Prisoners, Legendado, 2013, Denis Villeneuve
Indicado na seguinte categoria para o Oscar de 2014: Melhor fotografia.
Classificação: Ótimo
Indicado na seguinte categoria para o Oscar de 2014: Melhor fotografia.
Classificação: Ótimo
Formato: MP4 ( Blu-ray 720p)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 153 Min
Tamanho: 987 Mb
Servidor: MEGA (3 Partes)
Links:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Sinopse: Na zona rural da cidade de Brockton, Massachusetts, vizinhos e amigos dos Dovers e Bichers se reúnem para o jantar de Ação de Graças, mas até o final da noite, a celebração se transforma em pânico quando duas das jovens filhas das famílias desaparecem. Depois que os policiais não conseguem encontrá-las, Keller Dover (Hugh Jackman) decide fazer lei com suas próprias mãos, correndo contra o dedicado Detetive Loki (Jake Gyllenhaal).
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.1
Áudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 153 Min
Tamanho: 987 Mb
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Sinopse: Na zona rural da cidade de Brockton, Massachusetts, vizinhos e amigos dos Dovers e Bichers se reúnem para o jantar de Ação de Graças, mas até o final da noite, a celebração se transforma em pânico quando duas das jovens filhas das famílias desaparecem. Depois que os policiais não conseguem encontrá-las, Keller Dover (Hugh Jackman) decide fazer lei com suas próprias mãos, correndo contra o dedicado Detetive Loki (Jake Gyllenhaal).
Fonte: Cineplayers
The Internet Movies Database: IMDB - Nota Imdb 8.1
Crítica:
Por Pablo Villaça
A maior parte dos cineastas compreende a
importância de se contar uma boa história, mas não são muitos os que
percebem como criar uma atmosfera é igualmente importante – e
ainda mais raros são aqueles que conseguem executar esta tarefa com
sucesso. Assim, assistir a um filme como Os Suspeitos é um raro
prazer cinéfilo, já que, além de criar um universo triste e
angustiante, este novo trabalho do canadense Denis Villeneuve ainda traz
uma trama complexa e construída com precisão de relojoeiro pelo
roteirista Aaron Guzikowski.
Remetendo – em história e tom – a obras como Zodíaco, Seven, Memórias de um Assassino, Sobre Meninos e Lobos, A Promessa e O Silêncio do Lago (o original), Os Suspeitos faz
jus a estes fabulosos companheiros ao acompanhar personagens
atormentados pelo desaparecimento de duas garotinhas durante o feriado
de Ação de Graças. Inicialmente certo de ter encontrado o responsável ao
prender o jovem Alex Jones (Dano), o detetive Loki (Gyllenhaal) logo
demonstra inquietação ao constatar que o rapaz tem o Q.I. de uma criança
de dez anos de idade, sendo obrigado a libertá-lo por falta de provas.
Esta decisão irrita o pai de uma das meninas, Keller Dover (Jackman),
que, certo da culpa do suspeito, decide sequestrá-lo a fim de obrigá-lo a
revelar o paradeiro das crianças.
Inexplicavelmente rebatizado como Os Suspeitos no Brasil apesar do perfeito título original (Prisioneiros),
que remetia diretamente à situação de praticamente todos os personagens
da narrativa, o longa acompanha criaturas constantemente sufocadas que
se encontram aprisionadas de maneira literal (as garotas, Alex),
psicológica (Keller) e/ou emocional (Loki). Acorrentados em seus
infernos pessoais, estes indivíduos parecem perdidos em labirintos
insolucionáveis – numa metáfora que eventualmente se apresenta também de
forma literal, demonstrando o cuidado do roteirista na construção do
simbolismo de sua história.
Privilegiado por contar com a fotografia
do mestre Roger Deakins, o filme surge triste e melancólico desde o
primeiro plano ao investir numa paleta que, mergulhada em tons de cinza e
marrom, envolve os personagens num frio constante – e, em certo
momento, Deakins e Villeneuve chegam ao ponto de fazer a transição de
uma pancada de chuva para uma tempestade de neve numa mesma cena,
marcando não só o deterioramento completo das relações entre os
personagens de Jackman e Gyllenhaal (a mudança ocorre no momento em que o
primeiro é observado pelo segundo), mas também do estado psicológico
dos dois homens. Além disso, Deakins é hábil ao criar uma atmosfera
sempre claustrofóbica, iniciando a estratégia no instante em que os pais
das crianças percebem que estas desapareceram e são vistos numa sala
que, até então aconchegante, subitamente parece espremê-los com seu teto
baixo e suas paredes próximas umas das outras.
Contando com um elenco formidável que
traz Maria Bello em estado quase catatônico, Viola Davis entregue a um
silencioso desespero e Terrence Howard dividido entre o desejo de
encontrar a filha e o dilema moral criado pelas ações do amigo, Os Suspeitos
ganha força especialmente graças ao contraste entre suas duas
performances centrais. Neste sentido, Hugh Jackman tem certa vantagem
por poder viver o tipo mais explosivo, já que Keller é um homem
atormentado por sua impotência diante do que ocorreu com a filha e que
expõe sua estratégia de estar sempre preparado para qualquer incidente
como um hábito ineficaz, já que, no momento mais crucial, ele nada pôde
fazer. Tocante e assustador na mesma medida, o sujeito mal consegue
sufocar suas explosões de raiva, embora imediatamente pareça se
arrepender destas – e Jackman é competente ao deixar claro que Keller
não extrai qualquer prazer sádico de suas ações, parecendo acreditar
realmente ter a tortura como último recurso para salvar a filha.
