29 Palms, 2003
Legendado, Bruno Dumont
Formato: AVI
Aúdio: Inglês e Francês
Legenda: Português
Duração: 113 minutos
Tamanho: 1,27 Gb
Servidor: Mega (Parte única)
SINOPSE
O fotógrafo David (David Wissak) e sua namorada Katia (Yekaterina 
Golubeva) partem de Los Angeles à procura de um cenário no deserto da 
Califórnia, onde ele vai realizar um ensaio. O casal chega a Twentynine 
Palms, um vilarejo remoto. Lá eles se hospedam em um motel e, a bordo de
 um jipe, passam os dias trabalhando. Com freqüência eles se perdem 
pelas trilhas do deserto, preenchendo seu tempo fazendo sexo 
apaixonadamente, entre brigas e reconciliações. Até que um acontecimento
 terrível interrompe a viagem.  
Fonte: AdoroCinema
ANÁLISE
por Luiz Carlos Oliveira Jr.
29 Palms, terceiro filme 
                          de Bruno Dumont, traz duas figuras das mais conhecidas 
                          do cinema contemporâneo: o deserto e a estrada. Não 
                          é, contudo, de um espaço cuja vastidão é inundada por 
                          um estado afetivo (The Brown Bunny, Gerry) 
                          que ele fala. O filme segue, antes, uma composição em 
                          abismo; sua paisagem é desligada, esvaziada, desmagnetizada. 
                          O deserto em 29 Palms é tanto um meio físico 
                          a ser pisado e sentido em sua concretude quanto o deserto 
                          abstrato do próprio cinema, um deserto onde cada porção 
                          de chão só pode se ligar à porção seguinte graças a 
                          um arcabouço imagético construído pelos filmes anteriores 
                          a ele. Lá se encontram repetições, clichês, monotonia... 
                          interrupção. De todos os ícones que perpassam 29 
                          Palms, nada ressai além da indiferença. Mil representantes 
                          do imaginário cinematográfico se misturam e se perdem 
                          na poeira do deserto. Ouro e Maldição (Stroheim), 
                          A Aventura (Antonioni), Sem Destino (Denis 
                          Hopper), Encurralado (Spielberg), Mad Max 
                          (George Miller), Paris Texas (Wim Wenders), A 
                          Estrada Perdida (Lynch): todos esses filmes parecem 
                          liquidificados e transformados numa massa homogênea 
                          que se espalha pelas imagens de 29 Palms. Bruno 
                          Dumont não faz citações, pois parte da premissa de que 
                          os signos a que está se referindo já foram dinamitados 
                          por uma cultura radicalmente indiferente. O sol de Ouro 
                          e Maldição está aqui tão distanciado da sua origem 
                          que, ainda que alguns o possam ler como signo de jornada 
                          fracassada, já não faz alusão ao filme de que foi decalcado 
                          – remete tão-somente a si mesmo.
O título, que vem de uma cidade californiana que se gaba pela qualidade de vida oferecida, contrasta com a imponência dos títulos de seus filmes anteriores (A Vida de Jesus e A Humanidade). Mas Dumont não está abandonando suas releituras do cristianismo: o oeste americano, palco por excelência da construção de mitos cinematográficos, abriga em 29 Palms a odisséia pecaminosa de Katia (Golubeva) e David (Wissak), espécies de Adão e Eva contemporâneos. O filme já começa com eles expulsos do paraíso, após a perda da inocência, donde a representação infernal que é feita do deserto californiano: Katia e David comentam a aridez da paisagem, temem as queimaduras provocadas pelo sol, sentem o pé doer quando em contato com o chão acidentado e seco. Em 29 Palms, o cinema se vê incapaz de figurar o espaço para além de uma certa frieza de procedimento técnico. Não há afeição possível nas imagens áridas do filme. A perspectiva acentuada, a inscrição profunda dos pontos de fuga: o que isso destaca, no fundo, é um espaço desmembrado, inóspito. E o homem que nele transita é desmemoriado, desapegado, carece de conteúdo histórico. Praticamente tudo que Katia e David fazem para matar o tempo é dar vazão aos instintos e às necessidades fisiológicas. Somente os corpos têm direito à fala, as tentativas de comunicação verbal são quase sempre fracassadas – o que o filme expõe de maneira bastante rasa, com cenas em que os clichês de incomunicabilidade chegam a ser pré-Wenders, talvez até pré-Antonioni (o diálogo deles na sorveteria é um exemplo). As tomadas de vista apontam para o infinito, mas as trajetórias de David e Katia são sempre circulares, acabam no mesmo lugar de onde partiram (como os giros repetitivos que a câmera faz num suposto vídeo artístico a que eles assistem na tv do hotel).
O título, que vem de uma cidade californiana que se gaba pela qualidade de vida oferecida, contrasta com a imponência dos títulos de seus filmes anteriores (A Vida de Jesus e A Humanidade). Mas Dumont não está abandonando suas releituras do cristianismo: o oeste americano, palco por excelência da construção de mitos cinematográficos, abriga em 29 Palms a odisséia pecaminosa de Katia (Golubeva) e David (Wissak), espécies de Adão e Eva contemporâneos. O filme já começa com eles expulsos do paraíso, após a perda da inocência, donde a representação infernal que é feita do deserto californiano: Katia e David comentam a aridez da paisagem, temem as queimaduras provocadas pelo sol, sentem o pé doer quando em contato com o chão acidentado e seco. Em 29 Palms, o cinema se vê incapaz de figurar o espaço para além de uma certa frieza de procedimento técnico. Não há afeição possível nas imagens áridas do filme. A perspectiva acentuada, a inscrição profunda dos pontos de fuga: o que isso destaca, no fundo, é um espaço desmembrado, inóspito. E o homem que nele transita é desmemoriado, desapegado, carece de conteúdo histórico. Praticamente tudo que Katia e David fazem para matar o tempo é dar vazão aos instintos e às necessidades fisiológicas. Somente os corpos têm direito à fala, as tentativas de comunicação verbal são quase sempre fracassadas – o que o filme expõe de maneira bastante rasa, com cenas em que os clichês de incomunicabilidade chegam a ser pré-Wenders, talvez até pré-Antonioni (o diálogo deles na sorveteria é um exemplo). As tomadas de vista apontam para o infinito, mas as trajetórias de David e Katia são sempre circulares, acabam no mesmo lugar de onde partiram (como os giros repetitivos que a câmera faz num suposto vídeo artístico a que eles assistem na tv do hotel).
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... admirador do Convergência & usuário mais do que recompensado pela qualidade do blog, infelizmente, após várias tentativas, não consegui ter acesso ao "29 Alps":- apresenta erra constante em relação à primeira parte... podem, por favor me orientar/ajudar a respeito???...
ResponderExcluir... abraços & parabéns pelo trabalho...
Sadomaster,
Excluirirei baixar todas as partes do arquivo para verificar se ocorre o mesmo problema. Caso ocorra, então, assim que possível postaremos novos links.
Mas peço que observe se todas as partes foram baixadas corretamente/totalmente.
Att.,
Hilarius
ExcluirSadomaster,
arquivo baixado e testado. Não ocorreu qualquer problema durante o download e na extração dos arquivos.
Então peço que você baixe novamente os arquivos, verificando se foram baixados totalmente.
Att.,
Hilarius
... durante a madrugada, baixei sem problemas... sorry, talvez algum problema persistente de conexão que não consegui identificar...
Excluir... grato pela atenção & cortesia...
... abraços...