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terça-feira, 8 de agosto de 2017

PROVIDENCE - 1977

Providence, 1977
Legendado, Alain Resnais

Formato: AVI
Áudio: inglês
Legendas: português
Duração: 1h 50min.
Tamanho: 1,59 GB
Servidor: Uptobox (parte única)

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Parte única

SINOSPE
A certeza de que está prestes a ser vencido pelo câncer leva um velho escritor a reunir seus familiares enquanto luta para finalizar seu último romance, no qual mescla realidade e ficção para retratá-los como pessoas desprezíveis.

Fonte: Filmow



                7.9/10                                     Trailer



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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

EU TE AMO, EU TE AMO - 1968

Je t'aime je t'aime, 1968
Legendado, Alain Resnais 


Formato: avi
Aúdio: francês/holandês/inglês
Legendas: português
Duração: 1h 34minutos
Tamanho: 1,10 Gb
Servidor: Uptobox (Parte única)

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Parte única

SINOPSE
Após uma fracassada tentativa de suicídio, Claude Ridder (Claude Rich) é convidado a fazer uma viagem no tempo. O projeto é experimental, apenas foi testado com ratos, mas ele aceita. No entanto, algo dá errado e ele se perde. Enquanto os cientistas tentam encontrar uma solução, Claude revive trechos aleatórios de seu passado, entre eles um misterioso caso de amor.

Fonte: Adorocinema



                7.4/10                                     Trailer



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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

MURIEL OU O TEMPO DE UM RETORNO - 1963

Muriel ou Le Temps d'un Retour, 1963
Legendado, Alain Resnais 

Formato: mkv
Áudio: francês
Legendas: Pt-Br
Duração: 112 minutos
Tamanho: 1,56 GB
Servidor: Mega (Parte única)

LINK
Parte única

SINOPSE
Contando novamente com a colaboração do escritor Jean Cayrol, que escreveu o texto deNoite e Neblina, Resnais faz um novo mergulho pelos meandros da memória, pondo lado a lado passado e presente, realidade e imaginação, para contar a história de um grupo de pessoas na cidade de Boulogne, no início da década de 1960. O enredo centra-se nos personagens de uma viúva (Delphine Seyrig, que ganhou a Taça Volpi de melhor atriz em Veneza, em 1963) e seu jovem enteado (Jean-Baptiste Thiérrée), ambos às voltas com difíceis lembranças que lhes pertubam o passado. Um antigo amor da juventude (Jean-Pierre Kérien) volta à vida da mulher e espanta o tédio de sua existência. Já o rapaz é assombrado por memórias de uma atrocidade que testemunhou durante a guerra da Argélia, quando uma jovem chamada Muriel foi torturada até a morte.


The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.4


ANÁLISE

Quando as paredes falam
O espaço habitado por Alain Resnais


Casa, aba da pradaria, ó luz da tarde, 
De súbito adquires uma face quase humana
Estás perto de nós, abraçando, abraçados.


A citação acima é de Rainer Maria Rilke, pinçada pelo filósofo e poeta francês Gaston Bachelard para o célebre A Poética do Espaço. O livro de Bachelard data de 1957, lançado dois anos antes de Alain Resnais inaugurar (ou reinaugurar) o cinema moderno com Hiroshima, Mon Amour. É claro que a proximidade das idéias de Bachelard com o cinema de Resnais diz respeito a mais do que influência direta: são, ambos, pensadores de um mesmo mundo (a França) em uma mesma época, partindo de um mesmo campo de circulação de idéias. Mais curioso, porém, é que a revisão da obra de Resnais, fora de seu contexto original, encontre maior ressonância no cinema contemporâneo pelo seu tratamento do espaço, do que pela repisada questão da memória. Sem minimizar seu impacto como escultor temporal, a grande constância da obra de Alain Resnais é a manipulação do espaço cênico (especialmente notável por sua crescente predileção pelas filmagens em estúdio) como potência de expressão para os personagens.