No entanto, se a performance de Jackman é
a que mais chama a atenção, eu não hesitaria em classificar aquela
oferecida por Jake Gyllenhall como sendo a mais difícil e,
consequentemente, intrigante. Se Keller expõe constantemente o que
sente, o detetive Loki é um homem introspectivo que busca manter a
postura profissional distanciada que a tarefa exige – e sua insistência
em dizer que “está considerando todas as possibilidades” se apresenta
como uma frase feita que nada significa (e que ele sabe que
nada significa) usada apenas para apaziguar testemunhas e vítimas
emocionalmente perturbadas. Tomado por pequenos tiques que, obrigando-o a
piscar com frequência, indicam um imenso tumulto interno de forma
minimalista, Loki é um homem que busca ser compreensivo e paciente mesmo
diante da agressividade de Keller, mas que aos poucos permite que
percebamos sua dificuldade crescente em manter sua frustração sob
controle – e eu ficaria imensamente feliz caso o ator fosse indicado a
prêmios importantes por sua composição disciplinada e reveladora neste
filme.
Enquanto isso, Denis Villeneuve volta a demonstrar o controle narrativo exibido nos ótimos Incêndios e Politécnica
ao manter o espectador sempre tenso através de seus quadros sempre
evocativos – desde aquele que traz a personagem de Maria Bello deitada
como se estivesse num caixão até aqueles que, levemente inclinados,
indicam a instabilidade daquelas pessoas. Além disso, o cineasta
compreende perfeitamente o conceito de suspense, criando expectativas
claras e fortes no público apenas para adiar sua conclusão, como na bela
sequência que traz uma corrida desesperada no trânsito, à noite e sob a
chuva, até aquela que usa as luzes automáticas de uma pequena
vizinhança para indicar o movimento de um suspeito. Além disso, a
fotografia melancólica é complementada de forma perfeita pelo design
de produção e pelos figurinos, que mantêm os tons marrons sempre em
cena. Para completar, os montadores Joel Cox e Gary Roach usam os
constantes fades não como transições preguiçosas (erro de
tantos profissionais), mas como forma de introduzir elipses em momentos
nos quais o filme parece prestes a se entregar a ações formulaicas e que
o espectador é capaz de imaginar sozinho.
O que nos traz, finalmente, ao belíssimo
roteiro de Aaron Guzikowski, que só não ganhará destaque em cerimônias
de premiação caso seus colegas enlouqueçam (e sugiro que veja o filme
primeiro para só então ler o restante desta análise, já que terei que
mencionar alguns spoilers menores). Construindo uma trama
complexa que depende de vários incidentes apresentados de forma
aparentemente desconexa, mas que eventualmente se encaixam sem deixar um
sequer sem explicação, Guzikowski é hábil ao sugerir elementos das
personalidades de seus personagens através de detalhes rápidos, como uma
breve tortura animal, um recorte de jornal revelando o suicídio do pai
de Keller (que, perfeito do ponto de vista temático, era carcereiro) ou a
menção do passado de Loki, criado em um orfanato. Além disso, o
roteirista demonstra talento ímpar para introduzir pistas que, ao
contrário do que ocorre em tantos longas, se estabelecem sem que chamem
atenção excessiva sobre si mesmas (o apito vermelho, a menção ao
apartamento abandonado dos Dover, o garoto desaparecido há tanto tempo, o
desaparecimento do tio de Alex), o que torna as recompensas ainda mais
satisfatórias.
Introduzindo também elementos temáticos
que deixam clara a importância da devoção religiosa dos personagens
desde o primeiro plano – algo fundamental se considerarmos a motivação
por trás dos crimes -, Os Suspeitos ainda faz um contraponto
entre a fé de Keller e suas ações, merecendo destaque o instante em que
ele não consegue concluir o Pai-Nosso por reconhecer a própria
hipocrisia ao quase recitar o “assim como perdoamos aqueles que nos têm ofendido”
(e é fantástica, a decisão do compositor Jóhann Jóhannsson de incluir
acordes de um órgão, remetendo à Igreja, no instante em que o sujeito é
atirado em seu purgatório particular). Como se não bastasse, Guzikowski
evita o erro de justificar a tortura, convertendo a descoberta de Keller
numa ironia dramática final, já que, embora acabe descobrindo o que
houve, sua constatação não desempenha papel algum no desfecho, já que
cabe ao detetive Loki, com sua investigação meticulosa e o uso da razão,
o papel de encontrar o criminoso.
Pecando apenas por não deixar o desfecho tão ambíguo quanto parece desejar, Os Suspeitos é um drama tocante, um suspense sufocante e um filme de detetive magnífico. Um dos melhores longas do ano, sem dúvida alguma.
Fonte: Portal Cinema em cena
Fonte: Portal Cinema em cena
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