Formato: MP4
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 114 Min
Tamanho: 750 Mb
Servidor: MEGA ( 2 Partes )
Links:
Parte 1
Parte 2
Sinopse: O escritor Truman Capote, autor do livro que originou o filme "Bonequinha de Luxo", fez uma extensa pesquisa sobre um crime que aconteceu nos Estados Unidos em 1959, quando Dick Hickock e Perry Smith mataram uma família de quatro pessoas em uma pequena cidade do Kansas. Capote desenvolveu um estranho laço com os assassinos ao entrevistá-los para escrever In Cold Blood.
Fonte: Cineplayers
THE INTERNET MOVIES DATABASE: IMDB - Nota Imdb 7.4
Áudio: Inglês
Legendas: Português
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Parte 2
Sinopse: O escritor Truman Capote, autor do livro que originou o filme "Bonequinha de Luxo", fez uma extensa pesquisa sobre um crime que aconteceu nos Estados Unidos em 1959, quando Dick Hickock e Perry Smith mataram uma família de quatro pessoas em uma pequena cidade do Kansas. Capote desenvolveu um estranho laço com os assassinos ao entrevistá-los para escrever In Cold Blood.
Fonte: Cineplayers
THE INTERNET MOVIES DATABASE: IMDB - Nota Imdb 7.4
Crítica:
Durante
a introdução de seu relato, Capote explica que narrará uma tragédia que
custou a vida não apenas dos quatro membros da família Clutter, mas
também de seus dois assassinos. O que ele não imaginava, na época, era
que a soma chegaria a sete, sendo que ele próprio, Truman Capote, se
tornaria a vítima final da cadeia de acontecimentos originada pelos
quatro tiros disparados na fria madrugada de 15 de novembro de 1959.
Por Pablo Villaça
Em certo momento de Capote,
o personagem-título, que está trabalhando em um livro que relatará o
massacre de uma família numa cidadezinha do Kansas, afirma que sua obra
será considerada o melhor trabalho de não-ficção da década – uma
declaração megalomaníaca que já seria questionável caso o livro
estivesse pronto, mas que se torna ainda mais espantosa se considerarmos
que, naquele momento, ele ainda não havia escrito uma única página. No
entanto, nada poderia ser mais típico de Truman Capote do que aquele ato
de irrestrita auto-confiança e presunção: prestigiado pelo sucesso de
seu Breakfast at Tiffany’s
(logo adaptado para o Cinema), o escritor se transformara em figurinha
fácil nos altos círculos da sociedade nova-iorquina, tornando-se ainda
mais requisitado graças aos seus modos excêntricos e à língua ferina. E a
verdade é que ele não apenas estava correto como, de certa forma,
subestimou o alcance que seu livro teria: lançado em 1965, A Sangue Frio
alterou radicalmente o formato do gênero, levando o próprio Capote
(como não poderia deixar de ser) a alegar que inaugurara um novo estilo,
o “romance de não-ficção”. Exagero ou não, o fato é que A Sangue Frio
tornou-se um clássico instantâneo, originando, dois anos depois, um
filme espetacular dirigido por Richard Brooks e protagonizado por um
genial Robert Blake.
No
entanto, se o drama narrado por Truman Capote em seu livro tem uma
força inquestionável, o processo de realização do trabalho não fica para
trás: levando seis anos para finalizar a obra, o escritor se entregou
totalmente ao projeto, tornando-se próximo do policial designado para
investigar o assassinato da família Clutter, Alvin Dewey (aqui vivido
por Chris Cooper), e, posteriormente, estabelecendo um relacionamento
íntimo com os próprios assassinos, Perry Smith (Collins Jr.) e Richard
Hickock (Pellegrino) – especialmente com o primeiro, com quem criara uma
identificação profunda, já que ambos tiveram infâncias particularmente
difíceis. Envolvendo-se até mesmo na defesa dos criminosos, Capote fez
freqüentes visitas ao corredor da morte a fim de entrevistá-los – uma
experiência que viria a alterar dramaticamente o curso de sua vida e que
é retratada com sensibilidade por este filme.
Pois o roteiro de Capote
(escrito por Dan Futterman a partir do livro de Gerald Clarke) não se
preocupa particularmente com o crime bárbaro cometido por Smith e
Hickock, mas sim com o envolvimento entre o personagem-título e os dois
homens e, é claro, com o processo de criação da obra-prima, que exigiria
um alto preço de seu autor. Inicialmente interessado apenas em escrever
um relato sobre o impacto que o massacre teria sobre a pequena
comunidade de Holcomb, Truman Capote viu seus planos se alterarem assim
que conheceu Perry Smith, concluindo que havia uma história muito mais
interessante por trás da existência trágica do sujeito: “É como se tivéssemos crescido na mesma casa e, um dia, ele tivesse saído pela porta de trás e eu, pela da frente”, explica o escritor em certo momento, evidenciando a irresistível atração que nutria pelo assassino.
No
entanto, um indivíduo racional e cínico como Capote jamais dedicaria
tanto tempo e esforço a um projeto apenas em função de uma “simpatia”:
mesmo genuinamente interessado em Perry, Truman não hesita em
descrevê-lo como sendo uma “mina de ouro”, um objeto de estudo que certamente lhe renderia um ótimo material. “Quando penso em como meu livro pode ser bom, quase perco o fôlego”,
admite o autor, consciente do que tem em mãos e disposto a enfrentar
qualquer obstáculo que cruze seu caminho, como, por exemplo, a imensa
reserva (aliás, uma quase hostilidade) com que é recebido na pequena
cidadezinha do conservador Sul norte-americano, onde sua afetação (ele
era homossexual assumido numa época em que isto era visto como
escandaloso) lhe rendia inimigos instantâneos – e sua grande sorte foi
poder contar com o auxílio providencial da amiga Harper Lee, que logo
publicaria seu próprio clássico literário (e futura obra-prima
cinematográfica), O Sol é Para Todos.