“A memória – coisa estranha! – não registra a duração concreta, a duração no sentido bergsoniano. Não podemos reviver as durações abolidas. Só podemos pensá-las, pensá-las na linha de um tempo abstrato privado de qualquer espessura. É pelo espaço, é no espaço que encontramos os belos fósseis de duração concretizados por longas permanências. O inconsciente permanece nos locais. As lembranças são imóveis, tanto mais sólidas quanto mais bem espacializadas”. 

O filme começa com um corpo coberto de cinzas. Ao fim, ela o chama de Hiroshima, e ele a chama de Nevers. Não se tornam, simplesmente, o acúmulo da memória-tempo: viram os lugares onde os fatos lembrados ocorreram. São tempo espalhado em fósseis pelo espaço. A equivalência entre personagem e ambiente é uma constante na obra de Resnais – de Noite e Nevoeiro a Medos Privados Em Lugares Públicos – e encontra continuação nos apartamentos que choram em Amores Expressos (ou no quarto-lembrança de 2046 – Os Segredos do Amor), de Wong Kar-wai, e O Buraco, de Tsai Ming-liang. Mais do que simples ambientação, o espaço, para Resnais, funciona como as canções em Amores Parisienses: é o terreno onde se expressa o indizível; onde grita o que a consciência cala. Se quisermos saber o que alguém tem a dizer, basta olharmos para seus móveis.

Ser é estar

Em Muriel ou O Tempo de um Retorno,Hélène habita um apartamento que funciona, também, como loja de antiguidades. “Reconheço você em todos os detalhes”, lhe diz Alphonse ao chegar. Hélène se cerca de pessoas e memórias como empilha as velhas mobílias. Sua história não é só a sua, e por isso é impossível apreendê-la de todo: a vida de Hélène é guardar as lembranças dos outros. Em um canto da sala, um simulacro de lareira usa uma lâmpada para transmitir a impressão visual de calor. “Há lugar para todo mundo”, diz ela, convidando Alphonse a ficar. Fisicamente, não parece haver. Seu lar é marcado pelo abrir e fechar de portas, em entradas e saídas tão constantes como as memórias alheias que viram, até serem compradas por outros, suas também. Até mesmo seu filho, Bernard, é agregado de um casamento passado de seu ex-marido. “Ele se parece contigo”,  diz Alphonse. “Acho que parecemos com aquilo que amamos”, responde Hélène.

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sábado, 12 de outubro de 2013

O ANO PASSADO EM MARIENBAD - 1961

L'Année dernière à Marienbad, 1961
Legendado, Alain Resnais

Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: francês
Legendas: português
Duração: 94 min.
Tamanho: 1,25 GB
Servidor: Mega (3 partes)

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SINOPSE
Ambientado em um hotel europeu, este filme tem três personagens principais: 1) o Narrador, que faz o voice-over do filme; 2) a Mulher, por quem o Narrador é obcecado; e 3) o Outro Homem, com que a Mulher veio para o hotel. O Narrador fala repetidamente para a Mulher, que eles passaram o ano anterior juntos e implora que ela parta com ele. A Mulher se mantém dizendo que desconhece o que ele está falando, mas seu comportamento demonstra o contrário. Enquanto isso, a presença do outro Homem no hotel, complica a vida da Mulher e do Narrador. Este filme, não delineia os personagens nem tem argumento como tradicionalmente conhecemos, mas é considerado um filme intelectualmente e emocionalmente engajado. Em primeiro plano, assistir a essa obra, nos faz contemplar e a perguntar: Será que entendi algo? Num segundo plano, o filme nos dá consciência: das nossas próprias confusões emocionais, nossos anseios conflitantes e das nossas recordações nebulosas. Seu lançamento em Cannes, causou furor na imprensa e na crítica mundial, fato este que foi encarado com extrema naturalidade pelo diretor. Experimental e único. Fantástico! 

