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domingo, 9 de março de 2014

A RAINHA MARGOT - 1994

La reine Margot, Legendado, 1994, Patrice Chéreau.

Indicado na seguinte categoria ao Oscar de 1995: Figurino (Moidele Bickel).
Classificação:
Excelente
Formato: AVI (Xvid 640x480)
Áudio: Francês
Legendas: Português
Duração: 162 Min.
Tamanho: 1.36 GB.
Servidor: MEGA (3 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Sinopse: No século XVI um casamento de conveniência é celebrado com o intuito de manter a paz. A união entre a católica Marguerite de Valois, a rainha Margot e o nobre protestante Henri de Navarre tinha como meta unir duas tendências religiosas. O objetivo do casamento foi tão político que os noivos não são obrigados a dormirem juntos. As intrigas palacianas vão culminar com a Noite de São Bartolomeu, na qual milhares de protestantes foram mortos. Após isto, Margot acaba se envolvendo com um protestante que está sendo perseguido.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.5

Crítica:
Ao olhar pela janela, as ruas de Paris parecem calmas, vazias. O silêncio, no entanto, engana. Pouco antes da meia noite, os sinos de uma igreja próxima ao palácio do Louvre dão o sinal para tropas que avançam na sombra. Os momentos seguintes são de pânico, gritos medonhos, lutas de espada, corpos seminus espalhados pelo chão, pescoços degolados e eventuais fugitivos, que correm ensanguentados e atônitos. Na passagem de 23 para 24 de agosto de 1572, há exatos 440 anos,  acontecia a noite de São Bartolomeu, um dos principais massacres da história da França. Sob ordens do rei Carlos IX, católicos assassinaram cerca de três mil protestantes. O episódio ocorrido durante as guerras de religião (1562-1592) foi retratado pelo romance A rainha Margot (1845), de Alexandre Dumas,  adaptado fielmente para o cinema pelo diretor Patrice Chéreau, em 1993. Margot, interpretada pela encantadora atriz Isabelle Adjani, é o apelido de Margarida de Valois (1553-1615), irmã de Carlos IX e filha do rei Henrique II com Catarina de Médecis. A posição nobre fez com que ela testemunhasse e fizesse parte – ainda que forçosamente – das disputas por poder alimentadas pelos conflitos religiosos. Menos de uma semana antes da noite de São Bartolomeu, Margot havia sido obrigada a se casar com o líder protestante Henrique de Navarra (Daniel Auteil), numa tentativa de manter a paz no reino. Logo no início do filme, Margot avisa ao marido: “É um casamento pela paz. Ninguém me obriga a dormir com você”.
A união, idealizada por Catarina de Médecis, de nada adiantou para diminuir a tensão no reino. O filme não mostra, mas a rainha-mãe já havia feito Carlos IX assinar, dois anos antes, o tratado de Paz de Saint-Germain, concedendo liberdade de culto aos protestantes em regiões específicas e permitindo que eles fossem admitidos em empregos da administração pública. No entanto, os católicos não gostaram das concessões e os protestantes não as acharam suficientes. E o conflito continuou.
A origem das disputas, que aconteciam também em outros países da Europa, está no ano de 1517, quando Martinho Lutero proclamou seu rompimento com a Igreja Católica. João Calvino, em Genebra, logo o seguiu, inspirando e coordenando os protestantes franceses. Os massacres pelo reino foram generalizados.
Catarina de Médecis foi uma figura importante na busca pela paz. No filme, no entanto, o destaque é dado a seu lado manipulador, brilhantemente encarnado pela atriz italiana Virna Lisi. Ela aparece como culpada pela morte de pelo menos três importantes personagens históricos, incluindo o próprio filho, Carlos IX.
No longa-metragem, na obra de Dumas e, possivelmente, também na vida real – como ilustram livros como Histoire de France, de Pierre Miquel -, a rainha-mãe teria encomendado o assassinato do almirante Coligny, importante chefe protestante. Dumas relata a grande admiração que Carlos IX tinha pelo almirante, chamando-o inclusive de “meu segundo pai”. Na adaptação para o cinema, fica claro que Catarina não teria gostado da aproximação, que permitia a Coligny ter forte influência sobre o rei. No dia 22 de agosto, a tentativa de assassinato acabou falhando e, ao ser descoberta pelos protestantes, gerou grande revolta.
A partir deste ponto, outro personagem que ganha espaço no filme é o estranho rei Carlos IX (Jean-Hugues Anglade). Instável, infantil e certamente despreparado para o posto, ele vive cansado da influência da rainha-mãe e dos interesseiros à sua volta. Sem saber como reagir à provável revolta protestante depois do atentado a Coligny, é influenciado por Catarina e ordena que todos os chefes da religião sejam assassinados. Henrique de Navarra é um dos únicos a escapar da morte ao abandonar o protestantismo e se tornar católico. Ele repetiria o gesto alguns anos depois, já como Henrique IV da França, e diria a famosa frase: “Paris bem vale uma missa”.

