Primer, 2004
legendado, Shane Carruth
Formato: AVI
Aúdio: Inglês
Legenda: Português
Duração: 73 minutos
Tamanho: 716 Mb
Servidor: 1Fichier (Parte única)
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Parte única
SINOPSE
Dois engenheiros criam, por acidente, um dispositivo que permite que um
objeto ou pessoa possa viajar para trás no tempo. Os dois começam a
testar o dispositivo para mudar situações de suas próprias vidas. Porém,
por conta da ambição, criam problemas e situações que acabam por ameçar
sua existência.
ANÁLISE
Ficção científica genial e intrincada de apenas US$ 7 mil deslancha carreira de diretor estreante.
por Rodrigo Carreiro
O ousado “Primer”, um dos filmes norte-americanos mais badalados em
2004, é uma prova definitiva de que o cinema pode ser barato e criativo.
Por apenas US$ 7 mil e a ajuda de alguns amigos, o cineasta novato
Shane Carruth inventou esse quebra-cabeças de ficção científica e
surpreendeu o mundo. Sim, um filme feito por um matemático metido a
roteirista, usando atores amadores e editado com o programa caseiro
Adobe Première, podia ser bom o bastante para conquistar o Festival de
Sundance, ganhar um contrato de distribuição internacional e conquistar
um espaço nos corações e mentes de milhares de cinéfilos.
A trajetória de “Primer” é sedutora. O filme tomou três anos do tempo
de Shane Carruth, um matemático desencantado com a profissão. Ele
escreveu o roteiro, dirigiu, atuou, produziu, editou (em casa, num
computador comum), sonorizou e compôs a trilha sonora. Usou a própria
garagem como estúdio de filmagens. Carruth só pagou pelo aluguel da
câmera e por alguns rolos de filme em 16mm. Para divulgar a obra, editou
um trailer e montou um site. Depois, quando o filme foi aprovado na
seleção para Sundance, pegou emprestada uma grana com um amigo e fez uma
cópia em 35mm, formato-padrão de exibição nos cinemas. Foi o suficiente
para provocar uma onda de elogios em torno do longa-metragem que o
catapultou para uma carreira alternativa bem-sucedida. “Primer” já virou
um filme cult.
O melhor é que todo o falatório se justifica. Sem usar os cacoetes e
clichês tradicionais de Hollywood, Shane Carruth foi capaz de montar um
thriller original, de enredo complicadíssimo, apesar de girar em torno
de apenas duas pessoas. É uma trama de ficção científica, embora não
possua um único plano que contenha efeitos especiais. “Primer” tem sido
comparado com freqüência a dois filmes, “Amnésia”
(a platéia tem grande dificuldade para entender o enredo) e “Pi”. Na
verdade, “Primer” não tem a mínima relação com o primeiro, mas possui a
mesma atmosfera conspiratória do thriller de Darren Aronofski,
compartilhando com ele, ainda, uma incursão pelo reino da matemática.
Fãs de “Donnie Darko” (o clima esquizofrênico, as múltiplas interpretações do final) também devem amar este filme.
O cenário principal de “Primer” é uma garagem. No cômodo, quatro
amigos engenheiros montaram uma empresa caseira. Todos têm empregos em
grandes corporações, mas trabalham lá nos horários de folga e finais de
semana. Os quatro amigos estão desenvolvendo uma máquina com peças e
equipamentos caseiros: o gás fréon de uma geladeira, pedaços de um
escapamento de automóvel. Chegam mesmo a derreter um conversor para
utilizar o metal. Eles discutem longamente, mas não conseguem saber
exatamente o que estão construindo.
Dois dos engenheiros percebem que a máquina é algo importante. Aaron
(Shane Carruth) e Abe (David Sullivan) decidem continuar no projeto
sozinhos, já que a idéia e a concepção da máquina é dos dois. Eles põem a
máquina dentro de uma grande caixa de metal, como um pequeno container,
a fazem algumas experiências com ela. Descobrem que a máquina pode
gerar proteína a partir de um fungo. Mandam analisar o material em
laboratório, e ficam sabendo que a quantidade de proteína gerada pelo
equipamento, em cinco horas, levaria cinco anos para ser acumulada no
meio ambiente. O que diabos isso significa?
É difícil explicar sem estragar as surpresas que o roteiro reserva ao
espectador. Na verdade, um dos maiores méritos de “Primer” é que o
filme não se baseia numa narrativa tradicional. Não há diálogos
explicatórios, a não ser por uma intrigante narração em off (é Aaron,
conforme reconhecemos a voz), que é aparentemente um recado deixado por
telefone em alguma secretária eletrônica. Os diálogos são muitos, e
extremamente velozes. Os personagens falam atropelando uns aos outros,
interrompem frases, e utilizam um vocabulário típico de matemáticos e
engenheiros, o que torna impossível compreender tudo o que eles estão
discutindo. Com atenção, a platéia captura o quadro geral, mas não os
detalhes específicos, o que deixa qualquer espectador curioso. É essa
curiosidade que nos move até o fim do filme: o que fará aquela invenção?