Magnificamente interpretado pelo sempre ótimo Philip Seymour Hoffman, habitué
dos filmes de Paul Thomas Anderson, Truman Capote revela-se uma figura
muito mais complexa e interessante do que poderiam sugerir seus
maneirismos absurdos, sua voz inacreditável e sua dicção característica.
Extremamente inteligente e culto, Truman possui uma sensibilidade
artística proporcional somente ao seu ego gigantesco - e mesmo se
esforçando para capturar a essência de Perry Smith a fim de retratá-lo
não como um monstro, mas como fruto inevitável de uma vida recheada de
infortúnios, o protagonista jamais perde de vista seus próprios
interesses: quando percebe que o sujeito não está disposto a contar o
que realmente aconteceu na casa dos Clutter naquela noite fatídica, por
exemplo, Truman o ataca em seu ponto mais vulnerável: o
orgulho que Perry tem de sua própria inteligência e de seu vocabulário.
Já em outro momento, Capote confidencia suas frustrações da juventude a
uma garota, levando Harper Lee a fazer um leve aceno desaprovador com a
cabeça: ela sabe que o amigo está sendo sincero quanto ao que diz, mas
não quanto às razões
para dizê-lo, já que quer apenas ganhar a confiança da moça a fim de
levá-la a lhe fornecer informações – e Philip Seymour Hoffman encarna
estas várias facetas do personagem com delicadeza exemplar.
Enquanto
isso, Clifton Collins Jr. retrata Perry Smith com igual intensidade,
transformando-o na figura trágica tão bem descrita pelo livro de 65:
cantor frustrado e desenhista talentoso, Smith compensa sua baixa
estatura e a fragilidade das pernas (gravemente feridas em um antigo
acidente) com um temperamento explosivo e imprevisível, além de
manifestar um orgulho desmedido por sua formação cultural, sem perceber
(e como poderia?) que seu vocabulário acima da média não consegue
disfarçar uma visão terrivelmente simplória do mundo – e seu discurso
final, que resgata uma passagem de seu diário, é simultaneamente
patético e comovente. Aliás, Collins Jr. oferece uma performance que
nada deixa a desejar com relação à de Seymour Hoffman, destacando-se
particularmente na cena que culmina naquela que é a fala mais arrepiante
do livro, do filme de 67 e, mais uma vez, desta produção, quando
descreve sua opinião acerca do sr. Clutter: “Eu achei que ele era um senhor gentil; e continuei a pensar assim até o momento em que cortei sua garganta”.
Por outro lado, Catherine Keener, embora eficiente como Harper Lee, é
eclipsada pelos dois colegas de elenco, além de ter pouco tempo em cena
(sua indicação ao Oscar é, portanto, injustificada; Robin Wright Penn
merecia a vaga por sua cena em Nove Vidas).
Em
seu segundo trabalho como diretor, Bennett Miller assume uma postura
discreta, concentrando-se nas atuações e procurando estabelecer um tom
constantemente (e corretamente) frio e melancólico: além dos vários
planos gerais nos quais explora (ao lado do diretor de fotografia Adam
Kimmel) o isolamento da cidade de Holcomb, o cineasta mantém as vozes de
seus atores sempre numa modulação baixa e reservada. Além disso, Miller
dedica atenção especial à recriação de detalhes da história, como a
notória sessão de fotos organizada por Capote e a presença, no corredor
da morte, do estudante de Medicina que matara toda sua família. Neste
sentido, Capote falha
apenas ao evitar a questão delicada do envolvimento sexual entre o
protagonista e Perry Smith, já que é praticamente certo que Truman
subornou vários carcereiros para poder ficar a sós em diversas ocasiões
com seu amante-entrevistado. Em contrapartida, o filme acerta ao
estabelecer o envolvimento emocional
entre os dois homens, que encontra seu ápice na última conversa que
mantém, quando Miller finalmente (e, mais uma vez, acertadamente) adota
uma câmera inquieta que reflete a intensidade do momento (e Seymour
Hoffman já mereceria o Oscar apenas por sua atuação nesta cena).
A grande tragédia da experiência de Truman Capote ao escrever A Sangue Frio
encontra, ali, sua explicação definitiva: embora apaixonado por Perry
Smith, o escritor era ainda mais apaixonado por si mesmo e, assim, sabia
que precisava sacrificar o outro a fim de chegar a uma conclusão
apropriada para seu relato, já que os constantes adiamentos da execução
de Smith e Hickcock eram um inconveniente irritante. Mas, em sua
arrogância inconseqüente, Truman se esqueceu de que estava sujeito, como
qualquer outra pessoa, a se tornar vítima de um sentimento poderoso: a
culpa. Para imortalizar-se com A Sangue Frio, ele paradoxalmente destruiu a si mesmo, jamais se recuperando dos anos que dedicou ao livro.
Fonte: Portal Cinema em cena
Fiquei triste com á morte do ator, ele era sem dúvida um dos melhores atores do cinema americano atual.Infelizmente se tornou mais vítima das drogas.Ao menos ganhou um merecido oscar.Obrigado pela bela homenagem.
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