Casa Grande, Fellipe Barbosa, 2014.
Classificação: Ótimo
Formato: AVI (Xvid)
Áudio: PortuguêsLegendas: Sem Legendas
Duração: 1h55min.
PG: 16
Tamanho: 800Mb.
Servidor: MEGA
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Parte Única
Crítica:
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Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os diasSiga @Estadao no TwitteJá na cena de abertura de Casa Grande o diretor Fellipe Barbosa nos apresenta sua história. O personagem está na piscina tomando um uísque. Dali parte para a casa e com calma apaga as luzes de cada um dos cômodos. Na tela, o espectador é apresentado aos créditos do filme, do ator principal, passando pelos coadjuvantes, eletricistas, maquiadores, montadores, motoristas. Todos estão ali. Já no início Casa Grande mostra que é um filme de inclusão.
Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os diasSiga @Estadao no TwitteJá na cena de abertura de Casa Grande o diretor Fellipe Barbosa nos apresenta sua história. O personagem está na piscina tomando um uísque. Dali parte para a casa e com calma apaga as luzes de cada um dos cômodos. Na tela, o espectador é apresentado aos créditos do filme, do ator principal, passando pelos coadjuvantes, eletricistas, maquiadores, montadores, motoristas. Todos estão ali. Já no início Casa Grande mostra que é um filme de inclusão.
No Brasil de hoje o filme traz uma
discussão muito pertinente: a eterna luta entre classes sociais. Ricos e
pobres, brancos e negros, zona sul e favela. Jean (Thales Cavalcanti) é
um adolescente de 17 anos que vive em um condomínio fechado na Barra da
Tijuca, zona nobre do Rio de Janeiro. Estuda em um dos melhores
colégios da cidade e todos os dias é acordado pelo pai Hugo (Marcello
Novaes) e é levado pelo motorista até à escola.
"Os paralelos entre a obra-prima de Gilberto Freyre não estão restritas à imaginação." |
Jean vive os problemas típicos de todo o
adolescente nesta idade: quer pegar mulher, mas não sabe bem como fazer
isso, precisa decidir seu futuro profissional e está em dúvida entre
Comunicação, Direito e Economia, a preferência de seu pai. Quando o
motorista da família, que trabalha na casa há 15 anos é demitido, Jean
vê sua vida desmoronar. A família passa por sérios problemas
financeiros. O pai, um economista de respeito, está perdendo fortunas na
bolsa de valores e se vê endividado até os dentes (qualquer semelhança
com a história real de Eike Batista não parece ser mera coincidência).
Os quatro carros estacionados na garagem da família passam para “apenas”
dois. Jean ganha do pai um cartão para usar no ônibus que o levará para
casa. A família deixa de comer filé mignon e passa a saborear empanados
de frango no jantar. É na nova rotina de “suburbano” que Jean conhece
Luíza (Bruna Amaya), jovem que vive em São Conrado (apesar de ele achar
que ela mora na Rosinha) e de cara engata um namoro com ela.
O roteiro escrito por Barbosa e Karen
Sztajnberg é bastante fiel à realidade vivida hoje no Brasil. A história
flui de forma leve, mas sem nunca deixar de lado o tom sério dos
problemas vivenciados pelos personagens. É possível rir em algumas
sequências, apesar de ainda me incomodar alguns aspectos usados para
delimitar a linha entre ricos e pobres. Por exemplo, enquanto a família
janta ouvindo música clássica a empregada na cozinha saboreia seu arroz
com feijão e banana, os empregados da casa só ouvem forró e todos são
felizes, apesar de passarem por muitas dificuldades na vida.
Talvez a minha maior crítica ao longa
seja justamente em um desses momentos. A personagem Luíza visita pela
primeira vez a “casa grande” do namorado. A família a recebe como manda o
figurino e no meio do almoço regado à picanha, inicia-se uma discussão
sobre cotas raciais. A menina, até então nunca tinha falado nada sobre o
tema, levanta a bandeira por ser parda e se utilizar do sistema. Agride
verbalmente o pai, a mãe e o almoço familiar é substituído por aquele
climão. Não acho que a discussão de cotas não possa ser feita em almoços
familiares, longe disso, mas no filme ela simplesmente fica um pouco
deslocada.
