Tanin no kao, 1966
Legendado, Hiroshi Teshigahara
Classificação: Excelente
Formato: AVI
Áudio: japonês
Legendas: português
Duração: 124 min.
Tamanho: 1,41 GB
Servidor: Mega (4 partes)
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SINOPSE
Homem com rosto deformado é rejeitado pela esposa e submete-se à experiência de usar uma máscara feita de tecido natural. Porém, seu caráter será afetado pela máscara. Em uma pequena história paralela à trama, uma garota com a metade do rosto deformado pelos efeitos da bomba de Nagasaki, tenta superar seus traumas ao lado de seu irmão em uma viagem.
Fonte: Cineplayers
The internet movie database: IMDB - NOTA IMDB: 7.9
ANÁLISE
A identidade do mistério
Quando é inaugurada a projeção de A Face de Um Outro, a consciência do filme é captada na demonstração da artificialidade dos membros de um boneco, e a tonalidade de sua busca para demonstrar esse artificial será o obscuro da mente que rejeitará uma nova face e do corpo que ao contrário, a aceitará. Porque a imagem que eclode aqui é da identidade (da busca por), do mistério que aniquila o homem: o quem sou eu? E resposta que o filme impõe é dúbia: um homem ou um monstro?
Hiroshi Teshigahara
Se em Otoshiana/Pitfall (1962) a infinitude da vida entrava em rota de colisão com a liberdade dos protagonistas (já que até o garoto que parecia ser o único ser livre estava na verdade escravizado pela imagem do assassino), e em A Mulher das Dunas (1964) alguns problemas habitacionais eram exasperados para provar geometricamente a falta de autonomia do Humano (a inversão magnífica entre homem e inseto, porque o entomólogo tornou-se aquilo que ele sempre estudou: um ser aprisionado e observado por outros), em A Face de Um Outro o que perfila de maior é a existência enquanto identidade, e a náusea misteriosa de acordar e entender a sua importância – e atormentação.
Não basta só ser. O ser só existe, aqui, enquanto se tem rosto: é neste ódio ressentido que nos volta a aparecer um protagonista deslocado da vida, da existência. Partindo do pressuposto sartriano que “a existência é um todo que o homem não pode eliminar”, este protagonista, se bem que perto da monstruosidade, ainda é humano. Monstro. A sessão de A Face de Um Outro me remeteu a uma mixagem cinematográfica, no qual encontravam-se filmes como Frankenstein (James Whale, 1931), Mad Love (Karl Freund ,1934), Os Dedos da Morte (Robert Florey, 1941), Os Olhos sem Rosto (Georges Franju, 1960) e por última instância O Homem Sem Passado (Aki Kaurismäki, 2002), porém, o filme de Hiroshi Teshigahara emana um fascínio e perspectivas próprias, impondo sua aura de originalidade e ousadia que para além das cicatrizes e bandagens, encontra no diálogo entre identidade e mistério o motivo de sua existência enquanto processo fílmico.
Entre suas inúmeras leituras, A Face de um Outro se molda como uma possibilidade de usurpação não só de um outro rosto, mas de uma outra alma, um outro filme (todos aqueles acima citados?). Essa “porta para o infinito” (de leituras) que é a face é figurada mais à frente, quando é dado ao protagonista uma nova cara (identidade?). Uma máscara de carne que, no mundo exterior (mundo seguro e familiar) não é apercebida como tal. É nessa mentira necessária para todos (ao menos para não haver inquietações quanto essa essência demoníaca recalcada na própria mentira) que os pares essência e aparência se dissolvem e apenas aparece-nos um: rosto, simultaneamente aberto para a mente e fechado para o corpo – a mulher com a cicatriz e o homem com a face de um outro parecem a criptografização da justaposição narrativa do filme, porque ambos personagens quando colocados lado a lado parecem formar uma unicidade indestrutível.
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acabei de descobrir o blog, e preciso dar os parabéns! um dos melhores pra download de filmes mais undergrounds. ótimo trabalho, gurizada.
ResponderExcluirSinopse bastante instigante...
ResponderExcluirObrigado!