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terça-feira, 24 de setembro de 2013

MACUNAÍMA - 1969

Macunaíma, 1969
Joaquim Pedro de Andrade


Formato: AVI 
Áudio: português
Duração: 110 minutos
Tamanho: 1 GB
Servidor: Mega (3 partes)

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Parte 3

SINOPSE
Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de negro (Grande Otelo) virou branco (Paulo José). Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos. Depois dessa longa e tumultuada aventura urbana, ele volta à selva. Um compêndio de mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance de Mário de Andrade.

Fonte: Interfilmes
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 6.8



ANÁLISE

“Feiúra não é documento”. Talvez a frase que Grande Otelo diz ao ser chamado de “menino feio” por seus parentes soe ironicamente contraditória ao analisarmos a personalidade dos personagens deMacunaíma.

Rodado no final dos anos 60, o filme é uma leitura da obra literária homônima escrita em 1928 por Mário de Andrade. A visão do diretor Joaquim Pedro de Andrade reflete na tela uma interpretação “atualizada” do livro e, por isso, traz elementos que representam o cenário sócio-cultural brasileiro daquela época – e também um pouco do atual, em certos aspectos.

O filme fez parte do movimento do Cinema Novo, que procurava estabelecer uma identidade autoral para a cinematografia brasileira, longe das produções de estúdio e das chanchadas fantasiosas. Curiosamente, foi com um dos maiores representantes da chanchada brasileira, Grande Otelo, que o Cinema Novo conseguiu chegar mais perto de seu objetivo: usar a câmera como instrumento de denúncia e ferramenta intelectual e ser, ao mesmo tempo, um cinema de aceitação popular.

Joaquim Pedro de Andrade

Para conseguir isso, Joaquim Pedro de Andrade contou a história original com o olhar da realidade brasileira das décadas de 60 e 70, quando o país vivia tempos de repressão militar e passava por um momento de crise e indefinição política, econômica, social e cultural. Como a vigência do AI-5 ditava as regras, a forma que o Cinema Novo encontrou para representar a realidade nos filmes foi a alegoria. Neste aspecto, Andrade utiliza com genialidade elementos do folclore brasileiro (as lendas de Curupira e de Iara) e diversos aspectos de nossa cultura (o candomblé, o samba), para satirizar e criticar a sociedade daquele momento de transição.

A principal alegoria percebida no filme reside no próprio protagonista. Macunaíma (na “fase negra”, interpretado por Grande Otelo) é a grande paródia proposta, a grande ironia do diretor, que o apresenta como “herói de nossa gente” no momento em que ele nasce em uma cabana no meio do mato, sendo praticamente defecado pela mãe. A descrição do personagem chama a atenção: “Dormia o dia inteiro, mas acordava para ganhar dinheiro”. Não bastasse sua inerente preguiça, Macunaíma é manhoso e chora para conseguir o quer – mas nem sempre consegue. Quando a família reparte os pedaços de uma anta durante a refeição, Macunaíma fica apenas com as tripas do animal. “Pra você tá muito bom! Come e não discute!”, respondem os irmãos e a mãe do “garoto” à sua reclamação.

Este é o nosso herói, o representante de nossa gente. Quem o governa, o despreza. Mas quando se pensa que Macunaíma se sente subjugado pelo poder, ele se transforma. Ao encontrar uma fonte mágica e se transformar em um homem branco (o ótimo Paulo José), ele brada: “Fiquei branco! Fiquei lindo!”, ao passo que seu irmão negro não consegue passar pela mesma metamorfose. Como resultado, Macunaíma automaticamente torna-se o líder da família, ficando, inclusive, com a mulher do irmão negro. Toca-se aqui no ponto cínico do racismo, que ainda faz parte da sociedade brasileira. O negro, ou o feio, além de ser socialmente menosprezado, se vê em um papel passivo frente à hegemonia branca e a idolatria ao modelo europeu. Feiúra, neste sentido, é documento, sim.

Mas o filme não cessa no racismo sua metralhadora de crítica social. Outro ponto destacado, entre as várias referências feitas pelo diretor, diz respeito ao individualismo e ao espírito capitalista que se apossava da população. Quando Macunaíma chega à cidade grande com seus irmãos, ele se envolve com uma guerrilheira (outra grande ironia, já que é símbolo de rebeldia), com quem passa a morar e dividir uma casa. Enquanto isso, ele deixa os irmãos na rua, sem moradia e comida. Mais tarde, Macunaíma e a guerrilheira têm um filho, a quem ele aconselha: “Cresce depressa pra você ir pra São Paulo ganhar muito dinheiro”. Esse espírito de lucratividade reflete um (anti) herói possessivo, cujos objetivos só tendem a beneficiar a si próprio, nunca aos outros. Assim, introduz-se outra alegoria referente ao cenário político-econômico do Brasil naquela época: o “gigante” Venceslau é a representação da iniciativa privada e extensão da abertura econômica e da internacionalização do capital nacional.

Como Andrade se baseou em uma obra do modernismo, um elemento claramente observado é a antropofagia, que pode ser encarada como um canibalismo não só cultural, mas também social. Os personagens se devoram, tratam-se com violência, e essa apropriação do outro inclui não só uma interiorização das diversas culturas que chegam até a nossa sociedade, como também de todo o seu caráter e seus problemas.

Nosso herói consegue se dar bem graças ao “jeitinho brasileiro”, mas também demonstra inocência ao ser ludibriado por um vendedor de quem compra um pato que, supostamente, bota moedas em vez de ovos. Neste tom constantemente alegórico, Macunaíma rasga todos os podres da sociedade e mostra como o Brasil era (e ainda é) inocente, assim como o protagonista. 

Por Renato Silveira
Análise retirada do site cinemaemcena




























































































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