Fonte: 2001video
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.7

ANÁLISE
Ano Passado em Marienbad é um filme difícil de digerir – aliás, dificílimo. Contudo, não há razão para pânico agora: esta crítica não irá partir de uma retórica acadêmica – pelo contrário. A “pretensão” aqui é outra, é a de justamente abordá-lo de forma não-pretensiosa, oferecendo uma degustação do filme, uma impressão, ou então uma pequena introdução a esta obra que é uma das mais discutidas e controversas da história do cinema francês – e não seria exagero dizer do cinema mundial. Este é um filme europeu por excelência, do chamado “cinema de autor”, sendo freqüentemente objeto de estudo em teses e dissertações, costumeiramente citado na bibliografia sobre a teoria do cinema, bem como caracteriza um daqueles longas que rendem centenas de artigos científicos e análises pelo viés da semiótica e da filosofia. Mas reitero: este não é (necessariamente) o caso.

Alain Resnais

Dirigido por Alain Resnais, um dos mais importantes nomes no movimento de cinema francês conhecido como Nouvelle Vague, que aconteceu em meados das décadas de 50 e 60 e teve como principais expoentes os cineastas Jean-Luc GodardFrançois Truffaut e o diretor do filme em questão, que por sua vez também tornou-se conhecido pelo longa Hiroshima Meu Amor.  O movimento, entre muitas outras características (que renderiam um enorme artigo só para si), elevava a figura do diretor de cinema ao cargo máximo imaginável dentro do filme, este que passava a ser acima de tudo o reflexo dos seus anseios artísticos, estéticos e pessoais, demonstrando sua visão particular de mundo. O diretor passa a dispor da mesma autonomia que, por exemplo, obtiveram os compositores de música erudita no período clássico, onde a obra não mais seria feita simplesmente sob demanda, mas que, para ser dotada de legitimidade, deveria originar-se de elementos mais subjetivos e intangíveis proporcionados por seus autores. É interessante mencionar um pouco do contexto em que Ano Passado em Marienbad surgiu para posteriormente ao menos compreender a sua suposta inelegibilidade, principalmente se comparado ao “abecê” do cinema dito vigente e comercial. Com o movimento da Nouvelle Vague, haveria um evidente choque de valores, que confrontavam tanto com o modelo de produção do cinema enquanto produto de uma indústria, mas que inevitavelmente também trazia para a tela conseqüências na própria linguagem do material produzido, rompendo com diversas tradições do modelo predominante que fora forjado nos EUA, especialmente por D.W. Griffith, que de qualquer modo tem seus reflexos ainda hoje.
Enfim, mas vamos direto ao ponto. Filmada em preto e branco, a trama do filme é apresentada por meio de uma gama de imagens ambientadas em um luxuoso palacete, um hotel deslumbrante repleto de salões com seus lustres rebuscados, escadarias vertiginosas, corredores infinitos e estatuas atemporais. Em meio a esse clima de arquitetônicas paisagens imbuídas de um tom aristocrático, desenrola-se um pouco trivial triângulo amoroso, onde um homem (denominado simplesmente como “X”) tenta, a todo custo, fazer a mulher (personagem intitulada “A”) lembrar-se do romance que teriam tido um ano antes. O problema é que a dama, na companhia de seu marido (este por sua vez o “M”), de início sequer lembra de alguma coisa. O curioso é o fato de que, apesar do impasse o qual vivencia, a mulher ora sente-se repelida, ora atraída por aquele homem e pelos detalhes e passagens que a faz rememorar e as sensações que lhe são invocadas. Detalhes sutis como a sua mão que repousa sobre seu ombro, o espelho da penteadeira, as estátuas, ou seja, todas as menções que o homem faz agem no psiquismo da mulher de maneira que sua memória seja afetada, e sentimentos materializados em imagens pouco convencionais venham involuntariamente à tona. Tal qual como concebeu o escritor francês Marcel Proust na sua obra Em Busca do Tempo Perdido, ainda no início do séc. XX, que fazia uso do recurso da “memória involuntária”, como ficou bem exemplificado na célebre passagem do livro onde apenas o sabor de uma Madeleine (bolinho típico francês) mergulhada no chá poderia trazer as mais derradeiras sensações e lembranças.

