The tree of life, 2011
Legendado, Terrence Malick
Formato: avi
Áudio: inglês
Legendas: português
Tamanho: 1,68 GB
SINOPSE
Para melhor se aproximar de A Árvore da Vida, ou de toda a obra
de Terrence Malick, talvez seja necessário voltar a referências que
antecedem o seu trabalho no cinema, quando ele se dedicava a estudar e
traduzir para o inglês trabalhos do filósofo alemão Martin Heidegger. Em A Origem da Obra de Arte, Heidegger cria um exemplo bastante didático do potencial filosófico daarte, a partir de uma obra amplamente conhecida: Um Par de Sapatos,
de Van Gogh (foto). Para Heidegger, o quadro era exemplar pois, a
partir de um objeto concreto e mundano, apresentado de uma maneira
bastante específica, o artista consegue disparar uma série de processos
de pensamento em quem tem contato com a obra: não é tão somente um
sapato, mas um sapato camponês, que traz em si o peso do trabalho, a
sujeira proveniente do uso diário, e, consequentemente, uma relação de
classe, de cenário, de tempo, de paisagem que ajuda a definir aquele
objeto. Não é, portanto, tão somente um sapato, mas uma representação de um sapato, que carrega, consigo, um mundo.
Não é absurdo dizer que essa percepção de Heidegger está, de fato, na raiz de toda representação - incluindo, aí, boa parte do cinema. Mas, no trabalho de Terrence Malick, é possível perceber que isso não é simplesmente algo intrínseco, mas de fato um ponto de partida consciente para se criar imagens que almejam e remontam essa excelência representacional que Heidegger definia como uma aspiração da arte. Esse processo está mais visível no jogo entre imagem e voice over de Além da Linha Vermelha: junto a nós, o narrador observa o rosto de um soldado japonês morto enterrado no solo, e aquela imagem lhe suscita pensamentos e ruminações que chegam ao espectador pelo texto da narração. É como se Malick criasse a imagem e, junto dela, expusesse o processo de pensamento que ela dispara em quem a observa.
A Árvore da Vida usa estratégia parecida, mas que aqui é combinada a uma abordagem formal e estrutural em um primeiro momento bastante impressionante. Experiência sem paralelos claros na história, A Árvore da Vida vem com a marca dos filmes malditos que abrem novas possibilidades para o cinema que parecem impossíveis de serem levadas adiante (Aurora, de Murnau; Limite, de Mário Peixoto; os filmes de Leos Carax), decupado, filmado e montado a partir de uma língua absolutamente própria, fazendo uma combinação bastante surpreendente da apreensão dos entusiasmos da vida de um Dziga Vertov com uma vontade bastante clara de se construir personagens e contar uma história, mesmo que de forma essencialmente lacunar. Terrence Malick não só busca imagens "definitivas" para tudo que filma, como coloca esse definitivo em choque com uma estrutura que torna tudo fugidio. A Árvore da Vida combina as elipses violentas de Terra de Ninguém com os planos "resumos de mundo" de Days of Heaven, aqui marcados por enquadramentos absolutamente vertiginosos, cortes arriscadíssimos e uma decupagem circular, que cisca em torno dos momentos narrados pelo filme, construindo não exatamente uma narrativa, mas um mosaico de impressões de vida. Em A Árvore da Vida, há falas, não diálogos.
Não é absurdo dizer que essa percepção de Heidegger está, de fato, na raiz de toda representação - incluindo, aí, boa parte do cinema. Mas, no trabalho de Terrence Malick, é possível perceber que isso não é simplesmente algo intrínseco, mas de fato um ponto de partida consciente para se criar imagens que almejam e remontam essa excelência representacional que Heidegger definia como uma aspiração da arte. Esse processo está mais visível no jogo entre imagem e voice over de Além da Linha Vermelha: junto a nós, o narrador observa o rosto de um soldado japonês morto enterrado no solo, e aquela imagem lhe suscita pensamentos e ruminações que chegam ao espectador pelo texto da narração. É como se Malick criasse a imagem e, junto dela, expusesse o processo de pensamento que ela dispara em quem a observa.
A Árvore da Vida usa estratégia parecida, mas que aqui é combinada a uma abordagem formal e estrutural em um primeiro momento bastante impressionante. Experiência sem paralelos claros na história, A Árvore da Vida vem com a marca dos filmes malditos que abrem novas possibilidades para o cinema que parecem impossíveis de serem levadas adiante (Aurora, de Murnau; Limite, de Mário Peixoto; os filmes de Leos Carax), decupado, filmado e montado a partir de uma língua absolutamente própria, fazendo uma combinação bastante surpreendente da apreensão dos entusiasmos da vida de um Dziga Vertov com uma vontade bastante clara de se construir personagens e contar uma história, mesmo que de forma essencialmente lacunar. Terrence Malick não só busca imagens "definitivas" para tudo que filma, como coloca esse definitivo em choque com uma estrutura que torna tudo fugidio. A Árvore da Vida combina as elipses violentas de Terra de Ninguém com os planos "resumos de mundo" de Days of Heaven, aqui marcados por enquadramentos absolutamente vertiginosos, cortes arriscadíssimos e uma decupagem circular, que cisca em torno dos momentos narrados pelo filme, construindo não exatamente uma narrativa, mas um mosaico de impressões de vida. Em A Árvore da Vida, há falas, não diálogos.
Fonte: revistacinetica
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