Dumas e a pesquisa histórica
Alexandre Dumas tinha o hábito de criar suas narrativas baseado em documentos e, neste caso, não o fez de outra maneira. Apesar de florear e acrescentar novas situações, A Rainha Margot é um de seus romances que mais se aproxima dos fatos narrados pelos historiadores – e, em tese, pela própria Margot em um livro de memórias atribuído a ela.
A cena (tanto no livro de Dumas, quanto no filme) em que o quarto de Margot é invadido por um protestante ferido durante a noite de São Bartolomeu, por exemplo, pode ser mais do que uma invenção do escritor francês. O fato foi inspirado nas memórias da própria Margot. Dumas, no entanto, substituiu o nome citado por ela – Monsieur de Teian – pelo de Joseph La Môle, conhecido como um de seus amantes.
O problema ao se tentar entender a história oficial é que há dúvida, entre alguns historiadores, se essas memórias de Margarida de Valois foram realmente escritas por ela. A francesa Éliane Viennot, professora de literatura da Universidade de Saint-Étienne, por exemplo, publicou em 1996 um artigo defendendo a veracidade das memórias. Seja como for, o documento utilizado por Dumas tem posicionamentos importantes: Margot tira boa parte da culpa de sua mãe Catarina em relação ao massacre, e afirma que os idealizadores teriam sido seu irmão duque de Anjou (futuro Henrique III) e o duque de Guise. Este último também estaria na origem do atentado contra Coligny.

Sangue e luxúria
Dumas se apropria das informações fornecidas por Margot e por outros memorialistas, acrescentando detalhes sórdidos, enfatizados na película de Patrice Chéreau. O longa-metragem pode surpreender os fãs mais tradicionais do escritor, não acostumados a tantas cenas de violência e nudez - acentuadas por fortes insinuações de incesto e banhos de sangue sobre roupas mais brancas do que em comercial de sabão em pó (como no cartaz francês, acima). Margot seria uma libertina: dormiu com seus três irmãos, além do marido Henrique de Navarra, o duque de Guise e o conde de La Môle. Em uma das cenas mais marcantes do filme, ela é assediada pelos irmãos, que a deixam praticamente nua enquanto mostram marcas deixadas por La Môle em seu pescoço e coxas. O duque de Alençon, mais novo dos irmãos, escancara: “Se não fosse estéril, teríamos um bastardo”.
Talvez com medo de afastar as plateias mais tradicionais, o cartaz do filme foi alterado em muitos países, mostrando apenas o casal apaixonado Margot e La Môle. No entanto, mesmo os desavisados que buscam um romance calmo, segundo parece indicar o cartaz ou a capa do DVD, dificilmente se decepcionarão. Além das excelentes atuações, que renderam o prêmio de melhor atriz em Cannes para Virna Lisi, o filme consegue cativar o espectador e incentivar o interesse pelas guerras de religião.
Teria Margot relações sexuais com seus próprios irmãos? Catarina de Médicis seria a responsável por uma série de envenenamentos? Para Dumas, isso pouco importava. Ele já havia sido acusado por seus adversários de violar a história de forma insolente em outros de seus romances. Sua resposta era simples e irônica: “Reconheço que a violento, mas faço lindos filhos com ela”.
Assim sendo, Patrice Chéreau apropriou-se de uma das maiores obras de Dumas, e fez um filme que pode ser considerado, facilmente, um lindo bastardo do escritor francês.

domingo, 2 de março de 2014

ESPECIAL CORRIDA PARA O OSCAR 2014




A reta final do Oscar:


