Importante

Para que o blog continue é fundamental que vocês deixem o filme compartilhando por pelo menos 3 vezes o tamanho do arquivo original. Se um arquivo tem o tamanho de 1gb, é importante que vocês deixem compartilhando até atingir 3gb. Isso ajudará a manter o arquivo com seeds (sementes) para que outras pessoas possam baixam os arquivos.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

OS AMORES DE UMA LOIRA -1965

Lásky jedné plavovlásky, 1965
Legendado, Milos Forman
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: tcheco
Legendas: Pt-Br
Duração: 90 minutos
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Em uma pequena cidade da Tchecoslováquia, jovens e mulheres sentem-se solitários. Para acabar com tal solitude, o exército envia um grupo de reservistas para o local. Em uma festa, as jovens mulheres percebem que o conjunto é composto de homens de meia-idade e nem um pouco atraentes. Apenas Andula (Hana Brejchová) deixa a comemoração acompanhada. Porém, as coisas não sairam como o planejado.

Fonte: Adorocinema
The internet movie database: IMDB- NOTA IMDB: 7.7


ANÁLISE

Foram os anos de glória do cinema checo. Em 1965, A Pequena Loja da Rua Principal, de Jan Kadar e Elmar Klos, recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro. Dois anos depois, o cinema checo bisou o feito com Trens Estreitamente Vigiados, de Jiri Menzel. Não era só o prêmio da Academia de Hollywood que se rendia ao brilho e inteligência do cinema da Checoslováquia. Em todo o mundo, filmes como Um Dia, Um Gato, de Vojtech Jasny, e Os Amores de uma Loira, de Milos Forman, eram reverenciados pelos críticos e adorados pelo público. 


Milos Forman se constitui num caso muito interessante. Já era o maior diretor da Checoslováquia, o mais importante da nouvelle vague checa, quando, forçado pelas circunstâncias políticas, emigrou para os EUA, virando um grande cineasta americano. O Big Five, a consagração dos cinco principais Oscars de Um Estranho no Ninho foi precedida pelo vigor crítico de Procura Insaciável e depois vieram Amadeus, Na Época do Ragtime - o maior ataque ao racismo feito por Hollywood -, O Povo contra Larry Flint e O Mundo de Andy. Nenhum passo em falso num currículo sempre brilhante. O relativo insucesso de Valmont pode ser explicado pelo fato de que a versão de Forman para o romance epistolar de Choderlos de Laclos surgiu ao mesmo tempo que a de Stephen Frears - Ligações Perigosas - e sem o cinismo da outra, que o público preferiu. 

Em 1965, na época da Loira, Forman era um diretor de 33 anos (nasceu em 1932) que gostava de dizer que só faria filmes sobre jovens, porque eles eram mais honestos e puros que os adultos. Loira foi precedida por Pedro, o Negro e em ambos Forman colocou na tela, com realismo e humor (não desprovido de certa amargura), a rebeldia dos jovens checos dos nos 1960. A loira, interpretada por Hana Brejchova, trabalha numa fábrica nos arredores de Praga. Não existem muitos homens no lugar. Não existe nenhum que se encaixe nos parâmetros que ela estabeleceu para o seu homem ideal. E, então, chega à cidade um destacamento de soldados. São velhos, mas entre eles há um, o mais jovem, que toca piano na banda militar. Vira o amor da loira e Forman usa a relação da personagem de Hana com os homens, o trabalho, a família e a cidade para fazer um filme revelador sobre a sociedade checa da época. 


A Pequena Loja é de outra inspiração. O tema dos diretores Kadar e Klos é o colaboracionismo com os nazistas, durante a 2.ª Grande Guerra, quando a Checoslováquia foi ocupada pelos alemães. Há essa velha judia que possui a pequena loja na rua principal. E há esse homem que colabora com os alemães, movido pelo secreto desejo (não tão secreto assim, você vai ver) de se apossar da loja. Kadar teve uma juventude difícil: foi obrigado a trabalhar num campo de concentração. Conheceu todo o horror da guerra e o expressou, em parceria com Klos, em filmes como O Anjo da Morte (ex-O Anjo da Morte se Chama Engelchen), sobre comandante nazista que oprime os checos. A dupla filmava o horror da guerra, mas cultivava um humor peculiar, o que faz de A Pequena Loja um dos precursores de A Vida É Bela, de Roberto Benigni. 


