergunta fundamenta: a relação de uma pessoa com o OS que ela comprou pode ser considerada uma relação real? Vivendo uma fase complicada, de insegurança e solidão, Theodore não valoriza o próprio trabalho. Mas Samantha percebe que ele tem potencial e acaba agindo para que o escrevinhador de cartas tenha o trabalho valorizado por uma editora – curioso que, como as cartas, os livros seguem firmes e fortes.
Então Samantha tem uma influência direta na vida de Theodore. O mesmo acontece na resolução do divórcio dele. Além disso, e esse eu acho o ponto mais importante, Theodore vive emoções reais na interação com Samantha. Há cenas verdadeiramente incríveis dos dois “passeando por aí” – com a sacada dela compondo músicas para marcar os momentos como alguns dos pontos fortes do filme. Se Theodore ri do sarcasmo de Samantha, se preocupa com ela e fica angustiado quando eles não estão bem, estes sentimentos não são reais? E se os sentimentos são reais, a relação também não é? Eis o ponto-chave do filme.
Cada um vai responder a estas perguntas da sua maneira. Mas para mim, não há uma relação real com uma máquina, ou com a virtualidade – do contrário, teríamos “relações reais” com um videogame. Você pode sentir diferentes emoções, mergulhar em realidades criadas, mas nunca será uma relação verdadeira como a com um humano, que é complexo e, muitas vezes, imprevisível. Pelo simples fato que a inteligência artificial é fruto de uma sequências de parâmetros e processos criados pelo homem e que tem uma resposta previsível – e mesmo que ela “avance” sozinha, como acontece em Her e em outros filmes do gênero, não dá para dizer que ela fuja das regras iniciais impostas. Uma exceção talvez seja o computador HAL de 2001: A Space Odyssey.
Agora, e o que dizer sobre as nossas próprias reações? Em certo momento, fica no ar a pergunta de quanto o que nós fazemos, pensamos e como sentimos também não é programado? Seja por nossos instintos, influências de criação familiar ou histórico de vida, ou mesmo pela evolução da nossa espécie. Mas especialmente os neurologistas vivem explicando como reagimos de certas maneiras ao prazer e ao perigo por uma herança ancestral. Visto deste ângulo, quanto de fato não agimos de forma programada como Samantha e os demais OS’s?
Por minha parte, acho sim que muito do que fazemos é programado. Mas há sempre o elemento-surpresa, a reação diferenciada que podemos ter não apenas pela nossa capacidade de aprender com os próprios erros, mas também com a nossa vontade de fazer além do que está previsto que façamos. Temos a rara e magnífica possibilidade de escolher. Só que aí, no final de Her, estas mesmas qualidades que são típicas do ser humano também acabam marcando uma certa atitude das OS’s… e agora, cara-pálida? O que acaba nos tornando únicos? E de fato, somos únicos?
Além destas questões filosóficas, para mim Her tocou fundo nas questões que eu citei lá no começo deste texto: de como todos nós procuramos o amor, e como esta busca nos trás alegrias e também sofrimento. Não importa onde ou como você encontra o amor, ou quantas vezes ele possa acontecer em sua vida, mas somos movidos pela busca por ele. O personagem de Theodore é complexo porque está lidando com a perda, mas também se anima com as novas possibilidades de amar. Sem saber que, no fundo, a busca dele por amor acaba sendo de autodescoberta.
A personagem de Catherine aparece pouco, mas tem uma presença devastadora. E esta é a potência de quem nos conhece bem. Mesmo demorando para entender que nunca terá mais o mesmo que teve um dia com Catherine, Theodore aprende na reflexão sobre o que eles tiveram um pouco mais sobre as suas próprias capacidades e limitações. E esta é uma das belezas do amor. Nos ensinar tanto.
No final de Her, Theodore está muito mais preparado para viver uma história real do que estava no início. Por incrível que possa parecer, mas foi um sistema operacional que o ajudou no processo – ao invés de um psicólogo ou psiquiatra. Os recursos para a ajuda mudam, e são adaptados para cada pessoa e o seu tempo. Mas o importante é que, no final, há sempre um horizonte que pode ser compartilhado. Her trata de tudo isso, e de uma maneira criativa, atraente e inteligente. Alguém precisa de algo mais?
NOTA: 10.
Fonte: Moviesense - Blog em wordpress









5 comentários:

  1. Obrigada por disponibilizar o filme com qualidade e legenda. Adorei o filme. Adoro seu blog.

    Com carinho, Marina.

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  2. Marina, sinta-se à vontade para pedir também. O filme realmente é excelente, e alguns dizem que tem boas chances contra o favorito, "Gravity".
    Agradecemos a sua visíta.

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  3. Como é fascinante a Inteligência Artificial (IA).
    Eu, enquanto leigo em cinema, sou fascinado por inteligência computacional, especificamente por IA. E neste filme, percebo elementos de IA que abstraem a complexidade científica do assunto. Um misto de sistemas fuzzy, redes neurais e algoritmos genéticos são encontrados na implementação do sistema operacional apresentado no filme. Samantha é o estado da arte da IA e metaprogramação (obviamente ficcionado, mas perfeitamente possível).

    Não me atenho as discussões sobre emoções reais ou fictícias, relação humano-computador, computação ubíqua, conflitos da "consciência" computacional, problemas conjugais, relação de amizade, moral da estória, etc..., enfim, tudo aquilo que circunda a atmosfera do filme. Esses assuntos são demasiado polêmicos e subjetivos.

    No mais, ratifico que foi uma ótima forma de retratar IA. Tá no páreo do Oscar!

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  4. obrigada pela disponibilização do filme! aproveito para agradecer a equipe do blog pelo excelente acervo, pela fantástica atualização do mesmo... abraço, Ludimila.

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