Poucos minutos antes da cerimônia oficial do Oscar todas as atenções voltam-se para o Kodak Theatre, as celebridades e o tapete vermelho. Mais do que o glamour da festa e sua premiação, o clima em torno do evento é sempre especial para os cinéfilos e especialistas de plantão, que fazem suas listas, apontam seus favoritos e discutem, em um acalorado debate com uma grande interrogação sobre a cabeça. O que faz um filme bom? Ainda que o Oscar não seja, nem de longe, uma premiação justa e colecione injustiças históricas contra obras que merecem no mínimo o reconhecimento técnico e o calor do público, a cerimônia, como a própria indústria, é alimentada por números e muitas vezes os utiliza como parâmetro. A força que o cinema americano exerce no mundo é inegável e muitas vezes fica a impressão de que tudo é filtrado pelo mercado da América do norte, deixando subscrito que todo o empenho empregado para criar uma obra cinematográfica fora da “fábrica de maravilhas americana” é  “estrangeiro”, como no discurso de Carax ao ser premiado pela
L.A. Film Critics Association na categoria de melhor filme estrangeiro: “Olá, eu sou Leos Carax, diretor de filmes em língua estrangeira. Faço filmes em língua estrangeira a minha vida inteira. Filmes em língua estrangeira são feitos em todo o mundo, claro, com exceção dos Estados Unidos. Nos EUA, fazem apenas filmes de língua não-estrangeira. Filmes em língua estrangeira são muito difíceis de fazer, obviamente, porque é preciso inventar uma língua estrangeira ao invés de usar a linguagem costumeira. Mas a verdade é que o cinema é uma língua estrangeira, uma língua criada para quem precisa viajar para o outro lado da vida. Boa noite.”
Excentricidades ou verdades à parte, para quem gosta de cinema, os debates e polêmicas em torno dos mais variados temas e situações retratados na sétima arte são corriqueiros e sempre levados muito a sério. Finalizando o Especial Corrida para o Oscar 2014, agradecemos a todos que baixaram, comentaram e compartilharam os filmes aqui postados. Deixaremos uma breve lista com todos os indicados deste ano e a postagem aberta para os comentários acerca de seus favoritos nas categorias abaixo listadas e seus respectivos candidatos.



Filme

"12 anos de escravidão"
"Gravidade"
"Trapaça"
"Capitão Phillips"
"Clube de compras Dallas"
"Ela"
"Nebraska"
"Philomena"
"O lobo de Wall Street"
Diretor
Alfonso Cuarón, de "Gravidade"
Martin Scorsese, de "O lobo de Wall Street"
Steve McQueen, de "12 anos de escravidão"
Alexander Payne, de "Nebraska"
David O. Russell, de "Trapaça"
Ator
Christian Bale, de "Trapaça"
Bruce Dern, de "Nebraska"
Leonardo DiCaprio, de "O lobo de Wall Street"
Chiwetel Ejiofor, de "12 anos de escravidão"
Matthew McConaughey, de "Clube de compras Dallas"
Atriz
Cate Blanchett, de "Blue Jasmine"
Sandra Bullock, de "Gravidade"
Judi Dench, de "Philomena"
Amy Adams, de "Trapaça"
Meryl Streep, de "Álbum de família"
Ator coadjuvante
Barkhad Abdi, de "Capitão Phillips"
Bradley Cooper, de "Trapaça"
Michael Fassbender, de "12 anos de escravidão"
Jared Leto, de "Clube de compras Dallas"
Jonah Hill, de "O lobo de Wall Street"
Atriz coadjuvante
Sally Hawkins, de "Blue Jasmine"
Jennifer Lawrence, de "Trapaça"
Lupita Nyong'o, de "12 anos de escravidão"
Julia Roberts, de "Álbum de família"
June Squibb, de "Nebraska"
Filme estrangeiro
"Alabama Monroe" (Bélgica)
"A grande beleza" (Itália)
"A caça" (Dinamarca)
"The missing picture" (Camboja)
"Omar" (Palestina)
Roteiro original
Eric Warren Singer e David O. Russell, de "Trapaça"
Woody Allen, de "Blue Jasmine"
Craig Borten e Melisa Wallack, de "Clube de compras Dallas"
Spike Jonze, de "Ela"
Bob Nelson, de "Nebraska"
Documentário em longa-metragem
"The act of killing"
"Cutie and the Boxer"
"Dirty Wars"
"The Square"
"20 Feet from Stardom"
Documentário em curta-metragem
"CaveDigger"
"Facing fear"
"Karama has no walls"
"The lady in number 6: Music saved my life"
"Prison terminal: The last days of private Jack Hall"
Fotografia
"O grande mestre"
"Gravidade"
"Inside Llewyn Davis: Balada de um homem comum"
"Nebraska"
"Os suspeitos"
Edição
"Trapaça"
"Capitão Phillips"
"Clube de compras Dallas"
"Gravidade"
"12 anos de escravidão"
Trilha sonora original
John Williams, de "A menina que roubava livros"
Steven Price, de "Gravidade"
William Butler e Owen Pallett, de "Ela"
Alexandre Desplat, de "Philomena"
Thomas Newman, de "Walt nos Bastidores de Mary Poppins"
Canção original
"Happy", de "Meu malvado favorito 2" – Pharrell Williams (música e letra)
"Let it Go", de "Frozen: Uma aventura congelante" – Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez (música e letra)
"The Moon Song", de "Ela" – Karen O (música e letra) e Spike Jonze (letra)
"Ordinary Love", de "Mandela: Long walk to freedom" – Bono, Adam Clayton, The Edge, Larry Mullen Jr. e Brian Burton
Efeitos visuais
"Gravidade"
"O hobbit: A desolação de Smaug"
"Homem de ferro 3"
"O cavaleiro solitário"
"Star trek: além da escuridão"
Edição de som
"All Is Lost"
"Capitão Phillips"
"Gravidade"
"O hobbit: A desolação de Smaug"
"O grande herói"
Mixagem de som
"Capitão Phillips"
"Gravidade"
"O hobbit: A desolação de Smaug"
"Inside Llewyn Davis: Balada de um homem comum"
"O grande herói"
Curta-metragem
"Aquel no era yo"
"Avant que de tout perdre"
"Helium"
"Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa?"
"The Voorman Problem"
Curta-metragem de animação
"Feral"
"Get a horse!"
"Mr. Hublot"
"Possessions"
"Room on the broom"
Figurino
"Trapaça”
"O grande mestre"
"O grande Gatsby"
"The Invisible Woman"
"12 anos de escravidão"
Design de produção
"Trapaça"
"Gravidade"
"O grande Gatsby"
"Ela"
"12 anos de escravidão"
Maquiagem e cabelo
"Clube de compras Dallas"
"Jackass apresenta: Vovô sem vergonha"
"O cavaleiro solitário"