Hoje, a Checoslováquia se chama República Checa e Eslováquia e ninguém mais dedica ao cinema checo a atenção que ele merecia há 40 anos. Naquele tempo, mais do que qualquer outro país do Leste Europeu, a Checoslováquia realizava na prática o sonho de um socialismo democrático, que terminou abruptamente quando os fascistas, vestidos de vermelho, invadiram Praga com seus tanques, em 1968. A chamada Primavera de Praga foi um sonho que durou pouco, mas permitiu que artistas como Forman, bebendo na fonte da nouvelle vague francesa, fizesse um cinema libertário e crítico em relação à burocracia stalinista. 


Após a invasão soviética, Forman partiu para os EUA e se deu bem no cinema americano. Kadar também foi para a América, mas não se deu tão bem. Morreu em 1979, depois de fazer dois filmes, O Anjo Levine e Lembranças da Minha Infância: no primeiro, um anjo negro baixa à Terra para redimir judeu que perdeu a fé; no segundo, a história de uma família judia, num bairro pobre, é vista pelos olhos de um garoto. E não se falou na animação checa, marcada pelas experiências de Jiri Trnka com marionetes, a partir de 1945.

Análise retirada do site cinefiliacultura

Screenshots































































































































terça-feira, 30 de dezembro de 2014

UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO - 1991

A brief history of time, 1991
Legendado, Errol Morris
Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 80 minutos
Tamanho: 560 MB
Servidor: 1Fichier (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Um filme sobre a vida e o trabalho do cosmólogo Stephen Hawking, que, apesar da quase total paralisia, é uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos. Há cenas de palestras e entrevistas com amigos e parentes.

Fonte: Cineplayers
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5


Screenhosts


































































































segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O MUNDO SEGUNDO DICK CHENEY - 2013

The World According to Dick Cheney, 2013

Legendado, R. J. Cutler
Classificação: Bom

Formato: mkv
Áudio: inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 110 minutos
Tamanho: 1,81 GB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Considerado o vice-presidente mais poderoso da história americana, Dick Cheney revela neste documentário por que também é visto como um dos políticos mais controversos dos Estados Unidos. Através de depoimentos de pessoas próximas e entrevistas com o próprio, o filme mostra como foram os anos no poder do segundo homem mais importante do governo de George W. Bush.


The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.1


Screenshots
















































































































domingo, 28 de dezembro de 2014

A LESTE DE BUCARESTE - 2006

A fost sau n-a fost?, 2006
Legendado, Corneliu Porumboiu
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: romeno
Legendas: Pt-Br
Duração: 89 minutos
Tamanho: 655 MB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
No aniversário de 16 anos da queda do ditador Ceausescu na Romênia, uma emissora de TV local decide reunir pessoas para um debate sobre o tema. Entre os convidados estão Piscoci (Mircea Andreescu), um velho aposentado, e Manescu (Ion Sapdaru), um professor de história que analisa as mudanças locais ocorridas desde 25 de dezembro de 1989, data de execução do ditador.

Fonte: Adorocinema
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.4



ANÁLISE

Novo cinema romeno (ou as narrativas do tripé quebrado)

Em um determinado momento de 12:08 Leste de Bucareste, estréia em longa-metragem de Corneliu Porumboiu (ganhador da Camera d`Or em Cannes 2006), o dono de uma pequena emissora de televisão questiona, durante um programa de entrevistas do qual também é entrevistador, por que o cinegrafista está subvertendo os enquadramentos. O cinegrafista, que já havia sido repreendido antes por filmar um grupo musical no estúdio da emissora com a câmera na mão, retruca na lata: "O tripé quebrou". Pois essa imagem do tripé quebrado e seus efeitos na imagem do programa (e do filme) podem ser tomadas como metáfora-síntese desse e de outros dois filmes romenos presentes no Festival do Rio e na Mostra de SP: Doentes de Amor, de Tudor Girgiu, e Como Festejei o Fim do Mundo, de Catalin Mitulescu (prêmio de melhor atriz para Doroteea Petre na mostra Un Certain Regard).