O filme, graças ao modo único como é conduzido, dada a sua narrativa singular e seu não-comprometimento com a linearidade em toda a lógica cinematográfica clássica, abre campo para as mais distintas reações e interpretações. É possível acabar de assisti-lo com a (por vezes) deliciosa sensação de não ter entendido nada, além de ter se deixado prazerosamente levar pelo seu clima delirante e pelo esplendor de suas imagens – ou seja, simplesmente deleitar-se.  É possível, após o fim da exibição, estar com não só com a plena sensação de entendimento como estar fervilhando de interpretações. Também uma possibilidade a ser levada em conta ao estar diante do filme é a de ficar simplesmente irado com tamanha barbárie de grafia cinematográfica, ou pior, nem sequer ter paciência para concluir esta experiência.  Contudo, pessoalmente creio que o filme, assim como o imenso livro de Proust, é uma obra que tem por finalidade principal discutir a forma de se pensar o tempo (neste caso no cinema). A memória involuntária não restringe-se somente a uma rememoração consciente dos fatos do passado, mas evoca também sensações, possibilita revisitar um tempo e um sujeito que não existem mais. E a transformação constante do sujeito passa a refletir na estrutura e na estética da obra. O que justifica certos artifícios, como momentos de repetição constante de certas ações – e ainda por cima em montagem paralela. Desse modo, vale dizer que o filme é apresentado em escala tridimensional, pois os elementos narrativos são expostos como fluxo de consciência, e cada detalhe pode levar a uma progressiva desordem dos sentidos, como dizia o também francês poeta Rimbaud.

Há também, como bem discorre o pesquisador Arlindo Machado em seu livro “Pré-Cinemas & pós-cinemas”, a questão da dualidade entre “cinema e sonho” e “cinema e subconsciente” em Ano passado em Marienbad. Para Machado, este filme é sem dúvida o mais onírico de toda a história do cinema. Uma vez que o longa é todo permeado por constantes inserções de um suposto narrador e de “vozes do além”, essas palavras da trilha sonora por assim dizer formam fragmentos acústicos que retornam em vários momentos, nos contextos mais diversos. Ao passo que passam da boca de um para a boca de outro personagem, são proferidas em off, trazendo para o filme corpos e elementos ausentes, que na minha opinião, estão dispostos bem à moda “proustiana”.  Também com este artifício, o diretor leva a discussão sobre até que ponto a fala e o som no cinema estão ligados aos seus correspondentes, pois uma vez que estão de tal modo fundidos com a imagem em um filme convencional, se deixam, em certo sentido, serem “visualizados” petrificando-se aos seus objetos correspondentes. Alain Resnais estava consciente do poder de fogo deste filme, a polêmica e a discussão que poderia gerar, tanto como causou ao estrear no Festival de Cannes em 1961 e como ainda permanece nos circuitos de estudo de cinema.

Uma curiosidade deste filme é que, assim como por vezes acontece, foi elaborado um remake compacto desta obra por meio de um videoclipe. Coube a banda inglesa Blur, que também realizou algo semelhante no clipe da música “The Universal” com Laranja Mecânica, levar Ano Passado em Marienbad ao clipe da canção “To The End”, que é simplesmente imperdível. Vale a pena correr visualizá-lo no YouTube, onde com a mais absoluta perfeição é recriada toda a atmosfera e todos os principais planos concebidos por Alain Resnais, só que desta vez com a atuação dos integrantes da banda que, ao lado do Oasis, reinou nos anos 90 com o gênero de rock chamado britpop. O filme também foi surpreendentemente indicado para o Oscar de melhor roteiro original em 1963 – o que evidencia que a academia por vezes tem lampejos de ousadia e contempla obras que fogem do convencionalismo e do dito conservador – que neste caso, é a pura vanguarda.


Análise retirada do site Cineplayers



quinta-feira, 14 de março de 2013

NOITE E NEBLINA - 1955

Nuit et Brouillard, 1955
Legendado, Alain Resnais 

Classificação: Excelente

Formato: AVI
Áudio: francês
Duração: 32 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: Mega (4 partes)

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SINOPSE
Realizado em 1955, a partir de um convite feito ao cineasta pelo Comitê da História da Segunda Guerra Mundial, o filme tinha como objetivo comemorar o segundo aniversário da libertação dos campos de concentração. Mas o impacto das imagens de Noite e Neblina, que ainda hoje assombram a humanidade, e do texto do escritor Jean Cayrol, um ex-prisioneiro do campo de Orianemburgo, suplantaram a sua intenção de memorial dos desaparecidos e transformaram-se num "dispositivo de alerta" contra o nazismo e todas as formas de extermínio. Mesclando imagens coloridas dos campos abandonados e filmes de arquivos, Alain Resnais nos dá, segundo François Truffaut, "uma lição de história, inegavelmente cruel, mas merecida."