sábado, 1 de março de 2014

O LOBO DE WALL STREET - 2013

The Wolf of Wall Street, 2013
Legendado, Martin Scorsese

Indicação da Semana!
Indicado nas seguintes categorias para o Oscar 2014: Melhor ator (Leonardo di Caprio); Melhor ator coadjuvante (Jonah Hill); Direção (Martin Scorsese); Roteiro Adaptado (Terence Winter) e Melhor Filme.
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: Inglês
Legendas: Pt-Br
Duração: 180 Min.
Tamanho: 1.38 GB.
Servidor: MEGA (Parte única)

Link
Parte única

Sinopse
Um corretor da bolsa de valores de Nova Iorque se recusa a cooperar em um caso de grande fraude com valores mobiliários e alta corrupção envolvendo pessoas influentes em Wall Street. Baseado na autobiografia de Jordan Belfort.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.5


Crítica
O Lobo de Wall Street, novo trabalho do cineasta Martin Scorsese, é basicamente uma versão de três horas da sequência de Os Bons Companheiros na qual o protagonista, paranoico em função das drogas, passa o dia observando um helicóptero que o segue enquanto mantém conversas histriônicas com vários conhecidos. Aqui, porém, em vez de acompanhar os bastidores violentos de uma organização de mafiosos, o filme segue os bastidores hedonistas de uma quadrilha de executivos de Wall Street – e, no processo, expõe que, embora menos propensos à violência, estes últimos revelam possuir muito menos maturidade, autocontrole e, principalmente, respeito pela dignidade alheia do que seus colegas da Cosa Nostra.
Baseado no livro autobiográfico do ex-corretor da bolsa de valores Jordan Belfort, o roteiro de Terence Winter ancora sua história num universo povoado por personagens celebremente batizados por Tom Wolfe como “Mestres do Universo”: financistas, especuladores e corretores de Wall Street que, principalmente a partir da década de 80, se dedicaram a manipular o sistema financeiro em benefício próprio enquanto arruinavam as vidas e economias de milhares de famílias, usando o dinheiro para financiar não só seu próprio estilo de vida cheio de ostentação, mas também orgias regadas a álcool e cobertas de pó. Foi nesta cultura particular que o jovem Belfort (DiCaprio) iniciou sua carreira, não demorando até fundar sua própria empresa de corretagem que, demonstrando verdadeiro desprezo pelos próprios clientes, transformava-os em vítimas de esquemas cujo objetivo final era transferir seus investimentos para o caixa da companhia. Neste aspecto, Jordan Belfort pode até soar mais divertido que o Tommy de Joe Pesci, mas, em última análise, mostra-se tão egoísta, inconsequente e sociopata quanto este.
E é aí que entra a inteligência de Scorsese: enquanto um diretor menos experiente provavelmente buscaria retratar a história do protagonista de maneira direta e objetiva a fim de estabelecer sua canalhice, o cineasta opta por, em vez de ressaltar o óbvio, pintar as ações de Belfort com as cores do ridículo que estas inspiram, salientando os absurdos do cotidiano do sujeito e levando o espectador ao riso – mas com o cuidado de garantir que, de modo geral, estejamos rindo dos personagens, não com estes.
Contando com uma estrutura narrativa bastante similar às de Os Bons Companheiros e Cassino (deixando claro que, para ele, os “Mestres do Universo” são tão desprezíveis quanto os mafiosos de seus trabalhos anteriores), Scorsese emprega aqui narrações em off múltiplas que não apenas servem para guiar o espectador através daquele mundo, mas também para comentar a própria narrativa – como, por exemplo, ao corrigir a cor de um carro logo no início da projeção. Porém, ao contrário do que ocorria naqueles filmes, cujos personagens no mínimo respeitavam o espectador, aqui o Belfort de Leonardo DiCaprio mal consegue ocultar o desprezo que sente pela própria plateia, frequentemente comentando, de forma condescendente e ofensiva, não acreditar em nossa capacidade de compreender os esquemas financeiros que comandava. Já em outros momentos, o diretor usa o off para revelar o que um personagem realmente está pensando acerca de outro, completando suas brincadeiras de linguagem ao retratar um evento de duas maneiras distintas, refletindo a percepção alterada de determinado indivíduo e, mais tarde, revelando o que realmente aconteceu.