                                                          Corneliu Porumboiu

Os três realizadores são estreantes, todos com idade inferior a 35 anos. Essa proximidade geracional não explica, completamente, as características em comum entre seus filmes, já que, no estilo e nos enfoques, cada uma das obras tem suas próprias distinções. Também não se pode vê-las apenas como resultado de um outro tipo de proximidade – a cultural e geográfica com os vizinhos ex-comunistas do Leste Europeu. Se é inegável o parentesco desses filmes, em níveis variados, com certo cinema iugoslavo (dos anos 70 em diante), também parece se insinuar, em suas dinâmicas, algo próprio do contexto romeno, não apenas por serem fincados no universo histórico/identitário do país (no fim ou após a era Ceaucescu, ditador do período comunista, que caiu do poder na virada de 1989 para 1990), mas, sobretudo, por adotarem ou serem adotados pela "dramaturgia do tripé quebrado".

Se o cinegrafista de 12:08 A Leste de Bucareste subverte o padrão de enquadramento ao tomar a câmera na mão no estúdio de televisão, mudando o padrão "câmera no tripé" até o momento da entrevista anedótica, nesses filmes também há uma subversão da estrutura organizadora dos fatos exibidos. Esse cinegrafista, portanto, sintetiza os cineastas. Cada um deles parece dar uma banana para uma noção adequada de roteiro, abrindo mão da organização para se concentrar na força autônoma dos fragmentos. É como se o tripé do roteiro, para insistirmos nessa imagem tão feliz, tivesse quebrado, abrindo passagem para uma narrativa torta, às vezes destrambelhada, às vezes de entendimento rarefeito ou confuso, mas que, justamente por conta dessa anarquia menos ou mais controlada, impõe-se com frescor, vitalidade e originalidade, ainda que com êxitos distintos (menos em Doente de Amor, mais em 12:08 Leste de Bucareste).


Tomemos como exemplo 12:08 Leste de Bucareste. A primeira metade é uma reunião de fragmentos filmados com razoável rigor, câmera fixa, um humor controlado, apresentando, com essas características, ambientes e personagens, porém com uma noção rarefeita de evolução narrativa. Temos já nesse começo a autonomia das partes sobre a unidade do conjunto. De forma sutil, no entanto. Na segunda metade, centrada na entrevista de televisão, dá-se adeus à sutileza. Bem-vindos ao caos. A atitude da imagem, agora com poucas variações de ângulo, muda completamente. O humor mergulha no insólito, sem medo de perder a força com o esgarçamento e a repetição das piadas, até porque se, realmente dá sinais de cansaço em alguns momentos, o filme logo retoma o fôlego adiante. É um filme de momentos, com a primeira metade empregada como prólogo com três núcleos narrativos, e a segunda como um extenso curta-metragem progressivamente anárquico, de dar câimbra no maxilar. As gargalhadas extraordinárias da platéia mostravam que nenhuma comédia vista nos últimos meses (com exceção, talvez, de As Leis de Família, de Daniel Burman), conseguiu tal adesão de uma sala.


A piada de 12:08 Leste de Bucareste também tem, à sua maneira, um lado sério com a história romena (ainda que sem a seriedade cômica de Nanni Moretti em O Crocodilo). O alvo não é Ceausescu, mas seus adversários. Durante a entrevista-show, desmistifica-se o heroísmo de supostos revolucionários, que, em 22 de dezembro de 1989, horas antes do ditador cair, teriam protestado contra o regime em uma cidadezinha. Mas teriam mesmo protestado contra a presença do tirano ou apenas celebrado sua queda em praça pública? Essa é a investigação feita, ao vivo, pelo apresentador do programa. Sob suspeita, um professor de História (não por acaso), Manescu, conhecido por suas bebedeiras. Ao seu lado, um velho hilário, Piscosi (o impagável Mircea Andreescu). Insinuando um processo osmótico no processo de transição política, que teria acontecido em parte por sua própria corrosão, o filme propõe o acerto de contas com o passado, mas apenas para ridicularizar esse resgate e reivindicar um olhar para a frente, sem falsas mitificações e sem ressentimentos engessadores. Não se trata de apagamento da História, mas de uma libertação em relação a seus fantasmas. Até porque coisas mudaram e outras permaneceram na substituição do comunismo pelo capitalismo (como mostra o filme). Corneliu Porumboiu faz dessa consciência uma tremenda piada.

