Nosferatu: Phantom der Nacht, 1979
Legendado, Werner Herzog
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: alemão
Legendas: Pt-Br
Duração: 107 minutos
Tamanho: 845 MB
Servidor: Mega (Parte única)
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Parte única
SINOPSE
Baseado no livro Drácula, de Bram Stoker, Nosferatu conta a jornada de Jonathan Harker (Bruno Ganz) pelo reino de horror do Conde Drácula (Klaus Kinski, em magnífica atuação), um maligno vampiro obcecado por sua esposa, a bela Lucy (Isabelle Adjani). Refilmagem do clássico alemão Nosferatu, de Murnau, de 1922.
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5
ANÁLISE
Nosferatu, O Vampiro da Noite começa com planos de múmias, aos quais se sucede vôo, em câmera lenta, de morcego. A seguir, tem-se o acordar assustado de Lucy Harker (Isabelle Adjani), socorrida pelo marido, Jonathan (Bruno Ganz), o qual lhe diz que tudo não passou de pesadelo. Nesta adaptação de Bram Stoker, que se filia à imagética criada por F. W. Murnau para o clássicoNosferatu, Sinfonia do Horror (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, 1922), Werner Herzog se posiciona justamente nos limites entre o sonho e a realidade, onde o desespero e a morte são elementos vitais para tratar, por um lado, da impotência e da insatisfação sexual de Lucy e, por outro, da falta de amor que origina o tormento e a solidão de Conde Drácula (Klaus Kinski).
No documentário A Noite dos Cineastas (Die Nacht der Regisseure, 1995, de Edgar Reitz), feito para a BBC em comemoração ao centenário da sétima arte, Werner Herzog - expoente, com Rainer Werner Fassbinder, Alexander Kluge, Win Wenders, Volker Schlondörff, Margarethe von Trotta e Hans-Jürgen Syberberg do Novo Cinema Alemão - explicita a admiração que sente pelo clássico de F. W. Murnau, bem como o desejo de atualiza-lo a partir das impressões deixadas pelo original em sua própria sensibilidade. A comparação entre as versões, porém, apresenta mais diferenças do que semelhanças, pois embora Herzog reproduza as caracterizações do trio protagonista - expressionista para Drácula, naturalista para Jonathan e etérea para Lucy (no filme mudo, chamados respectivamente de Orlock, Hutter e Ellen, devido a problemas com direitos autorais) - , da mesma forma que filma em locações, com cenários reais (e o primeiro Nosferatu alinha-se antes ao kammerspiel, cinema realista, visto em A Última Gargalhada, do que ao expressionismo de O Gabinete do Dr. Caligari, por exemplo), tanto a temática que propõe quanto a narrativa que a desenvolve são bastante diversas das utilizadas por Murnau.
Assim, se Murnau opta pela multiplicidade de narradores - de início, narração em terceira pessoa, que depois se revela de primeira pessoa, as quais se somam as cartas escritas por Hutter e o diário de bordo que conta o ocorrido no navio-fantasma - , Herzog os concentra em Lucy: não apenas os planos que abrem Nosferatu, O Vampiro da Noite remetem ao pesadelo da personagem, como também a primeira aparição de Drácula (e a palavra "aparição" é precisa, visto que Klaus Kinski sempre surge, furtivamente, das sombras e da escuridão, iluminado por trás, com a silhueta em destaque) e a mórbida e surreal festa, em meio a ratos e caixões, na praça da cidade, desolada e decadente, tomada pela peste apontam para os delírios de Lucy, para as perturbações mentais que, já mostradas durante o filme, são complementadas pelo diretor com os cortes que trazem as seqüências de volta ao quarto da protagonista, a qual desperta do sono. Se Murnau fala do conflito entre natureza e cultura, com a figura do vampiro enquanto força sexual selvagem capaz de desestruturar a sociedade, Herzog adapta este conceito ao dos loucos sonhadores e revoltados que permeia sua filmografia: o capitão espanhol que pretende encontrar Eldorado e edificar, no meio da floresta amazônica, novo império por intermédio do incesto com a filha em Aguirre, A Cólera dos Deuses (Aguirre, der Zorn Gottes, 1972); o estrangeiro que deseja construir teatro na selva, mesmo que precise transportar seu navio através de montanhas em Fitzcarraldo (Fitzcarraldo, 1982); o soldado que, transtornado, explode o arsenal o qual deveria proteger em Sinais da Vida (Lebenszeichen, 1968).
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