Monsieur Verdoux, 1947, Charles Chaplin
Classificação: Ótimo
Formato: AVIÁudio: Inglês
Legendas: Português
Duração: 124 minutos
Tamanho: 699 MB
Servidor: Mega (3 partes)
Links:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Sinopse: Chaplin conta, com muito humor negro, a história de um assassino em série que utiliza suas mortes como meio de vida em meio ao período de guerra. Baseado em um roteiro originalmente concebido por Orson Welles. Uma das obras mais intrigantes e belas de Chaplin.
Fonte: Cineplayers
Análise: (Contém Spoilers!)
Queria rever Monsieur Verdoux, um filme cult meio esquecido de
Chaplin, mas que tem uma magia irresistível. Para mim, é o projeto mais
ousado de Chaplin. Revendo o filme, vi que ele é irregular: tem vários
problemas de ritmo, a decupagem à vezes é muito teatral e forçada, não
tem a fluidez de mise-en-scene dos filmes sonoros, os diálogos banais
muitas vezes são completamente dispensáveis. Mas ainda assim existem
seqüências extraordinárias, e todo o filme é de uma ousadia e coragem
surpreendentes, e de um frescor e de uma atualidade impressionantes.
Falamos
antes que o verdadeiro diretor é o que encontra o TOM certo para o
filme. E daí vemos que Chaplin é um grande, grande diretor. Essa comédia
de humor negro tem sutilezas de tom muito difíceis para o diretor.
Verdoux é um personagem belo e terrível, com quem ao mesmo tempo
simpatizamos (ele tem uma ingenuidade típica do vagabundo Carlitos) e ao
mesmo tempo execramos. Seu tom é romântico, lúdico, e ao mesmo tempo
premeditado, falso, artificial, afetado. A interpretação de Chaplin é
espetacular, porque dá margens a toda essa gama de sentimentos, com uma
atuação que vai na essência desse personagem. Verdoux é também um ator, e
dái vemos toda a terrível faceta da representação. Vemos também a
terrível face das mulheres que Chaplin seduz. Todas são miseráveis,
mesmo com diferentes níveis de miserabilidade....
O filme á
amoral, tem uma ética difícil que nos remete aos filmes do Mojica. É
claro que não é uma apologia ao assassinato, ao contrário, uma
condenação, mas ao mesmo tempo é um elogio à liberdade e à reavaliação
do assassinato. É difícil explicar.
É sempre filmado com uma
grande profundidade de campo, o que provoca um efeito realista, mas ao
mesmo tempo os cenários são completamente falsos, artificiais. O filme é
muito estranho, mas muito bem orquestrado, arquitetado.
A cena
em que Chaplin salva a pobre mulher de tomar a taça de vinho com veneno
mexeu muito comigo. A morte por um fio. Não conseguimos tirar os olhos
da taça, porque as taças são iguais, e achamos que a qualquer momento
Chaplin pode por um engano beber a taça com veneno. É terrível.
O
final é espetacular. “Se se mata um, é assassino. Se se mata milhões,
vira-se herói” Ou ainda, no tribunal, quando o advogado diz que estamos
diante de um monstro. E todos se viram para ver Chaplin, inclusive ele
mesmo, procurando o tal monstro. Ou ainda, quando Chaplin resolve tomar
rum, porque “nunca havia experimentado rum”. E afinal, o plano final do
filme, um plano que reforça o tom moral e ético do cinema chapliniano (o
assassino tem que morrer e ser punido), mas ao mesmo tempo na minha
cabeça ficou uma referência muda ao “pobre Jacques”, a estarrecedora
declaração ao final de Le Trou.
Apesar de todo o tom irregular,
Monsieur Verdoux é inesquecível. Um filme sobre a natureza humana, um
filme político, uma crítica contundente à necessidade de sobrevivência
dentro da selva do american way of life. Chabrol matou a pau quando diz
“Verdoux é na verdade um filósofo”. É uma versão do vampiro de
Nosferatu, ou do gabinete de Dr. Caligari: Verdoux sofre um transe e
começa a executar suas vítimas, sem grande discernimento moral, apenas
no cumprimento de seu dever. Filmado no entreguerras, M. Verdoux é um
grande, um enorme exame sobre as contradições do mundo contemporâneo, um
questionamento agudo sobre o valor da vida, da amizade, do amor, da
família, do dinheiro, da verdade. Um filme doloroso de se ver e muito,
muito ousado.
Fonte: Blog - Cinecasulofilia
Obrigado.
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