Continue lendo em Revistacinetica

Screenshots

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

POLÍCIA, ADJETIVO - 2009

Politist, Adjectiv, 2009
Legendado, Corneliu Porumboiu
Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: romeno
Legendas: Pt-Br
Duração: 115 minutos
Tamanho: 1,55 GB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Cristi (Dragos Bucur) é um policial que flagra um jovem vendendo haxixe a um colega de escola. Ele se recusa a prendê-lo, apesar do ato ser punível pela lei local. Cristi acredita que a lei irá mudar em breve e não deseja condenar o futuro do garoto com a prisão. Só que seus superiores não pensam da mesma forma.

Fonte: Adorocinema
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.1



ANÁLISE

No clímax de Polícia, Adjetivo, Cristi, o protagonista da história, abre um dicionário romeno para entender o significado da palavra “policial”. Este momento, que dá título ao filme, também ajuda a entender seus significados internos e externos. Podemos, por exemplo, compreender que o segundo longa de Corneliu Porumboiu é, partindo das definições abordadas por Cristi...

1 – um romance, ou, naturalmente, um filme policial. Neste caso específico, o adjetivo estaria ligado não ao que acontece internamente à trama ou ao personagem, mas ao próprio gênero que o filme se propõe a dissecar. Em outras palavras, poderíamos afirmar que Polícia, Adjetivo é o anti-filme policial. Temos aí, como é de se esperar, uma investigação, que perpassa toda a trama. Temos, também, um protagonista em crise, tentando solucionar o caso, e temos, por fim, uma corrida – ainda que muito vagarosa – contra o tempo. Todos os elementos, por sinal, são fundamentais ao funcionamento do filme. Mas em Polícia, Adjetivo nada, absolutamente nada, acontece, e nada, absolutamente nada, poderá acontecer. 

Cristi tem de prender um usuário de haxixe para satisfazer a força policial, que precisa de um flagrante. O jovem será condenado por sete anos (ou três anos e meio, no máximo, como seus chefes não se cansam de repetir), por uma lei já ultrapassada na União Européia, e o policial não quer esse peso em sua consciência. Acompanhamos, passo a passo, o dia de trabalho do investigador, até que seja dada a ordem de flagrante e não haja mais escapatória. Cristi, nos dias que se seguem, tentará achar algo que prove a inocência do rapaz (ou, pelo menos, a culpa maior de alguém superior). O grande problema é que a lei, ainda que errada e quase obsoleta, é maior e mais forte do que a consciência do rapaz. O que nos leva a definição número...

2 – o policial não como substantivo (o agente), mas como adjetivo (a parte do todo). Polícia, Adjetivo é um filme policial que se funda na idéia de que o grande vilão, desde o princípio, é a lei e a ordem, escrita aqui propositalmente como uma única expressão. Ela paira acima de Cristi, e é ela que Cristi tentará derrotar. Mas o grande absurdo – e o que faz de sua busca, desde o início, algo infrutífero – é que Cristi, como policial, representa exatamente essa expressão. É daí que o filme parte, e é isso que o filme seguirá, inelutavelmente, até o fim.

Ao contrário dos heróis de Kafka (e a relação aqui está longe de ser uma mera coincidência), que normalmente se viam como vítimas da burocracia do mundo, Cristi é um pequeno, mas fundamental, mantenedor dessa burocracia. O absurdokafkaniano que surge desse embate – as leis, regras e burocracia versus a liberdade e a expressão individual do homem – mostra-se, por causa disso, incapaz de acontecer aqui. Assim, em Polícia, Adjetivo o absurdo só pode existir de uma única forma: se for exatamente igual ao mais absoluto cotidiano.