Fonte: 2001video
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA: 8.6




ANÁLISE
Embora tenha impressionados cinéfilos do mundo inteiro na época do lançamento original e depois, ao longo dos anos, se transformado em paradigma indiscutível do gênero documentário, o filme francês “Noite e Neblina” (Nuit et Brouillard, França, 1955) nunca se tornou muito popular. É fácil entender as razões: 1) é um curta-metragem e, como tal, dificilmente passa nos cinemas; 2) documentários em geral não costumam atrair público; 3) o tema, árido, é o Holocausto, e há boa quantidade de imagens aterrorizantes dos campos de concentração nazistas, material que costuma afastar os espectadores.
Um filme assim parece ter sido talhado para o formato DVD. E “Noite e Neblina” é incontornável. Precisa ser visto, e não apenas pelos cinéfilos. O curta-metragem de 31 minutos é simples e direto, mas funciona ao mesmo tempo como uma homenagem aos nove milhões de vítimas da crueldade nazista e como alerta para aqueles que vêem o regime de Hitler como um momento que pertence ao passado da humanidade. A abordagem de Resnais é espartana, mas transita sem pausas entre o delicado e o brutal, soando como um grito lancinante contra todo e qualquer tipo de intolerância.
A produção de “Noite e Neblina” foi difícil. Resnais hesitou em dirigir a obra, pois temia ficar marcado como diretor de documentários, quando desejava filmar ficção. Ao ser apresentado ao poeta Jean Cayrol, um sobrevivente de campo de concentração, acabou convencido a embarcar na empreitada. Chamou então o músico Hanns Eisler para compor a banda sonora e passou a coletar imagens de cinejornais, fotografias e todo tipo de documento que mostrasse os campos de concentração.
O filme foi feito para comemorar o aniversário de 10 anos da liberação desses campos, em 1945, ao final da Grande Guerra. Resnais teve a idéia de viajar para os locais onde funcionaram os principais, como Auschwitz e Sachsenhausen, e filmá-los em película colorida. O choque das imagens bucólicas – amplos gramados verdes sob céu azul – com o horror dos cadáveres que repousavam nos mesmos lugares, cinzentos e sem vida, apenas alguns anos antes, cria a idéia que percorre todo o filme: o mal está à espreita, em qualquer lugar, a qualquer tempo. É preciso estar sempre atento para que ele não engolfe as cores do mundo.
Em entrevistas posteriores, Resnais confessou que sempre pensou em “Noite e Neblina” como uma sutil condenação à decisão francesa de invadir a Argélia, fato ocorrido na época do lançamento do filme. Embora não haja qualquer menção a isso durante a película, a idéia encaixa perfeitamente no texto delicado, mas firme e cortante de Cayrol. Sim, é um filme sobre o Holocausto, e está repleto imagens da brutalidade inimaginável dos campos de concentração (pilhas de cadáveres mutilados, paredes de câmaras de gás arranhadas pelas unhas dos prisioneiros à beira da morte), mas o filme não deseja simplesmente impressionar através da violência. Ele está além do Holocausto.
É na combinação de três fatores que resulta a beleza de “Noite e Neblina”: o contraste entre imagens da guerra e do pós-guerra, a doçura cortante do poema de Jean Cayrol e a delicadeza da música melancólica de Hanns Eilser. Ou seja, este não é um documentário jornalístico, frio e objetivo. Pelo contrário. Imagem, som e texto compõem uma espécie de sinfonia audiovisual que, nas palavras de François Truffaut, é uma “aula de história cruel mas merecida”. É isso.
Análise retirada do site Cinereporter