Ambientado numa cultura de “machos” que, como tal, inclui uma infinidade de xingamentos mútuos e a verdadeira necessidade de encarar as mulheres como troféus por conquistas pessoais, objetos de escárnio ou simplesmente como mecanismo de alívio sexual, O Lobo de Wall Street já estabelece esta visão em um plano inacreditável no qual a bunda voluptuosa de uma garota é transformada basicamente em um Everest que o personagem de DiCaprio parece escalar antes de colher seu prêmio: uma carreira de cocaína aspirada do cume (hum). Assim, não é surpresa quando, mais tarde, o mesmo personagem caminha num estupor absoluto em um quarto de hotel em Las Vegas e, sem nem parecer pensar direito, estica o braço para apertar o seio de uma mulher desacordada – um gesto destituído de qualquer prazer sexual e que expõe simplesmente sua tendência a encarar o sexo oposto como algo que existe apenas para atendê-lo. No entanto, é fundamental distinguir protagonista e narrativa – e Scorsese deixa clara, em diversos momentos, sua reprovação diante daquelas atitudes, escancarando-a, por exemplo, no instante em que vemos uma das funcionárias de Belfort permitindo que sua cabeça seja raspada em troca de dez mil dólares: ao fazer questão de enfocar a moça recebendo o dinheiro e se afastando humilhada, o cineasta leva o espectador a observar a desumanização da secretária e, consequentemente, a constatar mais uma vez a sociopatia do personagem-título.
Não que no processo o filme não nos faça rir, pois faz – e ver Belfort e o sócio Donnie (Hill) discutindo a logística do arremesso de anões (com direito a citação de Freaks) é ao mesmo tempo engraçado (por constatarmos como aqueles homens se afastaram da realidade) e deprimente (pelo mesmo motivo). Neste sentido, aliás, Scorsese foi mais uma vez sábio ao escalar um comediante como Jonah Hill para formar dupla com DiCaprio – e é admirável como o ator consegue ao mesmo tempo trazer seu timing cômico para o papel enquanto retrata também as inseguranças, a ganância, o descontrole e a arrogância de Donnie, numa composição surpreendentemente complexa. Seguindo a mesma lógica, o diretor Rob Reiner, profundo conhecedor de comédia (é filho de Carl, afinal, além de ter dirigido vários títulos do gênero), aqui surge como o explosivo pai de Belfort, usando também seus dotes cômicos para oscilar bem entre a preocupação que o sujeito nutre em relação ao filho e tiradas hilárias originadas de seu espanto diante da autoindulgência do rapaz. (Aliás, O Lobo de Wall Street traz outros dois cineastas conhecedores de humor em pequenas pontas: Jon Favreau e Spike Jonze.)
E se Matthew McConaughey quase rouba o filme inteiro com sua única cena (e sua ausência é sentida por toda a projeção), Leonardo DiCaprio exibe uma segurança invejável ao carregar a narrativa, surgindo em praticamente todas as cenas das três horas de projeção. Apresentando-se inicialmente como um jovem inseguro cuja hesitação pode ser percebida na voz que insiste em falhar ao conversar com o chefe e na maneira com que olha para os lados, constrangido, Jordan Belfort eventualmente se torna uma figura desprezível, mas – e isto é fundamental para o sucesso do filme – sempre fascinante e divertida. Dono de uma natureza de sociopata (e não é à toa que uso a palavra pela terceira vez para descrevê-lo), o sujeito é incapaz de sentir remorso ou de perceber as consequências de seus atos – e quando diz se “sentir horrível” em função do que ocorreu com um conhecido, o sentimento dura apenas alguns segundos, como se tivesse sido verbalizado apenas como estratégia para se humanizar diante do espectador. Aspirante patético a Gordon Gekko (que ao menos exibia alguma dignidade em seu comportamento, soando como adulto), Belfort é um verdadeiro canalha – e, mais uma vez, a opinião de Scorsese sobre seu protagonista fica claríssima ao retratar certas ações no terceiro ato, quando inclui a reação apavorada de uma criança diante da barbaridade que está testemunhando e que provavelmente a traumatizará para o resto da vida.