Por isso,Polícia, Adjetivo, é um anti-filme policial, um anti-romance kafkaniano, mas, assim como o primeiro longa do diretor (o interessante A Leste de Bucareste), uma comédia corrosiva, nascida exatamente dessa impossibilidade fundadora. Quando o mais absoluto cotidiano transforma-se, também, no mais cruel absurdo (pensemos no som do computador da secretária ditando a toada da espera de Cristi; nos comentários repetidos por diferentes pessoas; ou, mais ainda, nas discussões conceituais sobre palavras, frases e metáforas), apenas as risadas sobrevivem.

3 –Polícia, Adjetivo é um filme-dicionário, no qual a estrutura geral serve, sempre, a conceitos específicos. Porumboiu, por isso, filma da única forma possível dentro do arcabouço tramado por ele: com uma câmera praticamente imóvel, seguindo Cristi quando ele anda, parando quando ele pára, distante de qualquer sentimentalismo (e mesmo, por assim dizer, sentimento) ou aproximação de personagens. Porumboiu filma, e estende os planos, como se a “lei e a ordem” passassem, ininterruptamente, maiores do que tudo relacionado ao próprio homem.

Esse artifício – tão comum no cinema contemporâneo – de estender os planos e fixar a câmera a fim de captar a matéria do mundo não poderia, no entanto, encontrar eco mais contrário no longa de Porumboiu. A câmera, aqui, tudo filma, mas nada vê. Poderíamos afirmar, até, que o papel da câmera é esperar, sempre esperar o que não irá acontecer (a revelação, o salto para o desconhecido, o desencontro entre o policial e a lei). Não há atenção a detalhes, não há força dramática, a imagem quase não tem importância. Reclamar a inexistência de uma matéria dramática, de uma força cinematográfica, de uma predominância dos conceitos em relação ao que existe na cena é não perceber que, emPolícia, Adjetivo, os conceitos são exatamente o que existe na cena.

Talvez, por isso, as imagens mais marcantes e emblemáticas do filme sejam os relatórios entregues por Cristi após cada dia de trabalho. Neles, se resume – e se repete – tudo que acabamos de assistir.

4 –Polícia, Adjetivo é um filme-dicionário, no qual as palavras têm papel fundamental. O número de discussões sobre modificações ortográficas, erros gramaticais, origem vocabular, funções da metáfora é quase tão grande quanto a rotina de trabalho de Cristi. Não há dúvida de que, fora Porumboiu ser um grande encenador do discurso (como se mostrava ainda mais presente em seu filme anterior), o realizador atenta para o próprio papel das palavras (ou seria da linguagem?) neste conjunto de leis, ordens e definições que compõem a burocracia. Novamente, entramos no território de Kafka, agora sem precisarmos de antíteses: a palavra existe, acima de tudo, como uma prisão. Por isso, o homem que, no filme, mais a domina (ou, de outro modo, a modula), tem o poder de impor a lei e a ordem e se aproxima, de forma quase cômica, da figura de um vilão caricatural. Ao mesmo tempo, um pequeno erro gramatical de Cristi em seu relatório mostra a fraqueza de sua posição e, por que não, a impossibilidade de sua busca.

Aqui, fica claro: o adjetivo da profissão marca, acima de tudo, a idéia de sua sujeição à estrutura geral das palavras (ou seria da linguagem?). Talvez, por isso, as imagens mais marcantes e emblemáticas do filme sejam os próprios relatórios entregues por Cristi após cada dia de trabalho. Neles, se resume – e se repete – tudo que acabamos de assistir.

5 –Polícia, Adjetivo tem uma maturidade rara para um segundo longa-metragem. Mais do que isso, parece amplificar o método e as questões de Porumboiu presentes em seu filme anterior (tratar de um evento específico através de um humor bastante particular, com a intenção de criticar o atraso da sociedade romena pós-Ceausescu) a um caminho talvez sem volta, fruto da relação tão arraigada com os conceitos que construiu. Se o terceiro filme, portanto, é uma enorme incógnita, celebremos a presença do segundo, que coloca Porumboiu entre os novos – e relevantes – autores do cinema mundial. Possivelmente, o único romeno de uma nova e celebrada geração que, hoje, merece essa distinção.  

Análise retirada do site Contracampo

Screenshots