Mas se alguns pontos do roteiro se
mostram confusos, o mesmo não pode-se dizer do elenco. Os nomes misturam
atores conhecidos (Marcello Novaes e Suzana Pires só para citar alguns)
com alguns não-atores. Cavalcanti foi recrutado na escola onde seu
personagem estuda e Amaya também estrela o seu primeiro longa. A mistura
deu certo e rendeu prêmios em muitos festivais como o Festival de
Paulínia (Melhor roteiro, melhor ator coadjuvante para Marcello Novaes,
melhor atriz coadjuvante para Clarissa Pinheiro e o prêmio Especial do
Júri para o diretor Fellipe Barbosa), Festival de Palmares, em Toulouse
(Prêmio de público, prêmio de crítica internacional e prêmio de crítica
francesa), além de ser exibido nos festivais de Rotterdam e no Festival
do Rio.
Casa Grande se mostra um filme
necessário, principalmente neste momento em que o Brasil está vivendo.
Ele abre uma discussão interessante, um debate que precisa ser travado
na sociedade. Afinal, há um abismo que separa ricos e pobres nesse país e
as políticas públicas criadas para diminuir essa distância são cada vez
mais criticadas e mal utilizadas. O Brasil saiu da escravidão há muitos
anos, mas ainda vemos hoje sim, em muitas cidades, uma diferença muito
grande entre a casa grande e a senzala. A pergunta que fica é, até
quando? Ou melhor, será que um dia essa diferença terá um fim?
Casa Grande – Brasil, 2014
Direção: Fellipe Barbosa
Roteiro: Felippe Barbosa e Karen Sztajnberg
Elenco: Thalles Cavalcanti, Marcello Novaes, Suzana Pires, Clarissa Pinheiro, Lucélia Santos, Bruna Amaya, Georgiana Góes e Sandro Rocha
Duração: 115 minutos
Direção: Fellipe Barbosa
Roteiro: Felippe Barbosa e Karen Sztajnberg
Elenco: Thalles Cavalcanti, Marcello Novaes, Suzana Pires, Clarissa Pinheiro, Lucélia Santos, Bruna Amaya, Georgiana Góes e Sandro Rocha
Duração: 115 minutos
Fonte: Plano Crítico
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Caríssimo,
ResponderExcluirJá não é a primeira vez que este vosso filme é postado por ai e sempre fui deixando de lado. Ao contrário do que acontece com as vossas novelas ( e também das nossas, já agora) que tem uma clareza de linguagem muito fácil de entender, no cinema tal não acontece pelo realismo inerente que se pretende veicular. Daí ser difícil por vezes aqui compreender, dadas as nuances na maneira como nos expressamos linguisticamente. É claro que vistos (e ouvidos) no computador é muito diferente que numa sala e eu até que aprecio bastante o vosso cinema. É muito raro passarem nas nossas salas e o último que teve essa sorte foi 'Que horas ela volta!' que bem gostei sobretudo pela prestação muito expressiva e envolvente de Regina Casé. Estou baixando agora e a seu tempo irei apreciá-lo, pois vossos comentários bem me estimularam.
Agradecimentos cinéfilos e até...
Olá, Álvaro, caro amigo que nos acompanha e nos oferece sempre seu ponto de vista singular e suas opiniões em outras tantas postagens que temos feito com esmero e atenção para vocês. Para este filme, optamos por fazer uma postagem mais simples, pois como tal obra paralelizada nas linhas sociais de Freyre, aqui, nas ações das personas -muitíssimo bem coordenadas pelo talento de Fellipe Barbosa e dos atores que dão vida aos personagens, todos em harmoniosa e contrastante, enquanto problemática a ser evidenciada. As discussões suscitadas nesta obra, aqui falo por sétima arte, e em novo momento político propício; é evidentemente enriquecedora por sua proposição e assume na premissa entre a conversa daquilo que é rico em nosso país, ou seja, nossa própria história, em diferenças, dificuldades e individualidades, e assumo que se você assistir a este filme sem pretensão de algo dito ou postado aqui, faça juízo ao que fica marcado nas 1h e 55 minutos de filme, você talvez se surpreenda com a qualidade dessa pequena obra, que arrisco, é um dos grandes de 2015, mas reafirmo minha posição, entre na "Casa Grande" de Barbosa, com o intuito de compreender Freyre, nos nossos tempos.
ResponderExcluirAproveite.
Bons filmes.