Brilhante tanto nas sequências que exigem humor físico (e quem poderia imaginar que DiCaprio fosse tão competente neste quesito?) quanto nas cenas em que precisa descartar qualquer sombra de dignidade, DiCaprio ainda confere nuance às ações de Belfort – o que culmina naquela, que para mim, é a melhor cena do filme: a conversa que mantém a bordo de um iate com o agente federal vivido com talento por Kyle Chandler. Trata-se de uma interação complexa que Scorsese e a montadora Thelma Schoonmaker conduzem com maestria, partindo da tentativa por parte de Belfort de criar intimidade com o agente Denham, quando exibe de forma sutil sua riqueza para estabelecer seu poder, e sendo gradualmente substituída por esforços consecutivos de soar humilde e condescendente até culminar numa sugestão de suborno que dá lugar à frustração, à raiva e ao descontrole absoluto.
Um dos aspectos admiráveis de O Lobo de Wall Street, aliás, é perceber como Scorsese consegue contrapor momentos intimistas, de personagem, como este a outros nos quais sua câmera confere uma energia quase maníaca às sequências – tudo sem abandonar suas marcas autorais, como uma brilhante seleção de músicas incidentais, o uso preciso de câmera lenta (como no instante em que vemos cocaína voando dentro de um avião) e tomadas longas e impressionantes. Já em outros instantes, o cineasta emprega manipulações claras de narrativa ao criar situações de humor, como ao subitamente transformar uma pequena escada em outra que parece ter dezenas de degraus enquanto um personagem despenca por estes, ou ao encenar aquela que provavelmente é uma das brigas mais lentas da história do Cinema, quando até mesmo uma pequena vasilha é empregada por um dos envolvidos como obstáculo para impedir a aproximação do outro e durante a qual a música-tema de “Popeye” é empregada de maneira surpreendente.
Mas mesmo nos momentos de humor mais escrachado, O Lobo de Wall Street deixa claro estar enfocando personagens desprezíveis: “Não criamos nem construímos nada”, diz o corretor de McConaughey, por exemplo, enquanto em outro instante Belfort tenta provar sua boa natureza ao contar que deu dinheiro para uma colega, entregando que seu sentimentalismo é mensurado em dólares. E o pior (e sugiro que só leiam o restante do parágrafo aqueles que já tiverem visto o filme): ao contrário dos bandidos enfocados em Os Bons Companheiros e Cassino, que acabavam punidos em maior ou menor grau por suas ações, os engravatados de Wall Street são poderosos demais para vivenciarem derrotas similares – e, assim, quando vemos o agente Denham no metrô, a caminho de casa, somos levados por Scorsese a avaliar o grau de sua vitória. Sim, seria muito fácil, para o filme, trazer o sujeito sorrindo no vagão, demonstrando estar satisfeito com o que conseguiu mesmo diante da constatação de que Belfort sairá da cadeia para abraçar seus milhões, mas isto soaria falso e maniqueísta, sendo apropriadamente descartado pelo cineasta.
E é justamente este tipo de decisão que demonstra o talento aparentemente inesgotável de um cineasta que, mesmo aos 71 anos de idade, é capaz de criar uma narrativa repleta de uma energia juvenil quase subversiva. E é admirável que, em vez de se encarregar de condenar o personagem para o espectador, Scorsese permita que constatemos sozinhos a natureza de Belfort. Sim, com isso, ele inevitavelmente levará muitos a saírem do cinema repletos de admiração pelo que o protagonista conquistou – mas não podemos responsabilizar o diretor pela falha de caráter de certos membros de sua plateia, podemos?
Fonte: Portal Cinema em cena









