Holy Motors, 2012
Leos Carax
Aúdio: Francês e Inglês
Legendas: Português
Duração: 111 minutos
Tamanho: 1,40 Gb
Servidor: Mega (Parte única)
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Parte única
Parte única
SINOPSE
Da madrugada até à noite, algumas horas na existência do Senhor Oscar,
um ser que viaja de vida em vida. É alternadamente industrial,
assassino, pedinte, criatura monstruosa, pai de família... O senhor
Oscar parece desempenhar papéis, interiorizando cada um de forma
completa, mas onde estão as câmaras? Está sozinho, acompanhado apenas
por Céline, uma senhora loira alta aos comandos da imensa máquina que o
transporta em Paris e arredores. É como um assassino consciencioso
movendo-se de assassinato em assassinato. Persegue a beleza do gesto, do
motor da acção, das mulheres e dos fantasmas da sua vida. Mas onde é a
sua casa, onde está a sua família, o seu descanso?
Fonte: Festival de Cannes
IMDB
TRAILER
ANÁLISE
A decomposição de personagem.
Por Bernardo D.I. Brum
Primeiro longa-metragem que Leos Carax faz desde 1999, Holy Motors
(idem, 2012), é a epopeia de um dia, ou de muitos deles. De uma pessoa,
e de várias delas. O filme foi considerado por muitos como estranho,
incompreensível e quase que imediatamente ruim pelo mesmo fator. Que o
autor de Os Amantes de Ponte Neuf (Lês Amants de Pont Neuf,
1991) não se incomode com reações presas a paradigmas e padrões não é
novidade, e seu novo filme é outro atestado vivo disso: várias vidas,
várias histórias, vários fragmentos. Nada começa, se desenvolve ou
termina de verdade.
Certamente metalinguístico, Holy Motors conta a
história de Sr. Oscar, um homem que sai de manhã em uma limusine último
tipo (e talvez uma comparação com Cosmópolis [Cosmopolis,
2012] seja interessante de ser feita) para, ao longo do dia, viver
várias situações diferentes. Através de encontros pré-estabelecidos, ele
vive uma ficção diferente, feita na vida real, em cada parte do dia.
Denis Lavant não é apenas Oscar, ele também é uma pobre senhora pedinte.
Também é um assassino de aluguel. E um fetichista tecnológico. E um
bandido revoltado com a burguesia. E um pai de família. E um músico. E
um idoso falecendo. Ele também é, pela segunda vez, o fantástico Senhor
Merda, que protagonizava o segmento de Carax no filme-coletânea Tokyo! (idem, 2008) feito em conjunto com Michel Gondry e Bong Joon-ho.
Com o seu início misterioso e impossível de se
compreender narrativamente (e isso não é uma crítica negativa), o espaço
não é respeitado e Carax logo faz com que nós encaremos a nós mesmos
assistindo filme – através de uma plateia de rostos cobertos pelas
sombras que, impassíveis, assistem a um filme. Nós mesmos assistiremos
vários outros, assumiremos tal sequência como realidade através de
cenários, figurinos e maquiagem, suspenderemos nossa descrença e logo
então seremos frustrados mais uma vez. Passearemos pelo melodrama, pelo
drama familiar, pela comédia grotesca, pelos filmes de crime e até mesmo
pelo musical.
Carax usa a própria narrativa que jamais se completa e
jamais se explica para que os recursos do cinema tomem conta – Lavant
mora debaixo da pele de dez homens ao longo de um dia, do qual vemos
elipticamente duas horas e os planos demorados, a exigência da atenção
ao detalhe e a valorização da emoção até que não exista nada além dela é
uma constante. Seus movimentos de câmera são leves e econômicos. Não há
tempo para monotonia, já que a jornada bizarra de Oscar parece nunca
chegar ao fim: ele tem o dinheiro, tem a limusine, tem as condições, mas
é um homem incompleto, que precisa viver várias vidas e experimentar
todo tipo de situação porque não consegue mais saber qual é, então, sua
verdadeira identidade – a mesma angústia que outro passageiro de
limusine, Robert Pattinson, enfrenta no terço final de Cosmópolis.
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