Die strasse, 1923
Legendado, Karl Grüne
Formato: AVI
Áudio: -
Legendas: português
Duração: 74 min.
Tamanho: 645 MB
Servidor: Mega (2 partes)
LINKS
SINOPSE
Die Straße (A Rua, 1923) de Karl Grune tem como abordagem a luta entre a burguesia e o proletariado na República de Weimar. A História de um homem comum atraído por uma prostituta e que se vê desvirtuado por tal tentação é apagada pela restauração de uma ordem burguesa que fala mais alto que seus instintos apontando os perigos de tal aventura.
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 6.9
ANÁLISE
Pelas ruas da Alemanha
“[Os] filmes de
rua revelam que na Alemanha da época a rua excercia uma atração irresistível”
Asfalto (Asphalt, direção Joe May, 1929) se encaixa entre os assim chamados filmes “de rua” que proliferaram na Alemanha a partir de A Rua (Die Strasse, direção Karl Grune, 1923). Como observou Siegfried Kracauer, a preocupação dos realizadores com a rua era tão grande que raramente deixavam de incluir a palavra, ou um sinônimo, no próprio título dos filmes (2). No caso de Grune, a temática girava em torno de um indivíduo rebelde que abandona a segurança de sua casa e segue suas paixões na rua, mas ao final retorna e se submete às exigências da vida convencional. A temática foi incorporando variações, em Grune era uma selva perigosa, mas aos poucos passou a abrigar virtudes ausentes na sociedade burguesa. Kracauer explica que esse tipo de personagem não era novidade no teatro, mas no cinema alemão ele acabou se popularizando durante os anos da República de Weimar (1919-1933). Em Rua das Lágrimas (Die Freudlose Gasse, direção Georg Wilhelm Pabst, 1925), com Greta Garbo em seu primeiro papel no cinema, o único personagem com grandeza é uma moça que parece ser prostituta. Seu amante a trocou por um casamento próspero, ela mata uma socialite que poderia ter impedido esse casamento e depois confessa o crime para não incriminar seu amante. (imagem abaixo, à direita, Albert atinge o homem em cheio e o mata; última imagem, vista aérea do Portão de Brandenburgo em Belim, ponto que tornou-se tristemente famoso durante as décadas em que a cidade esteve dividida por um muro).
Em Tragédia da Rua (Dirnentragödie, 1927) uma prostituta velha tropeça num bêbado e o leva para o quarto dela. O tal é um burguês que brigou com a família e saiu de casa. A mulher acredita que ele a ama, mas quando ela sai para gastar suas economias com roupas para “ser digna dele” o tal é apresentado a uma prostituta jovem pelo cafetão da velha. Esta o incita a matar a nova porque a velha acredita que ela vai arruinar o tal burguês. A polícia vai atrás do assassino e a velha prostituta se suicida. A vida continua, na porta da miserável casa de cômodos uma placa avisa que há quartos para alugar. O tal burguês volta para casa e aparece soluçando com a cabeça no colo da mãe. Na opinião de Kracauer, Asfalto é ainda mais direto do queTragédia da Rua. Já na apresentação, vemos a rua retratada como num documentário, incluindo imagens de asfaltamento. Neste filme, a própria calçada é o tema central. Na primeira versão cinematográfica de Berlin Alexanderplatz (direção Phil Jutzi, 1931), acompanhamos na abertura cenas documentais desta praça, da rua, de asfaltamento, e o filme mostrará o protagonista trabalhando como camelô na Alemanha da hiperinflação. Na segunda versão, realizada por Rainer Werner Fassbinder como uma série de televisão já na década de 80, a atmosfera das ruas daquela Berlim anterior as 1933 é bastante presente – especialmente o lado negativo.
A maioria dos filmes de rua tenta afirmar que a vida verdadeira está fora das fronteiras do sistema, fora do mundo burguês. Entretanto, insiste Kracauer, na maioria dos casos, essa rebelião contra o sistema é seguida por uma submissão a ele. Berlim, Sinfonia de Uma Cidade (Berlin, die Symphonie einer Grosstadt, direção Walter Ruttman, 1927) mostrava a capital dos alemães sem idealizar a rua. Ao contrário de filmes como Asfalto eTragédia da Rua, que a elogiavam e a consideravam um refúgio do verdadeiro amor e da rebelião justificada. O mérito de Berlim, disse Kracauer, foi técnica, ao inaugurar a moda do corte transversal, ou dos filmes de montagem. Nada comparado a um curta-metragem como Acidente (Überfall, direção Ernö Metzner, 1929), um filme experimental tematicamente muito próximo de Tragédia da Rua e Asfalto, mas que ao contrário destes foi censurado – talvez porque a autoridade policial é desvalorizada. Um pequeno-burguês encontra uma moeda na rua e aposta nos dados. Vence e parte, sendo seguido por um rufião, no meio do caminho será puxado por uma prostituta para dentro da casa dela. Lá dentro, o cafetão dela rouba a carteira do incauto e o expulsa. Na rua, ele leva uma surra do rufião. Na última cena ele está no hospital com a cabeça enfaixada, sendo invadido por um sonho com uma moeda rolando. Solicitado por um detetive e identificar seu assaltante, o pequeno-burguês fecha os olhos e volta para a alucinação com a moeda (4). Como Albert, muitos são uma moeda jogada na calçada ou no asfalto – mas será que ela já estava dentro da cabeça de Albert?