OS SUSPEITOS - 1995

The Usual Suspects, Legendado, 1995, Bryan Singer.

Ganhador nas seguintes categorias do Oscar de 1996: Melhor Ator Coadjuvante (Kevin Spacey) e Melhor Roteiro Original (Chirstopher Mcquarrie).
Classificação:
Excelente

Formato: MKV (720p Blu-ray rip)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 106 Min.
Tamanho: 499 MB.
Servidor: MEGA (Parte Única)
Links:

Filme e legenda


Sinopse: Cinco suspeitos são detidos em uma delegacia de polícia de Nova York por causa de um crime. Durante a detenção, eles chegam a um acordo e se unem para realizar um grande trabalho. Porém, eles não imaginam que todos são apenas marionetes na mão de alguém mais poderoso, que os está usando, e a dúvida que permanece até a grande revelação final é: quem é essa pessoa?
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.7
Crítica:Um suspense policial inteligente e surpreendente. Quem é Keyser Soze? Essa é a pergunta que move o filme. E a resposta para essa pergunta provavelmente vai te deixar boquiaberto.
No filme, um navio com 91 milhões de dólares em drogas é explodido, 27 pessoas morrem e a explicação do crime depende da única testemunha: Verbal Kint, um aleijado que ajudou a planejar o roubo do navio. Essa é a premissa do roteiro de Christopher McQuarrie, mas este possui tantas reviravoltas que acaba ficando confuso. E essa confusão é o que prende o espectador. Todo mundo quer entender o que aconteceu e quem é o mandante do roubo. E é ai que entra em cena o tal Keyser Soze que seria esse mandante, tendo planejado tudo desde o início do filme.
A direção é de Bryan Singer em seu filme de estréia. E a direção é um dos pontos de apoio do filme, já que esse não possui grandes cenários ou efeitos. O filme se resume a um roteiro surpreendente, uma direção maravilhosa e um elenco monstruoso. A direção é muito boa e guia o filme dentro de uma história contada através de flashbacks e cenas fora de ordem.
O elenco está espetacular. De Gabriel Byrne a Chazz Palminteri, passando por Stephen Baldwin, Giancarlo Esposito, Benicio Del Toro (ainda desconhecido) e Pete Postlethwaite. Mas o destaque é (definitivamente) Kevin Spacey. Ele cria um personagem ingênuo, amedrontado e totalmente dúbio. Seu aleijado convence na maneira de falar, de andar e de pensar e isso é extremamente importante para que o final do filme fique coeso.
As reviravoltas finais são avassaladoras e mostradas de uma maneira impecável. O interessante é que o público descobre tudo junto com os personagens, aumentando o choque que a revelação causa. O público sente a angústia do que aconteceu e de que aquilo poderia ter sido evitado, graças a montagem brilhante da cena.
O filme é muito bom, tem um roteiro genial (que é um dos melhores que eu já vi) e um elenco perfeito. Mereceu os dois Oscars que venceu (Roteiro e Ator Coadjuvante) e é suspense que merece ser visto. Mas não pisque, pois isso pode te fazer perder o “fio da meada” e não entender o filme após seu final.








sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PHILOMENA - 2013

Philomena, Legendado, 2013, Stephen Frears.

Indicado nas seguintes categorias para o Oscar 2014: Melhor Filme; Melhor Atriz (Judi Dench); Melhor Trilha Sonora (Alexandre Desplat) e Melhor Roteiro Adaptado (Steve Coogan e Jeff Pope).
Classificação:
Ótimo

Formato:AVI (Xvid)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 98 Min.
Tamanho: 704 MB
Servidor: MEGA (2 Partes)
Links:

Parte 1
Parte 2

Sinopse: Quando Philomena era adolescente e estava grávida, ficou condenada a uma vida servil no convento, sendo forçada a abandonar seu filho de quatro anos. Décadas depois, um ex-jornalista e marqueteiro ajuda a mulher em sua busca pelo garoto.
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 7.9

Crítica:
Ainda surgem filmes que rompem com fórmulas de sucesso, orçamentos astronômicos, efeitos especiais, 3D e quaisquer outros modismos e conseguem fazer sucesso comercial. Às vezes merecido, às vezes, não. Philomena pertence ao primeiro time. Esta modesta produção inglesa, que custou pouco mais de US$ 10 milhões para ser produzido (orçamento pra lá de irrisório nos dias de hoje, mesmo para padrões de produção nacional, diga-se de passagem), conquistou as plateias do mundo todo, e já faturou mais de US$ 80 milhões. É claro que este número está longe das cifras ao redor dos US$ 200-300 milhões de blockbusters como Thor e semelhantes, mas representa um robusto sucesso para um filme independente que se desenvolve na tênue linha entre a comédia e o drama.
Co-escrito e protagonizado por Steve Coogan, o roteiro baseia-se numa incrível história real. Das personagens principais foram mantidos inclusive os nomes. Coogan interpreta o jornalista Martin Sixmith e Judi Dench a personagem-título que, após 50 anos, resolve contar à filha que ela tem um irmão, nascido quando Philomena ainda era muito jovem, e que dela foi tirado e dado em adoção. Passado este tempo todo, ela está disposta a encontrá-lo de qualquer maneira. Por estas coincidências da vida real, que parecem coisa de filme, sua filha acaba conhecendo Sixmith em uma festa, e lhe propõe ajudar sua mãe nesta empreitada, o que renderia uma boa matéria. Recentemente desempregado, mas não muito entusiasmado em princípio com a proposta de escrever um ensaio de “interesse humano” – que definitivamente não é sua praia, ele acaba cedendo, e surge daí a história que vamos acompanhar no filme.
O diretor inglês Stephen Frears é um veterano, e conhecido também pela sua versatilidade. A história de Philomena Lee – que recentemente foi notícia novamente, por haver se encontrado pessoalmente com o Papa Francisco I – tem elementos que poderiam nas mãos de outro diretor ter trilhado o caminho de um tearjerker como dizem os americanos – filmes para fazer chorar. Mas o humor sutil que brota em vários instantes da relação que se estabelece entre Sixmith e Philomena, é inesperado e torna a história, embora imensamente tocante e humana, leve e muitas vezes divertida. Este humor inesperado do filme, principalmente para aqueles que já conheciam em linhas gerais a história que ele conta, foi o principal responsável por seu sucesso imediato quando lançado no Festival de Veneza ano passado.
Talvez o  único clichê presente nesta relação seja o fato de suas posições opostas no que concerne à religiosidade. Sixmith é um ateu convicto, enquanto Philomena ainda preza sua fé católica, apesar das agruras que sofreu no convento em que foi confinada pelos pais em consequência de sua gravidez “constrangedora”. À medida que a história se desenvolve, é natural que o jornalista chegue ao ponto de irritar-se com a fé inabalável de Philomena. Mas através de Sixmith, nós como público, passamos pelo mesmo processo de aprendermos a compreender e respeitar a visão de mundo, as decisões e a aceitação resignada de Philomena frente a fatos aparentemente tão revoltantes e indignos.
Não é preciso nem comentar que Judi Dench está excepcional em sua interpretação. Talvez Coogan surpreenda, não sendo um rosto assim tão popular para nós brasileiros, de quem muitos nem lembrem de haver visto em algum outro filme. Além de ator, sua incursão como roteirista foi exitosa, já havendo lhe rendido o prêmio no Festival de Veneza 2013.
Philomena é um filme perfeito para o público adulto – de todas as idades, não necessariamente as de seus dois protagonistas – tão carente de opções hoje em dia nos cinemas. Leve, sutilmente divertido, profundamente humano, e com uma boa história para contar, Philomena talvez fique ofuscado frente à enxurrada de “filmes do Oscar” nesta época do ano, ainda mais considerando-se que 2013 foi uma safra excelente para filmes em língua inglesa. Mas suas qualidades de filme à moda antiga, ancorado basicamente no roteiro e atuações, garantem sua opção como um bom programa na sala escura.
Fonte: Plano Crítico